RÉQUIEM PARA CESARINO COSTA – A redação do JB está de luto com a morte do diagramador Cesarino Costa, funcionário do jornal há muitos anos. Em meados de 2005 ele foi fazer um check up por estar sentindo cansaço e problemas na memória. Achava que era stress, mas a tomografia computadorizada diagnosticou um tumor no cérebro que o matou menos de seis meses depois que descobriu que estava doente. Curiosamente, nesse momento, dois outros diagramadores do jornal estão com tumor no cérebro. Será coincidência? Ou os computadores em que trabalham estão transmitindo algum tipo de radiação maligna?
Cesarino já havia trabalhado em vários setores do JB, mas seus últimos trabalhos foram em dois suplementos: Caderno H e Casa & Design. Ele desenhava as páginas, selecionava fotos e trabalhava o tamanho dos títulos e das legendas. Era paciente com seus colegas e isso é uma qualidade fundamental para quem é diagramador e tem que lidar com a vaidade dos editores.
Nos últimos meses eu tive a oportunidade de conviver bem de perto com Cesarino já que o seu computador ficava bem ao lado do meu, na redação da Casa Brasil. Quando viajei à Paris, nas últimas férias, ele parecia bem, mas comentou que estava fazendo exames pois andava muito cansado e achava que isso era provocado pelo estresse do trabalho. Quando voltei das férias soube que o resultado dos exames não tinha sido nada bom e que ele havia sido internado num hospital. Depois, as noticias que eu recebia, através da família dele, foram ficando cada vez mais tristes.
Na redação era um cara tranqüilo e se interessava pelo trabalho dos colegas. Era Cesarino, um sujeito machão, quem fazia a diagramação da coluna Gay Soçaite, no Caderno H. Nos dias de fechamento do Suplemento ele sempre me perguntava se eu queria botar a foto de algum bofe na coluna. E eu achava muito engraçado o jeito como ele pronunciava a palavra bofe. Antes de trabalhar no JB ele havia sido Fuzileiro Naval, então vivia me contando histórias sensacionais de gays na Marinha. Várias vezes ele me disse: Você devia trabalhar na Marinha. Ali é um paraíso para os gays.
Cesarino Costa foi diagramador da coluna que Danuza Leão assinava no jornal e me contava histórias muito engraçadas sobre os bastidores da sua convivência com a colunista. Ele sempre se referia à Danuza de uma forma muito carinhosa. Aliás, Cesarino sempre me contava casos e curiosidades da história do JB. Ele amava o Jornal, mas tinha muitas mágoas e ressentimentos. Ele conheceu a fase áurea, nos gloriosos tempos do antigo prédio, quando a Condessa ainda era viva e, ao longo dos anos, testemunhou a decadência empresarial do Jornal. Sofria muito com isso. Não se conformava com o desmoronamento gradual que escapava ao seu controle. Afinal, aquele jornal fazia parte da sua vida. Eu não estaria exagerando se dissesse que foi a decadência do JB que o matou aos poucos. Foi a desilusão com a empresa em que trabalhava e a falta de perspectiva profissional que tirou sua vida aos 43 anos.
Ele era muito querido pelos colegas da redação. Hildegard Angel o adorava, assim como Andréa Dutra, Eliane Benício, Andréa Cardoso e Sylvia de Castro. Com Márcia Pereira ele vivia aos tapas e beijos, já que Marcinha adora enlouquecer seus colegas de trabalho e vivia pegando no pé dele. Sua relação só era difícil mesmo com Ana Cláudia, editora do Casa & Design. Ele também era muito querido pelos rapazes da nossa equipe, o fotógrafo Sebastião Marinho e o diagramador Domingos Bebbiano. Nosso colega Robert Lopes, também diagramador, conhece o Cesarino desde a adolescência. Os dois sempre foram muito amigos e o Robert está sofrendo muito com a perda do amigo.
Descanse em paz, Cesarino. Descanse em paz...
A ASSUMIDA – A cantora Ana Carolina está na capa da revista VEJA desta semana. O titulo da matéria é: SOU BI. E DAÍ? Que coisa mais antiga essa história de ser bi. Já em 1972 Elton John provocou polêmica ao se declarar “bissexual como toda estrela”. Sendo assim, a capa da Ana Carolina me pareceu um tanto quanto datada, passe composé. Só seria bacana se a capa tivesse a manchete: SOU LÉSBICA. E DAÍ?
Se Ana Carolina se acha a tal porque é bi, imagina o São Paulo que é tri! - Foi a frase da querida Eneida depois de ler o post acima.
O REI DO RINGUE – O lutador Milton Vieira é uma personalidade do Posto Nove. Atleta da academia Brazilian Top Team, Miltinho acabou de chegar do Japão onde defendeu o Brasil em mais um torneio internacional. Nesses dias que antecedem o natal o jovem samurai treina com sua equipe e curte os amigos no circuito Posto Nove-Baixo Gávea-Lapa. Quem quiser saber mais sobre Milton clique AQUI!
O MUNDO DE MARCIA PELTIER – É muito bacana o site da colunista do JB e apresentadora da TV Record Marcia Peltier. Veja e curta!
