5.12.09


Nunca devemos esquecer que arte não é uma forma de propaganda, é uma forma de verdade.

DEZEMBROO artista plástico Gilvan Nunes está em grande fase. Talvez o melhor momento da sua vitoriosa carreira. No próximo dia 10 de Dezembro ele inaugura exposição em Brasília. Quatro dias depois vai expor sua produção mais recente na Galeria Patrícia Costa, no Shopping Cassino Atlântico, no Rio de Janeiro. Privilegiado que sou, tenho visitado seu ateliê e acompanhado de perto a construção do seu trabalho. Gilvan é um sujeito agitado, debochado e bem humorado. Suas telas tem um colorido festivo que apresenta uma instigante harmonia dentro de um universo caótico. A influência de temas religiosos se faz presentes nas montagens que realiza com azulejos. É criativo e desconcertante. Mas, sua mais recente descoberta como artista são as intervenções que realiza em vasos de porcelana. São trabalhos belíssimos. Pinturas e apliques que realiza em vasos brancos, conseguindo efeitos de surpreendente beleza. A série de vasos estará presente na exposição da Galeria Patrícia Costa, que terá a curadoria do exigente crítico de arte Fernando Cocchiarali. Vale a pena ir até a galeria admirar os trabalhos de Gilvan Nunes.


O ateliê de Gilvan fica numa sossegada rua de Copacabana. Seus trabalhos estão espalhados por todos os lugares. Trabalhos já concluídos. Trabalhos em fase de execução. Às vezes, enquanto conversamos, ele executa pinceladas em suas telas. Os temas de nossas conversas podem ser alguns dos nossos amigos comuns, um filme que assistimos, algum fato de relevância na política ou casos curiosos de sua infância no interior de Minas. É engraçado observar o processo criativo do artista. De repente, depois de falar com entusiasmo sobre um assunto qualquer, ele olha para a tela e diz: “Acho que está faltando algo no canto esquerdo desse quadro”. Então ele pega o pincel e cria algo no lugar onde sentiu a ausência de uma imagem. Realiza seu trabalho e depois continua conversando normalmente. Noutra situação ele nota uma cor que não está de acordo com o que imagina e logo se manifesta. “Esse vermelho está muito escuro, preciso clarear um pouco”. E assim, acrescentando um detalhe aqui e outro acolá ele vai definindo a arte que vai apresentar ao mundo.

Gilvan Nunnes tem uma galeria na Internet. Veja seus belos trabalhos em
http://www.gilvannunes.com.br/





POEMASConceição Rios vai lançar Confluência, seu livro de poemas, no próximo dia 8, na Livraria Ponte de Tábuas, no Jardim Botânico. Conceição é uma grande figura. Uma mulher adorável que canta divinamente. Ela poderia ter sido uma grande estrela da MPB, mas nunca levou a sério sua carreira de cantora. Sempre teve muito trânsito dentro da MPB. Foi grande amiga de Cazuza, que ela chamava carinhosamente de Caju. Cazuza adorava Conceição, que também sempre foi grande amiga de Bebel Gilberto. A grande amizade só ficou estremecida no período em Canceição foi casada com o pai da Bebel, João Gilberto. Pois é. Certa vez João Gilberto ouviu uma voz maviosa, incrivelmente afinada, cantando Lua Estrela, no quarto da filha. Atordoado com aquela voz se aproximou e descobriu que era Conceição, a amiga de sua filha. O papa da bossa nova se apaixonou perdidamente e os pombinhos tiveram um romance durante dois anos. Não é lindo, o amor? Conceição sempre foi uma moça chique e discreta. Nunca fez alarde desse romance, nem nunca quis seguir a carreira de cantora. Ela gosta de cantar apenas para os amigos e familiares. Nos últimos tempos Conceição tem se apresentado, com sucesso, em recitais de poesia. Ela recita muito bem poesias de Drummond e Antônio Cícero. A convivência com a produção dos grandes poetas a estimulou a escrever seus próprios poemas, que agora ela reuniu no livro que está lançando. Os poemas Cais e Fast Love fazem parte do livro.



Cais

Quando o mar veio esbarrar na vida,
pouca gente ainda estava no cais.

Não havia mais por quem chorar os sais.
A espuma virou névoa.
A brisa congelou a relva.
O som do navio fantasma
fazia as casas balançarem.

Não era o balanço do mar.
Não era o vai-e-vem de amar.
Não era onde se queria estar.


Era o único lugar.







Fast Love


Descarto você da minha vida,
como página de mês virado
de um calendário qualquer.


Descarto você da minha vida,
como se não fosse homem e eu mulher.


Descarto você da minha vida,
para que possa em paz
fazer o que quer.

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