Não responda quando estiver com raiva
31.5.06
BRILHANTE, SÓRDIDO, FASCINANTE - Finalista do Booker Prize de 2003 - mais importante prêmio literário da Grã-Bretanha -, Anotações sobre um escândalo é um romance inteligente, de conteúdo social e perigosa obsessão. Zoë Heller disseca uma fraqueza humana básica: é mais fácil criticar os outros do que olhar honestamente para si mesmo. Neste strip-tease muito bem orquestrado, o que começa como um relato objetivo expõe aos poucos um sombrio drama psicológico.
Desde o primeiro dia de Sheba Hart na St. George’s, a professora de história Barbara Covett fica convencida de ter encontrado uma alma gêmea. A lealdade de Barbara para com sua nova amiga é apaixonada e insistente. Filha de um famoso economista e casada com um acadêmico bem-sucedido, a bela e atraente Sheba, aos 42 anos, parece levar uma vida estável e tranqüila. Até que se apaixona por um aluno de 15 anos. E sua vida desmorona.
Quando o caso se torna público, Barbara elege a si mesma como a grande defensora de Sheba. Mas nem tudo é o que parece ser à primeira vista nesta história sombria e, como Sheba logo irá descobrir, uma amiga pode ser tão traiçoeira quanto qualquer amante. Heller transforma uma história de obsessão típica dos tablóides em uma peça literária intensa e inteligente. Ela extrai brilhantemente os detalhes de um escândalo e dá vida à cada vez mais sinistra Bárbara.
Uma história sobre amizades obsessivas e embriaguês sexual, contada por uma narradora gloriosamente não confiável. É engraçado, comovente, fantasticamente sutil e permeado de uma melancolia nada deprimente. Anotações sobre um escândalo consegue um elegante equilíbrio entre humor negro e tragédia, com um tom satisfatoriamente sinistro. Zoë Heller nasceu em Londres, em 1965, e fez seus estudos na Universidade de Oxford e na Universidade de Colúmbia. Em 1999, publicou seu primeiro romance, Everything You Know. Jornalista, assina uma coluna no Daily Telegraph. Anotações sobre um escândalo foi finalista do prestigiado Booker Prize em 2003. Em breve, o livro ganha sua adaptação para as telas, com Cate Blanchett no papel de Sheba Hart e Judi Dench como Barbara Covett.
Desde o primeiro dia de Sheba Hart na St. George’s, a professora de história Barbara Covett fica convencida de ter encontrado uma alma gêmea. A lealdade de Barbara para com sua nova amiga é apaixonada e insistente. Filha de um famoso economista e casada com um acadêmico bem-sucedido, a bela e atraente Sheba, aos 42 anos, parece levar uma vida estável e tranqüila. Até que se apaixona por um aluno de 15 anos. E sua vida desmorona.
Quando o caso se torna público, Barbara elege a si mesma como a grande defensora de Sheba. Mas nem tudo é o que parece ser à primeira vista nesta história sombria e, como Sheba logo irá descobrir, uma amiga pode ser tão traiçoeira quanto qualquer amante. Heller transforma uma história de obsessão típica dos tablóides em uma peça literária intensa e inteligente. Ela extrai brilhantemente os detalhes de um escândalo e dá vida à cada vez mais sinistra Bárbara.
Uma história sobre amizades obsessivas e embriaguês sexual, contada por uma narradora gloriosamente não confiável. É engraçado, comovente, fantasticamente sutil e permeado de uma melancolia nada deprimente. Anotações sobre um escândalo consegue um elegante equilíbrio entre humor negro e tragédia, com um tom satisfatoriamente sinistro. Zoë Heller nasceu em Londres, em 1965, e fez seus estudos na Universidade de Oxford e na Universidade de Colúmbia. Em 1999, publicou seu primeiro romance, Everything You Know. Jornalista, assina uma coluna no Daily Telegraph. Anotações sobre um escândalo foi finalista do prestigiado Booker Prize em 2003. Em breve, o livro ganha sua adaptação para as telas, com Cate Blanchett no papel de Sheba Hart e Judi Dench como Barbara Covett.
24.5.06
DEVE SER BOM SER VOCÊ - O jornalista Sidney Rezende promoveu animada e concorrida festa no Salão Tropical do Hotel Othon, para divulgar o lançamento do seu site
SIDNEY REZENDE.COM Com seu estilo sempre alto astral e bem humorado, o apresentador da Globonews e âncora da radio CBN fez uma breve apresentação do site e, em seguida, convidou um grupo de seresteiros para tocar o repertório de Dilermando Reis, para deleite dos seus convidados que incluía, entre outros, o secretário Wagner Victer, o deputado Carlos Minc, Marina W e Leilane Neubarth que driblaram a chuva que caía na cidade e foram prestigiar a festa.
Cercado da família, dos amigos de toda a vida e de admiradores que o chamavam de Comendador Sidney Rezende, já que recebeu a comenda Pedro Ernesto da Câmara de Vereadores, Sidney parecia uma criança no dia de sua festa de aniversário. Alegre, feliz, com o rosto iluminado. Será o amor? Comentavam no salão. É que além de lançar o site, ele aproveitou a ocasião para apresentar aos amigos sua nova paixão, a namorada Lígia, que tem nome de musa de Tom Jobim.
MIRIAM LEITÃO – Quem também estreou na Internet foi outra fera do jornalismo, a pitonisa da economia brasileira Miriam Leitão, a mulher mais elegante da imprensa brasileira. Seu blog foi lançado ontem no site do jornal O Globo. Vale a pena ser visitado.
O SHOW DEVE CONTINUAR – O plágio de João Emanuel Carneiro continua sendo o assunto mais comentado nos efervescentes corredores do Projac. Agora já se sabe a motivação do plágio: João Emanuel queria mesmo sacanear Waltinho Sales, detonando o próximo projeto do cineasta através de sua novela. Essa é a justificativa que circula entre assessores do Octávio Florisbal, que consideram a justificativa mais lógica, já que todo mundo sabe que o autor de Cobras e Lagartos é um excelente roteirista e não precisava roubar a idéia de ninguém. A não ser que ele tivesse um bom motivo para isso. E o motivo é digno de uma vingança típica de um vilão de telenovelas.
É o seguinte: João Emanuel queria transformar a história do filme Central do Brasil numa telenovela. Como foi roteirista do filme dirigido por Walter Sales se achava no direito de adaptar a história para a TV, já que ele tem a ambição e a obsessão de se transformar num novo mago da novela das oito. Algo muito maior do que Agnaldo Silva ou Gilberto Braga. O diretor Walter Sales, um apaixonado pelo cinema, quis preservar o seu filme de ser transformado num pastiche global e vetou a idéia. Central do Brasil como telenovela? Jamais...
João Emanuel ficou furioso. Sentiu-se boicotado por Sales na sua ambição de se tornar um dos grandes da Globo. E resolveu bombardear o próximo projeto do diretor, trazendo para a sua novela a trama principal do roteiro do filme. Com isso ele acreditava que ia destruir as pretensões de Walter Sales com relação a sua próxima produção. O que João Emanuel não contava é que Walter Sales iria aos jornais, denunciando o plágio e acionando advogados para um processo. O vingativo novelista achava que, como Waltinho faz a linha bom moço, e é sempre muito discreto, ele ia enfiar a viola no saco e arquivar o projeto. Enganou-se redondamente. A produção está em andamento e o público já está ansioso para ver a versão cinematográfica da fábula do motoboy que toca música clássica.
Essa é uma ótima história sobre os bastidores da produção cultural brasileira. Envolve ambição, traição, rancor, paixão, orgulho ferido e duas indicações ao Oscar. Mas não acredito que os personagens da novela possam prejudicar o futuro filme. Afinal, quando a nova produção de Mr. Sales estrear a novela já terá acabado há muito tempo. Ao mesmo tempo, esse imbróglio só serviu para divulgar o filme que, afinal de contas, ainda nem começou a ser filmado. Quanto à novela Cobras e Lagartos, está melhor a cada dia...
AS OBRAS-PRIMAS QUE POUCOS LERAM – Estou lendo um livro apaixonante. As obras-primas que poucos leram é uma coletânea de artigos sobre literatura que foram publicadas pela antiga revista Manchete. A obra, em dois volumes, foi organizada por Heloisa Seixas e publicada pela Record. Foram mais de duzentos artigos durante cinco anos, tratando de obras-primas da literatura nos mais diversos gêneros. Os artigos, densos, profundos, foram escritos por Ledo Ivo, Otto Maria Carpeaux, Paulo Mendes Campos, Carlos Heitor Cony, R. Magalhães Júnior, Antônio Houaiss, Josué Montello, Roberto Muggiati, Viana Moog, Raul Giudicelli, Ruy Castro, Joel Silveira e José Guilherme Mendes.
É curioso que uma revista de informação sem maiores pretensões como a Manchete, tenha publicado textos de tamanha qualidade editorial ou, por que não dizer, literária. Os textos, publicados entre 1972 e 1977, são enormes para os padrões do jornalismo de hoje. Foi como se a revista Caras resolvesse dedicar oito páginas inteiras de sua edição semanal para publicar exclusivamente textos de intelectuais renomados sobre clássicos da literatura. Seria isso possível, hoje em dia? Nos anos 70 era possível. Entre fotos de personalidades das colunas sociais e reportagens sobre os grandes bailes de carnaval da época a Manchete publicava artigos brilhantes da elite intelectual brasileira.
O livro é genial. Cada escritor escreve sobre um livro famoso, oferecendo ao leitor considerações sobre a vida do autor, a época e as condições em que foi escrito, assim como sua importância para a literatura. Ledo Ivo arrasa escrevendo sobre Angústia, de Graciliano Ramos e sobre Pedra Bonita de José Lins do Rego; Otto Maria Carpeaux mergulha em livros como O castelo, de Kafka, Dom Quixote, de Cervantes, A condição humana, de André Mauraux, Bubu de Montparnasse, de Charles-Louis Philippe, Morte em Veneza, de Thomas Mann e O acontecimento, de Tchekov. Os artigos de Paulo Mendes Campos são comoventes. O coração da Treva, de Joseph Conrad, Orlando de Virginia Woolf e Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, são alguns dos livros comentados pelo grande cronista mineiro. É digno de aplausos o texto de Roberto Muggiati sobre o clássico O sol também se levanta, de Ernest Hemingway...
