Felicidade é saber aproveitar todos os momentos como se fossem os últimos.~
28.7.05
PARIS EM CHAMAS - Foi durante um passeio nos jardins do Louvre, enquanto nos aproximávamos do arco, de onde poderíamos ver a pirâmide. Eu e Débora Melissa conversávamos sobre o livro O Código da Vinci, que eu já tinha lido e ela estava lendo. Falávamos do Louvre como cenário para as tramas do livro. Quando nos aproximamos do museu eu mostrei para ela onde ficava a grande galeria, local cheio de obras de arte da Renascençã, onde o personagem Sauniére é assassinado. Então eu me virei para Hans, o maridão belga da Débora, e perguntei se ele já tinha lido O Código da Vinci.
Eu nunca li um livro, me disse ele num português quase sem sotaque. Eu não gosto de ler, acho chato. Tomei um susto com aquela afirmação e tentei, durante alguns minutos, encontrar palavras que pudessem convencê-lo do contrário. Hans é adorável. Bem humorado, divertido, inteligente. Mas nunca leu um livro.
Se Hans gostasse de ler, eu recomendaria O sol dos Scorta, do romancista francês Laurence Gaudé. É um belo livro. A resenha a seguir, foi publicada esse semana no Jornal do Brasil.
O SOL DOS SCORTA - A saga de uma familia marcada pela tragédia. Esse é o mote da história contada no livro O sol dos Scorta, do romancista francês Laurent Gaudé, ganhador do prêmio Goncourt 2004. A narrativa envolvente é o grande trunfo desse romance sobre a família Scorta, uma dinasticia onde todos os seus personagens anunciam algo de sinistro no seu destino. Apesar de ambientado numa região árida e seca da Itália, existe algo da dramaturgia grega na vocação trágica dos personagens desse romance encantador, dono de uma narrativa saborosa que envolve o leitor desde a primeira página.
Montepuccio, o povoado onde se passa essa crônica é um lugar tão quente e seco que, na hora da sesta, os moradores se trancam dentro de casa para fugir do sol rigoroso capaz de rachar até as pedras que infestam a paisagem. É esse sol inclemente e cruel que orienta o destino dos personagens. O sol é quase o narrador dessa história que na sua evolução muitas vezes lembra um faroeste ambientado na Itália.
Tudo começa quando um forasteiro solitário chega a Montepuccio no calor implacável da hora da sesta, quando toda a população está se resguardando do brilho forte da luz do sol. Depois de ter passado 15 anos na cadeia, o sujeito volta à cidade apenas para violentar a mulher que desejava quando foi preso por assaltos. Atordoado pelo calor e pela seca, bate na porta da sua vítima e, quando a coitada atende, o forasteiro, sem dizer uma palavra, sacia seu desejo acalentado por quinze anos de cárcere. Sem saber que a dama dos seus desejos havia morrido logo após sua prisão, ele acaba violentando uma prima da sua musa.
O desgraçado só descobre o enganno quando está morrendo apedrejado pela população, logo após o seu gesto de furor sexual. É dessa relação fugaz e perversa que nasce Rocco, a primeira vítima do sangue marcado dos Scorta que, quando adulto, irá se transformar num bandido mais aterrador que seu próprio pai e vai provocar ódio e admiração nos moradores de Montepuccio.
Com um envolvente estilo literário, Laurent Gaudé, descrevendo a aridez geográfica de Montepuccio, revela ao leitor a aridez da alma dos personagens de sua trama. As relações familiares, os romances, as escolhas de vida. Tudo é conduzido pela terra seca, pelas pedras que fervem ao calor do meio dia, pela brisa quente que sopra do horizonte. Por mais que desejem ir embora daquele mundo os personagens não conseguem sair do povoado, como se fossem almas penadas condenadas ao inferno. Isso faz do romance uma alegoria sobre como o ser humano está condenado a cumprir seu próprio destino, independente de seus desejos, sonhos e obsessões.
Laurent Gaudé nasceu em Paris em 1972 e tem feito sucesso em seu país como dramaturgo e romancista, recriando com seu estilo jovial e contemporaneo o clima denso das tragédias gregas.
Eu nunca li um livro, me disse ele num português quase sem sotaque. Eu não gosto de ler, acho chato. Tomei um susto com aquela afirmação e tentei, durante alguns minutos, encontrar palavras que pudessem convencê-lo do contrário. Hans é adorável. Bem humorado, divertido, inteligente. Mas nunca leu um livro.
Se Hans gostasse de ler, eu recomendaria O sol dos Scorta, do romancista francês Laurence Gaudé. É um belo livro. A resenha a seguir, foi publicada esse semana no Jornal do Brasil.
O SOL DOS SCORTA - A saga de uma familia marcada pela tragédia. Esse é o mote da história contada no livro O sol dos Scorta, do romancista francês Laurent Gaudé, ganhador do prêmio Goncourt 2004. A narrativa envolvente é o grande trunfo desse romance sobre a família Scorta, uma dinasticia onde todos os seus personagens anunciam algo de sinistro no seu destino. Apesar de ambientado numa região árida e seca da Itália, existe algo da dramaturgia grega na vocação trágica dos personagens desse romance encantador, dono de uma narrativa saborosa que envolve o leitor desde a primeira página.
Montepuccio, o povoado onde se passa essa crônica é um lugar tão quente e seco que, na hora da sesta, os moradores se trancam dentro de casa para fugir do sol rigoroso capaz de rachar até as pedras que infestam a paisagem. É esse sol inclemente e cruel que orienta o destino dos personagens. O sol é quase o narrador dessa história que na sua evolução muitas vezes lembra um faroeste ambientado na Itália.
Tudo começa quando um forasteiro solitário chega a Montepuccio no calor implacável da hora da sesta, quando toda a população está se resguardando do brilho forte da luz do sol. Depois de ter passado 15 anos na cadeia, o sujeito volta à cidade apenas para violentar a mulher que desejava quando foi preso por assaltos. Atordoado pelo calor e pela seca, bate na porta da sua vítima e, quando a coitada atende, o forasteiro, sem dizer uma palavra, sacia seu desejo acalentado por quinze anos de cárcere. Sem saber que a dama dos seus desejos havia morrido logo após sua prisão, ele acaba violentando uma prima da sua musa.
O desgraçado só descobre o enganno quando está morrendo apedrejado pela população, logo após o seu gesto de furor sexual. É dessa relação fugaz e perversa que nasce Rocco, a primeira vítima do sangue marcado dos Scorta que, quando adulto, irá se transformar num bandido mais aterrador que seu próprio pai e vai provocar ódio e admiração nos moradores de Montepuccio.
Com um envolvente estilo literário, Laurent Gaudé, descrevendo a aridez geográfica de Montepuccio, revela ao leitor a aridez da alma dos personagens de sua trama. As relações familiares, os romances, as escolhas de vida. Tudo é conduzido pela terra seca, pelas pedras que fervem ao calor do meio dia, pela brisa quente que sopra do horizonte. Por mais que desejem ir embora daquele mundo os personagens não conseguem sair do povoado, como se fossem almas penadas condenadas ao inferno. Isso faz do romance uma alegoria sobre como o ser humano está condenado a cumprir seu próprio destino, independente de seus desejos, sonhos e obsessões.
