24.8.02

Encontro Mauro Rasi no Leblon. Sou grande admirador do seu trabalho no teatro. Sua peça Baile de Máscaras é o melhor espetáculo de teatro que já vi na vida. É uma história muito louca. Um grupo de artistas e intelectuais da aristocracia carioca decidem passar o carnaval trancados dentro de um casarão apenas assistindo a filmes de vídeo e discutindo assuntos de elevado nível cultural. A reunião do grupo acaba fazendo surgir conflitos entre eles. Partindo dessa idéia Mr. Rasi criou um espetáculo memorável e fascinante sobre a vida, o carnaval, a elite cultural e a essência do ser humano.


Baile de Máscaras teve um episódio curioso sobre os bastidores do teatro brasileiro. Faltavam cerca de dez dias para a estréia, o elenco já estava ensaiando no teatro, quando os atores Daniel Dantas e Beatriz Segall tiveram uma briga. Um bate boca fenomenal. Quem viu diz que foi inesquecível. Afinal são dois grandes atores, de temperamento forte. Eles começaram discutindo no palco e irritada Beatriz Segall, a inesquecível Odete Roitman decidiu abandonar o elenco e saiu do teatro no shopping da Gávea. Daniel Dantas foi atrás dela e os dois gritavam um com o outro, se xingando com fúria, na frente de todo mundo. Madame Segall foi substituída por Cleyde Yáconis que, por este papel, ganhou todos os prêmios de atriz daquele ano.


O papel de Cleyde Yáconis era o de uma mulher da alta aristocracia italiana vivendo em conflito com a cultura carnavalesca do Brasil. O personagem era inspirado em Mimina Roveda, uma das donas do Teatro dos Quatro. Aliás, todos os personagens da peça eram inspirados em gente de teatro. O papel do Daniel Dantas era inspirado no próprio Mauro. A trama da peça era uma referência as famosas maratonas culturais que Sergio Britto costuma organizar na sua casa, durante o carnaval. Na peça, Mr. Rasi era implacável com todos, inclusive consigo mesmo. Mas, acima de tudo, Baile de Máscaras era uma louvação ao teatro brasileiro.


Foi nessa peça que eu vi Lui Mendes pela primeira vez. O papel dele era ótimo. Lui fazia o filho da empregada que ignorava a pose aristocrata dos convidados do seu patrão e só queria saber de carnaval. Ele desfilava todos os dias enquanto o grupo ficava em casa assistindo ao clássico do cinema alemão Berlin Alexanderplatz. O papel era ótimo e ele atuava com grande desenvoltura no meio de monstros sagrados do teatro brasileiro. Dias depois de ter assistido a peça encontrei com Lui Mendes numa festa na boate Doutor Smith. Eu o parei e disse que tinha adorado o espetáculo, que era uma peça genial e que eu tinha adorado o trabalho dele. Então ele parou e agradeceu os meus elogios. Disse que já tinha convidado vários amigos para assistirem a peça, mas que as pessoas não entendiam o espetáculo. Depois disso acabamos ficando amigos.




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