O livro ficou muito bonito. Tem uma impressão luxuosa e fotos bem produzidas em que o velho samurai aparece lutando com o filho Rorion. A diagramação elegante dá qualidade ao produto. Um belo trabalho editorial da Saraiva. Mas esse não é o único livro que Helio Gracie está lançando neste momento. Apenas nos Estados Unidos está saindo Gracie Submission Essentials, em que Helio, dessa vez em parceria com o filho Royler, ensina os segredos das finalizações numa luta. Eu adoro essa palavra, “submission”, quando usada no universo das artes marciais.
Gracie Submission tem a mesma qualidade editorial do seu similar brasileiro. Em 280 páginas Royler Gracie aparece treinando com o pai e depois com seus alunos David Adiv e Wellington Megaton. As fotos são de Ricardo Azoury, um ex-aluno de Rolls Gracie, um dos filhos de Hélio que morreu num acidente de asa delta. Azoury utiliza os seus conhecimentos do jiu-jitsu para imprimir movimento e composição às suas fotos. Os textos são de Kid Peligro um escritor e lutador que assina colunas regulares em várias publicações de artes marciais no Brasil e nos EUA.
Livros ensinando técnicas de jiu-jitsu são um novo filão para a família Gracie na América. Já foram lançados diversos volumes dessas publicações sempre com sucessos de vendas. Livros como The Gracie Way, Brazilian Jiu-Jitsu-Theory and Tecnique, Brazilian Jiu-Jitsu Self Defense, Brazilian Jiu-Jitsu Black Belt Technique, Brazilian Jiu-jitsu Submission Grappling, Ultimate Fighting Techniques e The Essencial Guard. Os livros com os segredos do Jiu-Jitsu começaram a ser publicados por iniciativa e patrocínio do sheik dos Emirados Árabes Tahnoon Bin Zayed, uma figura muito importante para a história dos Gracies nos Estados Unidos.
O milionário Sheik Tahnoon é louco pelo jiu-jitsu. Ele aprendeu essa arte marcial com os Gracies na época em que fazia faculdade na Califórnia. Quando acabaram os estudos na América e ele voltou para Abu Dhabi, a capital dos Emirados, Tahnoon levou o Jiu-Jitsu para lá. Interessado em participar mais daquele mundo que considera fascinante, ele inventou um campeonato em que os atletas lutavam Jiu-Jitsu sem quimono. A luta é disputada com os atletas vestindo apenas sungão. Assim ele criou uma nova modalidade esportiva que recebeu o nome de Submission Grappling que, na prática, é o Jiu-Jitsu sem quimono. Sem o quimono o atleta tem apenas o corpo do adversário para segurar. Sexy, sexy, sexy!
A partir do momento em que conheceu os Gracies o Sheik se envolveu completamente com o Jiu-Jitsu se tornando um entusiasta do esporte. Abriu uma academia em Abu-Dhabi. Seus seguranças são todos lutadores. E anualmente promove o ADCC, o campeonato de lutas de Abu Dhabi, no qual Royler Gracie foi três vezes campeão. Foi ele quem patrocinou os primeiros livros sobre a técnica da família nos EUA. O Sheik é amigo pessoal de Renzo, o primo de Royler, com quem costuma fazer passeios a cavalo por entre as dunas dos desertos das Arábias. Aliás, o Renzo é outra figura de destaque no reino dos Gracies. Mora em Nova York onde dá aulas para a polícia e treina com o cineasta Guy Richie o marido da Madonna. Ele aparece no documentário sobre a turnê Re-Invention Tour, que Madonna lançou em 2006, com direito a crédito e tudo.
A chegada de Rickson Gracie na livraria Saraiva Mega Store foi triunfal. Seu carisma fez com que todas as atenções e todos os flashes se voltassem para ele, que atendia aos fãs e jornalistas com a paciência de um samurai. O público não esquece que ele já ganhou um milhão de dólares numa luta no Japão. Suas vitórias nos ringues marcaram época e estimularam o sonho de muitos atletas jovens que hoje são lutadores famosos. Sua beleza latina impressionou o fotógrafo americano Bruce Weber que, em visita ao Rio, em 1985, o fotografou de sungão em frente ao Copacabana Palace e inclui dezoito fotos do bonitão no álbum que fez sobre a cidade. Rickson mora na Califórnia, mas está passando uma temporada no Rio, curtindo a vida de solteiro depois que o seu casamento acabou. Outro dia eu vi na praia do Arpoador tomando sol e observando os surfistas deslizando sobre as ondas. Na praia ele exibia tanto estilo quanto nos ringues: vestia sungão preto, chapéu de palha na cabeça e usava uma canga enrolada no pescoço como um cachecol. Ele estava uma figura. Pena que eu não tinha levado minha câmera fotográfica para a praia. Senão teria feito uma foto que iria deixar o Bruce Weber babando de inveja.
ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU – A vinda do Papa Bento XVI ao Brasil me inspirou a escrever um artigo para minha coluna no site do jornalista Sidney Rezende. O texto é sobre como os valores católicos interferem no caráter do povo brasileiro. A melhor parte da coluna é a reação dos leitores. Um deles chegou a me chamar de jumento. Não é a glória para um colunista?