JONH PERRY BARLOW , o papa da Internet, (foto acima) revelou-se um grande folião durante o carnaval baiano. Eu o conheci no conforto e na segurança do camarote do Ministro Gilberto Gil. Mas, minha admiração por ele surgiu, quando eu o vi declinar do convite de desfilar em cima do trio elétrico EXPRESSO 2222 e preferir sair pulando na pipoca, no meio dos endiabrados foliões baianos. E o mais incrível é que ele se saiu muito bem. O gringo enfrentou com galhardia os vários quilômetros do desfile e a multidão ensandecida que corria atrás do trio, hipnotizada pela música de Gil, Caetano e seus convidados. Barlow dançou o tempo todo, flertou com as moças, bebeu muitas cervejas e, literalmente, suou a camisa.
Durante o desfile, no meio da multidão, eu percebi que Mr. Barlow levava consigo, uma pochete amarrada na cintura. Eu o puxei num canto e falei no seu ouvido para ele tomar cuidado. Afinal, sair pulando atrás de um trio é ficar no limite entre o êxtase e o terror. Infiltrados no meio da farra sempre existem falsos foliões que estão ali para roubar os mais distraídos, principalmente se forem turistas desavisados. Mesmo assim ele se saiu muito bem. Em duas situações em que falsos foliões tentaram bancar os espertos ele teve jogo de cintura para se livrar deles, sem perder o ritmo da festa.
Jonh Barlow estava acompanhado de um casal de amigos, Bob e Daisy, que eram ainda mais animados do que ele. Durante o desfile conhecemos um outro casal de americanos. Acabamos formando um grupo e ficamos juntos até o final. O curioso é que a garota estava com a perna engessada e usava muletas. Mesmo assim ela seguiu o trio até o final sem perder a animação. Em alguns momentos o seu namorado a carregava nos ombros enquanto nós carregávamos as muletas.
Bob e Daisy são jovens, bonitos e super carinhosos. Eles estavam encantados com a energia do carnaval. A festa. A música. As pessoas. O cenário à beira-mar. Num momento em que nós paramos para comprar cerveja, ele me disse: “E pensar que até dois dias atrás eu estava no Maine, morrendo de frio, com neve até o joelho.” Quando ele disse que era do Maine eu fui logo perguntando: “Você conhece o Stephen King?” Ele deu uma gargalhada. Para quem não sabe, Stephen King é natural do Maine e é lá que ele costuma ambientar suas histórias de terror.
Quando acabou o desfile do trio elétrico do Gil nós ainda pulamos com a Timbalada que vinha logo atrás, num outro trio. Quando voltamos para o camarote a coisa lá continuava pegando fogo. O bom é que ainda havia muita cerveja gelada. Bebemos algumas e corremos para a pista de dança, dominada pela música techno. Foi então que Jonh Barlow vestiu uma luva preta na mão esquerda. Na ponta de cada um dos dedos havia luzinhas vermelhas que faziam desenhos hilários na pista de dança. Era como se a ponta dos seus dedos emitissem jatos de luz. O efeito especial chamou a atenção de todos os presentes.
Quando paramos de dançar e fomos para a varanda o dia já estava amanhecendo. No horizonte, manchas avermelhadas coloriam o céu que estava mudando da noite para o dia. O mar também adquiria uma cor bonita aquela hora da madrugada. Ficamos hipnotizados, admirando o show da natureza com a mesma reverência com que vibramos com a força e a energia do carnaval baiano.
JONH PERRY BARLOW é o personagem de um belo artigo da jornalista Cora Ronai , publicado hoje no jornal O Globo. Para ler o texto é só visitar o site da Cora, clicando AQUI!