Apenas em águas tranqüilas as coisas se refletem sem distorção. Apenas em uma mente tranqüila está uma percepção adequada do mundo.
PÁTRIA MINHA - A Ministra Maria Elizabeth Rocha, primeira mulher a presidir o Superior Tribunal Militar é destaque na vida brasileira. Nesta segunda-feira, em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, ela se colocou de modo muito interessante e inteligente. "Os erros cometidos na ditadura não permitem generalizações sobre as Forças Armadas", disse a Ministra, para depois concluir: "A ditadura não foi exclusivamente militar. Todos que estudam o que houve em 1964, as articulações do golpe, os documentos da Operação Brother Sam, que estão em Washington, sabem disso. No entanto, quase não se fala no assunto. Esquecem a decisiva participação dos civis, do capital multinacional, da elite orgânica do País. Foi uma articulação para não permitir que o Brasil desse uma guinada para a esquerda e se transformasse numa Cuba continental". Além disso a Ministra contesta a afirmação de que as Forças Armadas apoiaram a tortura.
O gancho para a entrevista da Ministra é a realização do seminário "Encontro da Justiça Militar da União com a Comissão e a Corte Interamericana de Direitos Humanos", que acontece na próxima semana, de 9 a 12 de Fevereiro, na sede do STM, em Brasilia. Maria Elizabeth, desde que assumiu o mais alto cargo na corte militar, tem procurado promover uma abertura do tribunal para a sociedade. Por isso ela se empenhou pessoalmente para a realização desse seminário. A Corte Interamericana de Direitos Humanos é um órgão judicial internacional autônomo que faz parte da OEA, Organização dos Estados Americanos.
É claro que o relatório da Comissão da Verdade vai ser um tema a ser discutido no seminário. Para a Ministra o relatório é importante para a reconstrução da história do Brasil naquele período. Mas ele não pode ser utilizado como instrumento para apontar culpados ou inocentes.
Quando foi questionada sobre a presença de homossexuais as Forças Armadas Maria Elizabeth foi enfática. "Da minha parte não faço restrições. Acho a discriminação por orientação sexual intolerável, injustificável e inconstitucional".
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