Laurent Gaudé nasceu em Paris em 1972 e tem feito sucesso em seu país como dramaturgo e romancista, recriando com seu estilo jovial e contemporaneo o clima denso das tragédias gregas.
25.7.05
CAFÉ DE FLORE - Um dos endereços mais cultuados de Paris é o n. 172, do boulevard Saint-Germain-Des-Pres, endereço do Café de Flore. É divertido sentar numa de suas mesas, voltadas para o boulevard, e ficar tomando um café, observando a rua e fazendo pose de existencialista. É algo bem frances ficar num café, numa mesa na calçada, olhando o movimento da cidade ou ficar lendo as últimas noticias no Le Figaro. Também é o lugar ideal para tomar uma taça de vinho tinto na noite boêmia do Quartier Latin.
Programa inesquecível: saborear um vinho tinto observando o ritmo das pessoas e ouvindo a especial trilha sonora da casa, materializada em dois CD´s sensacionais. O primeiro já é um sucesso de vendas reunindo canções nas vozes de Diana Krall, Serge Gainsbourg, Nico, Ertha Kitt e até Brigitte Bardot cantando Les Hommes Endormis. Uma seleção capaz de surpreender qualquer DJ.
O volume 2 do CD Café de Flore é que me pegou pelo ouvido, desde que ouvi a irrestível versão de Andy Williams para Sou le ciel de Paris, tradicional canção francesa. A versão de Andy, Under Paris Skies, sempre vai me lembrar o gosto do vinho tinto do Café de Flore, assim como a imagem da vitrine da loja do Yves Saint Laurent do outro lado da rua.
Mais o CD Café de Flore n. 2 tem outras pérolas que agora não param de tocar no meu aparelho de som. Tem Juliette Greco, a musa do existencialismo, cantando Jean remove my coat; Catherine Deneuve cantando Toi jamais, da trilha do filme 8 mulheres, gravada originalmente por Sylvie Vartan; Petula Clark cantando Petite Fleur; Vic Dana interpretando uma versão em ingles da música do filme Os guarda-chuvas do amor, de Jaques Demy, grande sucesso do cinema francês; e uma irresitível performance de Anthony Perkyns, o ator de Psicose, cantando Il N'y a Plus d'Après.
Toi jamais
(M. Mallory)
Ils veulent m'offrir des voitures,
des bijoux et des fourrures
Toi jamais
Mettre à mes pieds leur fortune
Et me décrocher la lune
Toi jamais
Et chaque fois qu'ils m'appellent,
ils me disent que je suis belle
Toi jamais
Ils m'implorent et m'adorent
Mais pourtant moi je les ignore
Tu le sais
Homme,
Tu n'es qu'un homme
Comme les autres
je le sais
Et comme
Tu es mon homme
Je te pardonne
Et toi jamais
Ils inventent des histoires,
Que je fais semblant de croire
Toi jamais
Ils me jurent fidélité
jusqu'au bout de l'éternité
Toi jamais
Et quand ils me parlent d'amour
ils ont trop besoin de discours
Toi jamais
Je me fous de leur fortune
Qu'ils laissent là
où est la lune
sans regret
Homme,
Tu n'es qu'un homme
Comme les autres
je le sais
Et comme
Tu es mon homme
Je te pardonne
Et toi jamais
Tu as tous les défauts que j'aime
Et des qualités bien cachées
Tu es un homme, et moi, je t'aime
Et ça ne peux pas s'expliquer
Car homme
Tu n'es qu'un homme
Comme les autres
je le sais
Et comme
Tu es mon homme
je te pardonne
Et toi jamais
Programa inesquecível: saborear um vinho tinto observando o ritmo das pessoas e ouvindo a especial trilha sonora da casa, materializada em dois CD´s sensacionais. O primeiro já é um sucesso de vendas reunindo canções nas vozes de Diana Krall, Serge Gainsbourg, Nico, Ertha Kitt e até Brigitte Bardot cantando Les Hommes Endormis. Uma seleção capaz de surpreender qualquer DJ.
O volume 2 do CD Café de Flore é que me pegou pelo ouvido, desde que ouvi a irrestível versão de Andy Williams para Sou le ciel de Paris, tradicional canção francesa. A versão de Andy, Under Paris Skies, sempre vai me lembrar o gosto do vinho tinto do Café de Flore, assim como a imagem da vitrine da loja do Yves Saint Laurent do outro lado da rua.
Mais o CD Café de Flore n. 2 tem outras pérolas que agora não param de tocar no meu aparelho de som. Tem Juliette Greco, a musa do existencialismo, cantando Jean remove my coat; Catherine Deneuve cantando Toi jamais, da trilha do filme 8 mulheres, gravada originalmente por Sylvie Vartan; Petula Clark cantando Petite Fleur; Vic Dana interpretando uma versão em ingles da música do filme Os guarda-chuvas do amor, de Jaques Demy, grande sucesso do cinema francês; e uma irresitível performance de Anthony Perkyns, o ator de Psicose, cantando Il N'y a Plus d'Après.
Toi jamais
(M. Mallory)
Ils veulent m'offrir des voitures,
des bijoux et des fourrures
Toi jamais
Mettre à mes pieds leur fortune
Et me décrocher la lune
Toi jamais
Et chaque fois qu'ils m'appellent,
ils me disent que je suis belle
Toi jamais
Ils m'implorent et m'adorent
Mais pourtant moi je les ignore
Tu le sais
Homme,
Tu n'es qu'un homme
Comme les autres
je le sais
Et comme
Tu es mon homme
Je te pardonne
Et toi jamais
Ils inventent des histoires,
Que je fais semblant de croire
Toi jamais
Ils me jurent fidélité
jusqu'au bout de l'éternité
Toi jamais
Et quand ils me parlent d'amour
ils ont trop besoin de discours
Toi jamais
Je me fous de leur fortune
Qu'ils laissent là
où est la lune
sans regret
Homme,
Tu n'es qu'un homme
Comme les autres
je le sais
Et comme
Tu es mon homme
Je te pardonne
Et toi jamais
Tu as tous les défauts que j'aime
Et des qualités bien cachées
Tu es un homme, et moi, je t'aime
Et ça ne peux pas s'expliquer
Car homme
Tu n'es qu'un homme
Comme les autres
je le sais
Et comme
Tu es mon homme
je te pardonne
Et toi jamais
16.7.05
PARIS EM CHAMAS – A festa dos bombeiros de Paris, no quartel de Saint-Germain-des-Pres, incendiou o Quartier Latin, nas comemorações do 14 de Julho. O quartel fica localizado há apenas duas quadras dos cafés celebrados por Jean Paul Sartre e Simone de Bouvoir, o Café de Flore e o Aux Deux Maggots, e na mesma rua da Igreja de Saint Sulpice, que ficou muito popular depois que o local serviu de cenários para algumas das cenas mais dramáticas do livro O Código da Vinci. O quartel também fica bem perto da rue de Buci, um lugar que eu chamaria de Baixo Quartier Latin, pois é uma espécie de centro nervoso de badalação do lugar. Ou seja: o quartel fica bem no centro do buxixo da Rive Gauche.
