Um bom escritor não precisa de biografias. Toda a sua história está em suas obras.
22.2.07
EU ADORO O BOFETADA – O carnaval 2007 coroou o bar Bofetada como o centro nervoso da comunidade gay carioca. Muito além dos seus limites, o bar espalhou suas energias por toda a rua Farme de Amoedo, transformando-a numa imensa e agitada parada gay. Foi uma incrível demonstração de poder, desse que, na verdade, é apenas mais um botequim entre tantos da cidade. O fato é que o Bofetada foi escolhido pelos gays para ser o seu templo no verão do Rio. Mas nem sempre foi assim. Nem sempre o Bofetada foi um bar gay. Pelo contrário. Até uns dez anos atrás o Bofetada era um bar freqüentado apenas por rapazes heterossexuais de Ipanema. Um antro de machões da zona sul. E foi exatamente por causa dos bofes maravilhosos que iam ao Bofetada que os gays começaram a ir para lá.
Antigamente, toda essa ferveção que acontece no Bofetada durante o carnaval acontecia na rua Vinicius de Moraes, em torno do bar Garota de Ipanema. Gays de todos os matizes iam dar pinta no bar onde Tom e Vinícius iam beber e compor na juventude. Na época em que estudava jornalismo na PUC eu freqüentava o bar Garota de Ipanema onde era muito bem tratado pelos garçons. E na minha cabeça isso fazia de mim um autêntico carioca. Eu achava o máximo freqüentar o bar onde Tom e Vinícius tinham feito história. Nessa época, quando saíam da praia, as bichas iam dar pinta no Garota de Ipanema e também no Veloso, o bar que ficava em frente. O cruzamento das ruas Montenegro com Prudente de Moraes é que era o point dos gays que, nessa época, nem sabiam onde era o Bofetada.
Claro que, como o Garota de Ipanema e o Veloso também eram freqüentados por machões, muitas vezes pintava um estranhamento entre os diferentes grupos. Lembro que certa vez, perto do carnaval, o bar estava cheio de turistas estrangeiros, colocaram um cartaz na entrada onde estava escrito No Gay Here. Quando cheguei e vi aquilo pedi um chope e me dirigi ao gerente. Disse que aquilo não era nem um pouco elegante com os turistas gays que estavam gastando seu dinheiro ali. O gerente ficou constrangido e me disse que o cartaz tinha sido colocado por um freqüentador do bar, um sujeito machão que ficava incomodado com a presença dos homossexuais no pedaço. Posso rasgar o cartaz?, perguntei. Ele respondeu que sim, então eu arranquei o papel da parede, fiz dele pedacinhos e pedi outro chope.
O Bofetada, nessa época, era conhecido e freqüentado apenas por moradores do pedaço. Era famoso, principalmente, pelo seu bolinho de bacalhau, servido quentinho e crocante. Só de lembrar do bolinho fico com água na boca. Mauricio de Jong, um amigo muito querido, colega da faculdade, adorava comer aquele bolinho de bacalhau bebendo chope. Por causa do bolinho salgado bebíamos dezenas de chopes e saíamos de lá bêbados. Muito por causa do Maurício eu comecei a freqüentar o bar que sempre estava cheio de rapazes bonitões, atletas de praia, machos e valentes. Aliás, o perfil dos rapazes que freqüentavam o Bofetada sempre passava pelos adjetivos machos e valentes. E muitos eram lindos. Chegavam a ser perturbadores de tão lindos. Durante muitos verões um dos meus programas favoritos era encher a cara no Bofetada, até porque, eu morava ali perto, na rua Barão da Torre.
Aqueles foram os verões de Luiz Orlando, um rapaz loiro, que tinha uma cicatriz na testa e foi o homem mais bonito do Rio de Janeiro de sua época. Ele era lindo. Absolutamente lindo. Parecia um galã de cinema. E a cicatriz, um acidente de carro, o deixava ainda mais bonito. Eu tinha uma amiga, Adriana Dolabella, irmã mais velha do Dado, que era louca por ele. Algumas vezes íamos ao bar apenas para vê-lo e eles acabaram tendo um namorico. A diferença do Luiz Orlando para os demais rapazes que freqüentavam o lugar é que ele era dócil e educado. Outro dia eu o encontrei ali mesmo na Farme. Quem o vê hoje em dia, jamais pode imaginar que aquele homem envelhecido e de aspecto doentio já foi um dos homens mais bonitos dessa cidade.
