EUCLYDES MARINHO E AS MULHERES – O roteirista de TV Euclydes Marinho estreou em grande estilo no cinema com Mulheres Sexo Verdades Mentiras. Muito mais que uma homenagem, o filme do Euclydes é uma celebração à mulher. É um canto de amor às mulheres e a maneira delas entenderem o mundo. Depois de ter visto o filme cheguei à conclusão que só o Euclydes poderia ter contado aquela história. Afinal, de todos os homens que já conheci na vida, Euclydes é o que, realmente, mais gosta das mulheres. E isso não tem nada a ver com o falto dele ser heterossexual. Tenho vários amigos que são heterossexuais e detestam as mulheres, apesar de se sentirem sexualmente atraídos por elas. O caso do Euclydes é diferente. Ele se sente sexualmente atraído pelas mulheres, mas, ao mesmo tempo, ele também gosta delas. Gosta da companhia, gosta de cuidar, gosta das coisas que elas fazem e, acima de tudo, tem muita paciência com elas. E paciência é a palavra chave para lidar com as mulheres.
O filme conta a história de uma cineasta que está dirigindo um documentário sobre o que as mulheres pensam do sexo. Ao mesmo tempo em que mostra os depoimentos reais encenado por atrizes, o filme conta a história da cineasta vivida por Júlia Lemmertz, e como a realização daquele trabalho está interferindo na sua vida pessoal. Tudo filmado com muita leveza, muita graça. Num tom que oscila entre o Trauffaut e o Almodóvar.
As mulheres dizem coisas geniais sobre sexo e sobre o que elas esperam do sexo. Falam sobre o que elas querem e o que consideram ideal. E falam sobre os homens, é claro. Falam muito de pau. Portanto, quem gosta de pau, não deve perder esse filme. Numa determinada cena o personagem da Priscilla Rozembaum diz para uma amiga: “Eu adoro saco. O saco tem vida própria...” O filme é muito divertido. Tem um humor saudável. E uma pureza impressionante. Acho que isso é o que é mais bacana do filme: fala de sexo com pureza.
A paixão do Euclydes Marinho pelas mulheres é lendária. Ele já namorou algumas das mulheres mais interessantes do Rio de Janeiro. Quando eu o conheci ele era casado com Cristine Nazaré, uma mulher adorável, atriz e roteirista, que hoje mora em Los Angeles. A atriz Patrycia Travassos, que é uma mulher moderna, feminista no bom sentido, quando quis ter seu filho escolheu o Euclydes, a despeito dele ser casado com sua grande amiga Cristine. E isso não interferiu em nada na amizade das duas.
O fascínio de Euclydes pelas mulheres começou cedo. Quando tinha apenas dezesseis anos, um menino ainda, Euclydes largou sua vida hedonista na zona sul do Rio, para viver num sítio em Mauá com a atriz Odete Lara, na época uma deusa do sexo do cinema brasileiro. Ele já fez a felicidade de mulheres como Amora Mautner, Denise Bandeira e Graça Motta. Todas o amam de paixão e falam dele com carinho e ternura, mesmo depois dos casamentos já terem acabado. Até a mal humorada Maria Carmem Barbosa já namorou o Euclydes. Aliás, só o bondoso Euclydes para saciar a voracidade da ninfomaníaca Maria Carmem.
Renata Sorrah foi outra grande paixão do Euclydes Marinho. Ele não conseguiu resistir ao charme nem ao carisma da grande diva do teatro brasileiro. A doce e bela Renata viveu um romance com o escritor. A relação amorosa também rendeu uma parceria artística. Euclydes dirigiu Renata na peça Shirley Valentine, o único monólogo da carreira da atriz. Rainha dos palcos, ela esteve brilhante no papel de uma dona de casa comum, com marido e filhos, que um dia decide pirar e mandar o seu mundo certinho às favas. E o apaixonado diretor, tendo a atriz só para ele, soube tirar o máximo da estrela. Foi um espetáculo inesquecível.
Lilibeth Monteiro de Carvalho, a empresária, uma das diretoras do Grupo Monteiro Aranha, personalidade mágica do society carioca, também foi uma das paixões do Euclydes. Lilibeth estava na platéia do cine Estação Ipanema por ocasião da exibição do filme durante o Festival do Rio. “Eu não podia deixar de vir assistir ao seu filme”, disse ela carinhosa, depois de dar um beijo no diretor.
