O FLÂNEUR - O livro é o melhor companheiro do homem. Meu companheiro, no momento, chama-se O flâneur, um delicioso relato do escritor americano Edmund White sobre os paradoxos de Paris. O livro faz parte de uma coleção, editada pela Companhia das Letras, que traz o mapa íntimo de grandes cidades do mundo, desenhado por alguns dos melhores escritores contemporâneos. Edmundo White é o escritor americano, autor da fabulosa biografia do escritor frances Jean Genet.
O que é um "flâneur"? O Webster define simplesmente como "an idle man-about-town", um desses "dândis fin-de-siécle" que vaga através das metrópoles européias em busca de animação, movimento, fofocas e beleza. Existe também uma revista chamada FLÂNEUR , dedicada a celebração da vida urbana. O Aurélio não define o que é um flâneur, que deveria ser traduzido como flanador, mas define flanar como "passear ociosamente sem destino, vagabundear".
Existe uma literatura "flâneur", cujos principais representantes são Walt Whitman, Fran Lebowitz, Alfred Kazin, Baudelaire e Walter Benjamin. São escritores que buscam inspiração na alma da cidade e na essência das ruas. No Brasil o principal representante da literatura "flâneur" é o escritor João do Rio, autor do livro "A alma encantadora das ruas".
Um dos meus hobbies favoritos é exatamente flanar pelas ruas do Rio de Janeiro. No domingo passado, aproveitando o sol de outono, depois de fumar um Marcelo Anthony, saí para um passeio pelas ruas da zona sul e fui parar no Leme. Lá tem um quartel do exército onde, pagando apenas R$ 1,50, você pode entrar e visitar o Forte Duque de Caxias, que fica no alto do morro.
Dentro do quartel tem uma estrada que contorna a montanha. A estrada é cercada pela floresta, cheia de pássaros e sagüis. A vista é linda. E exclusiva. Dali se pode ver uma ilha que eu nunca tinha visto no litoral do Rio. Eu me senti fora da cidade ao perceber o silêncio e a música que vinha das ondas do mar, batendo nas pedras lá embaixo, e do farfalhar das folhas das árvores, açoitadas pelo vento. O Forte, lá no alto, foi construído no Governo do Vice-Rei Marquês do Lavradio (1769-79), e tinha função de mirante, prevenindo e alertando as fortificações vizinhas. Era guarnecida por uma Companhia de Dragões das Minas, tendo o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, ali servido em 1789. A vista lá do alto é sensacional. Dá para ver toda a Copacabana. A Urca, de um ângulo nunca visto. Niterói, parece bem perto. Além da floresta se encontrando com a imensidão do mar.
CONVERSA DE BOTEQUIM - A verdadeira bravura está em chegar em casa de madrugada, bêbado, sujo de batom, ser atacado pela esposa com uma vassoura e ainda ter peito para perguntar: "Você vai varrer a casa agora ou voar pra algum lugar?"
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