Quando eu cheguei na festa o quartel já estava pegando fogo. O lugar estava tão cheio que os bombeiros tiveram que bloquear a entrada do quartel. No lado de fora a animação não era menor. As ruas cheias de gente esperando para entrar. Ainda bem que, como eu já tinha ido antes ao quartel e feito amizade com eles, fui logo convidado a entrar por um soldado muito simpático que me apontou e disse: le brésilien... Como é bom ser brasileiro em Paris...
O pátio do quartel, transformado numa enorme pista de dança, estava super lotado. Em nenhum lugar do mundo, uma festa naquelas proporções receberia a autorização do corpo de bombeiros. Mas era o 14 de julho e os bombeiros franceses queriam se divertir e divertir seus convidados. Os caras dançavam no meio do público, agarravam as moças, se agarravam entre si e bebiam todas. Dois bares, um em cada lado do pátio, vendiam cervejas e refrigerantes. Num deles havia uma faixa verde e amarela onde estava escrito: BRASIL 2005. Um terceiro bar vendia apenas sanduíches e batatas fritas. Mas o lugar mais badalado da festa era o Salon Champagne, um salão com mesas e cadeiras e um bar ao fundo que só vendia champanhe. Atrás do balcão do bar uns rapazes lindos, com suas fardas de bombeiros, serviam as bebidas. Eles pegavam as garrafas de champanhe, balançavam bastante, depois a colocavam entre as pernas e em seguida abriam a garrafa, fazendo explodir o líquido espumante. Depois enchiam as taças e vendiam cada uma por apenas 2,50 euros. São tão safadinhos os bombeiros de Paris...
O DJ tocava um pouco de tudo. Ritmos exóticos, de influência africana e música latina. Mais o ponto alto da festa era o som das tradicionais músicas que animam pistas de dança do mundo inteiro: Michael Jackson, Madonna, George Michael, Village People e a trilha do filme Grease. Quando tocava essas músicas os bombeiros piravam. Subiam nos balcões dos bares e dançavam como go go boys, fazendo coreografias sensuais. Tiravam a camisa da farda e jogavam para a platéia de moças e rapazes que gritavam por eles. Uma loucura. Uma coisa do outro mundo. O que aconteceu naquele quartel foi uma catarse. Uma celebração à vida no dia nacional da França. Vendo aqueles rapazes bonitos tão comprometidos com a alegria, com a farra, com o hedonismo, eu entendia aquela necessidade de saudar a vida. Bastava ver, numa parede lateral do pátio do quartel, grafado em letras douradas, uma lista com os nomes de todos os soldados mortos em incêndios, inundações e acidentes.
Na pista de dança uma mistura de toda a fauna que freqüenta o Quartier Latin. Estudantes da Sorbonne, artistas, esportistas, executivos, turistas, existencialistas, malucos belezas, caretas, gays, lésbicas... Cada um na sua e a pegação rolando solta. Azaração, beijo na boca, mão boba, baseados... E lá no alto, duas bandeiras, do Brasil e da França, tremulavam testemunhando aquele festival de alegria.
Subindo uma escada atrás de um dos bares, uma sala vip para convidados especiais e os militares mais graduados, com suas mulheres e namoradas. O salão era todo decorado nas cores verde e amarela, com fotos de paisagens do Brasil coladas nas paredes. O piso era um enorme tapete no formato da nossa bandeira. Quando eu vi aquilo tive que fazer esforço para não chorar.
Na festa dos bombeiros aconteciam coisas o tempo inteiro. Num dado momento dois oficiais, vestidos com suas roupas de gala, surgiram no telhado de um galpão de dois andares, segurando uma réplica da torre Eiffel numa mão e na outra um sinalizador, que imitava fogos de artifício. Depois de chamar a atenção de toda a festa eles começaram a dançar uma coreografia sensual, enquanto tiravam a roupa. Um tocando o corpo do outro num ritmo provocante. Lá embaixo gritos e assobios coroavam a performance artística dos Sapeurs Pompiers de Paris.
Pena que não haviam brasileiros na festa. Pelo menos não consegui identificar nenhum. Um sujeito usando a camisa da seleção brasileira era russo. Num dado momento, quando eu estava parado no bar, cansado de tanto dançar, um francês olhou para mim e disse: Você é brasileiro. Eu olhei para ele e perguntei como ele sabia. Você tem cara de brasileiro. Então rolou o seguinte diálogo. Eu: Você conhece o Brasil? Ele: Nunca estive lá, mas gosto muito do seu país. Eu: E o que é que faz você gostar tanto do Brasil? Ele: Tudo o que eu sei sobre o Brasil me faz gostar dele. Muito em breve o seu país vai ser a nação mais importante do planeta. Eu, incrédulo: E o que é que vai fazer do Brasil a nação mais importante do planeta? Ele: O estilo de vida dos brasileiros. Ulalá...
O dia estava amanhecendo quando o DJ desligou o som. Eu estava bêbado de tanto champanhe, de tanta beleza, de tanto carinho, de tanta energia, de tanta felicidade. Fui um dos últimos a sair do quartel. E quando eu estava indo embora o mesmo soldado que havia me deixado entrar segurou no meu braço e disse com um sorriso afetuoso: amanhã tem mais... La vie en rose!
PARIS EM CHAMAS – Os fogos de artifício explodindo na torre Eiffel, durante o 14 de julho, foi apenas o clímax de uma festa que havia começado no dia anterior, já que as comemorações da data nacional francesa começam na véspera, com festas por toda a cidade. Esse ano, por causa das comemorações do Ano do Brasil na França, o charme brasileiro marcou presença em todas as comemorações. É impressionante como os franceses se envolveram com a festa. Não foi só uma promoção diplomática do governo. Existe, de forma bem clara, um envolvimento do cidadão francês com espírito da festa que homenageia o Brasil.
O show de música brasileira promovido pela prefeitura de Paris foi um sucesso. O popular jornal Le Parisien, na sua edição de 14 de julho, publicou que “mais de 50.000 pessoas dançaram ontem na Praça da Bastilha, ao som de ritmo brasileiros”, numa reportagem intitulada Bal et samba à la Bastille. Na matéria principal, que recebeu o título de Un 14 Juillet très spécial, havia um artrigo chamado um défile à la brésilienne.
O desfile foi um show à parte. Franceses belíssimos, com suas fardas de gala, exibiram o seu poderio militar com muito charme. O desfile começou com um pelotão brasileiro, formado por militares da AMAN, muito aplaudido pela multidão que se espremia ao longo da Avenue Champs Elysées. Na multidão, muitas camisas da seleção brasileira, usadas por europeus e brasileiros que estavam na Europa. Assistindo ao desfile ao meu lado, um cidadão francês com seu filho, um garoto que aparentava oito anos de idade. O que me chamou atenção é que o menino usava uma camisa com uma ilustração de uma paisagem da Bahia e embaixo estava escrita a palavra “capoeira”. Além disso, o garoto francês usava um boné verde e amarelo, onde estava escrito a palavra “Brasil”. Eu conversei com eles, que me disseram que nunca tinham vindo ao Brasil, mas tinham muita vontade de conhecer o País. “Meu filho é fã de capoeira”, disse o pai.