Luiz Orlando foi destruído pelas drogas. A cocaína foi muito malvada com ele. Acabou com sua beleza, com sua saúde, com suas possibilidades profissionais, com seu amor próprio. Por causa do pó ele sofreu um grave acidente de moto e ficou mais de um ano imobilizado. Sua dificuldade para se livrar do vício o levou a freqüentar os narcóticos anônimos e a trabalhar para instituições que ajudam viciados. A última vez que conversamos na praia ele me falou da sua via crucis e da forma como a vida foi cruel com ele. Depois, quando foi embora, eu me sentei na areia, fiquei olhando para o mar e chorei. Chorei muito. Com os olhos embolados de lágrimas fiquei lembrando quando o encontrava na praia jogando frescobol. Um rapaz lindo cuja pele bronzeada realçava seus olhos verdes. Eu adorava seu cabelo loiro caído sobre a testa. Ele sempre me sorria e fazia um gesto de carinho. E aquilo enchia o meu coração de alegria. A imagem de Luiz Orlando no auge de sua beleza sempre me fará lembrar a época em que o Bofetada era apenas um bar de rapazes que gostavam de moças.
O Petit, aquele garoto que inspirou Caetano Veloso a escrever a música Menino do Rio, também era freqüentador assíduo do Bofetada desse tempo. Assim como muitos outros que não souberam se proteger das agruras da vida e acabaram tendo fins trágicos. Certa vez eu encontrei com o empresário Paulinho Lima no cruzamento da Farme de Amoedo e ele estava pasmo. O que houve com aqueles rapazes bonitos da Farme?, ele perguntou. Acabei de passar por ali, vi alguns deles e estão todos acabados. O que foi aquilo? Drogas?
Freqüentando o Bofetada da época pré-gay eu conheci muita gente. Conversava com todo mundo, ouvia as histórias de uns, as histórias de outros. E essas histórias da vida real acabaram inspirando a minha literatura. Em 1997 publiquei um livro chamado A Última Canção de Bernardo Blues. Era um romance policial e contava a história de um crooner de boate que é assassinado brutalmente por um rapaz que freqüentava a Farme. É uma história de ficção inspirada na morte do diretor de teatro Luiz Antônio Martinez Correia, vítima de um crime semelhante, que chocou Ipanema. Pois bem. No livro o bar Bofetada aparece em vários momentos da trama.
Logo depois do lançamento do livro eu comecei a escrever contos eróticos para uma revista voltada para o público gay chamada Homens. E nos meus contos o Bofetada sempre era citado como um lugar idílico, cheio de homens lindos e sensuais. Eram histórias de ficção, que eu inventava da minha cabeça, mas que pareciam histórias reais por causa do meu estilo de escrever. A partir da publicação desses contos os gays começaram a freqüentar o Bofetada talvez na esperança de viverem uma história como as que liam na revista. E a chegada dos gays ao Bofetada mudou completamente o perfil do bar e da própria Farme de Amoedo.
O primeiro conto que escrevi para a revista Homens chamava-se Ipanema em Chamas e contava a história de um boêmio do bairro que seduz um jovem lutador num tórrido verão carioca. Noutro conto chamado Uma vez Flamengo, depois de assistirem a uma partida no Maracanã onde seu time goleia o Vasco, torcedores flamenguistas submetem um torcedor vascaíno a toda sorte de humilhações sexuais depois de tomarem um porre no Bofetada. No conto Amei um Pitboy um empresário bem sucedido que freqüenta o Bofetada se apaixona por um belo praticante de artes marciais depois de um atropelamento. Houve vários outros contos onde, invariavelmente, algum personagem acabava indo ao Bofetada.
No último carnaval ao ver a rua Farme de Amoedo tomada de gays que se aglomeravam em torno do Bofetada eu pude sentir o poder da minha literatura. Foi por causa dos meus contos que os gays escolheram aquele lugar. Aquela festa poderia estar acontecendo em outro bar. Poderiam ter continuado no Garota de Ipanema, como era antigamente. Mas eles elegeram o Bofetada por causa dos meus contos. Minha literatura sempre foi esnobada pelos cadernos de cultura e ignorada pelos suplementos literários. As grandes editoras consideram minha escrita pornográfica. (Valei-me Nelson Rodrigues!) Os intelectuais acadêmicos classificam o meu trabalho como uma coisa menor. Mas isso agora não tem a menor importância. Eu vi, em pleno carnaval, a capacidade que tem o meu texto de tocar o coração das pessoas. E isso já é o bastante para que eu me sinta realizado como escritor.
Clique AQUI e leia o conto AMEI UM PITBOY
A seguir trechos do livro A Última Canção de Bernardo Blues, publicado em 1997 pela Editora Francisco Alves.