A revista do Globo poderia relançar essa coleção, convocando intelectuais de hoje em dia a escreverem sobre os clássicos da literatura. Do ponto de vista editorial é uma excelente idéia. Mas será que uma revista fútil e superficial como aquela seria capaz de dedicar oito páginas a um texto sobre literatura? Isso é coisa do passado. Os departamentos de marketing dos grandes jornais e revistas sempre dizem, em suas pesquisas, que o público quer textos cada vez menores e com muitas fotos. Meu Deus! Será que estamos desaprendendo a ler?
O texto sobre o livro Angústia, de Graciliano Ramos, é arguto, inteligente e prazeiroso. Ledo Ivo, o autor, conheceu bem Graciliano e soube transcrever para o leitor como a personalidade e a trajetória do escritor tiveram influência na sua literatura. Veja a seguir trechos da resenha.
Quando eu lhe falava em Alagoas, ele, apertando um cigarro Selma (com cortiça) entre os dedos longos, dizia-me: “Aquilo daria um bom golfo”. Desejava que um cataclismo fizesse afundar todo o estado e navios navegassem sobre comarcas desaparecidas. Odiava também os vanguardistas e modernistas que, a seu ver, eram todos uns homossexuais. E, estes, ele os considerava seres perversos e repelentes. Todas as vezes que, na Livraria José Olympio, então na rua do Ouvidor, certo crítico de artes plásticas lhe apertava a mão, ele, disfarçadamente, terminava indo à pia para lavá-la. “Não sei onde ele andou pegando”, dizia, justificando o gesto.
Freqüentador, durante certo tempo, de seu pequeno inferno literário, fui dos primeiros leitores de muitos de seus textos hoje clássicos. Recolhi mais de uma de suas confidências. Para Graciliano Ramos, a literatura brasileira era muito chinfrim. Respeitava Machado de Assis, mas em certas horas o chamava de “negro metido a inglês”. Sertanejo sanguíneo e bem apessoado, aparentando saúde e vigor apesar da tuberculose que o roía, o romancista era muito cioso de sua branquidade, e tinha preconceitos raciais. São numerosas, em sua obra, as alusões depreciativas a mulatos ou aos nordestinos amarelinhos. O oficial que o prende é “escuro, cafuz ou mulato”. A mestiçagem era uma referência obrigatória, quando aludia a confrades que não estimava. E, em contrapartida, são brancas as personagens dignas do seu amor.
SIDNEY REZENDE.COM Com seu estilo sempre alto astral e bem humorado, o apresentador da Globonews e âncora da radio CBN fez uma breve apresentação do site e, em seguida, convidou um grupo de seresteiros para tocar o repertório de Dilermando Reis, para deleite dos seus convidados que incluía, entre outros, o secretário Wagner Victer, o deputado Carlos Minc, Marina W e Leilane Neubarth que driblaram a chuva que caía na cidade e foram prestigiar a festa.
Cercado da família, dos amigos de toda a vida e de admiradores que o chamavam de Comendador Sidney Rezende, já que recebeu a comenda Pedro Ernesto da Câmara de Vereadores, Sidney parecia uma criança no dia de sua festa de aniversário. Alegre, feliz, com o rosto iluminado. Será o amor? Comentavam no salão. É que além de lançar o site, ele aproveitou a ocasião para apresentar aos amigos sua nova paixão, a namorada Lígia, que tem nome de musa de Tom Jobim.
MIRIAM LEITÃO – Quem também estreou na Internet foi outra fera do jornalismo, a pitonisa da economia brasileira Miriam Leitão, a mulher mais elegante da imprensa brasileira. Seu blog foi lançado ontem no site do jornal O Globo. Vale a pena ser visitado.
O SHOW DEVE CONTINUAR – O plágio de João Emanuel Carneiro continua sendo o assunto mais comentado nos efervescentes corredores do Projac. Agora já se sabe a motivação do plágio: João Emanuel queria mesmo sacanear Waltinho Sales, detonando o próximo projeto do cineasta através de sua novela. Essa é a justificativa que circula entre assessores do Octávio Florisbal, que consideram a justificativa mais lógica, já que todo mundo sabe que o autor de Cobras e Lagartos é um excelente roteirista e não precisava roubar a idéia de ninguém. A não ser que ele tivesse um bom motivo para isso. E o motivo é digno de uma vingança típica de um vilão de telenovelas.
É o seguinte: João Emanuel queria transformar a história do filme Central do Brasil numa telenovela. Como foi roteirista do filme dirigido por Walter Sales se achava no direito de adaptar a história para a TV, já que ele tem a ambição e a obsessão de se transformar num novo mago da novela das oito. Algo muito maior do que Agnaldo Silva ou Gilberto Braga. O diretor Walter Sales, um apaixonado pelo cinema, quis preservar o seu filme de ser transformado num pastiche global e vetou a idéia. Central do Brasil como telenovela? Jamais...
João Emanuel ficou furioso. Sentiu-se boicotado por Sales na sua ambição de se tornar um dos grandes da Globo. E resolveu bombardear o próximo projeto do diretor, trazendo para a sua novela a trama principal do roteiro do filme. Com isso ele acreditava que ia destruir as pretensões de Walter Sales com relação a sua próxima produção. O que João Emanuel não contava é que Walter Sales iria aos jornais, denunciando o plágio e acionando advogados para um processo. O vingativo novelista achava que, como Waltinho faz a linha bom moço, e é sempre muito discreto, ele ia enfiar a viola no saco e arquivar o projeto. Enganou-se redondamente. A produção está em andamento e o público já está ansioso para ver a versão cinematográfica da fábula do motoboy que toca música clássica.
Essa é uma ótima história sobre os bastidores da produção cultural brasileira. Envolve ambição, traição, rancor, paixão, orgulho ferido e duas indicações ao Oscar. Mas não acredito que os personagens da novela possam prejudicar o futuro filme. Afinal, quando a nova produção de Mr. Sales estrear a novela já terá acabado há muito tempo. Ao mesmo tempo, esse imbróglio só serviu para divulgar o filme que, afinal de contas, ainda nem começou a ser filmado. Quanto à novela Cobras e Lagartos, está melhor a cada dia...
AS OBRAS-PRIMAS QUE POUCOS LERAM – Estou lendo um livro apaixonante. As obras-primas que poucos leram é uma coletânea de artigos sobre literatura que foram publicadas pela antiga revista Manchete. A obra, em dois volumes, foi organizada por Heloisa Seixas e publicada pela Record. Foram mais de duzentos artigos durante cinco anos, tratando de obras-primas da literatura nos mais diversos gêneros. Os artigos, densos, profundos, foram escritos por Ledo Ivo, Otto Maria Carpeaux, Paulo Mendes Campos, Carlos Heitor Cony, R. Magalhães Júnior, Antônio Houaiss, Josué Montello, Roberto Muggiati, Viana Moog, Raul Giudicelli, Ruy Castro, Joel Silveira e José Guilherme Mendes.
É curioso que uma revista de informação sem maiores pretensões como a Manchete, tenha publicado textos de tamanha qualidade editorial ou, por que não dizer, literária. Os textos, publicados entre 1972 e 1977, são enormes para os padrões do jornalismo de hoje. Foi como se a revista Caras resolvesse dedicar oito páginas inteiras de sua edição semanal para publicar exclusivamente textos de intelectuais renomados sobre clássicos da literatura. Seria isso possível, hoje em dia? Nos anos 70 era possível. Entre fotos de personalidades das colunas sociais e reportagens sobre os grandes bailes de carnaval da época a Manchete publicava artigos brilhantes da elite intelectual brasileira.
O livro é genial. Cada escritor escreve sobre um livro famoso, oferecendo ao leitor considerações sobre a vida do autor, a época e as condições em que foi escrito, assim como sua importância para a literatura. Ledo Ivo arrasa escrevendo sobre Angústia, de Graciliano Ramos e sobre Pedra Bonita de José Lins do Rego; Otto Maria Carpeaux mergulha em livros como O castelo, de Kafka, Dom Quixote, de Cervantes, A condição humana, de André Mauraux, Bubu de Montparnasse, de Charles-Louis Philippe, Morte em Veneza, de Thomas Mann e O acontecimento, de Tchekov. Os artigos de Paulo Mendes Campos são comoventes. O coração da Treva, de Joseph Conrad, Orlando de Virginia Woolf e Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, são alguns dos livros comentados pelo grande cronista mineiro. É digno de aplausos o texto de Roberto Muggiati sobre o clássico O sol também se levanta, de Ernest Hemingway...
A revista do Globo poderia relançar essa coleção, convocando intelectuais de hoje em dia a escreverem sobre os clássicos da literatura. Do ponto de vista editorial é uma excelente idéia. Mas será que uma revista fútil e superficial como aquela seria capaz de dedicar oito páginas a um texto sobre literatura? Isso é coisa do passado. Os departamentos de marketing dos grandes jornais e revistas sempre dizem, em suas pesquisas, que o público quer textos cada vez menores e com muitas fotos. Meu Deus! Será que estamos desaprendendo a ler?
O texto sobre o livro Angústia, de Graciliano Ramos, é arguto, inteligente e prazeiroso. Ledo Ivo, o autor, conheceu bem Graciliano e soube transcrever para o leitor como a personalidade e a trajetória do escritor tiveram influência na sua literatura. Veja a seguir trechos da resenha.
Quando eu lhe falava em Alagoas, ele, apertando um cigarro Selma (com cortiça) entre os dedos longos, dizia-me: “Aquilo daria um bom golfo”. Desejava que um cataclismo fizesse afundar todo o estado e navios navegassem sobre comarcas desaparecidas. Odiava também os vanguardistas e modernistas que, a seu ver, eram todos uns homossexuais. E, estes, ele os considerava seres perversos e repelentes. Todas as vezes que, na Livraria José Olympio, então na rua do Ouvidor, certo crítico de artes plásticas lhe apertava a mão, ele, disfarçadamente, terminava indo à pia para lavá-la. “Não sei onde ele andou pegando”, dizia, justificando o gesto.
