UMA LÁGRIMA PARA DOM PEPE - Já dancei muito ao som desse cara. Desde a época em que os DJ´s eram chamados de discotecários. O querido Dom Pepe morreu essa semana. E essa notícia, além de tristeza, me encheu de nostalgia. Eu era um garoto quando ia ao Morro da Urca vê-lo tocar no Dancing Days. Naquele tempo eu adora boate, discoteca ou qualquer coisa que tivesse uma pista de dança. Mas lá no "Dancing" era diferente. (Era assim que os íntimos se referiam a casa noturna: "o Dancing"). Só lá tocava "Hurricane", com Bob Dylan, que na época eu achava a melhor música ara dançar que poderia existir. Quando Dom Pepe tocava "Hurricane" eu corria para a pista de dança. Isso se eu já não estivesse por lá, me esbaldando a noite inteira. Foram noites incríveis. A Scarlet Moon estava sempre por lá, linda, com aquele sorriso largo que era a cara do Rio. E tinha toda uma fauna de cariocas descolados que ficavam a noite inteira bebendo, fumando e curtindo. E quando a gente ia embora o dia estava amanhecendo. Tantas vezes eu desci do Pão de Açúcar com o sol nascendo no horizonte, e o bondinho lotado com um monte de gente doida e bacana. E Dom Pepe lá, entre eles. Mas isso foi nos primórdios de todo um movimento dançante da vida do Rio. Alguns verões depois o Dancing Days se transformou no Noites Cariocas, tocando essencialmente música brasileira. Depois teve a época do "African Bar", no Leblon. Esse lugar era uma loucura! E Dom Pepe estava no comando do som, arrasando nas carrapetas. E também teve os bons tempos do "Mamma África", que os bofes de Ipanema logo apelidaram de "Mamma Rôla". Era hilário. Em vez de falar que iam ao "Mamma África", os debochados falavam que iam ao "Mamma Rôla"... Mas Don Pepe não era apenas vida noturna. Sua praia era o Arpoador, onde gostava de ficar até o pôr do sol, batendo papo com os surfistas veteranos do lugar.
Descanse em paz, meu querido...
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