Nos dias que se seguiram Bruno se dedicou a explorar Ipanema. Rezava todos os dias na Igreja de Nossa Senhora da Paz, e depois saía caminhando pelas ruas do lugar, observando a tudo e a todos. Queria esbarrar numa das esquinas com o tal jovem loiro e tatuado. Era tão vaga essa descrição. Por toda parte encontrava rapazes loiros que poderiam se enquadrar nela. Será que algum deles poderia ser o assassino de Bernardo? Estava decidido a investigar por conta própria. Certo dia, enquanto tomava um café no Bofetada, o tradicional botequim da rua Farme de Amoedo, viu chegar um grupo de rapazes que aparentemente vinham de uma partida de futebol de praia. Observou o grupo com atenção. Um deles correspondia a descrição da polícia. Pediu mais um café enquanto observava com atenção o torso bronzeado, um dragão tatuado no braço, o cabelo cortado bem curto, o rosto bonito, lábios bem desenhados, os olhos cor de mel. Ao perceber sendo observado o rapaz virou-se para Bruno, encarou-o com agressivo desprezo e fulminou-o com uma pergunta:
- Qual é cara? Tá me olhando porquê? Tu és X-9 ou tá me achando bonito?
O tom ríspido da pergunta deixou Bruno assustado. Ele pagou a conta e saiu do bar apressado. Mais uma vez pensou na mensagem de Deus: Não se deixe embriagar pela beleza. É preciso sempre manter os pés na terra.
A boate Le Boy estava cheia de homens. As únicas mulheres pareciam ser Lívia e suas amigas. O som alto, as luzes piscando e a fumaça dos cigarros deixaram-no atordoado. O seminarista imaginou o que faria as pessoas terem como ideal de diversão ficar trancadas num lugar lotado, sufocadas por uma música no último volume. Uma mão decidida o acariciou por entre as pernas. Ficou surpreso, mas não reagiu quando identificou um jovem loiro que passava por ele e acabou sumindo no meio da multidão. Lívia segurou na sua mão e disse alguma coisa no seu ouvido, mas a música era ensurdecedora, e ele não entendeu nada. Depois ela caminhou junto a Yoná até a pista de dança e dançaram frenéticas. Bruno a tudo e a todos observava, agora mais acostumado ao ambiente. Quando saíram da boate, decidiram ir tomar um último drinque no Baixo Leblon. Antes porém, Lívia passou no Bofetada. Parou o carro em frente ao bar, sem desligar o motor.Do banco traseiro, Bruno viu Yoná sair do automóvel, caminhar até um rapaz cabeludo que estava sentado numa mesa e dar dois beijos nele. Quando voltou para o carro, ela carregava na mão dois papelotes de cocaína.. Um ela cheirou com Lívia no caminho para o Baixo Leblon. O outro ela guardou para mais tarde. As duas não paravam de falar sobre revistas de moda, modelos famosas, cinema e publicidade, enquanto atravessavam os sinais vermelhos. Quando chegaram no Baixo as duas se beijaram com lascívia e Yoná enfiou a mão dentro da calcinha de Lívia e acariciou sua xoxota. Depois levou a mão até o nariz e aspirou.
- Adoro o perfume da tua xoxota...
Bruno seguiu o seu caminho tranqüilo e relaxado. Tinha chorado bastante, e chorar sempre faz bem ao espírito. Caminhava distraído pela Farme de Amoedo. Tão distraído estava que não notou um rapaz loiro e tatuado que vinha em sentido contrário. Usando short, sandália de dedo, sem camisa e carregando no pescoço uma corrente com a medalha de Dom Bosco idêntica a que Bruno trazia consigo. Assim, o jovem criminoso cruzou, sem ser notado, com o irmão de sua vítima mais famosa antes de entrar no bar Bofetada e pedir um chope.
O dentista Fabio Lopez, que encostado no balcão do bar, saboreava o seu quinto cuba-libre, ficou encantado com a presença do moço. A tonalidade bronzeada da pele. Os raros e delicados pêlos dourados que realçavam seu bronze. O torso bem desenhado, que destacava os dois peitos torneados que desembocavam em dois lindos e delicados mamilos. Ah, os mamilos... Se existia algo capaz de fazer Fábio Lopez perder o bom senso, esse algo era sem dúvida um par de mamilos masculinos. O mamilo dos homens concentrava todo o fetiche da sua sexualidade. Sua maior obsessão era ir à praia e ficar observando os rapazes sem camisa, enquanto os catalogava mentalmente. Sabia dizer quem, do Arpoador ao Leblon, possuía os mais sensuais pares de mamilos da zona sul carioca. E os mamilos do jovem, que acabara de pedir um chope, eram particularmente sedutores. Empinados e arrogantes. Pareciam estar pedindo para serem beijados. Tinham em volta deles, formando uma meia lua, uma graciosa horta de pelinhos brilhantes que realçava sua beleza rósea. A adrenalina misturou-se ao rum e um calor invadiu o corpo do dentista. O rapaz loiro e tatuado deu um gole no chope e, sentindo o olhar do outro sobre o seu corpo, retribuiu com o brilho assassino dos seus olhos. Fabio Lopes não sabia o que fazer, nem o que dizer, nem onde colocar as mãos. Na dúvida, pediu um outro rum-coca-gêlo-e-limão, enquanto o garotão saiu de dentro do bar e foi se recostar num Fiat vermelho que estava estacionado bem em frente ao Bofetada.