Freqüentador, durante certo tempo, de seu pequeno inferno literário, fui dos primeiros leitores de muitos de seus textos hoje clássicos. Recolhi mais de uma de suas confidências. Para Graciliano Ramos, a literatura brasileira era muito chinfrim. Respeitava Machado de Assis, mas em certas horas o chamava de “negro metido a inglês”. Sertanejo sanguíneo e bem apessoado, aparentando saúde e vigor apesar da tuberculose que o roía, o romancista era muito cioso de sua branquidade, e tinha preconceitos raciais. São numerosas, em sua obra, as alusões depreciativas a mulatos ou aos nordestinos amarelinhos. O oficial que o prende é “escuro, cafuz ou mulato”. A mestiçagem era uma referência obrigatória, quando aludia a confrades que não estimava. E, em contrapartida, são brancas as personagens dignas do seu amor.
23.5.06
NEGRO AMOR - Este é o nome do novo disco de Toni Platão. Negro Amor é uma versão de Caetano Veloso para uma antiga canção de Bob Dylan chamada It´s all over now, baby blue. Foi sucesso na voz de Gal Costa, no final dos anos 70, quando ela gravou a música num disco absurdinho chamado Caras e Bocas. Agora o bravo Toni recriou a canção, com sua voz exótica e mágica e a transformou no carro-chefe do seu novo disco.
Esqueçam os atos de terrorismo em São Paulo, as bombas do Iraque, a ameaça de guerra atômica, a fome na África e as mentiras de Bush e companhia. O mundo precisa parar para ouvir Toni Platão. As pessoas precisam se ajoelhar diante dele para ouví-lo cantar pérolas como Mammy Blue. Na voz dele qualquer música se transforma numa pérola rara. Da mesma forma como nunca houve uma mulher como Gilda, nunca houve um cantor como Toni Platão.
Seu show no terceiro andar da Livraria Letras & Expressões é o acontecimento musical do ano. Quem já viu há de concordar comigo. Ele é incrivel, me disse uma garota que estava na platéia pela terceira vez. Quem viu uma vez, sempre vai querer assistir novamente.
Toni Platão sempre foi genial. Desde que surgiu com o grupo Hojerizah, em meados dos anos 80, cantando Pros que estão em casa, que o universo pop brasileiro ficou passado. Outro sucesso da banda foi uma música chamada Que horror!, que ele cantava divinamente. A personalidade de sua voz e o seu estilo de cantar logo fizeram dele um destaque. Na carreira solo Toni Platão fez shows memoráveis e gravou dois CDs. Mas nunca se transformou num grande sucesso popular. Eu não entendo o porquê. Seu repertório é comercial, seus discos são ótimos, ele é bonito, charmoso, carismático. O que falta para o grande público descobrir que ele é um dos maiores cantores brasileiros de todos os tempos. Nelson Gonçalves? Francisco Alves? Orlando Silva? Tim Maia? João Gilberto? Ney Matogrosso? O bravo Toni faz parte dessa linhagem.
Quando entra no palco sussurrando os versos que dizem "nem que eu caminhasse às três da manhã, nem que eu me enganasse prá ver o que é bom, nem que eu caminhasse até o Leblon, não iria encontrar você navegando os mares da Espanha", de uma música de Angela Rô Rô, Toni Platão transporta a audiência para uma outra dimensão, um outro mundo. Seu show é quase como um fenômeno paranormal. Parece que sua voz nos hipnotiza fazendo com que as músicas adquiram vida própria e fiquem brincando com nossas almas.
Gal Costa consegiu esse efeito no show Gal Tropical. Elis Regina conseguiu esse efeito no show Falso Brilhante. Maria Bethânia conseguiu esse efeito nos grandes shows de sua carreira.
NEGRO AMOR
Vá, se mande, junte tudo que você puder levar
Ande, tudo que parece seu é bom que agarre já
Seu filho feio e louco ficou só
chorando feito fogo à luz do sol
Os alquimistas já estão no corredor
e não tem mais nada negro amor
A estrada é pra você e o jogo é a indecência
junte tudo que você conseguiu por coincidência
e o pintor de rua que anda só
desenha maluquice em seu lençol
sob seus pés o céu também rachou
e não tem mais nada negro amor
Seus marinheiros mareados abandonam o mar
seus guerreiros desarmados não vão mais lutar
seu namorado já vai dando o fora
levando os cobertores? E agora?
até o tapete sem você voou
e não tem mais nada negro amor
e não tem mais nada...
As pedras do caminho deixe para trás
esqueça os mortos que não levantam mais
o vagabundo esmola pela rua
vestindo a mesma roupa que foi sua
risque outro fósforo, outra vida, outra luz, outra cor
e não tem mais nada negro amor
e não tem mais nada negro amor
e não tem mais nada negro amor
e não tem mais nada negro amor
MARES DA ESPANHA
Nem que eu caminhasse às três da manhã
Nem que eu me enganasse prá ver o que é bom
Nem que eu caminhasse até o Leblon
Não iria encontrar
Você navegando os mares da Espanha
Tecendo prá outra seu corpo com manha
Você navegando o vazio da Espanha
E eu no Leblon
Loucura é loucura não me compreenda
Loucura é loucura pior é a emenda
Loucura é loucura não me repreenda
Eu amei demais
Você quando acorda tem gente do lado
Mas eu quando durmo é um sono abafado
De uísque e vergonha
Por nunca encontrar você...
Ainda insiste na experiência
Pensando que o amor é como a ciência
Amantes diversas não vão trazer nada a mais
Loucura é loucura não me compreenda
Loucura é loucura pior é a emenda
Loucura é loucura não me repreenda
Eu amei demais
Nem que eu caminhasse de volta prá casa
Deixando as mentiras e os sonhos prá trás
Tentando viver o real de um amor
Que se deu demais
Nem que eu caminhasse às seis da manhã
Nem que eu me cegasse prá ver o que é bom
Nem que eu rastejasse até o Leblon
Não iria encontrar....
PROS QUE ESTÃO EM CASA
Até bem cedo
Esperei pelo telefonema
Tapando com peneira
O sol que vai nascendo
Não vou tomar café
Nem escovar os dentes
Vou de aguardente
Como o sol que queima a praça
Bom dia, boa tarde, good night
Quero dar um tapa
De topete e cara
Vi Nova Iorque internada
E meu amor não deu em nada
Minhas sombrancelhas eriçadas
A essa altura do fato
Nem fumaça tem cano de descarga
Esqueçam os atos de terrorismo em São Paulo, as bombas do Iraque, a ameaça de guerra atômica, a fome na África e as mentiras de Bush e companhia. O mundo precisa parar para ouvir Toni Platão. As pessoas precisam se ajoelhar diante dele para ouví-lo cantar pérolas como Mammy Blue. Na voz dele qualquer música se transforma numa pérola rara. Da mesma forma como nunca houve uma mulher como Gilda, nunca houve um cantor como Toni Platão.
Seu show no terceiro andar da Livraria Letras & Expressões é o acontecimento musical do ano. Quem já viu há de concordar comigo. Ele é incrivel, me disse uma garota que estava na platéia pela terceira vez. Quem viu uma vez, sempre vai querer assistir novamente.
Toni Platão sempre foi genial. Desde que surgiu com o grupo Hojerizah, em meados dos anos 80, cantando Pros que estão em casa, que o universo pop brasileiro ficou passado. Outro sucesso da banda foi uma música chamada Que horror!, que ele cantava divinamente. A personalidade de sua voz e o seu estilo de cantar logo fizeram dele um destaque. Na carreira solo Toni Platão fez shows memoráveis e gravou dois CDs. Mas nunca se transformou num grande sucesso popular. Eu não entendo o porquê. Seu repertório é comercial, seus discos são ótimos, ele é bonito, charmoso, carismático. O que falta para o grande público descobrir que ele é um dos maiores cantores brasileiros de todos os tempos. Nelson Gonçalves? Francisco Alves? Orlando Silva? Tim Maia? João Gilberto? Ney Matogrosso? O bravo Toni faz parte dessa linhagem.
Quando entra no palco sussurrando os versos que dizem "nem que eu caminhasse às três da manhã, nem que eu me enganasse prá ver o que é bom, nem que eu caminhasse até o Leblon, não iria encontrar você navegando os mares da Espanha", de uma música de Angela Rô Rô, Toni Platão transporta a audiência para uma outra dimensão, um outro mundo. Seu show é quase como um fenômeno paranormal. Parece que sua voz nos hipnotiza fazendo com que as músicas adquiram vida própria e fiquem brincando com nossas almas.
Gal Costa consegiu esse efeito no show Gal Tropical. Elis Regina conseguiu esse efeito no show Falso Brilhante. Maria Bethânia conseguiu esse efeito nos grandes shows de sua carreira.
NEGRO AMOR
Vá, se mande, junte tudo que você puder levar
Ande, tudo que parece seu é bom que agarre já
Seu filho feio e louco ficou só
chorando feito fogo à luz do sol
Os alquimistas já estão no corredor
e não tem mais nada negro amor
A estrada é pra você e o jogo é a indecência
junte tudo que você conseguiu por coincidência
e o pintor de rua que anda só
desenha maluquice em seu lençol
sob seus pés o céu também rachou
e não tem mais nada negro amor
Seus marinheiros mareados abandonam o mar
seus guerreiros desarmados não vão mais lutar
seu namorado já vai dando o fora
levando os cobertores? E agora?
até o tapete sem você voou
e não tem mais nada negro amor
e não tem mais nada...
As pedras do caminho deixe para trás
esqueça os mortos que não levantam mais
o vagabundo esmola pela rua
vestindo a mesma roupa que foi sua
risque outro fósforo, outra vida, outra luz, outra cor
e não tem mais nada negro amor
e não tem mais nada negro amor
e não tem mais nada negro amor
e não tem mais nada negro amor
MARES DA ESPANHA
Nem que eu caminhasse às três da manhã
Nem que eu me enganasse prá ver o que é bom
Nem que eu caminhasse até o Leblon
Não iria encontrar
Você navegando os mares da Espanha
Tecendo prá outra seu corpo com manha
Você navegando o vazio da Espanha
E eu no Leblon
Loucura é loucura não me compreenda
Loucura é loucura pior é a emenda
Loucura é loucura não me repreenda
Eu amei demais
Você quando acorda tem gente do lado
Mas eu quando durmo é um sono abafado
De uísque e vergonha
Por nunca encontrar você...
