4.1.04

REVEILLON – A cidade de Angra dos Reis fica num dos trechos mais bonitos do litoral do Rio. Um paraíso tropical debruçado sobre o oceano Atlântico, numa região cheia de ilhas. Vegetação tropical, sol de verão, céu e mar azuis. Pois foi neste lugar mágico e encantador que eu vi a chegada de 2004.


A viagem através da Rio-Santos já é um sonho. A estrada, espremida entre o mar e a montanha, apresenta uma sucessão incrível de cartões postais. Paisagens de sonho que me levaram a refletir sobre o sentido da vida. O Hotel do Bosque, cercado pela mata, tinha um lago em frente ao meu apartamento onde capivaras comiam grama à sua margem. Para ir até à praia preciso pegar um barco e seguir o curso do rio que contorna o condomínio.


O sol e o calor. Um convite para um mergulho no mar, admirando a exuberância da vegetação numa ilhota logo adiante. Uma sensação de calma e tranqüilidade. É assim que eu gosto de esperar por um novo ano. Quando chega à noite, um passeio pela cidade. O prédio histórico onde fica a prefeitura está todo iluminado. A pracinha. As ruas estreitas. A escola da Marinha. O quartel. A cidade cheia de marinheiros. Oba! Na Praia do Anil um show de pagode anima a multidão.


Na véspera do 31 a festa do milionário Alexandre Accioly mobiliza a cidade. Gente bonita e um delicioso clima de carnaval. Um som fantástico pipocando nas caixas de som. Garçons simpáticos servindo champanhe e salmão. E o mais importante: uma noite linda. O céu estrelado. Uma lua cheia refletindo sua luz no mar cheio de barcos. Duas garotas dançando sensualmente sobre uma pedra gigante, iluminada por spots azuis.


No meio da festa encontro Scarlet Moon. Ela foi super simpática, doce e carinhosa. Trocamos beijos e nos desejamos um feliz ano novo. Em seguida começa o show do Lulu Santos, num palco montado no deck. Todo mundo começa a dançar. Champanhe. Encontro meu amigo faixa-preta Jairo Brasiliano que estava morando na América. Quando me viu ele me deu um abraço bem apertado. Foi uma delicia sentir seus músculos másculos me apertando forte. Feliz ano novo!


A festa foi puro alto astral. Gente fina elegante e sincera, com habilidade pra dizer mais sim do que não. Bebida farta. Altas comidinhas. Um DJ cheio de bossa. O visual do mar. Lança perfume. Baseados. Rapazes bonitos. Mulheres incríveis. E uma penca de celebridades: Nelson Piquet, Luana Piovani, Lavinia Vlasak, Boni e Lou, Aécio Neves, Fabio Gurgel, Suzana Werner e Júlio César, Juliana Paes, Márcia Peltier e Nuzman, Nelson Tanure e Patrícia, Claudia Abreu e Zé Henrique Fonseca, Murilo Benício, Preta Gil, Daniela Cicarelli... Alexandre é um gentleman. Uma versão carioca do Grande Gatsby. Participou da festa todo o tempo, se divertindo e divertindo os amigos. Feliz 2004.


A festa do Aciolly foi apenas o pré-reveillon. O reveillon seria no dia seguinte, na magnífica Ilha dos Porcos, exuberante reserva ecológica do dr. Ivo Pitanguy. A passagem do ano foi na casa do prefeito de Angra, Fernando Jordão, num condomínio da Mombaça. Apenas a família do prefeito e um pequeno grupo de convidados. Uma ceia de pratos tipicamente brasileiros. Um brinde com Veuve Clicquot e a beleza dos fogos pipocando sobre a baía de Angra, iluminando o céu e o mar com seu espocar de luzes coloridas. Só quando 2004 já tinha chegado é que peguei um barco, que atravessou a noite estrelada e me levou até o mais louco reveillon de toda a minha vida.