Antigamente, toda essa ferveção que acontece no Bofetada durante o carnaval acontecia na rua Vinicius de Moraes, em torno do bar Garota de Ipanema. Gays de todos os matizes iam dar pinta no bar onde Tom e Vinícius iam beber e compor na juventude. Na época em que estudava jornalismo na PUC eu freqüentava o bar Garota de Ipanema onde era muito bem tratado pelos garçons. E na minha cabeça isso fazia de mim um autêntico carioca. Eu achava o máximo freqüentar o bar onde Tom e Vinícius tinham feito história. Nessa época, quando saíam da praia, as bichas iam dar pinta no Garota de Ipanema e também no Veloso, o bar que ficava em frente. O cruzamento das ruas Montenegro com Prudente de Moraes é que era o point dos gays que, nessa época, nem sabiam onde era o Bofetada.
Claro que, como o Garota de Ipanema e o Veloso também eram freqüentados por machões, muitas vezes pintava um estranhamento entre os diferentes grupos. Lembro que certa vez, perto do carnaval, o bar estava cheio de turistas estrangeiros, colocaram um cartaz na entrada onde estava escrito No Gay Here. Quando cheguei e vi aquilo pedi um chope e me dirigi ao gerente. Disse que aquilo não era nem um pouco elegante com os turistas gays que estavam gastando seu dinheiro ali. O gerente ficou constrangido e me disse que o cartaz tinha sido colocado por um freqüentador do bar, um sujeito machão que ficava incomodado com a presença dos homossexuais no pedaço. Posso rasgar o cartaz?, perguntei. Ele respondeu que sim, então eu arranquei o papel da parede, fiz dele pedacinhos e pedi outro chope.
O Bofetada, nessa época, era conhecido e freqüentado apenas por moradores do pedaço. Era famoso, principalmente, pelo seu bolinho de bacalhau, servido quentinho e crocante. Só de lembrar do bolinho fico com água na boca. Mauricio de Jong, um amigo muito querido, colega da faculdade, adorava comer aquele bolinho de bacalhau bebendo chope. Por causa do bolinho salgado bebíamos dezenas de chopes e saíamos de lá bêbados. Muito por causa do Maurício eu comecei a freqüentar o bar que sempre estava cheio de rapazes bonitões, atletas de praia, machos e valentes. Aliás, o perfil dos rapazes que freqüentavam o Bofetada sempre passava pelos adjetivos machos e valentes. E muitos eram lindos. Chegavam a ser perturbadores de tão lindos. Durante muitos verões um dos meus programas favoritos era encher a cara no Bofetada, até porque, eu morava ali perto, na rua Barão da Torre.
Aqueles foram os verões de Luiz Orlando, um rapaz loiro, que tinha uma cicatriz na testa e foi o homem mais bonito do Rio de Janeiro de sua época. Ele era lindo. Absolutamente lindo. Parecia um galã de cinema. E a cicatriz, um acidente de carro, o deixava ainda mais bonito. Eu tinha uma amiga, Adriana Dolabella, irmã mais velha do Dado, que era louca por ele. Algumas vezes íamos ao bar apenas para vê-lo e eles acabaram tendo um namorico. A diferença do Luiz Orlando para os demais rapazes que freqüentavam o lugar é que ele era dócil e educado. Outro dia eu o encontrei ali mesmo na Farme. Quem o vê hoje em dia, jamais pode imaginar que aquele homem envelhecido e de aspecto doentio já foi um dos homens mais bonitos dessa cidade.
Luiz Orlando foi destruído pelas drogas. A cocaína foi muito malvada com ele. Acabou com sua beleza, com sua saúde, com suas possibilidades profissionais, com seu amor próprio. Por causa do pó ele sofreu um grave acidente de moto e ficou mais de um ano imobilizado. Sua dificuldade para se livrar do vício o levou a freqüentar os narcóticos anônimos e a trabalhar para instituições que ajudam viciados. A última vez que conversamos na praia ele me falou da sua via crucis e da forma como a vida foi cruel com ele. Depois, quando foi embora, eu me sentei na areia, fiquei olhando para o mar e chorei. Chorei muito. Com os olhos embolados de lágrimas fiquei lembrando quando o encontrava na praia jogando frescobol. Um rapaz lindo cuja pele bronzeada realçava seus olhos verdes. Eu adorava seu cabelo loiro caído sobre a testa. Ele sempre me sorria e fazia um gesto de carinho. E aquilo enchia o meu coração de alegria. A imagem de Luiz Orlando no auge de sua beleza sempre me fará lembrar a época em que o Bofetada era apenas um bar de rapazes que gostavam de moças.
O Petit, aquele garoto que inspirou Caetano Veloso a escrever a música Menino do Rio, também era freqüentador assíduo do Bofetada desse tempo. Assim como muitos outros que não souberam se proteger das agruras da vida e acabaram tendo fins trágicos. Certa vez eu encontrei com o empresário Paulinho Lima no cruzamento da Farme de Amoedo e ele estava pasmo. O que houve com aqueles rapazes bonitos da Farme?, ele perguntou. Acabei de passar por ali, vi alguns deles e estão todos acabados. O que foi aquilo? Drogas?
