24.2.15




Desencanto

Eu faço versos como quem chora 
De desalento... de desencanto... 
Fecha o meu livro, se por agora 
Não tens motivo nenhum de pranto. 
Meu verso é sangue. 
Volúpia ardente... 
Tristeza esparsa... remorso vão... 
Dói-me nas veias. 
Amargo e quente, 
Cai, gota a gota, do coração. 
E nestes versos de angústia rouca 
Assim dos lábios a vida corre, 
Deixando um acre sabor na boca. 

– Eu faço versos como quem morre.







Imagem

És como um lírio alvo e franzino, 
Nascido ao pôr do sol, à beira d’água, 
Numa paisagem erma onde cantava um sino 
A de nascer inconsolável mágoa... 
A vida é amarga. 
O amor, um pobre gozo... 
Hás de amar e sofrer incompreendido, 
Triste lírio franzino, inquieto, ansioso, 
Frágil e dolorido...






Porquinho-da-Índia

Quando eu tinha seis anos 
Ganhei um porquinho-da-índia. 
Que dor de coração me dava 
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
 Levava ele prá sala 
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos 
Ele não gostava: 
Queria era estar debaixo do fogão. 
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas… 

 — O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.


(A beleza de Gisele Bundchen e os versos de Manuel Bandeira: feitos um para o outro.)

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