12.7.03

OS MACHÕES MORAM EM PERNAMBUCO Quinta-feira passada uma passeata de mulheres circulou pelas ruas do Recife, numa manifestação que buscava chamar a atenção das autoridades e da opinião pública, sobre os constantes casos de violência contra as mulheres ocorridos em Pernambuco. Só este ano, 59 mulheres foram mortas vítimas da violência machista. No caso mais recente, que deixou indignadas todas as famílias do estado, duas jovens foram espancadas e mortas a tiros depois de terem sido estupradas numa praia do estado. O fato dos casos de violência não serem tratados como prioridade pelas autoridades têm deixado as pernambucanas revoltadas.


A violência contra as mulheres é um fenômeno cultural do estado de Pernambuco. Desde sempre o machão pernambucano gostou de maltratar, bater, espancar e matar suas mulheres. Aliás, o machão pernambucano é uma figura deplorável a partir da sua própria concepção. Ter um comportamento agressivo com as mulheres, em todos os sentidos, sempre foi considerado um sinal de virilidade, em Pernambuco. Talvez isso explique, mas não justifique, a indolência das autoridades com os abomináveis crimes contra as mulheres que pipocam por todos os lados.


Durante a passeata foi distribuída uma dramática carta à população cujo conteúdo é comovente. Depois de relacionar o nome das últimas vítimas e de especificar as violências sofridas por elas, a carta à população diz:
A cada vez, os crimes se tornam mais bárbaros, mais cruéis e só compreensíveis se os entendermos como crimes de ódio. Em algum lugar de nossa sociedade há homens que odeiam as mulheres e se sentem absolutamente livres para expressar esse ódio da maneira que bem entendem. O crescimento destes crimes de ódio é quase uma prova de que eles são permitidos em nosso estado.


Em seguida a carta aberta à população critica as principais autoridades do estado que, formada apenas por homens, parece aceitar a violência contra as mulheres como algo natural. Eis o texto:
O movimento de mulheres e a sociedade civil de Pernambuco entendem que o Governo do Estado e grande parte das prefeituras da Região Metropolitana são inteiramente responsáveis por esta situação e vêm sendo omissos no tratamento da questão da violência contra as mulheres. Não há políticas públicas consistentes que sejam capazes de responder ao problema da prevenção e do combate à violência. As autoridades sequer lamentam o triste e inaceitável destino dessas mulheres e também não se manifestam publicamente sobre o assunto, a menos que seja para defender-se de acusações de negligência.


Aqui, na íntegra, a Carta à População, distribuída pelas mulheres de Pernambuco


Madonna vem aí...

 

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