11.4.05

VITÓRIA POP - No último final de semana fui até Vitória, no Espirito Santo, assistir a quarta edição do Vitória Pop, um festival de música que parou a cidade. Os concertos foram realizados num lugar chamado Praça do Papa, onde João Paulo II rezou uma missa quando foi na cidade, quatorze anos atrás. Barão Vermelho, Titãs, O Rappa e Tribo de Jah foram as bandas que se apresentaram para cerca de trinta mil pessoas.


O festival foi produzido por Marcus Buaiz, um empresário chiquérrimo, herdeiro de um clã milionário do Espirito Santo, que abandonou os negócios da familia para se dedicar ao ramo do entretenimento. Ele só quer saber de produzir shows, eventos, desfiles de moda, micaretas e filmes. Durante o festival, no escritório dele montado na estrura do evento, nós conversamos bastante sobre os seus projetos. Eu o conheci no ano passado, quando fui fazer a cobertura do carnaval da Bahia, depois nos encontramos no Fashion Rio, na festa da Diesel e agora ele me convidou para ir assitir ao Vitória Pop.


Adorei os shows, a multidão, o clima de festa e a cidade de Vitória, que eu não conhecia. Vibrei muito com o show do Barão Vermelho. Eu os conheço desde antes do primeiro disco. Fazia tempo que eu não os via e foi muito bom vê-los em cena, tocando e cantando com garra e personalidade. Melhor de tudo foi encontrá-los depois, no camarim. Frejat e Guto Goffi foram simplesmente adoráveis. Carinhosos, eles demonstraram uma sincera felicidade em me ver e isso me deixou comovido.


Vitória é uma cidade linda. Fui ao Triângulo das Bermudas, um point de pegação da cidade, similar ao Baixo Gávea aqui no Rio. Uma gente bonita e desfrutável. Almocei no restaurante O Mercador, e comi um delicioso filé de badejo com salada. Depois fui dançar numa boate onde o Buaiz estava lançando sua radio FM, a OI FM, que só toca música o tempo inteiro.


Lá em Vitória encontrei o David Brazil que estava na cidade ciceroneando a galera do Big Brother Brasil. David é sempre muito gentil e carinhoso comigo e foi logo dizendo que tinha adorado uma reportagem que eu fiz com um lutador de artes de marciais chamado Leonardo Leite. "Eu adoro aquele bofe", guaguejava ele sem parar. Foi muito divertido o meu fim de semana em Vitória.






NA TERRA DO FREVO - O documentário Dom Helder Camara, O Santo Rebelde, de Erika Bauer, foi retirado repentinamente, e sem qualquer explicação, da programação do Cine PE Festival do Audiovisual, que começa na próxima quarta-feira, 13 de abril, em Recife. O filme havia sido convidado para participar da Mostra, como um dos destaques, dada a enorme expectativa do público daquela cidade pelo documentário. Foi como Arcebispo de Recife e Olinda que Dom Helder passou as últimas três décadas de sua vida, enfrentando a ditadura militar e o próprio conservadorismo da Igreja Católica na intransigente defesa dos oprimidos. E é em Recife que seu corpo está enterrado, desde 1999.


Imagina-se que seja uma questão política. O atual arcebispo é conservador, de oposição a Dom Helder, que era progressista. Há a hipótese, também, de a retirada do documentário ter alguma relação com o fato de o atual presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, que é de Recife e declaradamente conservador, ter sido também um ferrenho opositor de Dom Helder.


De fato, Dom Helder incomodou e continua incomodando políticos e religiosos. O próprio papa João Paulo II, que o chamou de “irmão dos pobres, meu irmão” , como divulgou a revista Época de 4 de abril último, retirou o arcebispado de Dom Helder, em 1985, e passou o comando da Igreja em Olinda e Recife para as mãos de Dom José Cardoso Sobrinho. Conservador, Dom José chegou a usar policiais para tomar posse na paróquia do Morro da Conceição, conforme noticiou o Correio Braziliense de 3 de abril passado. O Morro da Conceição é exatamente o bairro pobre de Recife onde o documentário sobre Dom Helder seria exibido durante o festival.


Dom Helder Camara, O Santo Rebelde traça o perfil desse sacerdote e traduz o Brasil e o mundo no período em que ele viveu. Produzido ao longo de cinco anos, o filme traz imagens raras, resgatadas em diversas partes da Europa e de algumas cidades brasileiras. Na busca pela imagem do arcebispo, a diretora Erika Bauer e a produtora Andréa Glória tiveram surpresas. O Vaticano, por exemplo, recusou-se a vender ou ceder imagens de Dom Helder guardadas em sua cinemateca.

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