PRECISO ANDAR – São muitos os atrativos
da peça Preciso Andar, do inglês Nick Payne, ora em cartaz no teatro do Centro
Cultural da Caixa. O texto instigante aborda as dificuldades das relações
humanas, mas se concentra na eterna insatisfação do homem. Nessa coisa que todo
mundo tem de nunca estar satisfeito com nada. A gente sempre quer mais, nada
nunca está perfeito, ninguém agüenta ficar muito tempo parado e, por isso,
precisa andar. Uma necessidade constante de ir de um lugar para o outro, nem
que seja da sala para a cozinha, ou do quarto para o banheiro. E esse eterno
mudar de lugar diz respeito também aos sentimentos, às sensações, aos desejos e
aos afetos. É como se viver fosse como andar de bicicleta: se parar, o sujeito
cai. E para dissertar sobre esse tema, a peça conta história de Alan e Liz, um casal em
crise. A mulher se envolve com um antigo colega de colégio que reaparece no seu
consultório. O marido, professor universitário, tem um caso mal resolvido com uma
colega de trabalho. O filho do casal vive num mundo à parte e não tem muito diálogo
com os pais. E o elemento que impulsiona
os conflitos, as crises e também os momentos de realização pessoal dos
personagens é o sexo.
Preciso Andar é um espetáculo sobre como o sexo conduz, de modo implacável, o destino das pessoas.
Se o texto de Nick Payne é ótimo,
a direção de Ivan Sugahara é melhor ainda. A encenação do espetáculo valoriza
as qualidades do texto e as possibilidades teatrais que ele possui. Aliás, o
modo como o palco é ocupado pelo espetáculo é digno de nota. A cenografia
inteligente, a trilha sonora adequada, figurinos eficientes: tudo ali demonstra
reverência e paixão pelo teatro. O mesmo se pode dizer do elenco que atua com
harmonia e paixão pelo seu ofício. Otto Jr., Beatriz Bertu, Cristina Lago, Fabio Cardoso,
Tárik Puggina e Suzana Nascimento fazem um bonito trabalho, emprestando alma e condição humana aos personagens por eles representados. Um espetáculo que vale a
pena assistir.
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