A GRANDE MÚSICA – O violonista Pinchas Zukerman, um dos maiores do mundo, um gênio do violino, vai tocar no Theatro Muncipal dia 11 de Agosto com a Orquestra Sinfônica Brasileira, sob a regência de Roberto Minczuk. No programa peças de Brahms: O Concerto Duplo para Violino e Violoncelo em lá menor, Op 102; Sinfonia nº 2 em Ré Maior, Op. 73. Certamente será um espetáculo muito aguardado pelos fãs da música de concerto já que o artista é dono de uma bem sucedida carreira recheada de prêmios e recordes, inclusive vinte e uma indicações ao Grammy.
Pinchas Zukerman nasceu em Tel Aviv em 1948, mas logo se mudou para os Estados Unidos, onde teve o seu talento reconhecido com apenas 14 anos. Estudou na Juilliard School e ainda muito jovem foi diretor da Saint Paul Chamber Orchestra. É grande amigo de Daniel Beremboin e de Itzhak Perlman. Foi casado durante treze anos com a atriz Tuesday Weld, mas hoje vive com a violoncelista Amanda Forsyth, uma das integrantes do seu quinteto.
Quem quiser conhecer o trabalho do artista mais de perto terá uma oportunidade única. Haverá um concerto beneficente com a Zukerman Chamber Players, no Copacabana Palace, dia 9 de Agosto. O evento beneficente está sendo promovido pela Beit Lubavitch, uma sinagoga da cidade, e a renda será revertida para a entidade filantrópica Lar da Esperança. Pela módica quantia de US$ 250 qualquer mortal pode colocar seus ouvidos a disposição da maviosa música do senhor Zukerman. O concerto, que promete mobilizar a comunidade judaica do Rio, será seguido de um coquetel com a presença confirmada do gênio da música.
Ano passado o maestro Pinchas Zukerman saiu do tom quando, por medida de segurança, os agentes do aeroporto de Atlanta, nos Estados Unidos, pediram-lhe que tirasse as delicadas cordas de um legítimo Guarnieri del Gèsu de 1742, violino que já foi leiloado por US$ 6 milhões e é tão cobiçado quanto um Stradivarius cremonense. Tenho tido discussões inacreditáveis nos aeroportos, disse Zukerman. Por causa dessa onda de terrorismo os agentes de segurança querem pôr as mãos em objetos que eu mesmo tenho receio em mexer, e, além do mais, é meu trabalho.
A GRANDE MÚSICA – Benjamin Britten foi um dos maiores artistas gays da Inglaterra. Compositor, maestro e arranjador, ele renovou a música de concerto de seu país quando lançou, em 1945, sua obra mais famosa, a ópera Peter Grimes. Após a estréia retumbante, considerada um marco na vida cultural britânica, o crítico Edmund Wilson escreveu: A ópera captura e domina o público e o mantém preso ao assento durante a ação e aprisionado a ela, mesmo durante os intervalos. Ao final ela lhe deixa purgado e exausto. A estréia nos Estados Unidos foi dirigida por Leonard Bernstein. Também compôs música de câmera e trilha sonora de filmes. Foi amigo íntimo do escrito Wynstan Hugh Auden, de quem musicou alguns poemas.
Durante toda a sua vida Britten foi casado com o tenor Peter Pears, seu colaborador, companheiro e amante, interprete de quase toda a sua obra musical. Peter Pears foi um tenor de grande talento, dono de uma voz magnífica, comparada à pureza de um clarim. Quando eclodiu a Segunda Guerra Britten e Spears se mudaram para a América, onde ficaram três anos. Lá o compositor escreveu seu primeiro trabalho dramático, a ópera Paul Bunyan, baseada em um libreto de seu amigo W H Auden. A peça não atingiu o sucesso esperado e ficou no ostracismo por um período de trinta anos. Saudoso de sua pátria, Britten retornou para a Inglaterra, oportunidade em que passou a produzir suas melhores obras. Entre elas vale destacar os cânticos natalinos, um grupo de canções escritas para serem interpretadas pelo seu amado Pears, que Britten batizou de Serenata para Tenor, Trompas e Cordas.
A radio MEC FM ofereceu biscoitos finos aos seus ouvintes e transmitiu uma versão completa da ópera Peter Grimes no último domingo. É uma história densa ambientada no litoral da Inglaterra, num povoado à beira de um precipício. Conta a reação do povo do lugar quando Peter Grimes, um misterioso e ambíguo pescador, retorna ao porto da cidade, depois de uma noite de tempestade, sem o seu assistente, um jovem adolescente. O que teria acontecido em alto mar? Um acidente? Um crime? Uma fatalidade? Enquanto os moradores do povoado questionam e julgam a tragédia o pescador contrata um novo assistente. Ignorando os conselhos do pároco que sugeriu um homem adulto para a função, Peter Grimes contrata um outro adolescente ainda mais novo. Logo que o jovem começa a trabalhar sofre um misterioso acidente. Ele despenca do precipício durante a festa do padroeiro da cidade.
Peter Grimes, mesmo cantada em inglês, é uma ópera belíssima. Só houve uma única montagem no Rio, em 1967, no Teatro Municipal. A ambientação da ópera exige muita imaginação da cenografia. O cenário deve dar a idéia de um povoado à beira de um precipício, com a rua principal, a taberna, a igreja, o porto e a casa do protagonista. Peter Grimes é um papel criado para ser interpretado por um tenor. Capitão Balstrode, um velho oficial da Marinha Mercante, o segundo personagem, tem o perfil de um barítono. E Ellen Orford a beata professora que é dada a intrigas, a soprano.
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