Freqüentando o Bofetada da época pré-gay eu conheci muita gente. Conversava com todo mundo, ouvia as histórias de uns, as histórias de outros. E essas histórias da vida real acabaram inspirando a minha literatura. Em 1997 publiquei um livro chamado A Última Canção de Bernardo Blues. Era um romance policial e contava a história de um crooner de boate que é assassinado brutalmente por um rapaz que freqüentava a Farme. É uma história de ficção inspirada na morte do diretor de teatro Luiz Antônio Martinez Correia, vítima de um crime semelhante, que chocou Ipanema. Pois bem. No livro o bar Bofetada aparece em vários momentos da trama.
Logo depois do lançamento do livro eu comecei a escrever contos eróticos para uma revista voltada para o público gay chamada Homens. E nos meus contos o Bofetada sempre era citado como um lugar idílico, cheio de homens lindos e sensuais. Eram histórias de ficção, que eu inventava da minha cabeça, mas que pareciam histórias reais por causa do meu estilo de escrever. A partir da publicação desses contos os gays começaram a freqüentar o Bofetada talvez na esperança de viverem uma história como as que liam na revista. E a chegada dos gays ao Bofetada mudou completamente o perfil do bar e da própria Farme de Amoedo.
O primeiro conto que escrevi para a revista Homens chamava-se Ipanema em Chamas e contava a história de um boêmio do bairro que seduz um jovem lutador num tórrido verão carioca. Noutro conto chamado Uma vez Flamengo, depois de assistirem a uma partida no Maracanã onde seu time goleia o Vasco, torcedores flamenguistas submetem um torcedor vascaíno a toda sorte de humilhações sexuais depois de tomarem um porre no Bofetada. No conto Amei um Pitboy um empresário bem sucedido que freqüenta o Bofetada se apaixona por um belo praticante de artes marciais depois de um atropelamento. Houve vários outros contos onde, invariavelmente, algum personagem acabava indo ao Bofetada.
No último carnaval ao ver a rua Farme de Amoedo tomada de gays que se aglomeravam em torno do Bofetada eu pude sentir o poder da minha literatura. Foi por causa dos meus contos que os gays escolheram aquele lugar. Aquela festa poderia estar acontecendo em outro bar. Poderiam ter continuado no Garota de Ipanema, como era antigamente. Mas eles elegeram o Bofetada por causa dos meus contos. Minha literatura sempre foi esnobada pelos cadernos de cultura e ignorada pelos suplementos literários. As grandes editoras consideram minha escrita pornográfica. (Valei-me Nelson Rodrigues!) Os intelectuais acadêmicos classificam o meu trabalho como uma coisa menor. Mas isso agora não tem a menor importância. Eu vi, em pleno carnaval, a capacidade que tem o meu texto de tocar o coração das pessoas. E isso já é o bastante para que eu me sinta realizado como escritor.
Clique AQUI e leia o conto AMEI UM PITBOY
A seguir trechos do livro A Última Canção de Bernardo Blues, publicado em 1997 pela Editora Francisco Alves.
Nos dias que se seguiram Bruno se dedicou a explorar Ipanema. Rezava todos os dias na Igreja de Nossa Senhora da Paz, e depois saía caminhando pelas ruas do lugar, observando a tudo e a todos. Queria esbarrar numa das esquinas com o tal jovem loiro e tatuado. Era tão vaga essa descrição. Por toda parte encontrava rapazes loiros que poderiam se enquadrar nela. Será que algum deles poderia ser o assassino de Bernardo? Estava decidido a investigar por conta própria. Certo dia, enquanto tomava um café no Bofetada, o tradicional botequim da rua Farme de Amoedo, viu chegar um grupo de rapazes que aparentemente vinham de uma partida de futebol de praia. Observou o grupo com atenção. Um deles correspondia a descrição da polícia. Pediu mais um café enquanto observava com atenção o torso bronzeado, um dragão tatuado no braço, o cabelo cortado bem curto, o rosto bonito, lábios bem desenhados, os olhos cor de mel. Ao perceber sendo observado o rapaz virou-se para Bruno, encarou-o com agressivo desprezo e fulminou-o com uma pergunta:
- Qual é cara? Tá me olhando porquê? Tu és X-9 ou tá me achando bonito?
O tom ríspido da pergunta deixou Bruno assustado. Ele pagou a conta e saiu do bar apressado. Mais uma vez pensou na mensagem de Deus: Não se deixe embriagar pela beleza. É preciso sempre manter os pés na terra.