O LIVRO É O MELHOR AMIGO DO HOMEM - Adoro ler. Adoro segurar no livro e folhear suas páginas à procura das palavras, das histórias e da sabedoria. Leia abaixo as resenhas de dois livros que li recentemente: A corrida para o abismo, obra-prima de Dominique Ferandez e Matem Giovanni Improtta, romance de Aguinaldo Silva. Os textos foram publicados no Caderno B.
A CORRIDA PARA O ABISMO - A corrida para o abismo é o livro que conta a trajetória de Caravaggio, artista atormentado, que foi um dos maiores pintores de todos os tempos. A vida de Michelangelo Merisi, seu nome de batismo, sempre foi um desafio para historiadores e estudiosos. Afinal, nunca houve registros ou documentos que pudessem servir de pesquisa para narrar a vida desse gênio transgressor que foi tão corajosamente autêntico na sua relação com a arte. O escritor francês Dominique Fernandez, por si só um artista tão inquieto e transgressor quanto Caravaggio, aceitou o desafio de contar a atribulada vida do pintor tomando como ponto de partida os quadros do artista. Fernandez, de 77 anos, é um professor universitário, crítico de arte e profundo conhecedor da pintura italiana que se inspirou nos trabalhos do seu biografado para definir seu caráter, personalidade e trajetória de vida. O resultado desse encontro de gênios é um livro saboroso, culto, cheio de segundas intenções, malícias, tons e semitons como as pinturas do artista retratado. Narrado na primeira pessoa, A corrida para o abismo é uma autobiografia imaginária onde o escritor exercita o seu conhecimento da arte, da cultura e da história da Itália para contar a vida do pintor nascido em 1573 e desaparecido em 1610, que não deixou qualquer tipo de diário ou anotação que pudesse iluminar um único momento de sua existência cotidiana. Observando atentamente a vigorosa obra do artista e relacionando sua arte com o momento histórico em que viveu, o romancista descreve o nascimento, a infância conturbada, a fama, a rebeldia em relação aos valores estabelecidos pela sociedade, a homossexualidade latente e a misteriosa morte aos 38 anos. A magia e o erotismo da sua arte, até então nunca vistos, revolucionou a pintura, derrubando trezentos anos de tradição artística. Fascinada por seu trabalho a Igreja o protege, mas o artista, um marginal de nascença, um violento, um anti-social, despreza as leis. Ele adorava brigar, sendo tão hábil com a espada quanto com o pincel. A mesmo tempo, foi um apaixonado por garotos, principalmente os marginais, os ladrões e os revoltados, que ele transformava, com a sua pintura, em figuras celestiais. Tão apaixonante figura torna-se um personagem perfeito para ser dissecado pelo talento do professor Dominique Fernandez, um bem sucedido autor de romances históricos, estudioso do barroco italiano, que é famoso por ter escrito biografias de artistas homossexuais como Tchaikovski e Pasolini, sendo ele mesmo um homossexual que tornou pública sua opção sexual em 1974.
PRENDAM GIOVANNI IMPROTTA - Muito antes de se tornar um popular autor de telenovelas, Aguinaldo Silva foi um competente romancista que teve o privilégio de publicar seu primeiro livro, Redenção para Jó, aos 16 anos. Agora, mais de uma década depois de ter lançado seu último livro, Lábios que beijei, Aguinaldo reacende a chama da literatura e começa a relançar sua obra literária. O primeiro título da série, Prendam Giovanni Improta, publicado inicialmente em 1986 com o título de O homem que comprou o Rio, registra um amplo painel do universo ficcional favorito do escritor. A zona norte, os excluídos, a favela, os pobres e miseráveis, a promiscuidade entre policiais e bandidos, o mundo do samba e do jogo do bicho, ambientes por onde o autor circulou na sua época de competente repórter policial, são os cenários de sua história. Em Prendam Giovanni Importa, a marca do repórter policial está bem clara, já que o bem elaborado romance é inspirado num caso real, de muita repercussão em 1978, envolvendo um bicheiro carioca, seus capangas e o filho de um locutor de radio. Partindo dos fatos da vida real, Aguinaldo deixou sua imaginação viajar e construiu um romance policial com todos os elementos dos grandes clássicos do gênero, mas que mantêm uma originalidade na narrativa e uma cor brasileira no formato e na linguagem.
Tudo começa na Baixada Fluminense, quando dois corpos são encontrados num valão. Seriam apenas indigentes se a polícia não tivesse descoberto que um dos homens é o filho delinqüente de um veterano ator de novelas, que vivia de pequenos furtos em casas de veraneio em Arraial do Cabo, local onde o poderoso bicheiro Giovanni Improta tem uma discreta casa de praia. No local o bicheiro guarda segredos e documentos que podem comprometer o governador do estado do Rio. A partir daí Aguinaldo Silva tece um emaranhado de tramas tão envolventes que faz com que cada capítulo seja apreciado pelo leitor com uma mistura de terror e êxtase. Com pleno domínio dos elementos que formam o jogo literário, o autor construiu um romance denso, violento e cruel que deixa bem claro que Aguinaldo é muito mais do que um autor de novelas. É um escritor que tem o que dizer, com estilo, personalidade e pleno domínio do texto.
A mudança do titulo original do romance é um recurso fácil de apelo comercial que não invalida de modo algum o precioso conteúdo do livro. Prendam Giovanni Improtta é uma oportunidade do grande público das telenovelas e da nova geração de leitores terem um contato direto com a boa literatura brasileira.
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