GUS VAN SANT E OS ADOLESCENTES – A exibição de Paranoid Park lotou a sala do Estação Ipanema de skatistas. A garotada estava excitada com a possibilidade de assistir ao filme que parece ter sido feita para sua tribo. Paranoid Park é sobre jovens que andam de skates. Por conta disso o filme é recheado de cenas com garotos bonitinhos mostrando suas habilidades em cima de suas pranchas sobre rodas. Tem cenas belíssimas das manobras radicais dos teens em câmera lenta, sublinhadas com as magníficas trilhas sonoras de filmes de Fellini. Acreditam que Gus Van Sant fez isso? Filmou garotos andando de skate ao som dos temas que Nino Rota compôs para clássicos como Amarcord e Julieta dos Espíritos. Talvez por isso o filme tenha sido premiado em Cannes.
O universo adolescente é uma obsessão na cinematografia do premiado Gus Van Sant. Seus filmes sempre mostram jovens mal saídos da infância, com aquele desabrochar da beleza que a idade induz, vivendo situações barra-pesada. O jovem protagonista de Paranoid Park mata um homem acidentalmente com seu skate perto do lugar que dá titulo ao filme. E sua vida entra num turbilhão por causa disso. O diretor se aproveita desse plot para praticar um exercício de paixão pela adolescência. E celebrar a eternidade que a juventude inspira.
Os personagens de Paranoid Park têm o mesmo distanciamento do mundo real que os personagens de My own private Idaho, o clássico com os meninos Keanu Reeves e River Phoenix se prostituindo para sobreviver. Todos vivem alheios ao mundo trágico que os cerca. Também são assim os adolescentes do filme Elefante, ganhador da Palma de Ouro, que conta o drama dos alunos fuzilados por dois colegas numa escola americana. Na cinematografia de Van Sant há uma nostalgia da juventude, como se ele estivesse sempre querendo viver naqueles tempos que não voltam mais.
RANDY COUTURE E OS ADVERSÁRIOS – Um documentário sobre lutas de Vale-Tudo foi uma das atrações do Festival do Rio. O personagem central do filme é o atleta Randy Couture, conhecido como “The natural”, campeão de lutas greco-romana dos EUA que se tornou um dos mais famosos lutadores de MMA-Mixed Martial Arts, que no Brasil é conhecida como Vale Tudo. Entrevistas de Randy e de seu treinador Rico Chiaparelli são intercaladas com sequências de lutas e cenas dos bastidores dos torneios. O depoimento de adversários, assim como da mulher e da filha de Randy complementam o filme. A participação do brasileiro Vitor Belfort é um dos momentos cruciais do documentário, já que a vitória de Randy sobre Vitor é o ponto alto da carreira do americano. O filme mostra várias seqüências da luta, com Randy explicando as técnicas que usou para desestabilizar o brasileiro. A luta entre Randy e Vitor foi tão voraz que, num determinado momento, o brasileiro rasgou o sungão do adversário. Ainda bem que ele estava usando uma sunga vermelha por baixo.
O filme é interessante para os fãs de torneios de artes marciais. Mas não é um filme definitivo sobre o tema. Pelo contrário. O mundo das artes marciais ainda tem muito a ser explorado pela mídia e pelo cinema. Nossos cineastas podiam aproveitar que alguns dos maiores nomes desse esporte são brasileiros e levar esse tema para as telas. O Vale tudo ainda pode render bons filmes.
O GENERAL MARCO AURÉLIO E OS PARAQUEDISTAS – O filme de Evaldo Morcazel, Brigada Pára-Quedista é bem produzido e mostra o cotidiano do Grupamento de Pára-quedistas do Exército. São cenas de treinamentos na selva, exercícios físicos e provas de resistência. Tudo a que se submetem os soldados que buscam a glória de ser um PQD. O filme também exibe belas seqüências de saltos de pára-quedas e o depoimentos de soldados contando da emoção que sentiram.
O filme é narrado pelo General Marco Aurélio, do Estado Maior da Forças Armadas. É ele que, como um Mestre de Cerimônias, apresenta ao espectador o quartel, os soldados e os valores cultivados pelo exército. Charmoso e carismático, o General Marco Aurélio dá um depoimento muito interessante sobre a vida brasileira. Fala dos objetivos específicos das Forças Armadas. E o quanto a instituição sofre com o preconceito e o revanchismo, conseqüências da ditadura militar. Ele dá ênfase ao fato que muitos ainda julgam o exército de hoje pelos militares da época da ditadura visando diminuir a importância dos militares. Fala com muita propriedade e serenidade das questões relativas a Segurança Pública. Demonstra ter muito mais entendimento dos problemas do país que a maioria dos políticos pilantras que andam saqueando o Brasil.
Viva Caxias!
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