THE CAPTAIN AND THE KID – Os fãs de Elton John já se mobilizam para o show do cantor, em janeiro de 2007 na praia de Copacabana. João Melo, um cearense que mora em Manaus, leitor assíduo desse blog, enviou e-mail contando que já comprou a passagem de avião para vir assistir ao concerto do cantor. Certamente vai ser uma experiência inesquecível para João e para todos que forem à festa em Copacabana assistir a The Captain and the Kid, nome do show e título de seu novo disco, prestes a ser lançado no Brasil.
Assisti aos dois shows que Elton John fez no Brasil em 1995: um no Rio, o outro em São Paulo. Gosto tanto do Elton que viajei até Sampa apenas para vê-lo cantando seus maiores sucessos. No dia seguinte estava no campo do Flamengo, vibrando com a performance do Rio. O show não é tão agitado como o dos Rolling Stones, já que Elton fica o tempo inteiro sentado no piano. Mas a sua banda é sensacional. São músicos que tocam com ele desde a juventude, então existe uma harmonia muito grande no palco e o clima é totalmente rock´n roll.
No seu inesquecível concerto Elton cantou alguns dos seus maiores sucessos: Daniel, Your Song, Bennie and the jets, Sacrifice, Blue Eyes, Candle in the Wind, I guess that´s why they call it the blues, entre outras. Lembro que a platéia foi uma atração à parte. Famílias inteiras. Surfistas quarentões. Gays e lésbicas. Casais de namorados trocando beijos apaixonados. Havia um clima romântico muito gostoso que fez vibrar o superlotado estádio do Flamengo. Senti falta de algumas de minhas músicas favoritas como Skyline Pidgeon e Crocodile Rock, mas o repertório do Elton é tão grande e variado que é impossível cantar todas as músicas de sucesso. Em compensação, na apresentação do Rio, ele tocou uma de suas mais belas canções, Song for guy, um tema instrumental que gravou no disco A single man. Essa música ele não tocou em São Paulo. Mas o roqueiro fez o estádio dançar muito quando tocou hits como I´m still standing e a inacreditável I don´t wanna go on with you like that. Não vejo a hora de rever o mais gay dos ídolos do rock.
A turnê do show The Captain and the kid começou dia 15 de setembro em Sacramento, na Califórnia. No repertório nove das dez canções do novo CD. Portanto, é recomendável ouvir o bastante The Captain and the kid antes de ir se esbaldar em Copacabana. Para alegria dos velhos fãs, Crocodile Rock, que ele havia deixado de tocar quando aqui esteve em 95, faz parte do set list da nova turnê. Já vi que Copacabana vai enlouquecer com o velho Elton. A seguir, a letra que seu eterno parceiro Bernie Taupin fez para a canção The captain and the kid, nome do novo CD do cantor.
THE CAPTAIN AND THE KID
I've been out on this road some
Can't help feeling I've been showing my friends around
I've seen it growing from next to nothing
Into a giant eating up your town
Called up the tealeaves and the tarots
Asked the gypsy what she sees in the palm of our hands
She saw a mountain and wild deer running
A crazy kid becoming a better man
But we stuck around for the fireworks
Waiting to explode
Shaped our futures, you a tumbleweed
And me on a yellow brick road
Pleasing the people some of the time
For better or for worse
An urban soul in a fine silk Suit
And a heart out west in a Wrangler shirt
chorus:
And you can't go back and if you try it fails
Looking up ahead I see a rusty nail
A sign hanging from it saying "Truth for sale"
And that's what we did
No lies at all just one more tale
About the Captain and the Kid
We've been missing at times in action
Can't imagine what he said he might do for you
The devil got to come to the party sometimes
But he never got to wear our shoes
Oh we've conjured up what we created
Way back then when I was standing up in six-inch heels
Now you're riding off into the sunset
And I'm still spinning like a Catherine wheel
But we stuck around for the battle
Waiting for a plan
To turn you into the Brown Dirt Cowboy
And me into a rocket man
It pleases the people some of the time
Digging into our roots
But I got a brand new pair of shoes
And you're on a horse in old cowboy boots
THE CAPTAIN AND THE KID – Em seu novo CD Elton John, com seu fiel parceiro Bernie Taupin, retoma um personagem que criou num dos melhores discos de sua carreira: Captain Fantastic and the Brown Dirt Cowboy. Captain Fantastic é uma obra prima, lançado no longínquo ano de 1975. É uma espécie de ópera-rock, certamente inspirada no Tommy, do The Who. Foi um trabalho concebido para ser mostrado num palco, no formato de uma peça, com cenários, efeitos especiais e cantores afinados. Mas essa pretensão nunca foi levada adiante. O trabalho ficou apenas no disco que, possivelmente, é o melhor de toda a carreira do roqueiro. São músicas grandiloqüentes, sinfônicas, algumas gravadas com orquestra e coral. É um disco belíssimo. É o momento mais "Beethoven" da carreira de Elton John. Um clássico indiscutível da fase áurea do rock´n roll. É desse álbum uma das mais belas canções do artista, Someone saved my life tonigh, que está incluída no repertório da turnê The Captain and the kid.
