EU ESTAVA LÁ – No dia seguinte ao jogo do Fluminense pela decisão da Taça Libertadores das Américas eu não consegui levantar da cama. Não consegui sair à rua. Fiquei num terrível estado de prostração. Só agora, dias depois, estou conseguindo falar sobre a noite da última quarta-feira. Foi ensurdecedor o silêncio que se abateu sobre o Maracanã no momento em que o jogo acabou. Os torcedores não xingaram o time, não se rebelaram, não quiseram agredir os adversários. Apenas ficaram em silêncio. E começaram a sair do estádio em estado de choque. E naquele instante, mais do que nunca, senti o maior orgulho de ser torcedor do Fluminense. Flusão! Flusão! Flusão! Minha alma gritava no vazio do silêncio que se espalhou pelas cadeiras e arquibancadas do velho Maraca. A vida é assim. Nem sempre as coisas acontecem como sonhamos. Foi isso que pensei quando vi um rapaz paramentado com as cores do time se deitar sobre as cadeiras, abandonando o seu corpo de qualquer jeito, como se o peso da frustração o tivesse deixado sem forças. A expressão de tristeza e frustração era tão forte, tão clara, que era impossível não sentir pena do coitado. Havia lágrimas em tantos rostos. E sempre lágrimas silenciosas, dramáticas, mas contidas.
Mas nem tudo é frutração no mundo do futebol. Meu time de infância, o Sport Clube de Recife, foi campeão do Brasil!
O MUNDO DE LEUDA – Ela é uma rainha do lar. Lava, passa, arruma a casa e cozinha com mãos de fada. Seus serviços domésticos são disputados por importantes personagens da vida carioca. Seu nome é Leuda. Muito jovem ela saiu do Ceará para tentar a vida no Rio de Janeiro e, desde então, tem feito uma brilhante carreira como empregada doméstica. Enquanto cuida da casa, limpa os tapetes, encera o piso ou lava a louça, Leuda costuma fazer a cabeça dos seus patrões. Excelente observadora da política brasileira, Leuda não costuma deixar pedra sobre pedra quando opina sobre as grandes estrelas da política brasileira do nosso tempo. “Os políticos brasileiros só pensam em roubar”, costuma dizer. Pois bem. Essa operária brasileira anda furiosa com o Ciro Gomes desde que ele declarou que “Fortaleza é um puteiro a céu aberto”. Indignada, ela protestou enquanto preparava o almoço do seu patrão: “Será que Ciro estava pensando na mãe dele quando disse esse absurdo?”
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