O LIVRO É O MELHOR AMIGO DO HOMEM – O escritor pernambucano Raimundo Carrero acabou de receber o Prêmio São Paulo de Literatura pelo seu romance A minha alma é irmã de Deus, uma história sobre pobres e miseráveis que se deixam levar pelo fanatismo religioso. Foi uma premiação mais que merecida. Raimundo é um escritor brilhante. Da mesma linhagem de autores nordestinos que já rendeu a literatura brasileira nomes como José Lins do Rego e Raquel de Queiroz.
Conheci a literatura de Raimundo Carrero ainda adolescente. Eu tinha dezesseis anos e morava em Recife quando a jornalista Wilma Lessa me apresentou o primeiro livro desse autor. Ela era uma grande amiga e nós estávamos bebendo cerveja no seu apartamento na cobertura do Edificio Apolo. Tínhamos bebido bastante enquanto conversávamos sobre livros e autores, um dos temas favoritos de nossas longas conversas. Foi então que ela se dirigiu a sua estante, pegou um livro e me disse num tom incisivo e definitivo: “Você tem que ler esse livro!”.
A história de Bernarda Soledade – A tigre do sertão.
Era esse o nome do livro que eu peguei nas mãos, enquanto ouvia sua voz rouca, com um irresistível sotaque paulista, repetindo com veemência: Esse escritor é genial! Brilhante! Bernarda Soledade é o melhor livro que li desde Pedro Páramo! Ela comparava o livro de estréia de Carrero com o clássico da literatura mexicana Pedro Páramo, de Juan Julfo, que ela já tinha me apresentado meses antes.
Eu tinha lido Pedro Páramo e ficado muito impressionado com o livro. A história, os personagens, o tom barroco com que a história era narrada. Foi uma descoberta e tanto. E o fato de Wilma Lessa ter me apresentado aquele livro fez com que eu ficasse ainda mais admirado por sua inteligência. Ela era uma mulher bela e intelectualmente estimulante. Imediatamente li A história de Bernarda Soledade e fiquei apaixonado pelo livro. No frescor dos meus dezesseis anos a leitura daquele livro fez com que um mundo novo se descortinasse à minha frente. O modo inteligente e sensível como o autor manipulava as palavras me deixou maravilhado. Dias depois nos encontramos no Mustang, nosso bar favorito, que todo mundo chamava de Mustangay, e eu lhe disse o quanto tinha adorado Bernarda Soledade. E tomamos mais um porre enquanto discutíamos a história, a narrativa, os personagens, a força das palavras contidas no romance. Havia um afinidade intelectual muito grande entre a gente e isso marcou essa época da minha vida.
Por conta dessas lembranças de adolescente é que eu vibrei muito com a vitória do escritor Raimundo Carrero. Para mim foi como uma homenagem póstuma a bela e culta Wilma Lessa. Sempre que surge o nome do Raimundo Carrero eu me lembro com saudade e ternura de Wilma Lessa. Lembro do seu rosto maquiado e dos seus brincos, anéis e pulseiras pegando o livro Bernarda Soledade na estante e me intimidando com a voz carregada de paixão: Você tem que ler esse livro!. Enquanto a trilha sonora do filme Borsalino tocava na vitrola, ela pegou o livro da minha mão e ficou lendo trechos que escolhia com a segurança de quem já tinha lido aquilo várias vezes. Wilma lia os trechos do romance, adquiria uma expressão dramática no rosto e repetia cheia de tesão: Não é incrível isso? Não é maravilhoso esse autor?
Conheci a literatura de Raimundo Carrero ainda adolescente. Eu tinha dezesseis anos e morava em Recife quando a jornalista Wilma Lessa me apresentou o primeiro livro desse autor. Ela era uma grande amiga e nós estávamos bebendo cerveja no seu apartamento na cobertura do Edificio Apolo. Tínhamos bebido bastante enquanto conversávamos sobre livros e autores, um dos temas favoritos de nossas longas conversas. Foi então que ela se dirigiu a sua estante, pegou um livro e me disse num tom incisivo e definitivo: “Você tem que ler esse livro!”.
A história de Bernarda Soledade – A tigre do sertão.
Era esse o nome do livro que eu peguei nas mãos, enquanto ouvia sua voz rouca, com um irresistível sotaque paulista, repetindo com veemência: Esse escritor é genial! Brilhante! Bernarda Soledade é o melhor livro que li desde Pedro Páramo! Ela comparava o livro de estréia de Carrero com o clássico da literatura mexicana Pedro Páramo, de Juan Julfo, que ela já tinha me apresentado meses antes.
Eu tinha lido Pedro Páramo e ficado muito impressionado com o livro. A história, os personagens, o tom barroco com que a história era narrada. Foi uma descoberta e tanto. E o fato de Wilma Lessa ter me apresentado aquele livro fez com que eu ficasse ainda mais admirado por sua inteligência. Ela era uma mulher bela e intelectualmente estimulante. Imediatamente li A história de Bernarda Soledade e fiquei apaixonado pelo livro. No frescor dos meus dezesseis anos a leitura daquele livro fez com que um mundo novo se descortinasse à minha frente. O modo inteligente e sensível como o autor manipulava as palavras me deixou maravilhado. Dias depois nos encontramos no Mustang, nosso bar favorito, que todo mundo chamava de Mustangay, e eu lhe disse o quanto tinha adorado Bernarda Soledade. E tomamos mais um porre enquanto discutíamos a história, a narrativa, os personagens, a força das palavras contidas no romance. Havia um afinidade intelectual muito grande entre a gente e isso marcou essa época da minha vida.
Por conta dessas lembranças de adolescente é que eu vibrei muito com a vitória do escritor Raimundo Carrero. Para mim foi como uma homenagem póstuma a bela e culta Wilma Lessa. Sempre que surge o nome do Raimundo Carrero eu me lembro com saudade e ternura de Wilma Lessa. Lembro do seu rosto maquiado e dos seus brincos, anéis e pulseiras pegando o livro Bernarda Soledade na estante e me intimidando com a voz carregada de paixão: Você tem que ler esse livro!. Enquanto a trilha sonora do filme Borsalino tocava na vitrola, ela pegou o livro da minha mão e ficou lendo trechos que escolhia com a segurança de quem já tinha lido aquilo várias vezes. Wilma lia os trechos do romance, adquiria uma expressão dramática no rosto e repetia cheia de tesão: Não é incrível isso? Não é maravilhoso esse autor?
Saiba mais sobre Raimundo Carrero no site:
Ouça a trilha do filme Borsalino:
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