A chegada na ilha já foi uma loucura. Um engarrafamento de barcos. Muita gente chegando ao mesmo tempo, tentando atracar seus iates. No cais um certo tumulto de pessoas excitadas com a possibilidade de um reveillon inesquecível. Automóveis levavam os convidados do cais até o local da festa, na parte mais alta da ilha, na pista de pouso de aviões. Naquele lugar exótico, cercado por espécies raras da flora e da fauna brasileira, foi armada uma gigantesca tenda, num formato de disco voador. As pessoas chegando, todas vestidas de branco, se dirigindo como que hipnotizadas para aquele objeto prateado, que refletia luzes coloridas e ecoava música eletrônica. Parecia uma cena de Contatos Imediatos do Terceiro Grau.


Dentro da nave espacial, centenas de pessoas vestidas de branco dançavam enlouquecidas. Candelabros gigantes pendiam do teto, carregando dezenas de velas acesas, dando um clima gótico ao cenário, realçado pela luz negra refletindo nas roupas brancas e no raio laser que fazia desenhos no ar. Enormes baldes de gelo, com várias garrafas de champanhe, espalhados por todos os lugares. Quem quisesse, era só pegar a garrafa. Ou então se dirigir a um dos vários bares montados, onde garçons e garçonetes serviam todos os tipos de drinques.


Foi o reveillon dos sonhos de qualquer pessoa. Um lugar mágico. Uma festa incrível. Pessoas bonitas e/ou divertidas. Música maravilhosa. Comida. Bebida farta. Drogas. Fora da nave espacial, vários sofás e almofadões espalhados pelo gramado, para quem queria curtir um pouco da natureza, admirar o céu estrelado ou vislumbrar a beleza da baía de Angra, com o mar refletindo a lua e seus iates singrando as águas. Tremendo visual. Caminhando ao longo da reserva ecológica do dr. Ivo Pitanguy, é possível sentir toda a força e energia que a natureza reúne naquele lugar. Eram os deuses astronautas? Eu me perguntava, vendo aquela nave espacial pousada ali, no topo da ilha, pronta para decolar para a infinita via láctea.


Champanhe. Champanhe. Champanhe. A batida da música embalando o meu corpo na pista de dança. Encontro amigos. Abraços. Beijos. Feliz ano novo. Champanhe. Duas garotas lindas dançam ao meu lado. Elas bebem lança-perfume o tempo inteiro. Borrifam o conteúdo do lança na boca. Muita gente faz isso. Alguns poucos são mais tradicionais e cheiram o spray gelado. A maioria simplesmente borrifa o jato dentro da boca. Champanhe. Champanhe. Champanhe... Uma menina passa por mim e me pergunta se tenho uma bala. Uma bala?


Um rapaz bonito atravessa o salão. Calça branca bem justa. Sem camisa. Na cabeça ele amarrou um galho cheio de folhas que emolduravam seus olhos verdes. Uma miragem. Champanhe. Champanhe. Champanhe. Um garotão passa por mim e deixa cair o lança-perfume do bolso. Eu apanho o lança no chão. O vidro está cheio. Eu seguro no braço do rapaz e devolvo o lança. Ele fica feliz na sua loucura, me dá um abraço, deseja feliz ano novo falando no meu ouvido e borrifa um jato na minha camisa. Como não se recusa o borrifar de um bofe, eu enfiei o nariz na minha camisa havaiana autêntica. O cheiro da lança invadiu minhas narinas e um calor tomou conta de todo o meu corpo. A música pareceu ficar mais alta. As chamas das velas acesas nos candelabros pendurados no teto começaram a dançar no ritmo da música. As pessoas flutuando a minha volta. E minha alma pareceu abandonar o meu corpo. Saiu por aí, visitou a fauna e a flora do Pitanguy, dançou com as estrelas que brilhavam no céu, amou homens e mulheres ao mesmo tempo, tudo isso ao ritmo pungente de uma canção de Sophie Ellis Bextor, durante uma inebriante prize de lança-perfume. Champanhe. Champanhe. Champanhe. O dia amanheceu glorioso. E foi muito bom ver o nascer do primeiro dia do ano, lá do alto. Feliz 2004.

Madonna vem aí...

 

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