9.8.06

TONY PLATÃO ATACA NOVAMENTE Negro Amor, o show de lançamento do novo disco de Toni Platão estreou em grande estilo no Mistura Fina da Lagoa. O grande Platão não decepciona nunca. O rei da voz sempre surpreende e encanta com seu vozeirão másculo, que oscila do João Gilberto ao Luciano Pavaroti com grande facilidade.


O show do Mistura Fina é o mesmo show da livraria. Só que agora ele está cantando num lugar que tem mais espaço para os músicos e para a platéia. Além de ser um palco com pedigree, onde já se apresentaram nomes como Marcos Valle, Jonhny Alf e Paul Muriat. Totalmente à vontade Toni Platão encantou o público que foi aplaudí-lo na estréia. Fãs dedicados e fãs famosos como Débora Colker, Guilherme Leme e Claudia Jimenez. Duas músicas novas foram incluídas no repertório: The man who sold the world, do David Bowie e Dia 36 de Arnaldo Batista. Além disso, mudou o texto. O que já era ótimo ficou excelente. O próximo show certamente será no Canecão.


A banda consegue um casamento perfeito com o vocalista. O acordeom tocado por Rodrigo Ramalho faz uma diferença incrível nos arranjos das canções. Não existe nada de folclórico ou regional no instrumento. O acordeom de Monsieur Ramalho é absolutamente pop. Suas interferências nos arranjos de Mamy Blue e Calígula Free Jack são demenciais, como diria o Nelsinho Motta antigamente. No palco Ramalho se apresenta de roupa preta e óculos escuros e fica parecendo um ceguinho de Caruaru. Um ceguinho muito chique. Uma bela presença em cena. O baixo de Wlad reforça a dramaticidade das interpretações do cantor. O violão de Sergio Diab é a delicadeza em pessoa. E a bateria de Bruno Wanderley dá ritmo e compasso às pretensões musicais do grupo. Bingo. A força deles como banda pulsa na interpretação de The man who sold the world, um clássico do rock que comoveu e encantou a platéia que lotava o Mistura e aplaudia e uivava ao final de cada canção. Bravo, Toni. Bravo!!!


The man who sold the world

We passed upon the stair, we spoke of was and when
Although I wasn't there, he said I was his friend
Which came as some surprise I spoke into his eyes
I thought you died alone, a long long time ago

Oh no, not me
I never lost control
You're face to face
With The Man Who Sold The World

I laughed and shook his hand, and made my way back home
I searched for form and land, for years and years I roamed
I gazed a gazely stare at all the millions here
We must have died along, a long long time ago

Who knows? not me
We never lost control
You're face to face
With the Man who Sold the World






HELOISA HELENA PARA PRESIDENTE William Bonner e Fátima Bernardes foram péssimos com a Heloisa Helena durante a entrevista exibida no Jornal Nacional. A escolha das perguntas e a forma como eles se comportaram, interrompendo a entrevistada todo o tempo, deixou claro que eles, como jornalistas, têm preconceito contra a candidatura dela. Aliás, de um modo geral, a imprensa brasileira, conservadora e machista, sempre analisa a candidatura da Heloisa Helena com um olhar de preconceito e desdém. Os jornalistas agem como se ela estivesse sendo presunçosa ao se lançar candidata. Well... Presunçosos todos os candidatos são.


Não acho que Heloisa Helena seja um gênio, uma mulher incrível e maravilhosa que vai resolver os problemas brasileiros. Nada disso. Apenas acho que, entre ela, Lula e Alckmin, prefiro votar nela. O Lula, para mim, significa decepção, frustração. Acho ele cínico e mentiroso. Alckmin é um FHC Reloaded. O partido dos tucanos poderia ter escolhido o carrancudo José Serra ou o beefcake Aécio Neves, mas preferiu o insosso do Alckmin. Entre o ruim e o péssimo eu prefiro a incógnita.


