MEDO DE AVIÃO – Em setembro do ano passado, um ano atrás, eu fiz essa mesma rota do vôo 1907 da Gol, que caiu na selva. Eu tinha ido para o Jungle Fight, o exótico torneio de artes marciais, em Manaus e, na volta, peguei um avião da Varig e fiz o trajeto Manaus-Brasilia-Rio. Em abril desse ano houve um novo torneio e, novamente, eu estava lá. A viagem de volta foi meio confusa. Era o auge da crise da Varig, o nosso vôo para o Rio foi cancelado e tivemos que pegar um outro avião que foi direto de Manaus até São Paulo. De lá pegamos um vôo que estava vindo de Miami e voamos até o Rio. A viagem foi confusa e cansativa, mas muito divertida, já que eu estava com um grupo de lutadores e jornalistas que tinham ido participar do campeonato de lutas.
Estavam no avião, sentados perto uns dos outros, vários atletas que tinham lutado no Jungle Fight, cada um com seus treinadores ou corners. Brian Rafiq, o francês que treina jiu-jitsu na academia Brazilian Top Team de Paris estava empolgado com sua vitória e brincava com todo mundo durante o vôo; Carlão Barreto, o veterano do Vale Tudo, atuou apenas como juiz no torneio; Marcus Vinicius, o faixa-preta que é dono de uma academia em Beverly Hills veio de Los Angeles para supervisionar a arbitragem; Katel Kubis, o charmoso lutador paranaense, que dormiu quase toda a viagem; Joan Jucão, o fera do Vale-Tudo que é treinador do Brian Rafiq; Marcelo Alonso, o editor da revista Tatame que é um sujeito formidável; Gustavo Aragão, o fotografo da Gracie Magazine, e mais Bebeo Duarte, Alexandre Cacareco, Pelé Landin e outros que eu não conhecia.
O vôo seguia tranqüilo. Olhando pela janela víamos lá embaixo apenas uma imensidão de verde e alguns rios. Os comentários sobre as lutas da noite anterior era o assunto de todas conversas. As lutas tinham sido empolgantes e todo mundo dava sua opinião, fazia comentários e brincadeiras. Mais de duas horas depois que havíamos decolado de Manaus, o piloto recomendou que todos ficassem sentados, apertassem os cintos, pois o avião ia atravessar uma região sujeita a turbulência. Minutos depois a aeronave começou a sacudir e minha tranqüilidade acabou.
Cada vez que o avião sacudia, eu segurava forte na cadeira e rezava. Não vai acontecer nada, repetia seguidas vezes para mim mesmo. Não vai acontecer nada... Nuvens densas surgiram lá fora, encobrindo a paisagem e o pôr do sol avermelhado. Durante uma hora ficamos tensos com a turbulência que ia e vinha em ondas. E se essa porra cair? Eu me perguntava a todo instante. Aliás, eu sempre me faço essa pergunta quando estou lá no alto: E se essa porra cair? Eu tento fugir desse pensamento, escuto música, busco me distrair para esquecer que estou voando. Mas, a cada balançar da aeronave essa pergunta vem à minha mente, atravessando todas as barreiras que o meu cérebro coloca para evitá-la.
Nesse vôo de Manaus, enquanto a aeronave balançava, eu pensava no filme O Aviador, de Martin Scorcese. Tem várias cenas de vôo, algumas bem pirotécnicas. E uma impressionante seqüência de um acidente aéreo. Eu pensava no filme apenas para tentar me convencer que a aeronave era segura. Afinal, a história se passa nos anos 40/50 e de lá para cá os aviões se tornaram muito mais seguros e bem equipados. Eu tentava, com esse pensamento, afastar o pavor que estava tomando conta de mim.
Depois de uma hora, aproximadamente, o avião parou de tremer e a viagem seguiu tranqüila até o aeroporto. A noite já havia caído e o que se via pelas janelas agora era uma impressionante visão de um céu estrelado.
MEDO DE AVIÃO
Foi por medo de avião
Que eu segurei pela primeira vez na tua mão
Um gole de conhaque, aquele toque em teu cetim
Que coisa adolescente, James Dean
Foi por medo de avião
Que eu segurei pela primeira vez na tua mão
Não fico mais nervoso, você já não grita
E a aeromoca, sexy, fica mais bonita
Foi por medo de avião
Que eu segurei pela primeira vez na tua mão
Agora ficou fácil, todo mundo compreende
Aquele toque Beatle, I wanna hold your hand
Agora ficou fácil, todo mundo compreende
Aquele toque Beatle, I wanna hold your hand
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