Ainda insiste na experiência
Pensando que o amor é como a ciência
Amantes diversas não vão trazer nada a mais
Loucura é loucura não me compreenda
Loucura é loucura pior é a emenda
Loucura é loucura não me repreenda
Eu amei demais
Nem que eu caminhasse de volta prá casa
Deixando as mentiras e os sonhos prá trás
Tentando viver o real de um amor
Que se deu demais
Nem que eu caminhasse às seis da manhã
Nem que eu me cegasse prá ver o que é bom
Nem que eu rastejasse até o Leblon
Não iria encontrar....
PROS QUE ESTÃO EM CASA
Até bem cedo
Esperei pelo telefonema
Tapando com peneira
O sol que vai nascendo
Não vou tomar café
Nem escovar os dentes
Vou de aguardente
Como o sol que queima a praça
Bom dia, boa tarde, good night
Quero dar um tapa
De topete e cara
Vi Nova Iorque internada
E meu amor não deu em nada
Minhas sombrancelhas eriçadas
A essa altura do fato
Nem fumaça tem cano de descarga
14.5.06
DE VOLTA À SELVA - O mais bacana em Manaus é que o centro da cidade, o seu eixo, é um teatro: o Teatro Amazonas. Manaus começa e termina ali, diante do seu magnífico teatro, construído no meio da selva e inaugurado em 1886. A beleza da arquitetura é algo impressionante. O estilo Art Noveau está presente nas escadarias, varandas, poltronas, colunas, teto, paredes... Tudo nos remete a arte e a cultura na sua forma mais requintada. A construção fica no centro da praça São Sebastião, o que valoriza ainda mais a imponência do estilo arquitetônico. Em volta da praça várias construções históricas que são museus, galerias de arte, bibliotecas e bares.
Foi no Teatro Amazonas que assisti a intrigante ópera Othelo, de Rossini, inspirada na peça de Shakeaspeare. Cantores afinados, orquestra brilhante, figurinos elegantes e cenários grandiosos que misturavam objetos cenográficos com projeções. Bravo! Bravo! Bravo! A imponência da encenação se misturando com a imponência do teatro, transformou a noite numa inebriante viagem ao tempo através da arte. O espetáculo é uma das atrações do X Festival de Ópera. De 20 de abril a 30 de Maio se revezarão no elegante palco da selva amazônica títulos como Werther, de Jules Messenet, Gianni Schicchi, de Puccini, Fosca, de Carlos Gomes, La Gioconda, de Almicare Ponchielli e as duas versões de Othelo: a de Guiseppe Verdi e a de Gioacchino Rossini.
O festival é o maior evento do gênero na América Latina e conta com os sons e vozes da orquestra Amazônica Filarmônica, Coral do Amazonas, Orquestra Jovem da Floresta e Corpo de Dança do Amazonas.
JUNGLE FIGHT 6 – Não foi só a ópera Othelo que mobilizou minha atenção na última temporada em Manaus. Um outro espetáculo, tão grandioso e apaixonante quanto uma ópera, também me encheu de emoção em plena selva: o Jungle Fight, o campeonato de artes marciais do Amazonas. Com o estádio do Hotel Tropical decorado como uma imensa tribo indígena lutadores de vários países se digladiaram numa competição que mistura diversos tipos de artes marciais.
Foram nove lutas que pareceram nove atos de uma ópera. Cada luta carregando seus dramas, sofrimentos, dores e muita solidão. Quando no ringue, enfrentando o adversário, o lutador me parece a pessoa mais solitária desse mundo. Naquele momento ele está completamente só e parece que o adversário tem o mundo inteiro ao seu lado.
A luta que mais me comoveu reuniu o peruano Tony de Souza e o curitibano Katel Kubis . Tony é um cara simplório, desleixado, que recebeu da torcida o apelido de mendigo por causa do seu jeito de ser. Katel Kubis é um rapaz belíssimo, um galã do Paraná, craque no boxe tailandês, que já participou de torneios na Bélgica, Suécia, Rússia, Alemanha e EUA. Até o último minuto a luta foi uma incógnita, já que não havia favoritos na disputa. Logo no início Katel deu um soco no peruano que ele se desequilibrou e foi ao chão. O curitibano dominou o primeiro round e deu a entender que ia vencer a parada. Talvez essa condição de aparente favoritismo o tenha feito relaxar, pois, subitamente, Tony aplicou uma chave de perna que Katel não resistiu e acabou perdendo a luta.
O francês Bryan Rafiq fala português quase sem sotaque já que treina na filial em Paris da Academia Brazilian Top Team, com o brasileiro Roan Jucão. Inquieto e bem humorado, ele venceu com garra seu adversário Shinzo Machida. O fenômeno do jiu-jitsu Ronaldo Jacaré massacrou o campeão russo Alexsander Shamelenko, natural da gelada Sibéria. Na manhã do dia da luta, quando foi feita a pesagem dos atletas, eu conversei com Shamelenko e avisei que ele ia enfrentar uma pedreira, um dos maiores lutadores brasileiros do momento. Auto confiante, ele fez cara de desdém. Acabou desmaiando com o estrangulamento que lhe foi aplicado pelo brasileiro.
Danilo Índio enfrentou com garra o dinamarquês Froid Hansen e se deu bem. Venceu a luta e dedicou sua vitória ao senador do PSDB Artur Virgílio, que é atleta do jiu-jitsu e estava na platéia prestigiando o evento. Danilo é filho do Índio, lendário lutador que agitou os ringues brasileiros nas décadas de 50 e 60. Eles estava muito nervoso já que o pai tinha vindo a Manaus só para vê-lo lutar
Outro que brilhou no ringue do Jungle Fight foi o atleta Thalles Leites . Escreve-se assim mesmo. O leite dele é plural. Estrela em ascensão, Thalles derrotou o quase lendário José Pelé Landin, numa luta que foi um verdadeiro épico devido a sua trama cheia de reviravoltas. Quando o juiz deu o sinal iniciando a disputa Thalles deu um pulo que foi quase um vôo, aplicando uma joelhada no queixo de Pelé. O golpe, devido ao caráter surpreendente e inusitado, levantou a platéia que cobriu o atleta de aplausos.
Quem também fez bonito no campeonato foi o jovem Dimitri Wanderley. Sua luta com Lyoto Machida fechou com chave de ouro a sexta edição do Jungle Fight. Dimitri foi um guerreiro e partiu para cima do adversário com veemência. Lyoto reagiu com garra, técnica e força. O resultado foi um show sensacional. Eram dois galos de briga em cena. Os golpes certeiros abriram cortes nos rostos dos dois lutadores e logo eles estavam se esvaindo em sangue. Mesmo assim nenhum dos dois fez menção de desistir. Eram dois machos no ringue e eles pareciam dispostos a ir até o fim na peleja. Devido a quantidade de sangue os juízes decidiram acabar a luta. Acatando uma regra do torneio, venceu o que ficou menos machucado, Lyoto, cujo corte no rosto foi menor do que o de Dimitri.
As lutadoras Davina Maciel e Kanako Inaba fizeram a primeira luta feminina do Jungle Fight. As meninas causaram surpresa no público já que foram implacáveis e partiram pra porrada, lutando sem nenhuma compaixão. Davina é atleta da Seleção Amazonense de Judô e a japonesa Kanako Inaba é atleta de jiu-jitsu, esporte que pratica na Academia Gracie de Chicago, cidade onde vive. A brasileira nocauteou a japonesa com socos. Na tarde do dia da luta, quando estávamos todos de farra na piscina, eu perguntei ao treinador Bebeo Duarte, um dos articuladores da academia Brazilian Top Team o que ele esperava da luta feminina. Ele me respondeu que não esperava nada. “Eu sou contra luta de mulher. Acho que não tem nada a ver. Luta é coisa de homem”.
Foi uma festa muito bonita. O estádio lotado. O público participou bastante do torneio, aplaudindo em alguns momentos, vaiando em outros. Haviam torcidas organizadas para alguns atletas. Além disso, o espetáculo foi muito bem produzido, com um show de danças indígenas no início, além das divertidas entradas dos atletas. Depois do torneio o Hotel Tropical virou uma festa, já que todos estavam lá hospedados. Atletas, treinadores, jornalistas, empresários. Ficou todo mundo feliz já que tudo funcionou direito e as lutas foram bem empolgantes. O nosso esporte ainda vai ser tão popular quanto o futebol, gritava cheio de orgulho Wallid Ismail, o organizador do Jungle que, mais cedo, na entrevista coletiva dos atletas, chorou ao rememorar o seu passado de lutador.
No bar que ficava na entrada do hotel cenas inusitadas. Tony de Souza, cujo rosto não parava de sangrar foi levado pela produção até um hospital para receber um ponto no rosto. Katel Kubis caminhava mancando pelos intermináveis corredores do Tropical. “Eu torci por você”, disse para ele que me deu um abraço e respondeu com a voz emocionada: “Eu sabia que você estava torcendo por mim”. Na madrugada foram todos para a boate Mamute, a mais animada de Manaus, ponto de encontro da rapaziada descolada do Baixo Amazonas. A noite era de festa e ficou todo mundo bebendo, azarando, dançando e dando boas risadas. Os lutadores ostentando seus curativos e hematomas com o orgulho do dever cumprido.
CARTÃO POSTAL - Clique no link ao lado e veja algumas das fotos que fiz em Manaus.
SUPERGIBA - No ar desde março de 2006, este blog, especializado em artes plásticas, tem como finalidade difundir a produção contemporânea brasileira e internacional, estimulando o conhecimento e a compreensão das diversas poéticas visuais e conceituais. O blog é editado pelo jornalista carioca Gilberto de Abreu, há mais de 10 anos especializado nesse tipo de cobertura, para os principais suplementos de cultura do país.
