1.10.02

NOS EMBALOS DE IPANEMA – Segunda feira de pânico na zona sul. As ruas de Ipanema estão vazias. As lojas fechadas. A população caminha assustada e cabisbaixa. Um clima de filme catástrofe se instala nas ruas. Um sentimento de revolta se apodera de mim. Fico irritado com a covardia das pessoas. Preciso pagar uma conta e a Caixa Econômica Federal está fechada. Um banco do governo se submetendo à ameaças de traficantes! Funcionários da Telemar, dispensados pela empresa, saem apressados do edifício voltando para suas casas. Grito com eles: “Covardes! Covardes!” Para relaxar vou à praia e o mar, como sempre, me acaricia a alma.


Na hora do almoço nenhum restaurante funciona. A geladeira está vazia e os supermercados fechados. Caminho faminto por Ipanema. O restaurante Via Farme está aberto. Escolho uma mesa bem na varanda. Sou o único cliente. Peço um Talharim a Matriciana e me delicio com a massa. Observo a rua quase sem movimento a não ser umas pessoas que caminham apressadas querendo chegar logo a algum lugar.


Sinto desprezo por aquelas pessoas que fogem. Acho a atitude delas ridícula. Não sinto nenhum medo ou apreensão. E me sinto feliz por isso. Por não ser um covarde. Nem agir como um covarde. Almoço tranqüilamente na varanda do restaurante. Olhando a Farme de Amoedo vazia e sem movimento eu me pergunto: Será que não tem homem nessa cidade? Cadê os homens de Ipanema? Cadê os pitboys da rua, famosa pelos seus valentões. Cadê os pitboys da Farme? Certamente ficaram trancados dentro de casa, se escondendo embaixo da saia da mãe, se cagando de medo. Eles só são valentes na hora de agredir as bichas.

Madonna vem aí...

 

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