6.8.03

O NOME DELE É TOMÁS – As revistas semanais Época, Carta Capital e Isto É dão destaque a estréia em São Paulo da peça A Flor do Meu Bem Querer, de Juca de Oliveira. A peça está causando sensação na opinião pública paulista, pois o texto, ao criticar políticos famosos, faz referência ao filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com a jornalista da Globo News Miriam Dutra Schmidt.


Tomás Schmidt nasceu no dia 26 de setembro de 1991, foi batizado sem o sobrenome paterno e atualmente vive em Barcelona, na Espanha, onde a mãe é correspondente. O pequeno Tomás sempre foi o grande tabu do governo FHC. Durante os oito anos de governo o assunto não provocou o menor interesse da mídia, apesar de toda a imprensa nacional ter conhecimento do assunto.


A imprensa brasileira, num inexplicável silêncio, nunca se pronunciou sobre o tema. Com exceção de um ou outro órgão que tratou do assunto superficialmente. Tanto, que poucas pessoas no Brasil sabem dessa aventura extra-conjugal de FHC. A alegação dos editores dos principais jornais brasileiros é que o assunto tratava da vida pessoal do Presidente da República, por isso deveria ser respeitada a sua privacidade. Aliás, muita gente defende essa teoria de que a vida pessoal do Presidente tem que ser preservada a todo custo.


Vida pessoal? Presidente da República não tem direito à vida pessoal. E quando essa alegação é utilizada por jornalistas ela se torna patética. Desde quando a imprensa respeita a vida pessoal de alguém? A imprensa matou a princesa Diana por não respeitar sua vida pessoal. No caso de FHC, o que acontece, é que a existência de Tomás Schmidt esconde um assunto que toca muito de perto a ética jornalística: a promiscuidade existente entre os profissionais do setor e os figurões da república. Talvez por isso a imprensa tenha sido tão discreta com esse assunto. Afinal, protegendo o presidente a imprensa estaria se autoprotegendo.




TOMÁS SCHMIDT nasceu fadado a se tornar uma das mais importantes personalidades da nossa república, na virada do século. Quando sua mãe ficou grávida ela era correspondente da Globo em Brasília e namorava o senador FHC havia bastante tempo. Os pombinhos costumavam sair juntos e eram vistos de mãos dadas em lugares discretos da cidade, já que dona Ruth morava em São Paulo. Na época o papai FHC já despontava nas pesquisas para a presidência da república e ao saber que a amante estava grávida, entrou em pânico e teve um ataque. “Você quer acabar com a minha vida sua vagabunda?” gritou o futuro presidente antes de tentar agredir a moça fisicamente. Miriam Dutra foi salva de levar umas porradas por Ana Tavares, a fiel secretária de FHC, que conseguiu conter a fúria do seu patrão. Os gritos do senador exigindo que ela fizesse um aborto ecoaram pelos corredores. A moça se recusou a fazer o aborto. Com o impasse FHC pediu ajuda ao companheiro José Serra, afinal um escândalo poderia prejudicar sua candidatura. Foi José Serra quem negociou com o então diretor de jornalismo da Globo, Alberico de Souza Cruz, a transferência da moça para a Europa, onde ela deveria ficar quietinha para não atrapalhar o projeto político do PSDB.


TOMÁS SCHMIDT , parece ter nascido virado para a lua. Segundo o jornal Caros Amigos, quando nasceu o pimpolho foi batizado pelo próprio Alberico de Souza Cruz, o homem mais poderoso do jornalismo brasileiro. Afinal, ele era o editor responsável pelo Jornal Nacional. É que o diretor de jornalismo da TV Globo ficou tão comovido com o drama da sua subordinada, grávida e abandonada pelo bofe, que resolveu tomar para si a responsabilidade sobre a criança e se tornou padrinho da mesma.


Se FHC tivesse tido um filho com a empregada da sua casa. Ou com uma amiga da dona Ruth. Ou com alguma correligionária do PSDB era compreensível o argumento de que esse seria um assunto de ordem pessoal do Presidente. Mas ele teve um filho com uma jornalista que é funcionária da maior empresa de comunicação do país. Além disso, o filho da moça foi batizado pelo diretor de jornalismo dessa mesma empresa. Neste ponto o assunto deixa de ser a vida pessoal do presidente e passa a ser a vida dos cidadãos brasileiros. Afinal, que isenção o jornalismo da Globo poderia ter, ao tratar do governo FHC, se o diretor de jornalismo era padrinho do filho bastardo do presidente?