Na entrevista do JN William Bonner e Fátima Bernardes deixaram escapar suas falhas e limitações como jornalistas. Eles podem ser bons apresentadores de TV, mas isso não significa de forma alguma que sejam bons jornalistas. E muito menos que eles sejam bons entrevistadores. Se a entrevista tinha a duração de apenas 11 minutos e meio, é lógico que esse tempo deveria ser bem aproveitado. Os entrevistadores deviam ter feito perguntas mais objetivas.


O belo Bonner questionou o fato dela não ter experiência administrativa. Ora bolas, Bonner. Lula e FHC também não tinham experiência administrativa e, nem por isso, conseguiram acabar com o Brasil. Fátima Bernardes, num tom surpreendentemente arrogante, questionou a candidata pelo fato dela chamar os ministros de empregadinhos de Lula, alegando que isso revelaria um despreparo dela para o cargo. Puxa vida. Eu acho que o termo empregadinhos do Lula é um termo perfeito para definir esses ministros do governo. Ministros que estão no cargo por conchavo político e não por competência profissional. Essa poderia ter sido uma boa pergunta se fosse uma entrevista com uma hora de duração, mas, para uma entrevista curta, me deu a impressão que Fátima quis, deliberadamente, dar uma rasteira na Heloisa.


No raciocínio simplista de Fátima Bernardes o termo empregadinho é ofensivo já que a maioria dos cidadãos brasileiros são empregados. Na verdade, quando a candidata usa a palavra empregadinho está apenas se utilizando de um recurso permitido pela língua portuguesa para fazer o desenho do personagem que ela quer ilustrar: um sujeito subserviente, um leva-e-trás, um puxa saco do patrão.







CINEMA É A MAIOR DIVERSÃO – É puro deleite cinematográfico o filme Zuzu Angel. O roteiro eficiente conta com muita propriedade um dos episódios mais dramáticos da ditadura militar: a história da modista que foi morta pelos militares por denunciar a tortura do seu filho guerrilheiro. O diretor Sergio Rezende transformou essa história num filme de ação e suspense, sem esquecer de presentear a audiência com fartas doses de emoção.


Em primeiro lugar, o que mais chama atenção no filme é a performance dos atores. Mesmo os que não são muito conhecidos são grandes nomes do teatro. Sendo assim as atuações são densas. Cada gesto, cada olhar, cada respiração traz consigo uma forte carga de emoção. É através da densidade dos atores que a direção consegue traduzir para o público o clima opressivo do Brasil dos anos 70. De um modo geral todos os atores merecem destaque por suas atuações. Mas, nenhum deles merece tanto aplauso como o veterano Nelson Dantas.


O Brasil precisa aplaudir de pé o trabalho desse ator. Num determinado trecho do filme, Zuzu Angel, desesperada com a morte do filho, vai procurar o pai do Lamarca e o encontra trabalhando como sapateiro. Ela está nervosa e começa a falar coisas para ele. O homem não diz nada, apenas olha para ela enquanto conserta um sapato. E ele exibe uma expressão tão cheia de significados que chega a arrepiar a platéia. Com apenas um olhar Nelson mostra toda a perplexidade do seu personagem diante dos acontecimentos. Nesse momento Zuzu e a platéia percebem que o velho sapateiro é apenas um sofredor igual a ela. Numa única cena, sem dizer uma só palavra, Nelson Dantas mostrou toda a sua grandeza como ator. A atuação foi um belo canto do cisne. O ator morreu alguns dias depois da filmagem.


Quando estive em Havana uma cubana assanhada me disse, certa vez, no balcão do bar La Bodeguita que o Brasil tem muitos bons atores. Isso foi uma coisa que me chamou atenção em Cuba: o prestígio que os atores brasileiros têm entre os cubanos por causa das novelas brasileiras que são exibidas na República de Fidel. Pois bem. Em Zuzu Angel impressiona a qualidade do trabalho dos atores. Patrícia Pilar tem uma atuação digna de uma Fernanda Montenegro. Não existe erro. No olhar, no gesto, no choro e no sorriso ela conta a história do personagem: o sonho do seu trabalho com a moda e a angústia com a tragédia do filho.


