7.2.05

OS RICOS TAMBÉM CHORAM - O multimilionário Howard Hughes, lendário personagem do capitalismo americano, tem parte de sua vida contada no filme O aviador, super produção dirigida por Martin Scorcese, que pode dar um merecido Oscar de melhor ator a Leonardo di Caprio, que interpreta na tela o polêmico empresário. O filme não economiza no glamour ao contar a história do homem obstinado, que ficou milionário aos 18 anos, quando herdou a fortuna do pai. E do playboy sedutor que namorou estrelas como Katharine Hepburn, Ava Gardner e Jean Harlow. Tenaz e audacioso, ele construiu aviões e produziu grandes sucessos do cinema. Além disso, tornou-se um herói americano ao dar a volta ao mundo num avião que ele mesmo construiu. Sem o menor pudor, corrompeu políticos com dinheiro e garotas de programa, a fim de conseguir apoio estatal para seus projetos, sonhos e delírios. Tudo isso o filme ou mostra ou, pelo menos, insinua.
Mas, quem ler o livro homônimo de Charles Higham, que deu origem ao filme de Scorcese, que está sendo lançado junto com o filme pela editora Record, vai tomar um susto.


Ao contrário de Oliver Stone, que mostrou todas as facetas de Alexandre, o grande, Scorcese ignorou solenemente a vida gay do milionário. Pois é, leitores. Howard Hughes também era do babado. Másculo, charmoso, bonitão e rico, Hughes é mais conhecido como o garanhão sedutor que dormiu com estrelas como Bette Davis, Olivia de Havilland, Ivonne de Carlo, Ginger Rogers... O que o filme não mostra, mas o livro conta, é que Howard Hughes também não vivia sem um bofe. Ele adorava mecânicos lambuzados de graxa, assediava seus seguranças bonitões e namorou com um dos engenheiros da sua fábrica de aviões, Glenn Oderkirk. Ele não podia ver um rapaz bonitão que já queria contratar para uma de suas empresas. Seduziu Randolph Scott na mesma época em que este estava tendo um caso com Cary Grant. Depois teve um relacionamento amoroso de mais de uma década com o próprio Cary Grant.


Ficou louco pelo porte atlético do jovem Jack Buetel, um rapaz heterossexual, que conheceu por acaso e o levou para interpretar Billy the kid, no filme O proscrito (The Outlaw), que ele mesmo dirigiu. Durante as filmagens se dedicou a seduzir o ator que, por ser pobre e desconhecido, acabou se submetendo aos caprichos sexuais do milionário. Durante as filmagens de Sangue e Areia ele conseguiu o feito de ir para a cama com Tyrone Power, Rita Hayworth e Linda Darnell, os três protagonistas do filme. Não é fantástico? Sua primeira relação homossexual foi com o próprio tio, o roteirista de cinema Rupert Hughes, que o seduziu quando o rapaz tinha apenas dezesseis anos. É mole ou que mais?


Charles Highman, o autor, é um especialista em biografias. Já revelou as vidas de Marlon Brando, Audrey Hepburn, Ava Gardner e ganhou um prêmio da Academia Francesa pela biografia de Marlene Dietrich. O livro sobre Hughes foi lançado em 1993 e atores como John Malkovich e Warren Beatty já haviam tentado comprar os direitos pois queriam interpretar o empresário nas telas.


Segundo o livro, Howard Hughes tinha três grandes paixões: aviões, cinema e sexo. Não necessariamente nessa ordem. O livro de Charles Highmam dá a entender que a compulsão sexual de Hughes era provocada por sua personalidade sempre insatisfeita que queria produzir os melhores filmes e construir os aviões mais velozes. O milionário tinha mania de perseguição e herdou de sua mãe um pavor por germes e um medo de ficar doente que só se agravou com o passar dos anos. Além disso, ele era parcialmente surdo e escondia isso.


Sofreu vários acidentes de avião, já que era teimoso e fazia questão de testar os aviões que construia. Aos 42 anos conseguiu sobreviver quando seu avião caiu sobre Beverly Hills, destruindo várias casas e matando um cachorro. Hughes conseguiu sair do avião antes que este explodisse. Seu corpo estava em chamas, várias costelas quebradas e tinha tido cortes na mão que iam até os ossos. Foi hospitalizado com ferimentos graves, mas mesmo assim não sossegou. No ano seguinte, numa viagem ao México com seu amante Cary Grant, o avião que dirigia foi dado como desaparecido durante uma forte tempestade. Os jornais chegaram a anunciar que os dois tinham morrido, mas Hughes conseguiu fazer uma aterrisagem forçada num pântano.