Só para se ter uma idéia, na metade do primeiro mandato de FHC Alberico de Souza Cruz foi demitido da Globo. Colegas do jornalista contam que ele quis usar a prerrogativa de ser padrinho do filho do presidente para impor um nome de um amigo para a presidência da Caixa Econômica Federal. Fernando Henrique se sentiu ameaçado com a exigência e se queixou com a alta direção da empresa que demitiu o rapaz, substituindo-o pelo saudoso Evandro Carlos de Andrade.




Apesar de nunca ter aparecido com o merecido destaque na mídia, as relações pessoais entre esses personagens têm sido motivo de especulações no circuito mais bem informado da sociedade brasileira. Ninguém acredita que a jornalista Miriam Dutra tenha simplesmente concordado em viver na Europa, criando o filho do Presidente do Brasil, pelos belos olhos do Fernando Henrique. Essa saída estratégica da moça certamente foi negociada. O que a sociedade brasileira tem todo o direito de saber é: em que termos essa saída estratégica foi negociada.


Uma lobista carioca, serpente venenosa, acostumada a freqüentar os corredores do Congresso Nacional e os salões impecáveis do Palácio do Planalto garante que a jornalista Miriam Dutra exigiu do Presidente da República um milhão de dólares. Por cada ano de governo. Eu posso até imaginar a bela Miriam Dutra, com seu sensual sotaque gaúcho, encurralando FHC com seus argumentos, cheia de ressentimentos por ter sido rejeitada. “Eu quero um milhão de dólares, Fernando. Senão eu apareço na capa da revista Caras, junto com o teu filho Tomás.”


É claro que não se pode confiar muito na afirmação de alguém que é lobista profissional. Mas todo o mistério que envolve a relação do ex-presidente com essa moça só faz estimular o surgimento de especulações. Afinal, diariamente lemos nos jornais casos semelhantes de mulheres que deram o golpe da barriga. E todas elas costumam cobrar um preço bem caro pelos filhos que carregam. Porque com o ex-presidente teria sido diferente? Será que Miriam Dutra é mais decente que Luciana Gimenez?


O fato é que, se FHC pagou um milhão de dólares, por cada ano de governo, para a sua amante, ele tem que explicar aos contribuintes de onde saiu esse dinheiro. Será que ele pagou do próprio bolso? Ele tem esse dinheiro? Se não foi do próprio bolso será que foi do nosso bolso? Será que o povo brasileiro, que já paga tanto imposto, também tem que pagar os custos das trepadas milionárias do seu presidente?




Os editores dos grandes jornais brasileiros, que sempre protegeram a VIDA PESSOAL do presidente têm a obrigação profissional de levantar essas questões e coloca-las para a opinião pública. Mas a imprensa brasileira se recusa terminantemente a tocar nesse assunto. E sabem porque? É que, como FHC estava com o rabo preso com a imprensa, durante o seu governo ele foi mais do que generoso com as empresas de comunicação e os grandes jornais e revistas. Atendia as reivindicações de todos com presteza e generosidade. Quem não se lembra do PROER da mídia, quando o BNDES assumiu as dívidas em dólares das grandes empresas de comunicação? Em troca as empresas jornalísticas lhe ofereceram o silêncio.


É preciso deixar bem claro que as considerações contidas nesse blog não pretendem, de forma alguma, fazer qualquer tipo de acusação ou imputação as Organizações Globo e suas diversas empresas, que merecem as maiores deferências pela qualidade e competência do seu trabalho. Afinal, o doutor Roberto Marinho e seus filhos não têm culpa das relações promíscuas existentes entre seus funcionários e figurões da república.


De qualquer maneira essa situação inusitada coloca em cheque não só a atuação de Fernando Henrique Cardoso como Presidente da República, como também uma outra poderosa instituição nacional: a imprensa. Desde a definitiva instalação da democracia no País a imprensa brasileira tem se colocado como guardiã da liberdade de informação e guardiã dos valores morais que sustentam a sociedade brasileira. Sempre se comportando como uma instituição acima de qualquer suspeita, a imprensa tem sido implacável com políticos e autoridades envolvidos em corrupção e sempre exigindo a abertura de CPIs para investigar todo e qualquer deslize dos poderosos da sociedade. Mas, esse silêncio da imprensa com relação ao affair Miriam Dutra-FHC levanta suspeitas sobre a instituição. Como diria Artur Xexeo, vamos a pergunta que não quer calar: “Será que a imprensa brasileira conseguiria sobreviver a uma CPI ?”

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