Foi no Teatro Amazonas que assisti a intrigante ópera Othelo, de Rossini, inspirada na peça de Shakeaspeare. Cantores afinados, orquestra brilhante, figurinos elegantes e cenários grandiosos que misturavam objetos cenográficos com projeções. Bravo! Bravo! Bravo! A imponência da encenação se misturando com a imponência do teatro, transformou a noite numa inebriante viagem ao tempo através da arte. O espetáculo é uma das atrações do X Festival de Ópera. De 20 de abril a 30 de Maio se revezarão no elegante palco da selva amazônica títulos como Werther, de Jules Messenet, Gianni Schicchi, de Puccini, Fosca, de Carlos Gomes, La Gioconda, de Almicare Ponchielli e as duas versões de Othelo: a de Guiseppe Verdi e a de Gioacchino Rossini.
O festival é o maior evento do gênero na América Latina e conta com os sons e vozes da orquestra Amazônica Filarmônica, Coral do Amazonas, Orquestra Jovem da Floresta e Corpo de Dança do Amazonas.
JUNGLE FIGHT 6 – Não foi só a ópera Othelo que mobilizou minha atenção na última temporada em Manaus. Um outro espetáculo, tão grandioso e apaixonante quanto uma ópera, também me encheu de emoção em plena selva: o Jungle Fight, o campeonato de artes marciais do Amazonas. Com o estádio do Hotel Tropical decorado como uma imensa tribo indígena lutadores de vários países se digladiaram numa competição que mistura diversos tipos de artes marciais.
Foram nove lutas que pareceram nove atos de uma ópera. Cada luta carregando seus dramas, sofrimentos, dores e muita solidão. Quando no ringue, enfrentando o adversário, o lutador me parece a pessoa mais solitária desse mundo. Naquele momento ele está completamente só e parece que o adversário tem o mundo inteiro ao seu lado.
A luta que mais me comoveu reuniu o peruano Tony de Souza e o curitibano Katel Kubis . Tony é um cara simplório, desleixado, que recebeu da torcida o apelido de mendigo por causa do seu jeito de ser. Katel Kubis é um rapaz belíssimo, um galã do Paraná, craque no boxe tailandês, que já participou de torneios na Bélgica, Suécia, Rússia, Alemanha e EUA. Até o último minuto a luta foi uma incógnita, já que não havia favoritos na disputa. Logo no início Katel deu um soco no peruano que ele se desequilibrou e foi ao chão. O curitibano dominou o primeiro round e deu a entender que ia vencer a parada. Talvez essa condição de aparente favoritismo o tenha feito relaxar, pois, subitamente, Tony aplicou uma chave de perna que Katel não resistiu e acabou perdendo a luta.
O francês Bryan Rafiq fala português quase sem sotaque já que treina na filial em Paris da Academia Brazilian Top Team, com o brasileiro Roan Jucão. Inquieto e bem humorado, ele venceu com garra seu adversário Shinzo Machida. O fenômeno do jiu-jitsu Ronaldo Jacaré massacrou o campeão russo Alexsander Shamelenko, natural da gelada Sibéria. Na manhã do dia da luta, quando foi feita a pesagem dos atletas, eu conversei com Shamelenko e avisei que ele ia enfrentar uma pedreira, um dos maiores lutadores brasileiros do momento. Auto confiante, ele fez cara de desdém. Acabou desmaiando com o estrangulamento que lhe foi aplicado pelo brasileiro.
Danilo Índio enfrentou com garra o dinamarquês Froid Hansen e se deu bem. Venceu a luta e dedicou sua vitória ao senador do PSDB Artur Virgílio, que é atleta do jiu-jitsu e estava na platéia prestigiando o evento. Danilo é filho do Índio, lendário lutador que agitou os ringues brasileiros nas décadas de 50 e 60. Eles estava muito nervoso já que o pai tinha vindo a Manaus só para vê-lo lutar
Outro que brilhou no ringue do Jungle Fight foi o atleta Thalles Leites . Escreve-se assim mesmo. O leite dele é plural. Estrela em ascensão, Thalles derrotou o quase lendário José Pelé Landin, numa luta que foi um verdadeiro épico devido a sua trama cheia de reviravoltas. Quando o juiz deu o sinal iniciando a disputa Thalles deu um pulo que foi quase um vôo, aplicando uma joelhada no queixo de Pelé. O golpe, devido ao caráter surpreendente e inusitado, levantou a platéia que cobriu o atleta de aplausos.
Quem também fez bonito no campeonato foi o jovem Dimitri Wanderley. Sua luta com Lyoto Machida fechou com chave de ouro a sexta edição do Jungle Fight. Dimitri foi um guerreiro e partiu para cima do adversário com veemência. Lyoto reagiu com garra, técnica e força. O resultado foi um show sensacional. Eram dois galos de briga em cena. Os golpes certeiros abriram cortes nos rostos dos dois lutadores e logo eles estavam se esvaindo em sangue. Mesmo assim nenhum dos dois fez menção de desistir. Eram dois machos no ringue e eles pareciam dispostos a ir até o fim na peleja. Devido a quantidade de sangue os juízes decidiram acabar a luta. Acatando uma regra do torneio, venceu o que ficou menos machucado, Lyoto, cujo corte no rosto foi menor do que o de Dimitri.
As lutadoras Davina Maciel e Kanako Inaba fizeram a primeira luta feminina do Jungle Fight. As meninas causaram surpresa no público já que foram implacáveis e partiram pra porrada, lutando sem nenhuma compaixão. Davina é atleta da Seleção Amazonense de Judô e a japonesa Kanako Inaba é atleta de jiu-jitsu, esporte que pratica na Academia Gracie de Chicago, cidade onde vive. A brasileira nocauteou a japonesa com socos. Na tarde do dia da luta, quando estávamos todos de farra na piscina, eu perguntei ao treinador Bebeo Duarte, um dos articuladores da academia Brazilian Top Team o que ele esperava da luta feminina. Ele me respondeu que não esperava nada. “Eu sou contra luta de mulher. Acho que não tem nada a ver. Luta é coisa de homem”.
Foi uma festa muito bonita. O estádio lotado. O público participou bastante do torneio, aplaudindo em alguns momentos, vaiando em outros. Haviam torcidas organizadas para alguns atletas. Além disso, o espetáculo foi muito bem produzido, com um show de danças indígenas no início, além das divertidas entradas dos atletas. Depois do torneio o Hotel Tropical virou uma festa, já que todos estavam lá hospedados. Atletas, treinadores, jornalistas, empresários. Ficou todo mundo feliz já que tudo funcionou direito e as lutas foram bem empolgantes. O nosso esporte ainda vai ser tão popular quanto o futebol, gritava cheio de orgulho Wallid Ismail, o organizador do Jungle que, mais cedo, na entrevista coletiva dos atletas, chorou ao rememorar o seu passado de lutador.
No bar que ficava na entrada do hotel cenas inusitadas. Tony de Souza, cujo rosto não parava de sangrar foi levado pela produção até um hospital para receber um ponto no rosto. Katel Kubis caminhava mancando pelos intermináveis corredores do Tropical. “Eu torci por você”, disse para ele que me deu um abraço e respondeu com a voz emocionada: “Eu sabia que você estava torcendo por mim”. Na madrugada foram todos para a boate Mamute, a mais animada de Manaus, ponto de encontro da rapaziada descolada do Baixo Amazonas. A noite era de festa e ficou todo mundo bebendo, azarando, dançando e dando boas risadas. Os lutadores ostentando seus curativos e hematomas com o orgulho do dever cumprido.
CARTÃO POSTAL - Clique no link ao lado e veja algumas das fotos que fiz em Manaus.
SUPERGIBA - No ar desde março de 2006, este blog, especializado em artes plásticas, tem como finalidade difundir a produção contemporânea brasileira e internacional, estimulando o conhecimento e a compreensão das diversas poéticas visuais e conceituais. O blog é editado pelo jornalista carioca Gilberto de Abreu, há mais de 10 anos especializado nesse tipo de cobertura, para os principais suplementos de cultura do país.
11.5.06
BABADO FORTE - Bicha, você deixou a Vogue no chinelo!, foi assim que um afetado produtor de moda cumprimentou a espevitada Érika Palomino na festa de lançamento do segundo número da revista KEY. O rebu foi no 00, o bar moderninho do Planetário da Gávea. A revista é mesmo um luxo. Fotos e anúncios bem produzidos. Matérias inteligentes. E aquele toque de classe presente em tudo o que é produzido pela Érika, uma das jornalistas mais inteligentes e antenadas do Brasil.
A revista, que só é publicada quatro vezes por ano, tem um ensaio fotográfico protagonizado por Claudia Raia, com fotos de Gui Paganini e produção de arte de Giovanni Bianco. Noutro ensaio cinco adolescentes ilustram a frase Não existe nada entre o meu jeans e eu. Num texto saboroso o DJ Jackson Araújo traça um perfil de Violeta Arraes. Uma reportagem fartamente ilustrada sobre a biografia da cantora Maysa. E páginas e páginas destacando as tendências da moda. Um luxo!!!
Será que Lenny Niemeyer está tendo um caso com Letícia Bierkheuer? Essa foi a pergunta mais sussurrada nos ouvidos modernos que foram prestigiar a noite da KEY. Lenny e Letícia chegaram juntas, saíram juntas e ficaram toda noite conversando ao pé do ouvido como se o resto da festa não existisse. O mundo é lésbico, sibilava uma bicha venenosa que circulava pela pista de dança, onde jovens manequins trocavam beijos lascivos e produtoras de moda se acariciavam sensualmente. Foi na festa da KEY que Lenny Niemeyer ganhou o apelido de Petra Von Kant.
Como um mestre de cerimônias, o produtor Candé Salles regia a festa, para que ela estivesse sempre no ritmo. Ele recebia os convidados, organizava as fotos, cuidava para que o som e as bebidas estivessem em ordem. E de onde estivesse sempre arranjava um tempo para jogar um beijo para Érika e declarar apaixonado: “Tua festa tá bombando”.