A boate Le Boy estava cheia de homens. As únicas mulheres pareciam ser Lívia e suas amigas. O som alto, as luzes piscando e a fumaça dos cigarros deixaram-no atordoado. O seminarista imaginou o que faria as pessoas terem como ideal de diversão ficar trancadas num lugar lotado, sufocadas por uma música no último volume. Uma mão decidida o acariciou por entre as pernas. Ficou surpreso, mas não reagiu quando identificou um jovem loiro que passava por ele e acabou sumindo no meio da multidão. Lívia segurou na sua mão e disse alguma coisa no seu ouvido, mas a música era ensurdecedora, e ele não entendeu nada. Depois ela caminhou junto a Yoná até a pista de dança e dançaram frenéticas. Bruno a tudo e a todos observava, agora mais acostumado ao ambiente. Quando saíram da boate, decidiram ir tomar um último drinque no Baixo Leblon. Antes porém, Lívia passou no Bofetada. Parou o carro em frente ao bar, sem desligar o motor.Do banco traseiro, Bruno viu Yoná sair do automóvel, caminhar até um rapaz cabeludo que estava sentado numa mesa e dar dois beijos nele. Quando voltou para o carro, ela carregava na mão dois papelotes de cocaína.. Um ela cheirou com Lívia no caminho para o Baixo Leblon. O outro ela guardou para mais tarde. As duas não paravam de falar sobre revistas de moda, modelos famosas, cinema e publicidade, enquanto atravessavam os sinais vermelhos. Quando chegaram no Baixo as duas se beijaram com lascívia e Yoná enfiou a mão dentro da calcinha de Lívia e acariciou sua xoxota. Depois levou a mão até o nariz e aspirou.
- Adoro o perfume da tua xoxota...
Bruno seguiu o seu caminho tranqüilo e relaxado. Tinha chorado bastante, e chorar sempre faz bem ao espírito. Caminhava distraído pela Farme de Amoedo. Tão distraído estava que não notou um rapaz loiro e tatuado que vinha em sentido contrário. Usando short, sandália de dedo, sem camisa e carregando no pescoço uma corrente com a medalha de Dom Bosco idêntica a que Bruno trazia consigo. Assim, o jovem criminoso cruzou, sem ser notado, com o irmão de sua vítima mais famosa antes de entrar no bar Bofetada e pedir um chope.
O dentista Fabio Lopez, que encostado no balcão do bar, saboreava o seu quinto cuba-libre, ficou encantado com a presença do moço. A tonalidade bronzeada da pele. Os raros e delicados pêlos dourados que realçavam seu bronze. O torso bem desenhado, que destacava os dois peitos torneados que desembocavam em dois lindos e delicados mamilos. Ah, os mamilos... Se existia algo capaz de fazer Fábio Lopez perder o bom senso, esse algo era sem dúvida um par de mamilos masculinos. O mamilo dos homens concentrava todo o fetiche da sua sexualidade. Sua maior obsessão era ir à praia e ficar observando os rapazes sem camisa, enquanto os catalogava mentalmente. Sabia dizer quem, do Arpoador ao Leblon, possuía os mais sensuais pares de mamilos da zona sul carioca. E os mamilos do jovem, que acabara de pedir um chope, eram particularmente sedutores. Empinados e arrogantes. Pareciam estar pedindo para serem beijados. Tinham em volta deles, formando uma meia lua, uma graciosa horta de pelinhos brilhantes que realçava sua beleza rósea. A adrenalina misturou-se ao rum e um calor invadiu o corpo do dentista. O rapaz loiro e tatuado deu um gole no chope e, sentindo o olhar do outro sobre o seu corpo, retribuiu com o brilho assassino dos seus olhos. Fabio Lopes não sabia o que fazer, nem o que dizer, nem onde colocar as mãos. Na dúvida, pediu um outro rum-coca-gêlo-e-limão, enquanto o garotão saiu de dentro do bar e foi se recostar num Fiat vermelho que estava estacionado bem em frente ao Bofetada.
21.2.07
SAMBA, SUOR E CERVEJA – O empresário carioca Marcelo Monfort merece uma menção honrosa da prefeitura do Rio. Talentoso e empreendedor, Marcelo organizou o carnaval da rua Vinicius de Moraes, em Ipanema, um dos mais animados da cidade. Ele contratou um grupo de sambistas e um DJ que se revezavam no agito do som. E montou um estande para vender cerveja. O resto foi por conta do seu carisma pessoal. Marcelo Monfort é figura querida em Ipanema, atleta do futevôlei e, desde sempre, freqüentador assíduo do bar Garota de Ipanema. Apaixonado por samba, em parceria com Fred Neci, formou o bloco Si num guenta porque veiu?, que saiu pelas ruas do Leblon uma semana antes do carnaval. Foi vestido com a camiseta do seu bloco que ele comandou como um maestro o animadíssimo carnaval da rua Vinícius de Moraes. Ipanemenses de várias gerações caíram na gandaia ao lado de atletas de praia, garotas de Ipanema e turistas embevecidos com a juventude, o astral e a beleza da festa. Tom e Vinícius, que fizeram a fama daquele trecho do Rio quando compuseram a canção Garota de Ipanema, ficariam orgulhosos de Marcelo e seu carnaval de alma carioca. Nada mais natural. Afinal, Marcelo Monfort e seus amigos são herdeiros do espírito boêmio de Ipanema que inspirou Tom e Vinícius em seus poemas sobre a cidade.