O desfile militar acabou com uma gloriosa exibição da esquadrilha da fumaça que coloriu o céu de Paris com fumaça verde e amarela. Quando os aviões surgiram por trás do Arco do Triunfo, um cidadão francês gritou: Les avions du Brésil! Foi uma ovação. Toda a avenue Champs Elysees aplaudindo as cores brasileiras. Foi bonito e comovente. Impossível evitar as lágrimas... Na França, quando acaba o desfile, os militares vão para os bairros da cidade, com seus veículos, tanques de guerra, etc. Então a população pode se aproximar dos soldados, visitar os veículos militares, fazer fotos e flertar com os soldados. As bandas se espalham pelas praças da cidade e fazem consertos públicos para a população. Isso me pareceu uma herança dos tempos de guerra. De fato, parece haver uma confraternização muito grande entre os militares e a população.
A TV francesa, que transmitiu o desfile ao vivo, exibiu antes do início da parada um documentário mostrando uma série de trabalhos conjuntos dos militares franceses e brasileiros, na fronteira da Guiana Francesa e o Amapá. Mostravam cenas de operações militares e ações na floresta amazônica, e entrevistas com soldados dos dois países. Depois, já ao vivo, a TV exibiu entrevistas com os militares brasileiros que iriam participar do desfile. Todas as autoridades já tinham chegado ao palanque, inclusive o presidente francês Jaques Chirac, mas Lula ainda não tinha chegado. O locutor da TV francesa então afirmou que Lula estava atrasado. “Ele deve estar pensando que é um jogo de futebol”, disse o locutor, tentando ser espirituoso. O fato é que Lula chegou em cima da hora, até porque ele não tinha a obrigação de chegar mais cedo ao evento. Na verdade o locutor estava ansioso pela presença do presidente brasileiro, para poder mostrar imagens dele e entrevistá-lo. Afinal, ele era a estrela daquele evento. O convidado de honra do governo francês. A grande celebridade do 14 de Julho. Então...
Verdade seja dita, Lula representou muito bem o Brasil no exterior. Ele teve um tratamento de estrela dado pelo governo, pela população e pela sociedade francesa. Sua saída do Hotel de Marigny, o castelo onde o governo francês hospeda chefes de estado, em direção a Sorbonne, foi gloriosa. A rua foi totalmente fechada ao transito e a transeuntes. Batedores da polícia francesa em trajes de gala cercavam a comitiva presidencial por toda a cidade. Um cidadão francês que passava no local, ao ver aquele tumulto, me perguntou: Monsieur Inácio já chegou?
Á noite, quando peguei um táxi em direção ao meu hotel, no Quartier Latin, o motorista me perguntou, quando eu disse que era brasileiro: “Como vai monsieur Lula?” Minha vontade foi dizer que Monsieur Lula era um cínico, um fraco, um presidente medíocre que permitiu que uma gangue de corruptos se infiltrasse no governo. Mas, como roupa suja se lava em casa, eu preferi dizer que ele era um grande presidente e que o Brasil tinha muito orgulho dele. O motorista de táxi começou a falar da vida de Lula, que ele tinha sido um homem pobre, toda aquela lenga-lenga romântica que cerca a biografia do presidente. Enquanto conversávamos eu olhava Paris toda iluminada, as pontes sobre o Sena, os monumentos, a arquitetura. Então o motorista me perguntou se eu estava gostando de Paris. Eu respondi que estava amando a cidade e a forma como ela era organizada. E estava apaixonado por sua beleza, sua classe e elegância. Então ele me disse, com uma certa tristeza na voz: Muito sangue foi derramado para que pudéssemos conseguir tudo isto.
PARIS EM CHAMAS - A Marselhesa é o hino nacional da França e foi composto pelo oficial Claude Joseph Rouget de Lisle em 1792, da divisão de Estrasburgo, como canção revolucionária inicialmente conhecida como "Canto de Guerra para o Exército do Reno". A canção adquiriu enorme popularidade durante a Revolução Francesa, especialmente entre as unidades do exército de Marselha, por isso ficou conhecida como A Marselhesa. Foi em 14 de julho de 1795 que a canção foi declarada como o hino nacional francês.
A MARSELHESA
Allons enfants de la Patrie,
Le jour de gloire est arrivé
Contre nous de la tyrannie
L'étendard sanglant est levé.
L'étendard sanglant est levé:
Entendez-vous dans nos campagnes
Mugir ces féroces soldats!
Qui viennent jusque dans vos bras
Égorger vos fils et vos compagnes.
Aux armes citoyens,
Formez vos bataillons.
Marchons! Marchons!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons
Que veut cette horde d'esclaves
De traîtres, de rois conjurés?
Pour qui ces ignobles entraves
Ces fers dès longtemps préparés
Ces fers dès longtemps préparés
Français, pour nous, Ah quel outrage
Quel transport il doit exciter!
C'est nous qu'on ose méditer
De rendre à l'antique esclavage
Quoi! Des cohortes étrangères
Feraient la loi dans nos foyers!
Quoi! Ces phalanges mercenaires
Terrasseraient nos fiers guerriers.
Terrasseraient nos fiers guerriers.
Grand Dieu! Par des mains enchaînées
Nos fronts, sous le joug, se ploieraient.
De vils despotes deviendraient
Les maîtres de nos destinées
Tremblez tyrans, et vous perfides
L'opprobe de tous les partis.
Tremblez, vos projets parricides
Vont enfin recevoir leur prix!
Vont enfin recevoir leur prix!
Tout est soldat pour vous combattre.
S'ils tombent nos jeunes héros,
La terre en produit de nouveaux
Contre vous, tous prêts à se battre
Français en guerriers magnanimes
Portez ou retenez vos coups.
Épargnez ces tristes victimes
A regrets s'armant contre nous!
A regrets s'armant contre nous!
Mais ce despote sanguinaire
Mais les complices de Bouillé
Tous les tigres qui sans pitié
Déchirent le sein de leur mère!
Amour Sacré de la Patrie
Conduis, soutiens nos braves vengeurs.
Liberté, Liberté chérie
Combats avec tes défenseurs
Combats avec tes défenseurs
Sous nos drapeaux, que la victoire
Accoure à tes mâles accents
Que tes ennemis expirants
Voient ton triomphe et nous, notre gloire
Nous entrerons dans la carrière
Quand nos aînés n'y seront plus
Nous y trouverons leur poussière
Et la trace de leur vertus!
Et la trace de leur vertus!
Bien moins jaloux de leur survivre
Que de partager leur cercueil.
Nous aurons le sublime orgueil
De les venger ou de les suivre
PARIS EM CHAMAS - A rue de La Rochefoucauld fica perto da Igreja de Santa Rita, atrás do complexo de lojas formado pelas Galerias Lafayte que ficam perto da Ópera de Paris. É nessa rua que fica o Museu Gustave Moreau, todo dedicado a obra e ao culto desse pintor que, como disse João Carlos Rodrigues, foi cultuado por Oscar Wilde e João do Rio. O museu fica na casa que o pintor viveu com a família. No térreo, cômodos como o quarto e o escritório do artista, são mantidos como eram na época em que ele viveu. Nos dois andares de cima, os cômodos foram transformados em duas enormes galerias de arte com toda a produção do artista: os belos e intrigantes quadros, além de centenas de desenhos e rascunhos.