Camila Pitanga chegou exalando doçura e alto astral. Maria Paula com o namorado João Suplicy agitaram a pista de dança. Mariana Ximenes estava linda. Elke Maravilha hilária as usual. Cauã Reymond gostoso mesmo vestido. Marina Lima foi com a namorada Joana Braga, o irmão Antonio Cícero e o cunhado Marcelo Pies. O jornalista José Viterbo, editor da revista Homens, comentando, ao ver Oskar Metsavah, que não levava fé em estilista bofe. O artista plástico Bernardo Pinheiro era o rapaz mais bonito da festa, já Andrucha Waddington era o mais animadinho. Napoleão Fonyat sempre charmoso. Danni Carlos no maior clima com o cidadão brasileiro Gabriel Braga Nunes. Os inseparáves Tufvesson e Piva. Marcelo Novaes cada dia mais sexy e selvagem. Dani Barbi com uma gatinha linda. Richie acompanhado da filha. E mais Lula Rodrigues, Toni Oliveira, Lessa de Lacerda, Rogério S, Lalá Guimarães, Artur Fontes, Felipe Velloso, Isabela Capeto, Natalia Lage, Ricardo Tozzi, Rick Amaral, Jô Hallack, Adriana Penna, Antonia Leite Barbosa, Ellen Jabour e mais um monte de gente.
Bom mesmo foi encontrar na festa o meu querido Bruno Astuto colunista do jornal O Dia. Bruno é uma figura. Hilário, bem humorado e com um veneno bem suave. É mesmo verdade que o Eduardo Paes é gay? ele me perguntou todo animadinho. Eu faria com o Eduardo Paes numa boa. Ele é um fofo. Mas o meu voto vai mesmo para Denisão. Aliás, na festa estava todo mundo falando que vai votar na Denise Frossard. O mundo é lésbico!
AQUI as fotos da festa.
A revista, que só é publicada quatro vezes por ano, tem um ensaio fotográfico protagonizado por Claudia Raia, com fotos de Gui Paganini e produção de arte de Giovanni Bianco. Noutro ensaio cinco adolescentes ilustram a frase Não existe nada entre o meu jeans e eu. Num texto saboroso o DJ Jackson Araújo traça um perfil de Violeta Arraes. Uma reportagem fartamente ilustrada sobre a biografia da cantora Maysa. E páginas e páginas destacando as tendências da moda. Um luxo!!!
Será que Lenny Niemeyer está tendo um caso com Letícia Bierkheuer? Essa foi a pergunta mais sussurrada nos ouvidos modernos que foram prestigiar a noite da KEY. Lenny e Letícia chegaram juntas, saíram juntas e ficaram toda noite conversando ao pé do ouvido como se o resto da festa não existisse. O mundo é lésbico, sibilava uma bicha venenosa que circulava pela pista de dança, onde jovens manequins trocavam beijos lascivos e produtoras de moda se acariciavam sensualmente. Foi na festa da KEY que Lenny Niemeyer ganhou o apelido de Petra Von Kant.
Como um mestre de cerimônias, o produtor Candé Salles regia a festa, para que ela estivesse sempre no ritmo. Ele recebia os convidados, organizava as fotos, cuidava para que o som e as bebidas estivessem em ordem. E de onde estivesse sempre arranjava um tempo para jogar um beijo para Érika e declarar apaixonado: “Tua festa tá bombando”.
Camila Pitanga chegou exalando doçura e alto astral. Maria Paula com o namorado João Suplicy agitaram a pista de dança. Mariana Ximenes estava linda. Elke Maravilha hilária as usual. Cauã Reymond gostoso mesmo vestido. Marina Lima foi com a namorada Joana Braga, o irmão Antonio Cícero e o cunhado Marcelo Pies. O jornalista José Viterbo, editor da revista Homens, comentando, ao ver Oskar Metsavah, que não levava fé em estilista bofe. O artista plástico Bernardo Pinheiro era o rapaz mais bonito da festa, já Andrucha Waddington era o mais animadinho. Napoleão Fonyat sempre charmoso. Danni Carlos no maior clima com o cidadão brasileiro Gabriel Braga Nunes. Os inseparáves Tufvesson e Piva. Marcelo Novaes cada dia mais sexy e selvagem. Dani Barbi com uma gatinha linda. Richie acompanhado da filha. E mais Lula Rodrigues, Toni Oliveira, Lessa de Lacerda, Rogério S, Lalá Guimarães, Artur Fontes, Felipe Velloso, Isabela Capeto, Natalia Lage, Ricardo Tozzi, Rick Amaral, Jô Hallack, Adriana Penna, Antonia Leite Barbosa, Ellen Jabour e mais um monte de gente.
Bom mesmo foi encontrar na festa o meu querido Bruno Astuto colunista do jornal O Dia. Bruno é uma figura. Hilário, bem humorado e com um veneno bem suave. É mesmo verdade que o Eduardo Paes é gay? ele me perguntou todo animadinho. Eu faria com o Eduardo Paes numa boa. Ele é um fofo. Mas o meu voto vai mesmo para Denisão. Aliás, na festa estava todo mundo falando que vai votar na Denise Frossard. O mundo é lésbico!
AQUI as fotos da festa.
10.5.06
A ARTE DA POLÍTICA – Para o Waldir, com um abraço cordial, Fernando 2006. Assim foi a dedicatória que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreveu no meu exemplar do livro A arte da política, durante a elegante noite de autógrafos no salão nobre do Hotel Caesar Park, em Ipanema. É Waldir com W ou com V?, me perguntou um simpático FHC quando lhe disse meu nome. Enquanto ele escrevia a dedicatória eu elogiei o livro, disse que era muito bem escrito e agradável de ler. Você acha mesmo?Que bom que você está gostando. Obrigado por ter vindo.
Uma fila enorme se espalhava pelo salão, indo até o corredor. Fãs do ex-presidente se misturavam a políticos, diplomatas, embaixadores, gente da sociedade, jornalistas e toda uma fauna de gente que cultua o poder.
Dona Rute Cardoso recebia a todos com aquele seu charme pessoal e aquela discrição tão característica de sua personalidade. Foi muito assediada durante toda a noite. Admiradores faziam questão de posar para fotos ao seu lado como turistas diante de um monumento histórico. O filho Paulo Henrique ajudava a mãe a receber os convidados do pai.
A mulher mais elegante da noite, sem dúvida alguma, era a jornalista Miriam Leitão. A pitonisa da economia brasileira vestia uma capa de chuva azul escuro, calça comprida numa cor parecida, uma blusa branca e sapatos azul e branco. Eram roupas caras. Miriam é uma mulher vaidosa, no bom sentido e, em vez de investir seu rico dinheiro em ações, papéis ou moedas estrangeiras, a analista de economia prefere investir num belo dum modelito. Miriam Leitão só anda com roupas caras. Curiosamente, ela gasta muito pouco em maquiagem. Lá no Caesar Park ela estava de cara lavada e parecia muito bonita fazendo esse estilo.
Miriam Leitão foi uma das poucas pessoas que recebeu especial atenção de dona Rute Cardoso. As duas ficaram um bom tempo tricotando e a ex-primeira dama pareceu ter ficado muito contente com a presença da jornalista na festa de seu marido.
Quem também marcou presença na noite de autógrafos foi o charmoso candidato gay ao governo do Rio Eduardo Paes. De paletó e camisa social sem gravata ele circulou pelos salões, trocou cochichos com uns e outros, cumprimentou FHC furando a fila, mas não pegou seu autógrafo. Certamente, FHC já devia ter autografado um exemplar para ele durante o lançamento de sua campanha ao governo do Rio. Literalmente, Eduardo Paes foi ao Caesar Park apenas para dar uma pinta...
Eu fui sincero com FHC quando disse que o seu livro era muito bem escrito. Já havia até comentado sobre isso aqui mesmo no blog. Leia a seguir um trecho de A arte da política. Um capítulo batizado de O tempo não perdoa.
O TEMPO NÃO PERDOA – Hesitei em escrever um livro a respeito do Brasil que incluísse minha experiência como Presidente. Primeiro, porque talvez se espere de um ex-Presidente um livro de memórias ou, se ele tiver experiência acadêmica, uma análise aprofundada das questões nacionais. Sempre tive implicância com a idéia de escrever rememorações pessoais, autobiografias e coisas assemelhadas. Parece pretensioso e corre o risco da subjetividade, conduzida para fazer o autor sair-se bem na pose histórica. Além disso, não falta quem diga que sou vaidoso. Imagine-se o que diriam se me dedicasse a escrever autobiografia. Pelo menos neste caso valha a boutade, que já me deu tanto trabalho, de dizer que sou mais inteligente do que vaidoso, e afaste-se de mim este cálice.
Bem que tive vontade de ser mais memorialista do que sociólogo.Gravei impressões quase todos os dias em que exerci a Presidência. Quando o cansaço impedia esse exercício diário, registrava dois ou três dias depois minhas observações e sensações. Devo a Celina Vargas do Amaral Peixoto a sugestão de fazê-lo. No inicio do governo ela me deu um caderno de anotações, junto com uma página fotocopiada do diário, até então inédito, de seu avô, Getúlio Vargas. Logo percebi a maior praticidade de ditar a um gravador as impressões em vez de escrevê-las com minha letra de médico, difícil de decifrar.
Não tenho, por outro lado, disponibilidade de tempo para elaborar uma análise acadêmica e bem documentada do processo político e das transformações pelas quais o Brasil tem passado nestes últimos vinte anos. Refiro-me tanto ao tempo real (as pressões do dia-a-dia do mundo contemporâneo e as específicas de um ex-Presidente) quanto ao imaginário: aquele que a distância infinita da morte faz de seu desperdício um gozo. Comecei a escrever este livro aos 72 anos e agora, aos 74, termino esta Introdução. Não posso mais dar-me ao luxo de imaginar, parafraseando obliquamente Vinicius de Moraes, que a vida seja infinita enquanto dure. Essa sensação de infinitude é um consolo para as rupturas. A mais trágica de todas é a da própria existência. Constrangedora, cruel, inevitável. Só os loucos, no entanto, não a tomam em conta.
