AMORES POSSIVEIS o filme de Sandra Werneck, vai ser exibido pela Globo em outubro. Taí um filme que merece ser revisto. Adorei quando o assisti no cinema. É um filme original, sofisticado, inteligente e popular.
O que eu mais gostei em Amores Possíveis é que o filme não tem favela, nem gente pobre, nem bandidos da falange, nem retirantes nordestinos. Como é bom assistir a um filme brasileiro sem esses lugares comuns. Eu me recuso a ir a um cinema para assistir a miséria do Brasil. Eu já vejo isso todos os dias nas ruas. Esse aspecto da sociedade brasileira nos é jogado na cara todos os dias. Não vou pagar ingresso para assistir um espetáculo deprimente, que eu já assisto cotidianamente de graça.
Em Amores Possíveis os personagens são civilizados, profissionais bem sucedidos. Os atores vestem roupas chiques e elegantes. Os cenários e as locações são de extremo bom gosto estético. Além disso, o filme tem uma linguagem própria. É um filme que trás consigo um olhar original sobre a arte de fazer cinema. Ao mesmo tempo, parece um filme americano, tal a qualidade técnica da sua produção.
Foi um sucesso nos cinemas. Ficou semanas em cartaz. Eu demorei a assistir porque eu não suporto Murilo Benicio. Acho ele um chato. Over acting. O pior é que o chamam para fazer todos os filmes brasileiros. Mas confesso que gostei muito da sua atuação em Amores Possíveis. Ele faz três personagens e defende o trio com muito talento. A Carolina Ferraz, por sua vez, dá um show. Em certos momentos chega a lembrar Dina Sfat tal a intensidade de sua atuação. No geral, todos os aplausos para a diretora, que construiu uma jóia valiosa do cinema brasileiro. Sem favelados. Sem jagunços. E sem retirantes...
O NEGÓCIO DA POBREZA – Os índices da pobreza e da miséria no Brasil são cada vez mais alarmantes. Os números são assustadores. Além dos números, em si, a miséria brota nas ruas onde é jogada na cara de todos aqueles que não fazem parte desse mundo de miseráveis. Ao mesmo tempo, existe um culto à miséria, dentro da vida brasileira. Isso é típico de um país católico. O catolicismo reverencia a pobreza, a miséria. E isso parece arraigado ao comportamento social do país.
O fato é que a pobreza, na sociedade brasileira, é um negócio. Um grande negócio. Tem muita gente vivendo de ser pobre. Uma faixa da população que é pobre por profissão. Ao mesmo tempo tem toda uma elite política e econômica que manipula a pobreza. Um grupo que precisa que existam muitos pobres para que possa manter o seu status quo.
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