Ricos e poderosos da comunidade judaica do Rio lotaram o Golden Room do Copacabana Palace na noite do violinista Pinchas Zukerman, que se apresentou com o seu quinteto Zukerman Chamber Players. O poder econômico da platéia podia ser medido pela quantidade de seguranças bem vestidos que com seus walk-talkies e detectores de metais se espalhavam pelos corredores do hotel, atentos à chegada dos convidados.
Lá dentro homens engravatados em ternos e casacos e mulheres bem vestidas, cobertas de jóias, reforçavam com sua elegância o aspecto cerimonioso da noite: o concerto de um dos maiores músicos contemporâneos em prol da obra social da sinagoga Beit Lubavitch. Gente rica. Gente muito rica. A riqueza se mostrava estampada na tranquilidade dos semblantes, no brilho dos olhares que quase ofuscam as jóias e nos sorrisos que refletiam uma serenidade de quem tem consciência que foi premiado pela vida.
Os homens ficam lindos quando usam o quipá. E na noite de Pinchas Zukerman a maioria dos homens usavam o quipá, aquele tradicional gorro judeu, em forma de circunferência, utilizado no Judaísmo tanto como símbolo da religião como símbolo de "Temor a Deus". O Talmud enfatiza a necessidade de se ter sempre o temor a Deus sobre nossas cabeças. A maioria dos judeus utiliza o quipá apenas em ocasiões solenes e de devoção, enquanto alguns utilizam-no o dia inteiro, ilustrando a necessidade de se temer a Deus em todos os momentos da vida. Ainda na platéia outros, mais ortodoxos, usavam chapéu, enormes casacos pretos e aqueles cabelos cacheados caindo sobre a orelha. Ou então barbas bem cultivadas. Alguns deles eram jovens e bonitos e essas caracteristicas enchiam de charme e sensualidade a ortodoxia constante de seu visual.
Pinchas Zukerman escolheu, para o programa do concerto beneficente, quintetos de Mozart e Brahms. Aliás, o número cinco parece exercer influência sobre o músico israelense. Seu grupo Zukerman Chamber Players é formado por cinco pessoas: O próprio Zukerman no violino; sua bela mulher Amanda Forsyth, no violoncelo; Jessica Linnebach, no violino; Jetro Marks, na viola; e o indiano Ashan Pillai, também na viola. Os três últimos são ex-alunos de Zukerman, que também é um exigente professor. O grupo foi ovacionado ao final do concerto.
Antes do concerto, porém, um video exibido no telão mostrava as obras sociais da Beit Lubavitch. O Lar da Esperança, localizado na Tijuca, é a principal obra de caridade da Instituição. No video a atriz Betty Goffman dizia que mais de 10% da comunidade judaica do Rio de Janeiro vivia com menos de dois salários mínimos e que, com o apoio dos doadores, o Lar da Esperança atende atualmente cerca de 1.500 pessoas carentes. Na sede do Lar, dezenas de pessoas recebem alimentação kasher, orientação sobre saúde e participam de atividades educacionais e de lazer.
Depois de se extasiar com a música maviosa de Pinchas Zukerman a rica platéia foi se deliciar com o requintado coquetel servido no salão anexo. Taças e mais taças de Veuve Cliquot. Todos os demais tipos de bebidas. E muita comida kasher, petiscos preparados de acordo com os principios religiosos do judaísmo. Para isso havia um rabino na cozinha do hotel, cuidando para que a comida estivesse de acordo com os preceitos da Torá, o livro sagrado dos judeus.
Foi uma noite de muita alegria e clima de confraternização entre as pessoas. Muitos sorrisos, brindes, flertes, gargalhadas, piadas, risadinhas. Sobre o concerto um rico empresário comentou com um grupo de amigos: Por que o Pinchas Zukerman não tocou um bis? Será que nós não pagamos o suficiente? Gargalhadas gerais. As mulheres faziam muitas poses para o fotografo pernambucano Isaac Markman. Na hora do clique elas arrumavam suas jóias, ensaiavam o sorriso e disfarçavam os copos de bebida.
Isaac Markman, um craque da fotografia, clicava todo mundo para as colunas sociais. Personagens da vida social carioca como Leticia Abramoff, Adélia Duek, Rosane Messe, Elizabeth Elman, o empresário bonitão Rogério Chor, dono da construtora CHL, com a mulher Claudia, Bebel Klabin, Any Kimelblat, Alberto e Doris Serfaty, Lilian e Monis Patchoully, Mauro e Ester Liberman, Jane Rose e Inacio Klarnet, Sonia e Eduardo Chalfin, além do rabino Goldman, promotor da noite.
Champanhe, champanhe, champanhe...
Pinchas Zukerman foi ao coquetel, mas não ficou muito tempo. Tomou uma taça de champanhe, posou para fotos com algumas pessoas, entre elas a jornalista Lenke Pentagna, que ele puxou pelo braço dizendo que queria mesmo fazer uma foto ao lado dela. Quando recebeu um elogio sobre o concerto disse que tinha orgulho de seus músicos e que gostava muito do que fazia. Apontou o violonista Jethro Marks e disse que ele também era um exímio tenista. Sobre o repertório do concerto beneficente o violinista disse:
Os quintetos de Mozart e Brahms foram compostos no fim da vida dos compositores. O quinteto de Mozart é contido, intimista e refletivo. É um momento de reflexão, de várias indagações, preocupações e também respostas artísticas inventivas. Já o de Brahms é muito exuberante, vivo e extrovertido. Cheio de tema populares, uma homenagem à alegria do homem. O ser humano precisa sempre destes dois momentos: a reflexão e a alegria.
Mas Zukerman não ficou muito tempo no coquetel. Logo ele chamou seus músicos e foram jantar no Cipriani, o restaurante em frente a piscina do hotel. Estou um pouco cansado e amanhã eu tenho ensaio com a orquestra do Municipal. Prefiro ficar um pouco sossegado com meus músicos, justificou ele.
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