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V I T R I N E
Que divisa o olhar desse moreno?
Namora os tênis atrás da vitrine?
Ou a vidraça que os devassa e inibe
Os seus reflexos serve-lhe de espelho
E ele recai na imagem de si mesmo,
Igualmente visível e intangível?
É assim tantálica que ela me atinge
Obliquamente e ao mesmo tempo em cheio
E mesmeriza, e sinto meio como
Se eu o despisse e ele mal percebesse.
Quando olha para trás um instante, atino
Sonhar e, salvo engano, ter nos olhos
Cacos de um campode futebol verde
Feito o pano das mesas dos cassinos.
(Poema de Antonio Cícero, do livro A CIDADE E OS LIVROS )
Que divisa o olhar desse moreno?
Namora os tênis atrás da vitrine?
Ou a vidraça que os devassa e inibe
Os seus reflexos serve-lhe de espelho
E ele recai na imagem de si mesmo,
Igualmente visível e intangível?
É assim tantálica que ela me atinge
Obliquamente e ao mesmo tempo em cheio
E mesmeriza, e sinto meio como
Se eu o despisse e ele mal percebesse.
Quando olha para trás um instante, atino
Sonhar e, salvo engano, ter nos olhos
Cacos de um campode futebol verde
Feito o pano das mesas dos cassinos.
(Poema de Antonio Cícero, do livro A CIDADE E OS LIVROS )