Flavio Buraqui, que fez uma bichona lânguida em Madame Satã, surpreende e arrasa como um militar cruel que participa das sessões de torturas. Aramis Trindade, o tenente que trai os militares, é um grande ator do teatro pernambucano. Um artista brilhante. Quem já teve a oportunidade de vê-lo no teatro ficou bem impressionado com o seu trabalho. Othon Bastos e Ângela Vieira estão corretíssimos. E Luana Piovani surpreende no papel de Elke Maravilha. Zuzu Angel é um belo filme.






ROSAS VERMELHAS PARA HILDEGARD ANGEL – A atriz Regiane Alves está ótima no papel da jovem Hildegard Angel, uma das filhas de Zuzu Angel. A atriz é parecida com a Hilde e interpretou como muita graça e leveza a hoje grande dama do colunismo social. Ao mesmo tempo, o filme, sem ter esse objetivo, faz justiça a Hilde, sempre muito criticada por nunca ter se envolvido em projetos políticos. Mas, ter vivido sua vida da forma como viveu, trabalhando como atriz e jornalista, também foi uma opção política.


No auge da ditadura, quando a barra pesou para sua família, com a morte de seu irmão e de sua mãe, assassinados pelos militares, Hildegard poderia ter fugido do país, pedido asilo, mas ela continuou no Brasil como se nada tivesse acontecido. Mergulhou no teatro, sua grande paixão, e, em seguida, no jornalismo, que acabou se transformando numa prioridade na sua vida.


O lançamento desse filme me deixou numa felicidade enorme. Faz tempo que eu não me sinto tão feliz, disse Hildegard logo após a estréia. A realização do filme sobre a via crucis da sua mãe foi, também, conseqüência de um exaustivo trabalho, por parte dela, para viabilizar a realização do mesmo. Eu me lembro ainda hoje a emoção de sua voz quando me contou que finalmente o filme sobre sua mãe ia ser feito. Trabalhando com ela no Caderno H pude acompanhar seu envolvimento com a produção, cedendo material para o diretor, roupas para a figurinista, consultas para os roteiristas. Sua alegria ao participar dos encontros com Patrícia Pillar para falar de Zuzu, mostrar fotos, objetos pessoais, etc. Em todo o processo havia nela muita alegria. Certa vez saiu mais cedo do jornal e nos avisou toda coquete: Hoje eu e o Francis (seu marido) vamos fazer figuração no filme sobre a mamãe.


Na minha convivência com a Hilde sempre me impressionou uma coisa: quando ela lembra da mãe, do irmão, é sempre com alegria. Sempre que relembra fatos do passado, são sempre episódios em que existe humor e uma enorme alegria de viver. Ela nunca fala da mãe e do irmão de forma melancólica e triste. Nas várias vezes que me falou do Stuart ela repetia com orgulho: Meu irmão era um rapaz muito bonito, Waldir. Era um homem liiiindo. O Stuart era de parar o comércio. E me contava que o irmão malhava naquela academia de Copacabana que até hoje tem um braço de halterofilista desenhado em néon.


Da mãe suas lembranças também são bem humoradas. Lembranças sempre associadas a bucólica Ipanema dos anos 70, quando os ipanemenses podiam sair de suas casas e deixar a porta aberta. A amizade de Zuzu com Ethel Moura, a dona da Bijou Box. A visita de Joan Crawford ao ateliê de costura, quando a grande estrela de Hollywood mandou a adolescente Hilde sair da sala e Zuzu respondeu que a casa era dela e ela ficava onde quisesse.