Enquanto Marcelo Monfort comandava o carnaval heterossexual da rua Vinicius de Moraes, Flavio Soares, dono do bar Bofetada, comandava o carnaval gay da rua Farme de Amoedo. O carnaval de Ipanema foi a festa da democracia sexual. A Farme ficou lotada de gays e lésbicas que se esbaldaram com a música que brotava das caixas de som instaladas pelo Bofetada para animar o carnaval da galera. Empresário esperto e empreendedor, Flávio Soares fechou a calçada em frente ao bar, transformando-o num camarote vip, e espalhou vendedores de cerveja por toda a rua. O resto ficou por conta da animação e do alto astral da comunidade GLS. O povo soltou a franga sem medo de ser feliz. Muito namoro, pessoas do mesmo sexo andando de mãos dadas e namorando sem culpa ou repressão. Embaladas pelo astral da festa uma grande quantidade de lésbicas invadiu Ipanema. As meninas foram um show à parte. Algumas namoravam docemente como casais adolescentes. Outras demonstravam mais personalidade e azaravam de forma ostensiva. Muitas queriam apenas dançar, dançar e dançar. No clima da folia a pegação rolava solta por toda parte. Mãos bobas surgiam ansiosas em busca de emoção. Nos embalos da Farme o carnaval foi como deve ser. Com alegria, alto astral e sensualidade. Na terça-feira gorda uma morena linda subiu no balcão do bar bofetada e fez a festa da multidão com seu corpo escultural vestindo um shortinho jeans e uma mini-camiseta onde estava escrito salva-gatas. Ao som dos grandes sucessos da música funk a menina deu um show de suingue e sensualidade deixando homens e mulheres inebriados. Evoé, Momo. Evoé...
O carnaval de Ipanema não ficou restrito apenas a Farme e a Vinicius. Nos finais de tarde multidões lotavam a Vieira Souto para acompanhar os desfiles da Banda de Ipanema e do Simpatia é quase amor. Foram desfiles animados e que marcaram o carnaval 2007. O problema é que o carnaval do Rio é um carnaval acústico. Diferente do carnaval da Bahia que é elétrico. No Rio a música é baixa. É pouca música para a grande quantidade de pessoas que estão nas ruas. A banda de Ipanema tem a mesma quantidade de músicos que tinha quando surgiu há 35 anos atrás. Ora bolas. Naquela época a quantidade de foliões era bem menor. De lá pra cá o carnaval cresceu e os músicos não têm fôlego para encarar tamanha quantidade de foliões. Será que não dava para colocar os músicos em cima de um trio elétrico e amplificar o som para que todos possam ouvir as marchinhas? Será que falta dinheiro para isso? Será que a banda de Ipanema, com essa marca, não consegue uma empresa para patrocinar seu desfile? Ou isso é apenas uma forma de purismo suicida?
Também merece registro o seguinte: os desfiles da banda e do Simpatia acabam muito rápido. Começam às cinco e acabam as nove da noite. Depois dos desfiles uma multidão fica vagando pela Vieira Souto em busca de um carnaval que simplesmente não acontece. O povo se vira do jeito que pode. Um liga o som do carro. Uma barraca improvisa algum tipo de música. E os foliões embalados pelo espírito de carnaval tentam fazer a festa acontecer. Outra coisa patética no carnaval do Rio: a prefeitura determina que todo tipo de som seja desligado à meia noite. Puta que pariu! À meia noite o folião está no auge da animação. As pessoas querem cantar, dançar e dar pinta, mas a prefeitura não deixa.
A prefeitura do Rio não entende nada de carnaval. Aliás, a prefeitura do Rio não entende nada de nada. A gangue de César Maia só sabe administrar favela. A avenida Rio Branco, a Cinelândia e a Lapa foram transformadas em favelões com a conivência e anuência de César Maia. Todo evento organizado pela prefeitura se transforma numa favela. Uma infinidade de vendedores ambulantes e camelôs loteavam ruas e calçadas impedindo a circulação de pessoas. Em meio às multidões barracas improvisadas com botijões de gás instalados de forma precária colocavam em risco a vida das pessoas. A avenida Rio Branco, que já viveu dias de glória carnavalesca, não recebeu nenhuma decoração. O Cacique de Ramos que já desfilou com multidões foi reduzido a um bloco de sujos, com meia dúzia de gatos pingados ao som de uma bateria fajuta. Um espetáculo deprimente. Na Cinelândia um show de músicas de carnaval tinha visíveis características de um evento chapa branca. Um horror. Quem se deu ao trabalho de ir até o centro da cidade pôde constatar, de forma bem clara, o projeto de César Maia de transformar o Rio de Janeiro numa enorme favela. Abaixo César Maia!
