CINEMA É A MAIOR DIVERSÃO - Foi o prêmio mais justo da noite. Ao mesmo tempo, a maior surpresa. A atriz francesa Marion Cotillard ganhou o prêmio de melhor atriz do ano por sua atuação em Piaf. Foi a consagração definitiva para essa que é uma das maiores performances da história do cinema. Daniel Day Lewis, mesmo estando exagerado e excessivo em Sangue Negro, ganhou o prêmio de melhor ator. O melhor roteiro original foi para a estreante Diablo Cody pelo filme Juno. Os irmãos Joel e Ethan Coen ganharam melhor roteiro, diretor e filme por Onde os fracos não têm vez.
Onde os fracos não têm vez e Sangue negro, os grandes premiados da noite, são filmes fracos. Muito melhor que eles é o thriller A identidade Bourne, ganhador de 3 prêmios técnicos, melhor som, edição de som e montagem. Ou Desejo e reparação, premiado apenas em trilha sonora. O filme dos irmãos Coen tem bons momentos, começa bem, tem cenas bem dirigidas, uma bela atuação de Javier Bardem, mas não é o melhor trabalho dos Coen. O Quentin Tarantino já conseguiu melhores resultados com esse tipo de filme no seu Pulp Fiction. Por outro lado, o filme só deveria ter ganhado o prêmio de melhor roteiro adaptado se os brothers explicassem ao público qual a função do personagem de Woody Harrelson na trama.
Sangue negro é uma mentira do começo ao fim. Não dá para levar a sério um filme que se sustenta na canastrice premiada de Daniel Day Lewis. O desempenho do ator está exagerado e isso foi confundido com talento. O roteiro tira o filme do nada e o leva ao lugar nenhum. A fotografia insossa ainda faturou um Oscar. E a direção do Paul Tomas Anderson é medonha. Alguém devia proibir esse diretor de fazer filmes. Teria sido deprimente assistir a premiação de uma safra tão fraca de filmes se o show não tivesse sido tão bem produzido. A festa de entrega do Oscar foi um espetáculo muito mais completo do que foram os principais filmes premiados. É que, como o Oscar estava completando 80 anos, foi feita uma retrospectiva dos grandes momentos da festa nos últimos 79 anos. E essa foi a melhor parte do show. Teve desde Julie Andrews recebendo o prêmio em 65, até Elton John sendo premiado pela música de O rei leão. Mostrou Marlon Brando agradecendo o Oscar por Sindicato de ladrões. E mais Robert de Niro, John Wayne, Sophia Loren, Frank Sinatra, Shirley Mac Laine e muitos outros. Num dado momento o programa exibiu um clipe inteiro com os 79 filmes premiados com o Oscar de melhor filme.
A transmissão pela TV foi polêmica. Quem pôde assistir pelo canal TNT teve uma excelente cobertura da festa, com direito até a boas cenas do tapete vermelho na entrada do teatro. Mais os desafortunados que não têm TV a cabo e ficaram na dependência da Globo foram obrigados a abrir mão de boa parte do show. A emissora deixou de apresentar cerca de 20 minutos da festa do cinema para transmitir o Big Brother Brasil. Com a desculpa de que os primeiros prêmios eram técnicos a Globo optou por mostrar o delírio de seu reality show.
É uma pena que a emissora tenha feito essa opção já que, em anos passados sempre apresentou a premiação integralmente. Prêmios técnicos? O que seria do cinema (e da TV) sem o pessoal da maquiagem, dos figurinos e dos efeitos especiais? Os cinéfilos não tiveram o direito de assistir às premiações de figurino (Elizabeth: A era de ouro), filme de animação (Ratatouille), maquiagem (Piaf), efeito especial (A bússola de ouro), direção de arte (Sweeney Todd) e curta metragem (Le Mozart des pickpockets). Durante a premiação de Javier Bardem, melhor coadjuvante masculino, a emissora entrou no ar às pressas, para não deixar de exibir um dos prêmios mais aguardados da noite. Caso houvesse esse prêmio, a Globo não mereceria ganhar o Oscar de melhor transmissão.
A relação dos premiados:
MELHOR FIGURINO: Elizabeth: A Era de Ouro
MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO: Ratatouille
MELHOR MAQUIAGEM: Piaf - Um Hino ao Amor
MELHOR EFEITO ESPECIAL: A Bússola de Ouro
MELHOR EDITOR DE ARTE: Sweeney Todd
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Javier Bardem
MELHOR CURTA-METRAGEM: Le Mozart des Pickpockets
MELHOR ANIMAÇÃO CURTA-METRAGEM: Peter and the Wolf
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Tilda Swinton
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: Onde os Fracos Não Têm Vez
MELHOR EDIÇÃO DE SOM: O Ultimato Bourne"
MELHOR MIXAGEM DE SOM: O Ultimato Bourne
MELHOR ATRIZ: Marion Cotillard
MELHOR EDIÇÃO: O Ultimato Bourne"
MELHOR FILME ESTRANGEIRO: The Counterfeiters" (Stefan Ruzowitzky - Áustria)
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL: Falling Slowly (Do filme "Once")
MELHOR FOTOGRAFIA: Sangue Negro
MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL: Desejo e Reparação (Dario Marianeli)
MELHOR DOCUMENTÁRIO CURTA-METRAGEM: Freeheld
MELHOR DOCUMENTÁRIO: Taxi to the Dark Side
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: Juno
MELHOR ATOR: Daniel Day-Lewis
MELHOR DIRETOR : Ethan e Joel Coen ("Onde os Fracos Não Têm Vez)
MELHOR FILME: Onde os Fracos Não Têm Vez
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