Mais do que um museu o Gustave Moreau é um templo de culto ao trabalho do artista, formado por imagens fortes e densas. Nos seus quadros é muito presente o conflito existente entre o profano e o sagrado. Nas pinturas sempre há algo de belo tentando se libertar de um mundo sombrio. Para muitos foi percussor do surrealismo, graças as imagens fortes que remetem a um mundo mágico que era só dele. Um mundo perturbador que fascina seus admiradores. Os desenhos são absolutamente fascinantes. Têm desde obras acabadas até rascunhos de quadros e ensaios para alguns dos quadros expostos. Vale destacar os nus masculinos desenhados em 1865 que são inspiradores.
Quando eu cheguei na festa o quartel já estava pegando fogo. O lugar estava tão cheio que os bombeiros tiveram que bloquear a entrada do quartel. No lado de fora a animação não era menor. As ruas cheias de gente esperando para entrar. Ainda bem que, como eu já tinha ido antes ao quartel e feito amizade com eles, fui logo convidado a entrar por um soldado muito simpático que me apontou e disse: le brésilien... Como é bom ser brasileiro em Paris...
O pátio do quartel, transformado numa enorme pista de dança, estava super lotado. Em nenhum lugar do mundo, uma festa naquelas proporções receberia a autorização do corpo de bombeiros. Mas era o 14 de julho e os bombeiros franceses queriam se divertir e divertir seus convidados. Os caras dançavam no meio do público, agarravam as moças, se agarravam entre si e bebiam todas. Dois bares, um em cada lado do pátio, vendiam cervejas e refrigerantes. Num deles havia uma faixa verde e amarela onde estava escrito: BRASIL 2005. Um terceiro bar vendia apenas sanduíches e batatas fritas. Mas o lugar mais badalado da festa era o Salon Champagne, um salão com mesas e cadeiras e um bar ao fundo que só vendia champanhe. Atrás do balcão do bar uns rapazes lindos, com suas fardas de bombeiros, serviam as bebidas. Eles pegavam as garrafas de champanhe, balançavam bastante, depois a colocavam entre as pernas e em seguida abriam a garrafa, fazendo explodir o líquido espumante. Depois enchiam as taças e vendiam cada uma por apenas 2,50 euros. São tão safadinhos os bombeiros de Paris...
O DJ tocava um pouco de tudo. Ritmos exóticos, de influência africana e música latina. Mais o ponto alto da festa era o som das tradicionais músicas que animam pistas de dança do mundo inteiro: Michael Jackson, Madonna, George Michael, Village People e a trilha do filme Grease. Quando tocava essas músicas os bombeiros piravam. Subiam nos balcões dos bares e dançavam como go go boys, fazendo coreografias sensuais. Tiravam a camisa da farda e jogavam para a platéia de moças e rapazes que gritavam por eles. Uma loucura. Uma coisa do outro mundo. O que aconteceu naquele quartel foi uma catarse. Uma celebração à vida no dia nacional da França. Vendo aqueles rapazes bonitos tão comprometidos com a alegria, com a farra, com o hedonismo, eu entendia aquela necessidade de saudar a vida. Bastava ver, numa parede lateral do pátio do quartel, grafado em letras douradas, uma lista com os nomes de todos os soldados mortos em incêndios, inundações e acidentes.
Na pista de dança uma mistura de toda a fauna que freqüenta o Quartier Latin. Estudantes da Sorbonne, artistas, esportistas, executivos, turistas, existencialistas, malucos belezas, caretas, gays, lésbicas... Cada um na sua e a pegação rolando solta. Azaração, beijo na boca, mão boba, baseados... E lá no alto, duas bandeiras, do Brasil e da França, tremulavam testemunhando aquele festival de alegria.
Subindo uma escada atrás de um dos bares, uma sala vip para convidados especiais e os militares mais graduados, com suas mulheres e namoradas. O salão era todo decorado nas cores verde e amarela, com fotos de paisagens do Brasil coladas nas paredes. O piso era um enorme tapete no formato da nossa bandeira. Quando eu vi aquilo tive que fazer esforço para não chorar.
Na festa dos bombeiros aconteciam coisas o tempo inteiro. Num dado momento dois oficiais, vestidos com suas roupas de gala, surgiram no telhado de um galpão de dois andares, segurando uma réplica da torre Eiffel numa mão e na outra um sinalizador, que imitava fogos de artifício. Depois de chamar a atenção de toda a festa eles começaram a dançar uma coreografia sensual, enquanto tiravam a roupa. Um tocando o corpo do outro num ritmo provocante. Lá embaixo gritos e assobios coroavam a performance artística dos Sapeurs Pompiers de Paris.
Pena que não haviam brasileiros na festa. Pelo menos não consegui identificar nenhum. Um sujeito usando a camisa da seleção brasileira era russo. Num dado momento, quando eu estava parado no bar, cansado de tanto dançar, um francês olhou para mim e disse: Você é brasileiro. Eu olhei para ele e perguntei como ele sabia. Você tem cara de brasileiro. Então rolou o seguinte diálogo. Eu: Você conhece o Brasil? Ele: Nunca estive lá, mas gosto muito do seu país. Eu: E o que é que faz você gostar tanto do Brasil? Ele: Tudo o que eu sei sobre o Brasil me faz gostar dele. Muito em breve o seu país vai ser a nação mais importante do planeta. Eu, incrédulo: E o que é que vai fazer do Brasil a nação mais importante do planeta? Ele: O estilo de vida dos brasileiros. Ulalá...
O dia estava amanhecendo quando o DJ desligou o som. Eu estava bêbado de tanto champanhe, de tanta beleza, de tanto carinho, de tanta energia, de tanta felicidade. Fui um dos últimos a sair do quartel. E quando eu estava indo embora o mesmo soldado que havia me deixado entrar segurou no meu braço e disse com um sorriso afetuoso: amanhã tem mais... La vie en rose!
PARIS EM CHAMAS – Os fogos de artifício explodindo na torre Eiffel, durante o 14 de julho, foi apenas o clímax de uma festa que havia começado no dia anterior, já que as comemorações da data nacional francesa começam na véspera, com festas por toda a cidade. Esse ano, por causa das comemorações do Ano do Brasil na França, o charme brasileiro marcou presença em todas as comemorações. É impressionante como os franceses se envolveram com a festa. Não foi só uma promoção diplomática do governo. Existe, de forma bem clara, um envolvimento do cidadão francês com espírito da festa que homenageia o Brasil.
O show de música brasileira promovido pela prefeitura de Paris foi um sucesso. O popular jornal Le Parisien, na sua edição de 14 de julho, publicou que “mais de 50.000 pessoas dançaram ontem na Praça da Bastilha, ao som de ritmo brasileiros”, numa reportagem intitulada Bal et samba à la Bastille. Na matéria principal, que recebeu o título de Un 14 Juillet très spécial, havia um artrigo chamado um défile à la brésilienne.