Em ambos os discos, todas as letras foram escritas por Bernie Taupin, o velho e inseparável parceiro. Os versos têm algo de nostálgico e pueril. É como se eles estivessem fazendo uma reflexão sobre a carreira e, ao mesmo tempo, sobre a própria vida e o tempo em que estão vivendo. Além de citar o Capitão Fantástico, as letras citam personagens pops como Tennessee Williams, Steve McQueen, Richard Nixon, Walt Disney e Brian Wilson. Lembram John Lennon, para quem Elton e Bernie compuseram uma de suas mais belas canções, Empty Garden, do álbum Jump Up, de 1982. Citam também Tiny Dancer, um antigo sucesso da dupla, lançada no disco Madman Across the Water, de 1971 e a Yellow Brick Road do disco homônimo de 73. A balada Old´67 é de uma nostalgia pungente com versos como:
Old '67 what a time it was
What a time of innocence, what a time we've lost
Raise a glass and have a laugh, have a laugh or two
Here's to old '67 and an older me and you
Sentimental twilight
Conversing on those virgin days
Laughing about how the two of us sound
Like a Tennessee Williams play
O DIABO VESTE PRADA – A editora Record está relançando O diabo veste Prada, em função do lançamento do filme no Brasil. Li o romance em 2004 e achei interessante, mas tenho algumas ressalvas. O livro é uma espécie de All about Eve que tem como personagem principal uma mulher inspirada em Anna Wintour, a todo-poderosa editora da revista Vogue América. Anna é uma figura lendária no mundo da moda internacional e, sobre ela, contam-se muitos babados e fofocas, algo muito corriqueiro nesse universo.
Anna Wintour tem fama de ser temperamental, exigente, tirana, presunçosa e má, assim como Miranda Priestly, a protagonista do livro. A autora, Lauren Weisberger, é uma garota do interior que, ao sair da faculdade, conseguiu o emprego dos sonhos de muitas mulheres do mundo inteiro: assistente da temida Anna Wintour. O diabo veste Prada é o relato da sua experiência profissional com a editora da revista Vogue, descrita como uma mulher voluntariosa, temperamental, histérica e arrogante. Ao mesmo tempo, o livro mostra Lauren como uma pessoa pura, ingênua, bondosa e bem intencionada, enquanto Anna é descrita simplesmente como uma mulher má. Mas, numa leitura mais atenta, vemos que a história não é bem assim.
A autora Lauren Wiesberger é uma pilantra. É uma sonsa, que se faz passar por boazinha, mas na verdade a má é ela. O diabo veste Prada é, na verdade, um golpe contra uma das mais talentosas personalidades do mundo da moda. Eu entendi o livro como a história de uma secretária mau caráter que dá um golpe na sua chefe, ao escrever um livro contando sua intimidade.
O livro é irregular, pois Lauren fala muito mais sobre ela do que sobre Anna. Quando fala sobre a editora da Vogue o livro é uma delícia. As descrições, os diálogos ferinos, as atitudes, os comentários sobre personagens do grand monde novaiorquino. Tudo isso é muito divertido e excitante para o leitor. Mas a autora comete o pecado de escrever muito sobre si mesma. Fala da sua família, das festas de natal com os parentes numa pequena cidade da Pensylvania, fala dos desencontros com seus namorados e amantes, da sua vida medíocre em Nova York. E quando fala de si mesma o livro torna-se chato, arrastado e desinteressante. Ela tenta criar uma empatia com o leitor, fazer com que ele torça pela sua personagem, mas não consegue. O interesse pelo livro só acontece quando ela entra no prédio da Conde Nast, a editora que publica a revista Vogue. Ali a história tem glamour, trama, charme e humor. E tem tudo isso por causa da personalidade e estilo de Mademoiselle Wintour. Pena que Lauren Wiesberger escreva mais sobre si do que sobre Anna.
Lauren é uma frustrada. Ela tem inveja de Anna Wintour. No fundo gostaria de ser como ela, ter o poder que ela tem, gostaria de entender de moda como Anna entende. Mas é apenas uma assistente que faz o trabalho que qualquer outra garota na sua idade faria. Ela não passa de uma pilantra medíocre, uma provinciana que saiu do interior e enxergou a grande chance da sua vida: escrever um livro sobre a grande dama da moda, aproveitando-se do fato de ter podido conviver com a intimidade da mulher, ao trabalhar como sua assistente.
GABEIRA SABE TUDO – A revista VEJA que em períodos pré-eleitorais costuma servir fartas doses de veneno aos seus leitores, surpreende esta semana e troca o veneno por mel. A capa da revista é o deputado Fernando Gabeira, que a publicação cita como um exemplo de político brasileiro. O texto da reportagem é só elogios para o deputado federal. Faz um resumo da sua biografia coerente e traça um perfil correto da sua trajetória de homem público. Nada de escândalos, nem gravações secretas, nem acusações de suborno, nem exemplos de corrupção... Ufa!
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