NEGRO AMOR – Já está nas lojas o CD Negro Amor, de Toni Platão. Uma excelente opção para presente de natal. A bonita capa tem design de Luiz Stein e fotos de Milton Montenegro realizadas no Hotel Ouro Verde, em Copacabana. O CD foi produzido por Sergio Diab guitarrista da maravilhosa banda que acompanha o artista nos shows. O disco está lindo. Bem produzido. Ótimos arranjos. E Toni está em grande forma como cantor.
No show de lançamento do disco, dia 1 de dezembro no Mistura Fina, Toni Platão fez o de sempre: encantou a platéia que, agradecida, aplaudiu de pé o seu incrível vozeirão. Foi o mesmo show que Toni apresentou em abril e maio na livraria Letras & Expressões. No palco ele recria grandes sucessos da MPB cantando as músicas como se elas tivessem sido originalmente gravadas por ele. Começa com Mares da Espanha, de Ângela Ro Ro e segue com Movimento dos Barcos, de Capinam e Macalé, Negro Amor, de Caetano Veloso, Louras Geladas, de Paulo Ricardo, Impossível acreditar que perdi você, de Marcio Greyck e muitas outras. Além das canções do CD Toni arrasa cantando Vênus, antigo sucesso do grupo Shocking Blues e The man who sold the world, de David Bowie.
A banda é uma atração à parte. O produtor e arranjador Sergio Diab dá um show na guitarra e no violão. Wlad arrebenta no baixo. Bruno Wanderley toca a bateria mais sutil já vista nos palcos brasileiros. E o jovem Rodrigo Ramalho acaricia os ouvidos do público com os magníficos acordes do seu acordeom. Eu adorei sua sanfona, disse Arlete Salles para o bonitão sem saber que ele detesta que chamem o seu acordeom de sanfona.
Na platéia um animado Miguel Falabella, aplaudia o show com entusiasmo. Junto com ele Stella Miranda, atriz que interpreta Carlota Joaquina no musical Império. Os dois tinham vindo do teatro e estavam contentes com o sucesso do seu espetáculo, em cartaz no teatro Carlos Gomes. Como sempre Miguel foi muito simpático comigo, me deu um beijo e disse que morre de saudades dos contos que eu escrevia para a revista Homens. Eu adorava aqueles contos. Você precisa voltar a escrevê-los.
Arlete Salles assistiu ao show numa outra mesa, ao lado do namorado, um rapaz negro belíssimo. Desde a época de Toni Tornado que Arlete gosta de ver a coisa preta. Os pombinhos passaram todo o show trocando carícias e beijinhos, principalmente nas músicas mais românticas. A atriz de Pé na Jaca aplaudia com entusiasmo ao final de cada canção.
Gringo Cardia está cada vez mais parecido com o diretor de teatro Gilberto Grawonski. Gilberto contou aos amigos que até a mãe do Gringo já o confundiu com ele. Lui Mendes também vibrou com o show, mas saiu apressado no final, depois de ter recebido um telefonema do André Gonçalves. Os dois não se largam. Já Débora Colker foi ao show acompanhada do charmoso videomaker Paulo Severo, namorado do jornalista Artur Xexéo. Na produção do show a assessora de encrenca Gilda Matoso.
MOVIMENTO DOS BARCOS
Estou cansado
E você também
Vou sair sem abrir a porta
E não voltar nunca mais
Desculpe a paz
Que lhe roubei
E o futuro esperado que não dei
É impossível levar
Um barco sem temporais
E suportar a vida
Como um momento além do cais
Que passa ao largo do nosso corpo
Não quero ficar dando adeus
As coisas passando
Eu quero
É passar com elas
Eu quero
E não deixar nada mais
Do que as cinzas de um cigarro
E a marca de um abraço
No seu corpo
Não
Não sou eu quem vai ficar no porto chorando
Não
Lamentando o eterno movimento
Movimento dos barcos.
MARINA MAGESSI SUPERSTAR – Esta semana a Polícia Civil desarticulou e prendeu uma quadrilha que estava vendendo drogas sintéticas como Ecstase e LSD. A prisão fez a festa da imprensa, já que o assunto rendeu reportagens sensacionalistas no Jornal Nacional, O Globo, Extra, JB, O Dia, sem falar nas edições televisivas do noticiário local. O que chamou atenção no caso é que toda a operação policial foi montada como um show para a imprensa. De uma forma bem clara se pôde perceber que a polícia levou repórteres, fotógrafos e cinegrafistas para cobrir a prisão dos traficantes, numa espécie de Big Brother policial. Numa das cenas mais constrangedoras o Jornal Nacional exibiu uma cena da polícia invadindo a casa de um traficante e mostrou cenas do sujeito seminu, em cima da cama, já que estava dormindo quando a policia chegou.