O desfile foi um show à parte. Franceses belíssimos, com suas fardas de gala, exibiram o seu poderio militar com muito charme. O desfile começou com um pelotão brasileiro, formado por militares da AMAN, muito aplaudido pela multidão que se espremia ao longo da Avenue Champs Elysées. Na multidão, muitas camisas da seleção brasileira, usadas por europeus e brasileiros que estavam na Europa. Assistindo ao desfile ao meu lado, um cidadão francês com seu filho, um garoto que aparentava oito anos de idade. O que me chamou atenção é que o menino usava uma camisa com uma ilustração de uma paisagem da Bahia e embaixo estava escrita a palavra “capoeira”. Além disso, o garoto francês usava um boné verde e amarelo, onde estava escrito a palavra “Brasil”. Eu conversei com eles, que me disseram que nunca tinham vindo ao Brasil, mas tinham muita vontade de conhecer o País. “Meu filho é fã de capoeira”, disse o pai.
O desfile militar acabou com uma gloriosa exibição da esquadrilha da fumaça que coloriu o céu de Paris com fumaça verde e amarela. Quando os aviões surgiram por trás do Arco do Triunfo, um cidadão francês gritou: Les avions du Brésil! Foi uma ovação. Toda a avenue Champs Elysees aplaudindo as cores brasileiras. Foi bonito e comovente. Impossível evitar as lágrimas... Na França, quando acaba o desfile, os militares vão para os bairros da cidade, com seus veículos, tanques de guerra, etc. Então a população pode se aproximar dos soldados, visitar os veículos militares, fazer fotos e flertar com os soldados. As bandas se espalham pelas praças da cidade e fazem consertos públicos para a população. Isso me pareceu uma herança dos tempos de guerra. De fato, parece haver uma confraternização muito grande entre os militares e a população.
A TV francesa, que transmitiu o desfile ao vivo, exibiu antes do início da parada um documentário mostrando uma série de trabalhos conjuntos dos militares franceses e brasileiros, na fronteira da Guiana Francesa e o Amapá. Mostravam cenas de operações militares e ações na floresta amazônica, e entrevistas com soldados dos dois países. Depois, já ao vivo, a TV exibiu entrevistas com os militares brasileiros que iriam participar do desfile. Todas as autoridades já tinham chegado ao palanque, inclusive o presidente francês Jaques Chirac, mas Lula ainda não tinha chegado. O locutor da TV francesa então afirmou que Lula estava atrasado. “Ele deve estar pensando que é um jogo de futebol”, disse o locutor, tentando ser espirituoso. O fato é que Lula chegou em cima da hora, até porque ele não tinha a obrigação de chegar mais cedo ao evento. Na verdade o locutor estava ansioso pela presença do presidente brasileiro, para poder mostrar imagens dele e entrevistá-lo. Afinal, ele era a estrela daquele evento. O convidado de honra do governo francês. A grande celebridade do 14 de Julho. Então...
Verdade seja dita, Lula representou muito bem o Brasil no exterior. Ele teve um tratamento de estrela dado pelo governo, pela população e pela sociedade francesa. Sua saída do Hotel de Marigny, o castelo onde o governo francês hospeda chefes de estado, em direção a Sorbonne, foi gloriosa. A rua foi totalmente fechada ao transito e a transeuntes. Batedores da polícia francesa em trajes de gala cercavam a comitiva presidencial por toda a cidade. Um cidadão francês que passava no local, ao ver aquele tumulto, me perguntou: Monsieur Inácio já chegou?
Á noite, quando peguei um táxi em direção ao meu hotel, no Quartier Latin, o motorista me perguntou, quando eu disse que era brasileiro: “Como vai monsieur Lula?” Minha vontade foi dizer que Monsieur Lula era um cínico, um fraco, um presidente medíocre que permitiu que uma gangue de corruptos se infiltrasse no governo. Mas, como roupa suja se lava em casa, eu preferi dizer que ele era um grande presidente e que o Brasil tinha muito orgulho dele. O motorista de táxi começou a falar da vida de Lula, que ele tinha sido um homem pobre, toda aquela lenga-lenga romântica que cerca a biografia do presidente. Enquanto conversávamos eu olhava Paris toda iluminada, as pontes sobre o Sena, os monumentos, a arquitetura. Então o motorista me perguntou se eu estava gostando de Paris. Eu respondi que estava amando a cidade e a forma como ela era organizada. E estava apaixonado por sua beleza, sua classe e elegância. Então ele me disse, com uma certa tristeza na voz: Muito sangue foi derramado para que pudéssemos conseguir tudo isto.
PARIS EM CHAMAS - A Marselhesa é o hino nacional da França e foi composto pelo oficial Claude Joseph Rouget de Lisle em 1792, da divisão de Estrasburgo, como canção revolucionária inicialmente conhecida como "Canto de Guerra para o Exército do Reno". A canção adquiriu enorme popularidade durante a Revolução Francesa, especialmente entre as unidades do exército de Marselha, por isso ficou conhecida como A Marselhesa. Foi em 14 de julho de 1795 que a canção foi declarada como o hino nacional francês.
A MARSELHESA
Allons enfants de la Patrie,
Le jour de gloire est arrivé
Contre nous de la tyrannie
L'étendard sanglant est levé.
L'étendard sanglant est levé:
Entendez-vous dans nos campagnes
Mugir ces féroces soldats!
Qui viennent jusque dans vos bras
Égorger vos fils et vos compagnes.
Aux armes citoyens,
Formez vos bataillons.
Marchons! Marchons!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons
Que veut cette horde d'esclaves
De traîtres, de rois conjurés?
Pour qui ces ignobles entraves
Ces fers dès longtemps préparés
Ces fers dès longtemps préparés
Français, pour nous, Ah quel outrage
Quel transport il doit exciter!
C'est nous qu'on ose méditer
De rendre à l'antique esclavage
Quoi! Des cohortes étrangères
Feraient la loi dans nos foyers!
Quoi! Ces phalanges mercenaires
Terrasseraient nos fiers guerriers.
Terrasseraient nos fiers guerriers.
Grand Dieu! Par des mains enchaînées
Nos fronts, sous le joug, se ploieraient.
De vils despotes deviendraient
Les maîtres de nos destinées
Tremblez tyrans, et vous perfides
L'opprobe de tous les partis.
Tremblez, vos projets parricides
Vont enfin recevoir leur prix!
Vont enfin recevoir leur prix!
Tout est soldat pour vous combattre.
S'ils tombent nos jeunes héros,
La terre en produit de nouveaux
Contre vous, tous prêts à se battre
Français en guerriers magnanimes
Portez ou retenez vos coups.
Épargnez ces tristes victimes
A regrets s'armant contre nous!
A regrets s'armant contre nous!
Mais ce despote sanguinaire
Mais les complices de Bouillé
Tous les tigres qui sans pitié
Déchirent le sein de leur mère!
Amour Sacré de la Patrie
Conduis, soutiens nos braves vengeurs.
Liberté, Liberté chérie
Combats avec tes défenseurs
Combats avec tes défenseurs
Sous nos drapeaux, que la victoire
Accoure à tes mâles accents
Que tes ennemis expirants
Voient ton triomphe et nous, notre gloire
Nous entrerons dans la carrière
Quand nos aînés n'y seront plus
Nous y trouverons leur poussière
Et la trace de leur vertus!
Et la trace de leur vertus!
Bien moins jaloux de leur survivre
Que de partager leur cercueil.
