8.12.05

FESTA NA FLORESTA – O embate entre os lutadores Michael Matrela e Evangelista Cyborg talvez tenha sido o mais completo do Jungle Fight. A luta foi equilibrada e rendeu bons momentos para a platéia, já que ambos os atletas foram guerreiros e deram o melhor de si. Cyborg foi o responsável por um dos momentos mais divertidos do torneio. Quando o apresentador anunciou o seu nome ele simplesmente não entrou no ringue. O apresentador repetiu a chamada e nada do sujeito aparecer. Seu nome foi chamado mais uma vez e nada dele entrar em cena, provocando um inesperado suspense. Depois alguém da produção sussurrou alguma coisa no ouvido do apresentador e ele então explicou o que estava acontecendo. A música que estava tocando para a entrada do atleta não era a que ele tinha escolhido. Quando o apresentador explicou isso, o público imediatamente começou a cantar Ilariê, Ilariê, a música da Xuxa. Foi muito engraçado. Então o DJ tocou a música certa e Cyborg entrou triunfal, vencendo a luta. Depois do torneio Cyborg explicou que é supersticioso e que seu tema musical lhe dava sorte.


Edson Draggo venceu a luta com Hélio Dipp, mas saiu vaiado. O gaúcho se entusiasmou e continuou batendo no seu adversário mesmo depois dele ter desmaiado. Draggo só parou de bater quando o juiz o imobilizou. Sua atitude provocou constrangimento entre os lutadores e resultou em vaias da platéia. Depois da luta, quando todos comemoravam no bar do Hotel Tropical Draggo ficou destacado, visivelmente envergonhado. Marcelo Alonso, o todo-poderoso editor da revista Tatame, a bíblia das artes marciais, foi falar com ele, perguntar o que tinha acontecido. Draggo tentou justificar seu descontrole emocional afirmando que Dipp tinha falado mal dele antes da luta. Segundo Draggo, Dipp teria comentado que ele tinha fugido da luta com o Assuério Silva, seu adversário numa luta anterior, que não tinha acontecido por que Draggo havia desistido.


Eu agora quero pegar o Assuério”, disse Draggo para Marcelo Alonso. Depois, com seu sotaque gaúcho, repetiu várias vezes com convicção: “Eu quero o Assuério! Eu quero o Assuério!” E era tão intensa a sua afirmação que havia algo de sexual naquele desejo de enfrentar o próximo adversário. Logo depois surgiu Carlson Gracie, no lobby do hotel. Ao ver Edson Draggo Carlson se aproximou e foi bem duro com ele. “Se essa luta tivesse sido nos Estados Unidos você teria saído do ringue algemado. Você é um grande lutador, mas não se bate num adversário depois que ele foi nocauteado. Você precisa ter mais equilíbrio emocional. Você estragou a festa com sua atitude.” Com lágrimas nos olhos, Draggo baixou a cabeça.


Carlson Gracie é uma figura. Sua presença no Jungle Fight causou grande excitação entre os lutadores. Afinal, o veterano lutador tem um passado de glória nos ringues. E quando encerrou a carreira de atleta deu inicio a uma bem sucedida carreira de treinador e descobridor de talentos. Ele é um mito para os lutadores que o respeitam e o tratam com a mesma reverência com que os fiéis de uma seita tratam seu mais respeitado guru. A sua academia em Copacabana é um celeiro de reis do ringue, mas, atualmente, Carlson vive em Chicago, administrando a filial de sua academia na América.


Carlson Gracie foi homenageado pelos organizadores do torneio. Recebeu das mãos do senador Artur Virgilio Neto, aquele que chamou o Lula para a porrada, um troféu igual aos concedidos aos lutadores. Foi muito aplaudido pelo público. No dia seguinte, durante o café da manhã, o veterano lutador não conseguia esconder o orgulho pela acolhida carinhosa que teve dos lutadores e do público. Entre uma xícara de café com leite, um suco de cupuaçu e um prato de mingau de aveia, Carlson contou que está levando cinco lutadores de Manaus para treinar em sua academia em Chicago. “O Amazonas é um celeiro de grandes lutadores”, disse.


