24.8.05

AMIR KLINK PARA PRESIDENTE! - A mais recente viagem de Amyr Klink à Antartica foi cheia de transtornos, reviravoltas climáticas, tempestades em alto mar, dias de frio intenso e ventania. Mas quem olhar as fotos da viagem, constantes do álbum Dias na Antartica, de Gustavo Stephan, lançamento da editora Desiderata, vai ficar impressionado com a alegria que transborda das imagens.
— Transtornos são naturais nesse tipo de aventura. A alegria sempre esteve presente, mesmo durante as tempestades e o mar revolto.


O Paratii2 zarpou do Guarujá às 8h42m do dia 30 de janeiro de 2002. Enquanto o barco partia, um avião teco-teco cortava o céu transportando uma faixa com um desenho das três filhas do navegador Tamara, Laura e Marina Helena desejando boa viagem. Presente surpresa de Marina, a esposa de Amyr. Na próxima viagem, Amyr pretende levar a família.
— Elas querem muito conhecer a Antártica. Só falam nisso. E eu não posso mais recusar.


Até o final de 2005 Amyr pretende acabar o livro que escreve para a Cia das Letras. Afinal, ele não é apenas um navegador heróico. É também um escritor bem sucedido. Seu livro Mar sem fim, espécie de diário de bordo da viagem solitária ao redor do mundo, vendeu mais de 90.000 exemplares. Cem dias entre o céu e o mar, um relato da primeira travessia do Atlântico Sul em barco a remo realizada em 1984, vendeu cerca de 77.000 exemplares. O próximo livro conta a história do Paratii 2.
— O Paratii 2 é um barco que tem um currículo único no mundo. Foram 5 viagens à Antártica e uma volta ao mundo. Eu descrevo desde a construção do barco, que foi uma verdadeira odisséia e durou 10 anos, até os acidentes e contratempos nas viagens.


Os livros de Amyr Klink não são apenas os relatos de um esportista, mas o trabalho de um escritor exigente e requintado. Klink é formado em Economia, mas estudou literatura francesa e, ainda criança, incentivado pelos pais, tomou o gosto pela leitura.
— Escrever sempre fez parte da minha vida. Meu texto flui naturalmente sem maiores dificuldades. O problema é que eu sou muito exigente. Já joguei fora 11 versões do livro que estou escrevendo. Não gosto de texto rebuscado e cheio de firulas. Eu busco a simplicidade.


Além do gosto pela navegação e pela literatura, Klink tem outra paixão: fontes alternativas de energia. Amyr é um estudioso e pesquisador autodidata do assunto que defende com veemência.
— Se dependesse de mim o preço do barril de petróleo subia logo para US$ 300. Talvez assim o mundo tomasse consciência da necessidade de investimentos em energias alternativas. Na matriz energética o Brasil é um país privilegiado já que possui mais fontes de energias alternativas do que qualquer outra nação. A petrobrás, por exemplo, tem a patente de uma fonte de energia de biodiesel a partir do grão da mamona que é revolucionária.


O estudo de novas fontes de energia mobiliza e estimula o herói, que cita estudos e empresas brasileiras que estão desenvolvendo trabalhos nessa área usando diesel vegetal, soja, palma e um tipo de bambu brasileiro chamado Guadua que possui diversas propriedades energéticas. O navegador exprime suas opiniões e seus argumentos com uma alegria de viver quase adolescente. Seu entusiasmo pela vida não se abala nem quando discute os escândalos recentes da política brasileira. Para Klink, a crise política faz parte de um processo de aprendizado pelo qual o Brasil está passando.
— Eu votei no Lula e acho que ele tem que dar uma satisfação à sociedade sobre o que está acontecendo. Ele nos deve uma explicação pois, até agora, só está mostrando covardia e inépcia. Acho que o maior crime do presidente Lula é o mau exemplo que ele está dando a todos os brasileiros. Um exemplo de cinismo e mentira.

(texto de reportagem publicada no Jornal do Brasil)


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