O
STF discute a descriminalização da maconha. Num momento em que as grandes
cidades brasileiras vivem num clima de guerra civil por conta dos conflitos
entre traficantes, policias e milicianos, é importante que seja feita essa
descriminalização, pelo menos para que os consumidores deixem de ser considerados
criminosos. O que se espera com isso é que diminua a tensão nesse ambiente
sombrio que envolve o comércio e o consumo de drogas. É algo que precisa ser
resolvido com urgência, mas o juiz terrivelmente evangélico decidiu “pedir
vistas” com a intenção de protelar a decisão sobre um assunto que precisa ser
resolvido com urgência. Enquanto isso balas perdidas pipocam por toda a cidade,
atingindo seus alvos preferenciais de jovens cidadãos pobres e pretos. Não
precisa ser nenhum cientista, sociólogo ou profundo conhecedor das questões
ligadas a segurança pública para perceber que o combate as drogas através de
ações policiais é um projeto fracassado. O comércio de drogas envolve muito
dinheiro e a corrupção dos agentes da lei acaba se tornando inevitável. É
preciso criar alternativas para lidar com a questão das drogas. Legalizar a
maconha, como já fizeram o Uruguai, o Canadá e a Holanda parece uma possibilidade
convincente. Algo que o Brasil já devia ter sido feito faz muito tempo. O país
é um grande produtor de maconha e não podemos esquecer o lado financeiro da
questão. A maconha é uma atividade
econômica lucrativa e pode render bons dividendos, inclusive para o sertão
brasileiro, região pobre do país, conhecida por produzir uma planta de
excelente qualidade.
Mas,
quando falamos no aspecto financeiro da maconha, devemos lembrar que o comércio
dessa planta herbácea da família das canabiaceas é uma atividade econômica
altamente lucrativa. E não apenas para os traficantes. A maconha também é um grande
negócio para a polícia e o poder judiciário.
Descriminalizar
significa tirar algo do âmbito criminal. Deixar de ser crime. Sendo assim é o
caso de se perguntar se a justiça tem interesse de tirar do âmbito criminal um
produto que é tão lucrativo para ela própria. Ora, vejamos. Muita gente vende e
consome maconha. Isso é crime. Sendo assim muita gente é presa e/ou processada
pela venda e pelo consumo. A prisão ou processo por esse crime movimenta o
poder judiciário. Advogados, policiais, procuradores, juizes, cartórios: todo o
circo do meio jurídico é mobilizado para prender, julgar, processar, soltar,
absolver ou condenar aqueles envolvidos nessa atividade ainda considerada
criminosa. E sabemos que os profissionais do poder judiciário costumam cobrar
caro pelos seus serviços. A pergunta
que deve ser feita é a seguinte: será que o judiciário vai querer abrir mão dos
lucros que obtém tendo a maconha como um crime? Será que o poder judiciário vai
querer perder essa boca?
Nenhum comentário:
Postar um comentário