10.11.02

“Sou bicha porque quero!” - Excelente o filme Madame Satã. Fazia tempo que um filme brasileiro não me empolgava tanto. O roteiro bem desenvolvido. Uma direção inteligente e bem resolvida. E um ator fantástico. Esses ingredientes, misturados na medida certa resultaram num filme mágico e encantador. Lázaro Ramos, o ator protagonista, é uma agradável surpresa. Ele tem postura, personalidade, um olhar intenso e uma voz que envolve o espectador. Seu leve sotaque baiano é muito charmoso. E sua expressão corporal diz tanto sobre o personagem quanto sua voz ou os diálogos do filme. Madame Satã funciona como uma mini biografia de um personagem da cultura brasileira. Mas também funciona como um libelo sobre o preconceito aos homossexuais.


Madame Satã é um malandro típico da Lapa dos anos 30/40, que vive da malandragem e de pequenos golpes. Acrescente-se a isso o fato dele ser negro e homossexual. Para sobreviver a esse contingente ele precisa, antes de qualquer coisa, ser um forte, um valente. O personagem vive sendo humilhado por ser negro e homossexual. E ele combate a violência desses preconceitos com agressividade e mais violência.


Como toda bicha que se preza, Madame Satã sonha em ser uma estrela. Por isso trabalha como camareiro de uma cantora de boate. Apaixonado por Josephine Baker, sonha em um dia fazer seu próprio show. Quando consegue se apresentar cantando num bar da Lapa torna-se a bicha mais feliz do mundo. Mas um boêmio machão embriagado resolve estragar sua felicidade humilhando-o por ser homossexual. Dando-lhe porrada e chamando-o de veado, com aquele nojento tom de desprezo que os pretensos machões se utilizam quando querem humilhar as bichas. É nesse momento que Madame Satã realiza a grande fantasia de todos os homossexuais do planeta. Depois de ser espancado e humilhado ele vai até sua casa, pega um revolver e enche o machão de bala. Não sem antes gritar para o machão a frase símbolo deste filme: “Sou bicha porque quero!” Madame Satã é um filme que merece ser aplaudido de pé.

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