Marcio Cunha é um desses lutadores. Com vinte anos ele está disposto a largar tudo em Manaus e ir para os Estados Unidos treinar com o mestre Carlson Gracie. Marcio é alto, forte e bonito. Parece um índio com cara de galã. Seus pais moram em Caracas e são donos de uma joalheria. Ele mora em Manaus onde cuida da fazenda da família. Seus pais não aprovam de maneira alguma sua dedicação as artes marciais. E isso já provocou sérias crises familiares. Com os olhos brilhando Marcio assistiu as lutas do Jungle Fight e, com a certeza dos vencedores, garantiu que ainda vai vencer muitos torneios como aquele.


Marcelo Alonso é um dos mais importantes personagens do mundo das artes marciais no Brasil. Ele é fotógrafo e editor da revista Tatame que, com mais de dez anos de existência, registrou em textos e fotos a evolução do jiu-jitsu e do Vale Tudo no país. Alonso é um verdadeiro arquivo vivo sobre o mundo das artes marciais. Sua presença nos torneios é sempre motivo de polêmica entre os lutadores. A todo o momento alguém se aproxima do jornalista para comentar alguma matéria da revista, ou reclamar porque uma declaração não foi publicada, ou fazer alguma provocação a um adversário. Alonso atende a todos com muita diplomacia e se diverte com os bastidores do torneio.


Wallid Ismail é uma revelação como empresário e realizador de eventos. Durante muitos anos ele foi um lutador que sempre trazia a polêmica para os torneios que participava. Depois que descobriu sua vocação para empresário se comporta como um diplomata. “Quando eu era lutador eu tocava o terror. Agora como empresário é diferente. Hoje eu sei ter jogo de cintura e aprendi a engolir sapos”, dizia ele após a quinta edição do Jungle Fight que foi transmitido ao vivo para o Japão e EUA. Enquanto organiza a sexta edição do Jungle Fight, em abril de 2006, Wallid negocia a realização de um torneio semelhante num cassino em Las Vegas, com o apoio dos atores americanos James Caan e Ray Liota. Em seu escritório, no Hotel Tropical, Wallid exibe fotos suas ao lado dos astros do cinema. Numa das fotos James Caan, que atuou em filmes como O poderoso chefão, aparece vestindo uma camiseta do Jungle Fight.








CONTATOS IMEDIATOS – Um lugar místico e acolhedor. Assim é Presidente Figueiredo, uma minúscula cidade perto de Manaus. De caminhonete demoramos uma hora e meia por uma estrada quase deserta que avançava por entre a exuberância da floresta amazônica. Uma energia diferente brotava daquelas matas com suas várias tonalidades da cor verde.


Presidente Figueiredo é um lugar famoso na região por causa do aparecimento de seres extra-terrestres. A presença de aliens no pedaço é algo que faz parte da cultura do lugar que já registrou vários episódios com pessoas que tiveram contatos com disco voadores ou seres de outros planetas. Aliás, o misticismo é algo muito forte na Amazônia. Além das lendas da própria floresta existem as lendas sobre aventuras interplanetárias.


Ellen Honorato, filha do dono do Hotel Ariaú, um resort ecológico cravado sobre palafitas em plena floresta me contou que já viu fenômenos inexplicáveis na região. Ela conta que, por duas vezes, assistiu as águas do rio serem sugadas para o céu. Sem mais nem menos as águas do rio amazonas adquiriram o formato de um tubo e subiram aos céus. Quando isso aconteceu o volume das águas diminuíram. Esse fenômeno já foi observado por várias pessoas que não conseguem explicar o que acontece. Será que extra-terrestres estão sugando as águas do Amazonas? Será que é um fenômeno natural da região, incompreensível para os homens? Ellen me garantiu que fotografou o fenômeno e me convidou para fazer uma visita ao Hotel Ariaú para que eu possa ver as fotos.


Em Presidente Figueiredo eu fiquei todo o tempo à procura de ET´s e disco voadores, mas talvez eu não esteja devidamente preparado para encontra-los, pois eles não apareceram. Em compensação pude vislumbrar a beleza do lugar que possui dezenas de cachoeiras e um lugar mágico chamado Santuário, uma clareira dentro da floresta onde o rio forma várias cachoeiras. Foi uma experiência muito renovadora ficar uma tarde inteira tomando banho de rio, sentido o jorrar de uma cachoeira sobre o corpo. E depois vislumbrar um lindo sol se pôr no meio da floresta.


Madonna vem aí...

 

Postagens mais vistas