CAIU NA REDE É ESFINGE - A resenha que fiz do livro Caiu na Rede, da jornalista Cora Rónai, foi publicada nesta quinta-feira no Caderno B do Jornal do Brasil. Quem não teve oportunidade de ler no jornal pode fazê-lo aqui mesmo.
Livro de Cora Rónai mostra que a internet ainda precisa ser decifrada - Nos dias de hoje, qualquer um pode escrever um texto, assinar um nome falso embaixo e jogar na internet. É possível que, em questão de horas, esse texto seja lido por milhões de internautas em todo o mundo. Assim, se o sujeito for mal intencionado e resolver assinar o que escreveu com o nome de um escritor famoso, certamente a internet, graças ao seu poder de comunicação, transformará o erro proposital numa verdade absoluta.
Também pode acontecer de alguém ler um artigo maravilhoso, por exemplo sobre os conflitos da vida a dois, e resolver enviá-lo para a sua lista da caixa postal. Só que, na hora de redigir o nome do autor, o distraído pode confundir João Ubaldo Ribeiro com Millôr Fernandes e assim estará criada uma baita confusão.
O que era texto de um, passa imediatamente a ser de outro. E até ficar provado que maçã não é pitanga, é melhor desistir de querer colocar os pingos nos is. É sobre esses desacertos e descontroles do universo ciber que trata o livro Caiu na rede (editora Agir), da jornalista Cora Rónai. A autora, uma entusiasta da internet, conhece muito bem o tema, já que é estudiosa de tudo o que diz respeito ao mundo virtual.
Caiu na rede é uma coletânea de textos tornados célebres na internet pela confusão que causaram envolvendo seus autores - seja por causa de trechos alterados ou de troca de nomes, ou pela indignação de escritores que tiveram seus escritos deturpados, ou ainda por serem reflexões que provocaram polêmica. Enfim, todos ilustram muito bem o alcance, a potência e as falhas da web.
Cora Rónai mostra como a internet ainda é uma esfinge a ser decifrada pelo homem. Ferramenta da tecnologia, ela acabou adquirindo vida independente e se comporta hoje como um animal feroz que se recusa a ser domado. Com personalidade própria, a web parece disposta a querer redefinir o conceito de direito autoral para textos, músicas ou qualquer outra forma de manifestação artística e intelectual.
Ao mesmo tempo, há algo de surpreendente e fascinante na forma democrática como o mundo virtual permite que qualquer um tenha acesso à criação intelectual alheia e possa alterá-la, transformando pensamentos e conceitos em novas idéias. É algo mágico e, ao mesmo tempo, trágico. O poder da palavra associado ao poder da web criou uma força maior, aparentemente incapaz de se submeter ao controle do homem.
Num momento em que as editoras estão de cabelo em pé com o download gratuito de livros, Caiu na rede vem colocar ainda mais lenha na fogueira ao propor uma discussão sobre a livre propagação do pensamento escrito. Será que em breve os próprios internautas vão poder alterar as tramas dos clássicos da literatura? Haverá um dia em que Dom Casmurro terá um final diferente do concebido por Machado de Assis? Meu Deus! Parece que finalmente a literatura chegou ao século 21.
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