MUITO BARULHO POR NADA - Um sucesso o lançamento da revista do jornal O Globo. Na zona sul do Rio, em todos os lugares, só se viam as pessoas com a revista na mão. A campanha publicitária e o poder de fogo do jornal souberam dar impulso ao lançamento da revista, que teve ares de grande acontecimento cultural. Pena que tenham feito tanto barulho por nada. A exemplo do número zero, que circulou antes do lançamento oficial, a revista não apresenta novidade nenhuma. Não existe na revista nada que o Globo já não oferecesse ao seu público. Essa foi a principál queixa dos leitores. O novo suplemento do Globo é apenas uma versão, em formato de revista, do finado caderno da família.
A matéria de capa, sobre a classe média brasileira, ficaria muito bem num desses encartes especiais que volta-e-meia o jornal publica. Essa preocupação dos editores em associar o novo suplemento à familia brasileira ficou excessivo e repetitivo. Esse modelo de publicações para toda a família já está muito gasto no mercado editorial brasileiro. Já temos Veja, Época, Isto É, Domingo. Acho que a família brasileira classe média merece algo mais inteligente e sofisticado. Esse modelo tatibitati e acadêmico já se esgotou há muito tempo.
É incrível como o jornalismo NÂO aprende com Madonna e não consegue se reinventar. Ninguém consegue mais criar nada apenas repetir o que já existe. A revista do Globo pegou pesado no tom excessivamente familiar. Está tudo no seu devido lugar. Os valores familiares consagrados em seus altares. Não existe um pecadinho sequer. Nada fora do lugar. Ora bolas! A família classe média, público alvo da revista, também gosta de um pouco de contestação. Um pouco de transgressão não vai fazer mal a ninguém.
O design gráfico é bonito. O papel é gostoso de folhear. E Beth Orsini, Tania Neves, Paulo Coelho, Antonio Marinho e Artur Xexeo fizeram o seu feijão-com-arroz bem temperadinho. O melhor mesmo do primeiro número foram as fotos de Marizilda Crupe na reportagem "Com a cabeça nas nuvens". O problema é a caretice sem limites do editor Rodolfo Fernandes. o diretor de redação do Globo até que se esforça, mas ele não passa de um burocrata do jornalismo. Foi a limitação dele, como jornalista, que transformou a revista do Globo numa grande frustração.
TEATRO QUASE SEMPRE - O espetáculo A prece da donzela, de Nicky Silver, encerrou sua temporada no Sesc-Copacabana cultuado pela platéia GLS do Rio, que delirou com Paul, o cínico e pervertido homossexual interpretado por Angelo Paes Leme. Com um humor sofisticado e uma línguagem rebuscada, o texto discute de forma explícita as contradições da condição homossexual na vida moderna centrado no triângulo amoroso formado por Paul, Taylor (Pedro Brício) e Cynthia (Deise Manttuano). Gilberto Gawronski, o diretor da peça, também atua como ator e faz o público rir interpretando uma bicha absurdinha. Mas é Bianca Byington quem, numa atuação digna de prêmio, rouba a cena como Libby, uma bêbada irônica que serve de contraponto aos demais personagens. Quem não viu A prece da donzela não precisa cortar os pulsos. O espetáculo volta à cena dia 12 de Agosto no horário nobre do pretigioso palco do Teatro dos Quatro.
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