Nous aurons le sublime orgueil
De les venger ou de les suivre
PARIS EM CHAMAS - A rue de La Rochefoucauld fica perto da Igreja de Santa Rita, atrás do complexo de lojas formado pelas Galerias Lafayte que ficam perto da Ópera de Paris. É nessa rua que fica o Museu Gustave Moreau, todo dedicado a obra e ao culto desse pintor que, como disse João Carlos Rodrigues, foi cultuado por Oscar Wilde e João do Rio. O museu fica na casa que o pintor viveu com a família. No térreo, cômodos como o quarto e o escritório do artista, são mantidos como eram na época em que ele viveu. Nos dois andares de cima, os cômodos foram transformados em duas enormes galerias de arte com toda a produção do artista: os belos e intrigantes quadros, além de centenas de desenhos e rascunhos.
Mais do que um museu o Gustave Moreau é um templo de culto ao trabalho do artista, formado por imagens fortes e densas. Nos seus quadros é muito presente o conflito existente entre o profano e o sagrado. Nas pinturas sempre há algo de belo tentando se libertar de um mundo sombrio. Para muitos foi percussor do surrealismo, graças as imagens fortes que remetem a um mundo mágico que era só dele. Um mundo perturbador que fascina seus admiradores. Os desenhos são absolutamente fascinantes. Têm desde obras acabadas até rascunhos de quadros e ensaios para alguns dos quadros expostos. Vale destacar os nus masculinos desenhados em 1865 que são inspiradores.
9.7.05
O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano.
PARIS EM CHAMAS - Paris e uma cidade que tem me provocado muitas emoções. Cada dia me acontece uma surpresa agradável. Cada passeio pelas ruas da cidade me oferece uma paisagem inesquecível, ou uma vitrine genial, ou um espetáculo de arte, cultura e glamour. Pois bem. Paris acabou de me oferecer mais uma doce emoção. Eu estava trabalhando na sala de imprensa que o Itamaraty montou no Hotel Le Bristol para os jornalistas brasileiros que estao cobrindo a viagem do presidente Lula a Paris, quando uma repórter comentou: olha o Paul McCartney!
Eu levantei da mesa de trabalho, fui até o corredor e o vi passando em direção ao lobby. Fui atrás dele como uma daquelas fãs que seguiam os Beatles nos anos 60, me aproximei e disse: Mr. Paul, I love you! Ele me olhou, piscou o olho e fez um sinal positivo com o dedo. O engracado é que haviam dois homens junto com ele, nao sei se eram seguranças, ou pessoas que trabalhavam na sua equipe. Só sei que quando eu disse Mr. Paul, I love you, eles cairam na risada. Isso foi na porta do hotel. Em seguida Paul entrou num carro e saiu pelas ruas de Paris. Pela janela do carro ele fazia poses e caretas para os fotógrafos que o esperavam na porta do hotel. Adoro Paul McCartney. Ele sempre foi o meu Beatle favorito. E encontrá-lo em Paris só fez me deixar ainda mais apaixonado pela cidade.
E isso nao foi tudo. Quando voltava para a sala de imprensa encontrei com o Paulo Coelho, o grande escritor brasileiro, que estava chegando da Unesco, onde tinha ido participar de uma cerimonia, ao lado de Sebastião Salgado, Viviane Senna e Lula. Com ele estava o colunista do jornal O Globo Ancelmo Goes, que está de férias em Paris, e passou no hotel apenas para visitar os colegas. Ancelmo é um doce de pessoa e ele tambem ficou curioso em ver em Paul McCartney mas, no caminho havia encontrado o Paulo Coelho e os dois ficaram conversando. Eu estava lívido porque tinha conseguido chegar bem perto do Paul e fiquei mais lívido ainda quando Paulo Coelho nos convidou a tomar um cafe.
O Hotel Le Bristol e um cenário de sonho e fantasia. Cortinas e tapetes suntuosos. Escadarias. Espelhos. Lustres magnificos. Sofas vintage. Corredores interminaveis. Garcons de fraque. Jardim de inverno cheio de pompa. Ambientes espacosos. Colunas gloriosas. Piso de mármore. Quadros fanta´sticos nas paredes. Tudo muito luxuoso. Elegante. Sofisticado. Ancelmo me disse que, durante a ocupacao nazista na Franca, o hotel serviu de moradia para o alto comando do exercito alemão. Afe!
Paulo Coelho tem um apartamento no Le Bristol e quando está em Paris fica hospedado no hotel. Como já disse, ele nos convidou a tomar um café no bar do hotel. Muito gentil e educado, nosso mais famoso escritor nos deu suas impressões sobre o Ano do Brasil na Franca. Ele disse que estava muito impressionado com o sucesso da festa. Que realmente, falava-se muito bem do Brasil e dos brasileiros em toda a Europa e principalmente na França. Ele percebia isso nas suas viagens pelo continente. E disse que espera que essa valorização do nosso país chegue até os brasileiros que moram no Brasil, pois ele acredita que todos merecem se sentir valorizados, respeitados e queridos. Touché, Paulo Coelho!
Quando nós entramos no rlrgante piano-bar do Le Bristol, uma mulher começou a acenar para o Paulo. Inicialmente ele nao percebeu e ela insistiu gritando o nome dele algumas vezes. Quando ele a viu nos deixou durante um instante e foi até ela, depois os dois voltaram juntos e ele nos apresentou a mulher: Essa e a Marisa Berenson, uma grande amiga minha. Eu quase desmaiei. Marisa Berenson! Eu adoro seu filme Barry Lyndon. E um dos meus filmes favoritos, eu disse a estrela. Ela foi super simpática e respondeu: É um grande filme, não é mesmo? Durante todo o tempo que ficou conosco, ela foi muito carinhosa com o Paulo Coelho.
Quando ela se despediu e foi embora o escritor me disse: Voce fez muito bem de falar do filme Barry Lyndon com a Marisa. Eu senti que ela gostou. Esse filme representa uma fase muito boa da vida dela. E ela anda muito triste, desde que perdeu uma irmã no World Trade Center. Sempre muito gentil, Paulo nos falou da sua vida na Europa, do seu encontro com Paul McCartney e fez questão de nos perguntar se estávamos precisando de alguma coisa. Quando foi pagar a conta, o gerente se recusou a receber, alegando que era tudo por conta da casa. E nos disse: Se vocês são convidados de Monsieur Paulo Coelho, então também são convidados do Le Bristol. Chique, chique, chique...
PARIS EM CHAMAS - O Corpo de Bombeiros de Paris vai dar uma festa em homenagem ao Brasil durante as comemorações do 14 de Julho. Todos os anos, no 14 de julho, os bombeiros do quartel que fica no Quartier Latin organizam o BALS DES SAPEURS-POMPIERS DE PARIS. O baile já virou uma tradição anual que costuma reunir milhares de pessoas no pátio do quartel e se espalha pelas ruas de Saint Germain des Pres em plena Rive Gauche. Esse ano, por causa do Ano do Brasil na Franca, a festa será em homenagem ao Brasil. Vários cartazes estão espalhados pelas ruas de Paris, convidando a população a participar da festa.
Hoje eu fui no quartel pedir informações sobre a festa e o bombeiro que me atendeu, quando soube que eu era brasileiro, me convidou a entrar. Quando eu cheguei no pátio do quatel fiquei completamente emocionado. Haviam vários soldados da corporação trabalhando na produção da festa. Uns montavam um palco para o DJ. Outro pregava uma faixa com o nome BRASIL numa parede. Outro colocava dezenas de luzes verde-amarelas numa especie de luminoso que eles iriam pendurar no centro do pátio. Haviam cartazes com fotos do Rio e da Bahia espalhados pelo chão. Tudo o que eles tinham conseguido de referencia ao Brasil estava espalhado pelo pátio, onde será o centro da festa.
