TEATRO QUASE SEMPRE – No dia em que o teatro brasileiro tomou um choque com a morte do ator Fernando Torres, o palco carioca viveu momento de raro esplendor com a estréia da peça Monstra, monólogo escrito e interpretado por Patrycia Travassos, sob a direção de Jorge Fernando. “O show deve continuar”, o tradicional lema dos trabalhadores de artes e espetáculos, deu o tom da estréia da peça, que reuniu na platéia nomes importantes do teatro e da TV. “A Fernanda Montenegro deve estar arrasada. Eles eram casados desde 1952”, dizia a promoter Ivone Kassu, com a voz chorosa, enquanto recebia os convidados da Produção. “A entrada do prédio onde eles moram está cheia de paparrazzis”, lamentava Kassu conversando com artistas como Claudia Ohana, Maria Zilda, Regina Casé, Zezé Polessa, Mel Lisboa, Daniel Alvim, Marcus Alvisi, Duse Nacarati, Fernanda Abreu, Gilberto Grawonski, Paula Burlamaqui, Rubens Araújo, Gilvan Nunes, Liminha, Luiz Carlos Góes, Juliana Alves, Gianne Albertoni, Virginia Cavendish, Arlete Salles. E mais Maria Fortuna, Carlos Tufvesson, André Piva, Macksen Luiz, Roger Levy, Bianca di Fillipes e tantos outros.
Ao mesmo tempo em celebrava algo que é mágico para quem faz teatro, a estréia, a classe artística lamentava a morte de Fernando Torres, pela sua importância como artista, mas, principalmente, por ele ser marido e pai de dois ícones do teatro brasileiro, Fernanda Montenegro e Fernanda Torres. “Se pudesse eu colocaria a Fernanda Montenegro numa redoma e não permitiria que nada de desagradável lhe acontecesse”, dizia o diretor Marcus Alvisi, emocionado.
Lúcia Freitas, dona do Teatro dos Quatro, disse como soube da morte do ator. Sergio Britto ligou para ela e, chorando, contou da morte do amigo. Por causa disso, a peça que Sérgio estava ensaiando para estrear em Dezembro naquele teatro deveria ser adiada para Março do ano que vem. A peça em questão chama-se Simone e Sartre. Não precisa dizer que o texto é sobre Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir. Sergio Britto será Sartre. E Fernanda Montenegro será Simone.
A despeito do pesar pela morte de Fernando Torres a estréia da peça foi uma noite de muita alegria. Para todos os presentes o início de uma temporada teatral, por si só, já é uma celebração da vida. Monstra é uma peça alegre, que celebra o teatro, seus truques e magias. Um espetáculo inteligente, sofisticado e deliciosamente subversivo. Patrycia Travassos constrói um divertido tratado sobre a condição feminina através da observação desse que é um dos maiores fantasmas existenciais da mulher: o homem que não telefona. A protagonista da peça faz mil loucuras porque o bofe que lhe prometeu dar um telefonema simplesmente não liga. Depois de perturbar meio mundo com sua carência ela descobre que ele tinha telefonado sim, mas a empregada havia esquecido de dar o recado. É na observação desse episódio que a autora faz seu irreverente discurso feminista.
A platéia se divertiu a valer com a performance da atriz e escritora. Também na platéia um animado grupo de colegas da novela Os Mutantes da Rede Record. Gisele Policarpo e Rafaela Mandelli, que fazem as filhas de Irma (personagem de Patrycia). E mais Cláudio Heinrich, Tuca Andrada, Gabriel Braga Nunes, Fernanda Nobre, Felipe Folgosi, Perfeito Fortuna e Angelo Paes Leme, que foi com a noiva Anna Sofia Folch com quem, dali a dois dias estaria casando.
No coquetel que se seguiu a estréia Cláudio Heinrich contou que já está produzindo seu primeiro curta-metragem, As aparências enganam, que vai ter Rocco Pitanga no papel principal. Heinrich, que é formado em jornalismo, agora estuda cinema e pretende ser diretor. O ator também falava muito do Danilinho, seu personagem na novela Os Mutantes. “Pensei que todo mundo na rua ia ficar me sacaneando por que meu personagem é gay, mas acontece exatamente o contrário. As pessoas me tratam com o maior carinho. É o meu personagem mais popular”.
Já Angelo Paes Leme devotava todo seu entusiasmo ao sucesso do filme Os Desafinados. "Estou muito orgulhoso de ter feito esse filme", dizia ele, andando de um lado para o outro, o que provocou o comentário do Claudio Heinrich: "Fica calmo, cara, já tá chegando a hora do casamento. É depois de amanha".
O diretor Marcus Alvisi animado com seu novo projeto: vai dirigir Luiz Fernando Guimarães na peça Dentro da noite, de João do Rio. O próprio Alvisi já havia montado esse espetáculo, quatro anos atrás, dentro da Livraria Dantes, no Leblon. Dentro da noite é uma adaptação de três contos do cronista carioca. Teatro é a melhor diversão?
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