14.7.10


Pense profundamente. Fale gentilmente. Ame bastante. Ria freqüentemente. Trabalhe com afinco. Dê com generosidade. Pague pontualmente. Ore fervorosamente. E seja bom!



PORTAL DO VALE TUDO – Fabrício Werdum é um dos craques das artes marciais do Brasil. Em junho passado ele fez história quando, durante a edição do UFC, finalizou o lutador russo Fedor Emelianenko. A luta entre os dois foi bem rápida. Durou apenas o emblemático tempo de 69 segundos. Para aniquilar seu oponente o brasileiro Werdum aplicou um singelo golpe conhecido como triângulo. Os bastidores da luta entre Werdum e Fedor é o destaque da útlima edição da revista digital Portal do Vale-Tudo, editada pelo craque Marcelo Alonso. Werdum é um craque das artes-marciais. Eu já tive a oportunidade de vê-lo lutando num campeonato de Jiu-Jitsu, no Tijuca Tênis Clube. Com seu texto cheio de charme, Marcelo Alonso traça um perfil cheio de charme do lutador e conta, entre outras coisas, que Werdum só se refere ao órgão sexual masculino como “querido”. Não é um fofo?


Marcelo Alonso é o sujeito que mais entende de artes marciais no Brasil. Lançou a revista Tatame, que editou durante quinze anos. Viajou para quase o mundo inteiro para cobrir campeonatos. Tem viajado regularmente para os Emirados Árabes a fim de acompanhar o crescimento do Jiu-Jitsu no reino do petróleo. Agora ele se dedica exclusivamente a revista digital do Portal do Vale Tudo, onde publica seus textos saborosos e suas fotos magníficas.

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AS MIL E UMA NOITES – Num lindo dia de sol em Ipanema encontro meu amigo Alexandre Garcez, ou Xande, como os amigos gostam de chamá-lo. Xande está há mais de um ano morando nos Emirados Árabes. Ele é um dos oitenta professores brasileiros que foram contratados pelo Sheik para ensinar jiu-jitsu nas escolas públicas do seu país. Curtindo o sol do seu Brasil tropical, um copo de cerveja na mão, ele aproveita as quatro semanas de férias a que tem direito. “Lá nos Emirados é ilegal beber cerveja, não existem bares, nem vende cerveja nos supermercados. Só os hotéis cinco estrelas é que vendem cerveja para os turistas”, conta ele. Mas diz que está muito feliz com seu trabalho, ganhando um belo salário em dólares, mais moradia paga pelo governo, além de passagem de avião para vir passar férias no Brasil.


Além dos oitenta alunos já contratados, o Sheik pretende contratar mais quarenta. Todos brasileiros. Ele quer que todos os alunos das escolas públicas dos Emirados tenham aulas de Jiu-Jitsu, arte marcial que o Sheik aprendeu com a família Gracie, quando estudava na Universidade da Califórinia. De volta ao seu país, o Sheik fez questão de difundir essa técnica de defesa pessoal entre o seu povo. É algo tão revolucionário na cultura árabe, que até algumas mulheres já estão aprendendo Jiu-Jitsu.


Eu fico pensando na influência que o jeito de ser do povo brasileiro vai exercer nas futuras gerações dos cidadãos árabes. Afinal, cada lutador brasileiro dá aulas para cerca de 100 alunos, crianças e adolescentes. Em nossa conversa sob o sol escaldante da praia de Ipanema, Xande contou histórias bem divertidas sobre como os brasileiros conseguem driblar os rígidos padrões morais do mundo árabe. “Lá ninguém mija no meio da rua, só os brasileiros.” Mas, a maior de todas as dificuldades, é com as mulheres. Os homens não podem se dirigir às mulheres, nem conversar, muito menos azarar. “A gente se vira com as mulheres estrangeiras. Em Dubai tem muita gente de outros países, então dá pra ir nas boates dos hotéis e ficar paquerando as mulheres. Mas ninguém pode beijar na boca em público. Se um casal se beijar na boca numa boate, o segurança vai lá e separa. É uma loucura. Ainda bem que eu estou namorando uma alemã.”


Alexandre é um talento das artes marciais. A primeira vez que eu fui na casa dele fiquei impressionado com a quantidade de medalhas que havia nas paredes do seu quarto. Muitas e muitas medalhas. A maioria adquirida em vitórias de torneios de judô. Ele é um super faixa-preta em judô, já foi professor do Flamengo e deu aulas em várias academias. Ainda bem jovem se tornou faixa-preta e só então passou a se dedicar ao Jiu-Jitsu e se tornou um expert nas duas modalidades. Em suas férias no Rio Xande pretende matar as saudades dos amigos, tomar cerveja no Zig-Zag, seu bar favorito, curtir muitos shows de pagode (ele adora pagodes) e se esbaldar na praia de Ipanema. “Eu estava com muita saudade de ver essas coisas”, disse ele com os olhos brilhando de ternura e sensualidade quando duas garotas, em minúsculos biquines, se banhavam num chuveiro perto da barraca onde estávamos. “Eu já viajei por muitos lugares do mundo e posso assegurar uma coisa: não existe lugar como o Brasil.”

(Fotos: Waldir Leite)

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