O autor do livro não poupa esforços para desvendar o enigma de Hughes e revela as conexões políticas do milionário. No fim da década de 1950, seu braço direito, Robert Maheu orquestrou um dos maiores segredos da CIA: um complô para matar o líder cubano Fidel Castro. O envolvimento de Hughes com o presidente Richard Nixon e a sua participação no escândalo Watergate também constam da biografia.


Reservado e auto-destrutivo, Howard Hughes conseguiu fama nas duas mais glamurosas indústrias norte-americanas: aviação e cinema. Como aviador, bateu todos os recordes de velocidade e foi aclamado como um segundo Lindbergh. Foi dono de uma companhia aérea internacional, duas regionais e uma montadora de aviões. No cinema, produziu e dirigiu Anjos do inferno, um clássico hollywoodiano, além de administrar um estúdio próprio. Howard Hughes morreu aos 71 anos, em circunstâncias bizarras, sozinho, mentalmente perturbado e deformado. Foi preciso apelar para suas digitais para reconhecimento. Que sua alma descanse em paz...




FRASES:

"Sou um perfeccionista por natureza e tenho problemas em deixar qualquer coisa numa condição menos do que perfeita. Se cometi algum engano foi por trabalhar em excesso e fazer muito com minhas próprias mãos."

"Posso comprar qualquer homem no mundo."




O AVIADOR - Trechos do livro:


O esguio e bonito Randolph Scott chegou da Virgínia trazendo para os Hughes uma carta de apresentação de seu pai, que tinha ligaçõescom a família Gano através da posse de vários haras. Jogador de futebol e engenheiro, Scott estava interessado em se tornar membro da equipe aeronáutica de Hughes. Hughes deu uma olhada naquele forte atleta de 1,83 m e 88 quilos, rosto comprido e personalidade preguiçosa, cônscio da própria beleza, e decidiu que precisava tê-lo. Levou-o, cruelmente, para a casa onde morava com Ella. Arriscou sua imagem masculina com os pilotos de Anjos do inferno, cuja opinião era de que qualquer "maricas" deveria receber uma arma e uma sala vazia onde acabar com a própria vida, e se arriscou a um escândalo colossal caso Ella mencionasse isso nos procedimentos do divórcio, que era iminente. Mas foi adiante; visitava Scott com frequência quando este se mudou para um apartamento em West Hollywood. Scott mostrava uma indiferença fria para com a maioria das pessoas, usando homens e mulheres para subir na vida, mas parece ter sentido pelo menos algum afeto por Hughes, que o levou a uma carreira no cinema.


Hughes fechou seus escritórios e dispensou os funcionários, com exceção de Noah Dietrich. No inicio de 1933 comprou um avião anfíbio Sikorsky S-43, tão capaz em terra quanto na água, e para remodelá-lo contratou um engenheiro brilhante, o belo e carismático Glenn Oderkirk, que se tornou um dos seus amigos mais intimos. Vivia pegando no pé de Oderkirk durante a reforma, e num determinado ponto levou obssessivamente oito horas para aprovar o encaixe de três parafusos de madeira. Quando Oderkirk terminou o serviço, Hughes decidiu levar seu avião numa série de vôos de teste pelos Estados Unidos. Odie deixou a esposa durante meses para viajar com Hughes. Perguntado por um reporter como pôde fazer uma coisa dessas, deu uma imagem realista de seu casamento respondendo: "Ela não se importou; nós não temos filhos".


O único homem que tinha permissão de entrar na oficina secreta de Hughes em Glendale, além de Palmer e Oderkirk e de sua equipe de confiança, era Cary Grant. Três anos antes Grant havia sucedido Hughes como amante de Randolph Scott. Os dois estavam morando juntos num prédio de apartamentos em West Hollywood, La Ronda. Em todos os fins de semana Hughes levava Cary para velejar no Southern Cross até Ensenada, e dali para o norte até São Francisco. Acredita-se que nessas viagens os dois se envolveram num caso sexual. Eles combinavam; nenhum dos dois era romântico, apaixonado ou comprometido. Eram frios, distanciados, impessoais em suas ligações. Parece não ter ocorrido a nenhum dos dois que eles tinham compromissos, Hughes com Corinne Griffith e Cary Grant com Randolph Scott.


Em fevereiro, enquanto Catherine Hepburn estava fazendo o filme Boêmio encantador, de novo com Cary Grant na RKO, Hughes, completamente sem consciência, começou a namorar Bette Davis. Ainda estava se encontrando com Ginger Rogers, além de Cary Grant, e morando com Hepburn. Bette Davis, feroz e neurótica, compulsiva na fome por homens bonitos, mesmo posando de difícil, era fascinada por Hughes; para ele, ela era outro nome muito famoso no mundo da melhor lista de compras sexuais.




Nós somos, cada um de nós, anjos com apenas uma asa e somente poderemos
voar abraçando uns aos outros
.
(Luciano de Crescenzo, citado por Sebastião Maciel)


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