Ulysses Guimarães repetia que o tempo não perdoa quem não sabe trabalhar com ele. Por essa razão, tomei algumas decisões práticas. Primeiro deixarei as gravações para serem analisadas posteriormente, por quem possa interessar-se em ver como as sensações percebidas por quem está exercendo o governo são (ou podem ser) distintas daquilo que de fato acontece. E também como os motivos e os objetivos de quem toma decisões podem ser muito diferentes do que pensam ou dizem a imprensa, as outras pessoas, ou mesmo os políticos. Isso não quer dizer que deixarei de consultar esses registros. Mas não os usarei sistematicamente.
Sonhei que, deixando a Presidência, teria que vagar para voltar aos arquivos do Congresso, às atas de reuniões de governo, enfim, à documentação necessária para imitar, guardadas as proporções e sem a pretensão de comparar, o que Joaquim Nabuco fez com o pai, o senador José Thomaz Nabuco de Araújo (1813-1878), governador de província, senador e ministro, em Um estadista do império. Para isso seria preciso ter havido de verdade um estadista na República. (Fernando Henrique Cardoso)
Uma fila enorme se espalhava pelo salão, indo até o corredor. Fãs do ex-presidente se misturavam a políticos, diplomatas, embaixadores, gente da sociedade, jornalistas e toda uma fauna de gente que cultua o poder.
Dona Rute Cardoso recebia a todos com aquele seu charme pessoal e aquela discrição tão característica de sua personalidade. Foi muito assediada durante toda a noite. Admiradores faziam questão de posar para fotos ao seu lado como turistas diante de um monumento histórico. O filho Paulo Henrique ajudava a mãe a receber os convidados do pai.
A mulher mais elegante da noite, sem dúvida alguma, era a jornalista Miriam Leitão. A pitonisa da economia brasileira vestia uma capa de chuva azul escuro, calça comprida numa cor parecida, uma blusa branca e sapatos azul e branco. Eram roupas caras. Miriam é uma mulher vaidosa, no bom sentido e, em vez de investir seu rico dinheiro em ações, papéis ou moedas estrangeiras, a analista de economia prefere investir num belo dum modelito. Miriam Leitão só anda com roupas caras. Curiosamente, ela gasta muito pouco em maquiagem. Lá no Caesar Park ela estava de cara lavada e parecia muito bonita fazendo esse estilo.
Miriam Leitão foi uma das poucas pessoas que recebeu especial atenção de dona Rute Cardoso. As duas ficaram um bom tempo tricotando e a ex-primeira dama pareceu ter ficado muito contente com a presença da jornalista na festa de seu marido.
Quem também marcou presença na noite de autógrafos foi o charmoso candidato gay ao governo do Rio Eduardo Paes. De paletó e camisa social sem gravata ele circulou pelos salões, trocou cochichos com uns e outros, cumprimentou FHC furando a fila, mas não pegou seu autógrafo. Certamente, FHC já devia ter autografado um exemplar para ele durante o lançamento de sua campanha ao governo do Rio. Literalmente, Eduardo Paes foi ao Caesar Park apenas para dar uma pinta...
Eu fui sincero com FHC quando disse que o seu livro era muito bem escrito. Já havia até comentado sobre isso aqui mesmo no blog. Leia a seguir um trecho de A arte da política. Um capítulo batizado de O tempo não perdoa.
O TEMPO NÃO PERDOA – Hesitei em escrever um livro a respeito do Brasil que incluísse minha experiência como Presidente. Primeiro, porque talvez se espere de um ex-Presidente um livro de memórias ou, se ele tiver experiência acadêmica, uma análise aprofundada das questões nacionais. Sempre tive implicância com a idéia de escrever rememorações pessoais, autobiografias e coisas assemelhadas. Parece pretensioso e corre o risco da subjetividade, conduzida para fazer o autor sair-se bem na pose histórica. Além disso, não falta quem diga que sou vaidoso. Imagine-se o que diriam se me dedicasse a escrever autobiografia. Pelo menos neste caso valha a boutade, que já me deu tanto trabalho, de dizer que sou mais inteligente do que vaidoso, e afaste-se de mim este cálice.
Bem que tive vontade de ser mais memorialista do que sociólogo.Gravei impressões quase todos os dias em que exerci a Presidência. Quando o cansaço impedia esse exercício diário, registrava dois ou três dias depois minhas observações e sensações. Devo a Celina Vargas do Amaral Peixoto a sugestão de fazê-lo. No inicio do governo ela me deu um caderno de anotações, junto com uma página fotocopiada do diário, até então inédito, de seu avô, Getúlio Vargas. Logo percebi a maior praticidade de ditar a um gravador as impressões em vez de escrevê-las com minha letra de médico, difícil de decifrar.
Não tenho, por outro lado, disponibilidade de tempo para elaborar uma análise acadêmica e bem documentada do processo político e das transformações pelas quais o Brasil tem passado nestes últimos vinte anos. Refiro-me tanto ao tempo real (as pressões do dia-a-dia do mundo contemporâneo e as específicas de um ex-Presidente) quanto ao imaginário: aquele que a distância infinita da morte faz de seu desperdício um gozo. Comecei a escrever este livro aos 72 anos e agora, aos 74, termino esta Introdução. Não posso mais dar-me ao luxo de imaginar, parafraseando obliquamente Vinicius de Moraes, que a vida seja infinita enquanto dure. Essa sensação de infinitude é um consolo para as rupturas. A mais trágica de todas é a da própria existência. Constrangedora, cruel, inevitável. Só os loucos, no entanto, não a tomam em conta.
Ulysses Guimarães repetia que o tempo não perdoa quem não sabe trabalhar com ele. Por essa razão, tomei algumas decisões práticas. Primeiro deixarei as gravações para serem analisadas posteriormente, por quem possa interessar-se em ver como as sensações percebidas por quem está exercendo o governo são (ou podem ser) distintas daquilo que de fato acontece. E também como os motivos e os objetivos de quem toma decisões podem ser muito diferentes do que pensam ou dizem a imprensa, as outras pessoas, ou mesmo os políticos. Isso não quer dizer que deixarei de consultar esses registros. Mas não os usarei sistematicamente.
Sonhei que, deixando a Presidência, teria que vagar para voltar aos arquivos do Congresso, às atas de reuniões de governo, enfim, à documentação necessária para imitar, guardadas as proporções e sem a pretensão de comparar, o que Joaquim Nabuco fez com o pai, o senador José Thomaz Nabuco de Araújo (1813-1878), governador de província, senador e ministro, em Um estadista do império. Para isso seria preciso ter havido de verdade um estadista na República. (Fernando Henrique Cardoso)
6.5.06
BABADO FORTE - Chega às bancas dia 12 de maio a esperada segunda edição da KEY, a revista de moda publicada pela House of Palomino em parceria com a Futuro, editada por Erika Palomino. Com 196 páginas, este número 2 conta com quatro editoriais de peso, além de 80 páginas de cobertura de desfiles. Um dos destaques é o ensaio com a modelo Raquel Zimmermann, que veio ao Brasil com exclusividade para a revista KEY. Raquel é capa da edição, em foto da dupla Paulo Vainer e Veronica Casetta.
O ensaio rendeu 35 páginas, realizado na mansão Jaffet em clima de suspense e mistério, como quer a moda deste inverno. O modelo Marcelo Boldrini faz participação especial. No styling de Mauricio Ianes, muitos vestidos, capas, luvas e chapéus. O make é de Robert Estevão e o cabelo é de Max Weber. A superprodução contou com mais de 30 pessoas no set.
No Rio, a revista será lançada nesta segunda (08.05) com festão no Zero Zero. No som, Jackson Araujo e o DJ Fabião. Nas paredes do lugar, exposição das fotos do editorial de jóias com o ator Cauã Reymond (outro hype da edição, que foi para a segunda capa) e do ensaio Divas do Carnaval, hit do primeiro número da revista.
E já estão confirmadas as presenças de Cauã Reymond, Thalma de Freitas, Camila Pitanga, Leticia Birkheuer, Natalia Lage, Mariana Ximenes, Luiza Mariani, Erika Mader, Marina Lima, Carol Castro, Juliana Didone, Zé Henrique Fonseca, Maria Flor, Lulu Santos, Luiza Possi, Pedro Neschling, Thiago Rodrigues, Cynthia Howlett, Du Moscovis, Fernanda Paes Leme, Guilherme Weber, Mart'nália e José Emanuel Carneiro, o autor de "Cobras e Lagartos".
Em São Paulo, o lançamento acontece para convidados na quinta, 11 de maio, na Clube Chocolate, com palestra de Erika sobre novidades no varejo global e tendências para o verão 2007. 05.05.2006
IN THE CLOSET - Surpreende o silêncio do jornal O Globo com relação ao plágio de João Emanoel Carneiro na novela Cobras e Lagartos. Afinal, O Globo é um jornal independente ou é mesmo um house organ da TV Globo? O plágio na novela das sete é o maior escândalo da TV brasileira, desde a morte de Daniela Perez, assassinada pelo galã Guilherme de Pádua. O máximo que o jornal falou sobre o caso foi a noticia publicada na coluna da Patricia Kogut dizendo que os personagens principais vão deixar de tocar música clássica e passar a tocar música popular. Não adianta nada. O plágio já foi configurado. O que surpreende é que, antes da novela estrear, a direção da emissora foi avisada da "coincidência" de temas com o filme do Walter Sales e não tomou nenhuma providencia. Numa hora dessas é que a gente percebe a falta que o Boni faz...
Por que o João Emanuel roubou a idéia do filme do Walter Sales? Ele não se sentia capaz de desenvolver uma boa idéia original e resolveu se apropriar da idéia que existia no roteiro do amigo? Ele fez de propósito, pois queria sacanear o diretor de Central do Brasil? Ele é distraído e achou que a idéia era mesmo dele?
O fato é que os bastidores da novela estão pegando fogo. Nos créditos de abertura, o nome do autor cada dia aparece num lugar. Ele já apareceu antes dos créditos dos atores como "uma novela de", "autor" e no final junto com o nome dos colaboradores. Será que é orientação do departamento jurídico da emissora do Botanic Garden?