Na época da ditadura, enquanto sua família estava sendo destruída pelo desatino do governo militar, Hilde fazia teatro. Chegou a fazer mais de uma dezena de peças. Trabalhou como atriz na novela Selva de Pedra, de Janete Clair, atuando ao lado de Regina Duarte, Francisco Cuoco, Dina Sfat e Carlos Eduardo Dolabella. Em Selva de Pedra Hilde interpretava Beatriz, a dona de uma galeria de arte que ajudava a artista plástica Simone, papel de Regina Duarte. Ela não ficou na novela até o final. Pediu a Janete Clair para sumir com o seu personagem, pois o diretor, Walter Avancini, era um tirano. O Avancini não gostava de quem fazia teatro e marcava o horário das gravações no mesmo horário das peças. Então eu tive que escolher entre a TV e o teatro e eu preferi o teatro. Hilde também me contou que os atores da novela ficavam horas e horas em pé, esperando o momento de gravar, já que o Avancini não permitia que eles sentassem nos sofás dos cenários para descansar. Não tinha nada desse conforto de hoje em dia no Projac.


Suas histórias sobre os bastidores do teatro e da TV mereciam um livro. Hilde tem aventuras divertidas e curiosas para contar. Ainda fazendo teatro começou a trabalhar como jornalista, escrevendo uma coluna de TV. Era a Patrícia Kogut da época. Certa vez publicou uma nota sobre o Carlos Eduardo Dolabella, informando aos leitores que a Globo não tinha renovado o contrato do ator. Dolabella ficou furioso e foi no teatro tomar satisfações. Ao encontrá-la o ator começou a gritar: eu vou te bater. Hilde saiu correndo pela coxia e foi se proteger atrás da veterana atriz Yara Cortes, que a defendeu da fúria do então jovem galã, com a mesma intensidade dramática com que defendia seus personagens no teatro e na TV.


Hildegard Angel é apaixonada pelo seu trabalho de colunista social. É uma profissional que adora o que faz. Fazendo a coluna ela se diverte muito. É uma mulher que curte eventos sociais, chás com as amigas ricas, jantares, almoços. E, principalmente, casamentos. Romântica, Hilde adora um casamento. Nunca vi ninguém gostar tanto de um casamento como Hildezinha. Principalmente se for um casamento bem produzido e se os noivos tiverem sobrenome. Ela acha importante, para a cultura e a história do País, reverenciar as famílias tradicionais e os rituais que regem a vida daqueles que detém o poder e a fortuna. Hilde faz parte, de verdade, do mundo descrito na sua coluna. Ela mesma é uma granfina. Uma mulher rica, muita bem casada com um homem que a ama de verdade e a trata como uma princesa. Hilde merece.


Uma coluna social nem sempre agrada todo mundo. Alguns leitores acham que aquilo retrata um mundo de futilidades. Outros associam os ricos e poderosos a pessoas inescrupulosas e desonestas, o que nem sempre é verdade. Sendo assim, muitas vezes os leitores ficam ofendidos ou indignados com alguma posição adotada pela coluna ou pela colunista. E às vezes reagem de forma ofensiva. E sempre que as pessoas querem criticá-la ou magoá-la recorrem ao seu drama familiar para fazê-lo. Como é que você, filha da Zuzu Angel, escreveu isso ou aquilo. Esse é o expediente mais comum. Claro que isso já a magoou muito. Mas hoje em dia ela ri muito disso. Várias vezes, no JB, ela me chamou na sua sala para me mostrar o e-mail de algum leitor zangado que fazia referência a sua mãe. Certa vez, escrevendo sua coluna, Hilde perguntou o que eu achava de uma nota maliciosa que ela ia publicar no dia seguinte. Eu falei que a nota estava ótima, mas que ia render polêmica. Ela então deu uma gargalhada e comentou: Já vi que amanhã eu vou receber um daqueles e-mails zangados falando da minha mãe.


Que bom que Hilde está feliz com o lançamento do filme. Depois de tudo o que passou ela merece toda a felicidade do mundo.


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