O mais incrível é que os bombeiros eram todos lindos. Rapazes bem jovens, fardados, usando calça azul bem apertada e a camisa onde estava escrito Sapeurs-Pompiers de Paris. Muito simpáticos, eles me levaram até uma sala, que será uma área vip, onde dois outros bombeiros montavam uma enorme bandeira do Brasil no piso, como um tapete. Conversamos um bom tempo. Muito gentis e educados, eles me disseram que na Franca todos gostam muito do Brasil. "É o país que os franceses mais gostam depois da Franca", me disse um deles, exibindo um sorriso lindo na sua cara de menino. "Gostariamos muito que o presidente Lula viesse na nossa festa", disse um outro. Quando eu perguntei como eles tinham conseguido todo aquele material sobre o Brasil, bandeiras e cartazes, eles me disseram que foram até a embaixada. E um deles me mostrou o documento que a embaixada do Brasil os fez assinar, prometendo devolver as bandeiras que tinham tomado emprestado. Claro que eu nao vou perder essa festa de maneira alguma. Na verdade serão duas festas, nos dias 13 e 14 de julho. O endereço do quartel: rue Du Vieux Colombier, Saint Germain des Pres, perto da Igreja de Saint Sulpice.
4.7.05
A imaginação é mais importante que o conhecimento.
PARIS EM CHAMAS - O Quartier Latin ainda e o lugar mais charmoso de Paris. O lugar ferve no final da tarde. O clima boemio com estilo frances tem me divertido muito. Adoro passear na rue de Buci, sentar num cafe e observar o movimento da rua e ouvir o som de um acordeon de um rapaz que toca para os turistas. Na rue Huchete, que fica logo adiante, tem varios restaurantes gregos, com musica tipica ao vivo e aquele costume de quebrar os pratos...
Ontem passei o dia inteiro com Debora Melissa, uma amiga brasileira que mora na Belgica. Ela viajou tres horas de carro apenas para me conhecer pessoalmente. Ficamos amigos atraves da internet. Ela lia esse BLOG na Belgica e me mandava e-mails sempre gentis e carinhosos. Trocamos muitas mensagens pela internet. E quando escrevi contando que estaria em Paris nas minhas ferias ela fez questao de vir me visitar, com Hans, o marido belga que e um fofo, e duas amigas brasileiras. Fizemos um passeio divertido a Montmartre, depois passeamos no jardim do Louvre, depois fomos a Torre Eiffel e acabamos o dia em frente a Notre Dame. Debora e a cara da Bel Kutner. Identica. Igual. Ate o modo de falar e parecido. Fiquei impressionado com a semelhanca. Adorei conhece-la pessoalmente. Ela e um amor...
O cineasta frances Claude Lelouch esta com um novo filme em cartaz: Le Courage D'aimer. E um filme encantador, bem no estilo do cineasta, com muita musica e a paisagem de Paris servindo de cenario para varias historias de amor, misturando personagens que sao artistas: atores e cantores durante a realizacao de um filme. O cinema dentro do cinema! As musicas sao de Francis Lai, velho parceiro do cineasta, desde os tempos de Um homem, uma mulher. Adorei o filme...
PARIS EM CHAMAS - Impressionante o sucesso do mito Leonardo Da Vinci. Ele viveu numa epoca em que nao havia radio, televisao, nem internet. Hoje, quinhentos anos depois, o seu sucesso se equipara ao de um astro pop. Ontem estive cara-a-cara com a Mona Lisa. Eu olhava para aquele quadro e pensava porque a Gioconda havia se tornado a obra de arte mais famosa da historia da humanidade. No Museu do Louvre havia uma parede inteira so para ela. E uma multidao se acotovelava para ve-la, admira-la e fotografa-la. Diante dela, as pessoas se comportavam como se estivessem diante da Madonna...
Eu poderia ficar meses dentro do Louvre admirando todas aquelas pinturas maravilhosas... O museu oferece um banquete requintado do que de mais importante foi criado pelo homem em termos de arte... Fiquei um dia inteiro dentro do Museu e so sai quando os funcionarios me expulsaram... Quando entrei no Museu fui direto na Mona Lisa, disputando espaco com turistas tailandeses, argentinos, americanos, vietnamitas, irlandeses, australianos... Acho que O Codigo da Vinci deu um "upgrade" no mito da Gioconda, pois havia uma verdadeira histeria do publico diante dela. Mas, como fui um dos ultimos a sair do Museu, quando ja estava indo embora, ao passar na sala da Gioconda, nao havia mais ninguem. Entao, durante uns quatro ou cinco minutos, eu pude admira-la sozinho... Enquanto os funcionarios do Museu me olhavam com impaciencia eu pude ficar parado diante dela, observando cada detalhe do seu rosto, das suas maos, do seu sorriso enigmatico e do seu olhar, que parece mais vivo do que o de muitos seres humanos...
Dias antes, enquanto eu assistia as filmagens do Codigo da Vinci, aconteceu algo divertido. Um homem branquelo, muito serio, de cabelos muito louros, circulava pelo set vestido com uma batina marrom. Eu olhei para ele e disse: "Silas! Voce e o Silas!" Ele deu um sorriso e respondeu: "Sim, eu sou o Silas. Sou um sujeito mau. Muito mau." Depois me perguntou: "Voce leu o livro... Acha que estou parecido com o personagem?" Eu respondi: "Claro, quando eu te vi nao tive duvidas... Ele e o Silas." O sujeito com quem eu falava era o ator Paul Bettany, que interpreta o fanatico religioso Silas, que mata um funcionario do Museu do Louvre, dando inicio a trama do livro O Codigo da Vinci. Cinema e a maior diversao!
Assistir as filmagens do Codigo da Vinci foi sem duvida um dos programas mais divertidos das minhas ferias em Paris. Eu adorei ler esse romance. Foi um livro que me deu muito prazer e me provocou muito estimulo intelectual. Por isso foi uma incrivel coincidencia estar em Paris no momento em que o livro esta sendo filmado. E o mais incrivel e que foi tudo muito divertido. Aconteceram coisas muito engracadas durante as filmagens. Por exemplo: um onibus que passava pela rue de Rivoli bateu num poste pois o motorista se distraiu com o movimento de luzes e cameras. Nada de grave pois ele nao dirigia em velocidade. So que a cena provocou aplausos de um grupo de turistas muito elegantes, que assistiam as filmagens em frente ao Hotel do Louvre, um sofisticado cinco estrelas que fica bem em frente ao Museu.
Tambem dediquei um dia inteiro a visitar o Museu D'Orsay, onde ficam os quadros dos grandes da pintura francesa: Monet, Gauguin, Manet, Lautrec, Camille Pissarro, Van Gogh... Toda aquela rapaziada sensacional que, com sua arte, nos faz acreditar que a humanidade tem salvacao...
Perdoem a falta de acentos. Os teclados dos computadores franceses nao obedecem aos meus comandos...
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