A novela em si é mais ou menos. É mais quando aparece Taís Araújo, Lázaro Ramos, Francisco Cuoco, Daniel de Oliveira e Mariana Ximenes. É menos quando aparece Elisangela, Maria Maya e o núcleo da Eliane Giardini. O fato é que o jeito como a Globo faz novelas já está meio gasto e repetitivo. Mas Cobras e Lagartos tem Marilia Pera. E ver a grande diva do teatro brasileiro na TV é sempre um raro prazer. O problema é que Marilia aparece pouco. É um erro da novela tratá-la como uma coadjuvante.
O ensaio rendeu 35 páginas, realizado na mansão Jaffet em clima de suspense e mistério, como quer a moda deste inverno. O modelo Marcelo Boldrini faz participação especial. No styling de Mauricio Ianes, muitos vestidos, capas, luvas e chapéus. O make é de Robert Estevão e o cabelo é de Max Weber. A superprodução contou com mais de 30 pessoas no set.
No Rio, a revista será lançada nesta segunda (08.05) com festão no Zero Zero. No som, Jackson Araujo e o DJ Fabião. Nas paredes do lugar, exposição das fotos do editorial de jóias com o ator Cauã Reymond (outro hype da edição, que foi para a segunda capa) e do ensaio Divas do Carnaval, hit do primeiro número da revista.
E já estão confirmadas as presenças de Cauã Reymond, Thalma de Freitas, Camila Pitanga, Leticia Birkheuer, Natalia Lage, Mariana Ximenes, Luiza Mariani, Erika Mader, Marina Lima, Carol Castro, Juliana Didone, Zé Henrique Fonseca, Maria Flor, Lulu Santos, Luiza Possi, Pedro Neschling, Thiago Rodrigues, Cynthia Howlett, Du Moscovis, Fernanda Paes Leme, Guilherme Weber, Mart'nália e José Emanuel Carneiro, o autor de "Cobras e Lagartos".
Em São Paulo, o lançamento acontece para convidados na quinta, 11 de maio, na Clube Chocolate, com palestra de Erika sobre novidades no varejo global e tendências para o verão 2007. 05.05.2006
IN THE CLOSET - Surpreende o silêncio do jornal O Globo com relação ao plágio de João Emanoel Carneiro na novela Cobras e Lagartos. Afinal, O Globo é um jornal independente ou é mesmo um house organ da TV Globo? O plágio na novela das sete é o maior escândalo da TV brasileira, desde a morte de Daniela Perez, assassinada pelo galã Guilherme de Pádua. O máximo que o jornal falou sobre o caso foi a noticia publicada na coluna da Patricia Kogut dizendo que os personagens principais vão deixar de tocar música clássica e passar a tocar música popular. Não adianta nada. O plágio já foi configurado. O que surpreende é que, antes da novela estrear, a direção da emissora foi avisada da "coincidência" de temas com o filme do Walter Sales e não tomou nenhuma providencia. Numa hora dessas é que a gente percebe a falta que o Boni faz...
Por que o João Emanuel roubou a idéia do filme do Walter Sales? Ele não se sentia capaz de desenvolver uma boa idéia original e resolveu se apropriar da idéia que existia no roteiro do amigo? Ele fez de propósito, pois queria sacanear o diretor de Central do Brasil? Ele é distraído e achou que a idéia era mesmo dele?
O fato é que os bastidores da novela estão pegando fogo. Nos créditos de abertura, o nome do autor cada dia aparece num lugar. Ele já apareceu antes dos créditos dos atores como "uma novela de", "autor" e no final junto com o nome dos colaboradores. Será que é orientação do departamento jurídico da emissora do Botanic Garden?
A novela em si é mais ou menos. É mais quando aparece Taís Araújo, Lázaro Ramos, Francisco Cuoco, Daniel de Oliveira e Mariana Ximenes. É menos quando aparece Elisangela, Maria Maya e o núcleo da Eliane Giardini. O fato é que o jeito como a Globo faz novelas já está meio gasto e repetitivo. Mas Cobras e Lagartos tem Marilia Pera. E ver a grande diva do teatro brasileiro na TV é sempre um raro prazer. O problema é que Marilia aparece pouco. É um erro da novela tratá-la como uma coadjuvante.
2.5.06
BIG SUR E AS LARANJAS DE HIERONYMUS BOSCH - Em seu quadro Juízo Final o pintor holandês Hieronymus Bosch usou as laranjas e outras frutas para simbolizar as delícias do paraíso. Daí o título de Henry Miller para este livro, Big Sur e as laranjas de Hieronymus Bosch, um de seus romances mais cativantes, que agora está sendo lançado pela José Olympio Editora. Foi publicado pela primeira vez em 1957 e conta a vida de Miller em Big Sur, paradisíaca região da costa da Califórnia onde ele morou por quinze anos.
Quando Miller chegou em Big Sur já era um escritor consagrado e execrado em todo o mundo. Ele tinha vivido os loucos anos 30 em Paris. Uma vida de festas, farras, loucuras, drogas e muitas mulheres. Seu cotidiano de orgias com prostitutas francesas foi retratado com riqueza de detalhes em Trópico de câncer, o romance que o tornou famoso. O livro chocou os leitores da época e foi proibido em vários lugares do mundo. Houve um período em que Trópico de câncer foi proibido na França, mesmo que fosse uma edição em língua estrangeira. Seus livros seguintes também provocaram, na mesma proporção, uivos de admiração e suspiros de desprezo: Trópico de capricórnio e a trilogia A crucificação encarnada, da qual fazem parte os títulos Sexus, Nexus e Plexus.
Ao chegar em Big Sur Henry Miller deu início a um novo estilo de vida. O artista famoso, que tivera uma intensa vida de prazeres hedonistas, havia dividido essa experiência com o mundo, ao transformar sua trajetória pessoal em romances. Em Big Sur ele foi morar numa cabana no meio do mato, num lugar que era descrito por seus moradores como o paraíso na terra. Vales verdejantes com árvores centenárias, vegetação rasteira, flores silvestres, papoulas, águias, beija-flores, cascavéis, esquilos e belas cachoeiras. Tudo isso contornado pelo infidável oceano Pacífico e um céu impossível de descrever.
Big Sur e as laranjas de Hieronymus Bosch é um romance sobre o prazer de um homem ao descobrir os encantos de uma vida simples e despojada, dedicada a admirar as manifestações da natureza. A partir das observações desse universo o autor escreve sobre as tempestades, os dias de sol, a solidão no meio do mato, a inspiração criadora que brota na noite estrelada. Além de descrever com muito senso de observação as pessoas que habitam a região. E nesse escrever sobre a simplicidade do mundo à sua volta ele mostra toda a sua força de escritor. Com a mesma garra e o mesmo tesão com que redigiu cenas de sexo em Trópico de câncer ele narra a emoção de receber o raro exemplar de uma revista de literatura francesa que um velho amigo lhe mandou pelo correio. Ou a aventura que foi ajudar um vizinho a consertar o telhado da sua cabana num dia de tempestade. Ou mesmo a visita de um aspirante a escritor que quer sua opinião sobre seus rascunhos.
Há uma forte masculinidade na sua literatura e isso torna o seu texto comovente. A narrativa e os diálogos do romance denunciam uma virilidade gentil e humana, que traduz o pensamento de um artista que viveu profundamente seus sentimentos e desejos e quis, através da sua arte, compartilhar essa experiência existencial com as pessoas que lhe são mais próximas: seus leitores.
Quando Miller chegou em Big Sur já era um escritor consagrado e execrado em todo o mundo. Ele tinha vivido os loucos anos 30 em Paris. Uma vida de festas, farras, loucuras, drogas e muitas mulheres. Seu cotidiano de orgias com prostitutas francesas foi retratado com riqueza de detalhes em Trópico de câncer, o romance que o tornou famoso. O livro chocou os leitores da época e foi proibido em vários lugares do mundo. Houve um período em que Trópico de câncer foi proibido na França, mesmo que fosse uma edição em língua estrangeira. Seus livros seguintes também provocaram, na mesma proporção, uivos de admiração e suspiros de desprezo: Trópico de capricórnio e a trilogia A crucificação encarnada, da qual fazem parte os títulos Sexus, Nexus e Plexus.
Ao chegar em Big Sur Henry Miller deu início a um novo estilo de vida. O artista famoso, que tivera uma intensa vida de prazeres hedonistas, havia dividido essa experiência com o mundo, ao transformar sua trajetória pessoal em romances. Em Big Sur ele foi morar numa cabana no meio do mato, num lugar que era descrito por seus moradores como o paraíso na terra. Vales verdejantes com árvores centenárias, vegetação rasteira, flores silvestres, papoulas, águias, beija-flores, cascavéis, esquilos e belas cachoeiras. Tudo isso contornado pelo infidável oceano Pacífico e um céu impossível de descrever.
Big Sur e as laranjas de Hieronymus Bosch é um romance sobre o prazer de um homem ao descobrir os encantos de uma vida simples e despojada, dedicada a admirar as manifestações da natureza. A partir das observações desse universo o autor escreve sobre as tempestades, os dias de sol, a solidão no meio do mato, a inspiração criadora que brota na noite estrelada. Além de descrever com muito senso de observação as pessoas que habitam a região. E nesse escrever sobre a simplicidade do mundo à sua volta ele mostra toda a sua força de escritor. Com a mesma garra e o mesmo tesão com que redigiu cenas de sexo em Trópico de câncer ele narra a emoção de receber o raro exemplar de uma revista de literatura francesa que um velho amigo lhe mandou pelo correio. Ou a aventura que foi ajudar um vizinho a consertar o telhado da sua cabana num dia de tempestade. Ou mesmo a visita de um aspirante a escritor que quer sua opinião sobre seus rascunhos.
Há uma forte masculinidade na sua literatura e isso torna o seu texto comovente. A narrativa e os diálogos do romance denunciam uma virilidade gentil e humana, que traduz o pensamento de um artista que viveu profundamente seus sentimentos e desejos e quis, através da sua arte, compartilhar essa experiência existencial com as pessoas que lhe são mais próximas: seus leitores.
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