Pois eu subo nas tamancas, boto a mão nas cadeiras e pergunto: o que isso tem a ver com Segurança Pública? As pessoas estão sendo assaltadas em todos os lugares. Menores de idade fuzilam pessoas de bem a torto e a direito. Bando de turistas são assaltados, humilhados e baleados nos cartões postais da cidade. A violência contra o cidadão comum pipoca por todos os cantos da cidade. E a polícia só está interessada no tráfico de drogas. O que isso tem a ver com Segurança Pública?
Comandando toda a operação, a Inspetora e Deputada Federal Marina Magessi. A impressão que me deu assistindo ao circo de horrores que foi a prisão dos comerciantes de drogas ilegais, é que todo aquele show foi montado para dar publicidade a Marina Magessi, atual melhor amiga da primeira dama da cultura brasileira Flora Gil. Em todas as reportagens Marina Magessi apareceu dando entrevistas e acusando aqueles jovens de serem uma ameaça a sociedade e toda aquela baboseira preconceituosa e moralista que não tem nada a ver com segurança pública. Aquelas pessoas presas serviram apenas de palanque para que a instant celebrity Marina Magessi pudesse se promover ainda mais. Afinal, foi dessa forma que ela foi eleita Deputada.
O fato é que o comercio de drogas ilícitas se transformou num grande negócio para a polícia, por isso que o combate ao tráfico é uma prioridade para a corporação. A polícia não está interessada em dar segurança a população. Um programa eficiente de Segurança Pública deveria se voltar apenas para dois pontos fundamentais: garantir a integridade física dos cidadãos e garantir a integridade dos bens materiais de cada um. Segurança pública é basicamente isso. Mas as polícias do Brasil só falam em combater o tráfico de drogas. E sabem porque? É por que é ali que está o dinheiro. Elementar, minha cara Magessi.
As drogas são um grande negócio para a polícia. E não me refiro apenas aos recorrentes casos de corrupção policial. É através do discurso de combate ao tráfico que a polícia consegue tirar dinheiro dos governos. O governo americano, por exemplo, dá milhões de dólares a Policia Federal do Brasil para ajudar no combate aos traficantes. Certa vez, numa entrevista ao Programa do Jô, um agente da Interpol afirmou que oitenta por cento dos seus agentes trabalham no combate ao tráfico. Isso significa que a existência do tráfico de drogas é fundamental para a existência da Interpol. E eu me pergunto: esses agentes combatem o tráfico porque eles acreditam que isso é o melhor para a sociedade, ou eles combatem o tráfico apenas por que isso é um bom negócio para seus interesses corporativos? Elementar, minha cara Magessi.
Como jornalista o que me chocou nas reportagens publicadas sobre o comércio de drogas é a visão estreita do noticiário. O consumo de drogas é, antes de tudo, um fenômeno cultural da época em que vivemos. A imprensa precisa acordar e tomar consciência de que nós já estamos no século 21. Os jornalistas precisam alargar seus horizontes e mostrar uma visão mais clara da realidade. Aqueles comerciantes de drogas ilegais que foram presos estão apenas atendendo a uma demanda da sociedade. As pessoas querem consumir drogas e pronto. Existe uma grande parcela da população que consome esse produto. Seja maconha, cocaína, ecstase ou lsd. O povo quer se drogar. Isso faz parte da realidade do mundo em que vivemos. Essa intolerância das autoridades e a repressão ostensiva só fazem criar uma tensão na sociedade que estimula a violência que atinge a todos nós.
Fenômeno cultural não é algo que se consiga sufocar com repressão. Quanto maior for a repressão, maior será a força do movimento cultural. O culto às drogas atingiu tal nível que hoje em dia já existe toda uma produção cultural que é feita para ser consumida sob o efeito de drogas. Filmes como Matrix, Guerra nas estrelas, Homem Aranha, Batman e muitos outros, com seus efeitos especiais digitalizados, seu ritmo frenético, suas cores, são feitos para serem assistidos sob o efeito de drogas. Tanto o techno, assim como o hip hop, com suas batidas e ritmos eletrônicos, são músicas produzidas para serem consumidas sob o efeito de drogas. Isso é um fenômeno internacional que ocorre em todas as partes do mundo. Infelizmente Marina Magessi jamais conseguirá compreender essa sofisticação de raciocínio.
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