DE OLHO NO SUDOESTE – A atriz nota
10 Dira Paes recomenda aos seus amigos do Facebook o filme Sudoeste. Com
efeito. Sudoeste é uma obra-prima do cinema brasileiro. Um filme mágico, que tive a oportunidade de assistir ano passado, no Festival de Cinema do Rio. Lembro da indignação da Dira Paes, no dia da premiação, pois ela acreditava que iam levar o prêmio
de Melhor Filme. E merecia ter levado o prêmio. Sudoeste é um dos dez melhores
filmes brasileiros de todos os tempos. Mas o conservador júri do festival não
percebeu isso. E optou por premiar um cinema mais comercial, com linguagem mais
parecida com a da televisão. Mas, se ali é um festival de cinema, deveria ter
sido premiado o filme que celebra o cinema como uma manifestação de arte e
poesia. E é isso que Sudoeste faz.
Não foi apenas a premiação do ano
passado que deixou a desejar nas suas escolhas. A premiação desse ano também foi
um tanto quanto conservadora e politicamente correta. Deixaram de fora filmes
bacanas, que mereciam ser citados. E ainda aconteceu a premiação de Erik Rocha
como melhor diretor. Não que ele não seja um bom diretor. Até é. Mas, o filme
dele, vai ser distribuído pelo Canal Brasil, que tem, entre seus sócios, a
produtora Lucy Barreto, que foi presidente do júri. Além disso, a minha querida
Lucy foi grande amiga do pai do Erik, o cineasta Glauber Rocha, produziu vários
filmes dele. Como essa escolha poderia ter sido feita de forma isenta?
O casal Lucy e Luiz Carlos Barreto, e a
produtora LC Barreto, foram os grandes homenageados do Festival do Rio, de
2012. Homenagem mais do que justa, já que ambos são referências significativas
da história do cinema brasileiro. É muito bom vê-los em atividade, sempre
criativos e entusiasmados com a trabalhosa arte de fazer cinema. Durante o Festival
do Rio, de 2012, eles foram figuras muito presentes à sede do evento, no Cais
do Porto. Não só pelas homenagens, mas também pelas reuniões de negócios,
contatos com produtores e distribuidores e, principalmente, pelo fato de Lucy ser
a presidente do júri que iria escolher os melhores da mostra competitiva. Era
sempre um prazer vê-la séria e profissional circulando pelo imenso lounge e
pelas salas de debates e entrevistas do pavilhão.
Mas houve um dia em que a poderosa
Lucy Barreto chegou bufando na sala de imprensa. O boletim informativo oficial
do festival ia publicar um texto sobre ela. E antes de mandar imprimir, a
jornalista responsável mandou o texto para verificar se tinha alguma incorreção.
A tal jornalista já tinha ido embora quando a mais poderosa produtora do cinema
brasileiro adentrou a sala de imprensa extremamente irritada. “O nome do meu
filho não é Flávio Barreto”, repetia ela, trincando os dentes, como se
estivesse com vontade de voar no pescoço de alguém. “Além disso, estão erradas
as datas em que os nossos filmes foram indicados ao Oscar”.
“Outra coisa: o meu nome é com ípsilon.
É Lucy com ípsilon”, ela repetia para que todos os jornalistas ali presentes
ouvissem. A cena foi muito engraçada. Ao
mesmo tempo, ela tinha toda a razão de estar irritada. Os erros eram primários.
E pareciam ter um efeito devastador sobre o seu padrão de excelência profissional.
I love Lucy!