Enquanto Marcelo Monfort comandava o carnaval heterossexual da rua Vinicius de Moraes, Flavio Soares, dono do bar Bofetada, comandava o carnaval gay da rua Farme de Amoedo. O carnaval de Ipanema foi a festa da democracia sexual. A Farme ficou lotada de gays e lésbicas que se esbaldaram com a música que brotava das caixas de som instaladas pelo Bofetada para animar o carnaval da galera. Empresário esperto e empreendedor, Flávio Soares fechou a calçada em frente ao bar, transformando-o num camarote vip, e espalhou vendedores de cerveja por toda a rua. O resto ficou por conta da animação e do alto astral da comunidade GLS. O povo soltou a franga sem medo de ser feliz. Muito namoro, pessoas do mesmo sexo andando de mãos dadas e namorando sem culpa ou repressão. Embaladas pelo astral da festa uma grande quantidade de lésbicas invadiu Ipanema. As meninas foram um show à parte. Algumas namoravam docemente como casais adolescentes. Outras demonstravam mais personalidade e azaravam de forma ostensiva. Muitas queriam apenas dançar, dançar e dançar. No clima da folia a pegação rolava solta por toda parte. Mãos bobas surgiam ansiosas em busca de emoção. Nos embalos da Farme o carnaval foi como deve ser. Com alegria, alto astral e sensualidade. Na terça-feira gorda uma morena linda subiu no balcão do bar bofetada e fez a festa da multidão com seu corpo escultural vestindo um shortinho jeans e uma mini-camiseta onde estava escrito salva-gatas. Ao som dos grandes sucessos da música funk a menina deu um show de suingue e sensualidade deixando homens e mulheres inebriados. Evoé, Momo. Evoé...
O carnaval de Ipanema não ficou restrito apenas a Farme e a Vinicius. Nos finais de tarde multidões lotavam a Vieira Souto para acompanhar os desfiles da Banda de Ipanema e do Simpatia é quase amor. Foram desfiles animados e que marcaram o carnaval 2007. O problema é que o carnaval do Rio é um carnaval acústico. Diferente do carnaval da Bahia que é elétrico. No Rio a música é baixa. É pouca música para a grande quantidade de pessoas que estão nas ruas. A banda de Ipanema tem a mesma quantidade de músicos que tinha quando surgiu há 35 anos atrás. Ora bolas. Naquela época a quantidade de foliões era bem menor. De lá pra cá o carnaval cresceu e os músicos não têm fôlego para encarar tamanha quantidade de foliões. Será que não dava para colocar os músicos em cima de um trio elétrico e amplificar o som para que todos possam ouvir as marchinhas? Será que falta dinheiro para isso? Será que a banda de Ipanema, com essa marca, não consegue uma empresa para patrocinar seu desfile? Ou isso é apenas uma forma de purismo suicida?
Também merece registro o seguinte: os desfiles da banda e do Simpatia acabam muito rápido. Começam às cinco e acabam as nove da noite. Depois dos desfiles uma multidão fica vagando pela Vieira Souto em busca de um carnaval que simplesmente não acontece. O povo se vira do jeito que pode. Um liga o som do carro. Uma barraca improvisa algum tipo de música. E os foliões embalados pelo espírito de carnaval tentam fazer a festa acontecer. Outra coisa patética no carnaval do Rio: a prefeitura determina que todo tipo de som seja desligado à meia noite. Puta que pariu! À meia noite o folião está no auge da animação. As pessoas querem cantar, dançar e dar pinta, mas a prefeitura não deixa.
A prefeitura do Rio não entende nada de carnaval. Aliás, a prefeitura do Rio não entende nada de nada. A gangue de César Maia só sabe administrar favela. A avenida Rio Branco, a Cinelândia e a Lapa foram transformadas em favelões com a conivência e anuência de César Maia. Todo evento organizado pela prefeitura se transforma numa favela. Uma infinidade de vendedores ambulantes e camelôs loteavam ruas e calçadas impedindo a circulação de pessoas. Em meio às multidões barracas improvisadas com botijões de gás instalados de forma precária colocavam em risco a vida das pessoas. A avenida Rio Branco, que já viveu dias de glória carnavalesca, não recebeu nenhuma decoração. O Cacique de Ramos que já desfilou com multidões foi reduzido a um bloco de sujos, com meia dúzia de gatos pingados ao som de uma bateria fajuta. Um espetáculo deprimente. Na Cinelândia um show de músicas de carnaval tinha visíveis características de um evento chapa branca. Um horror. Quem se deu ao trabalho de ir até o centro da cidade pôde constatar, de forma bem clara, o projeto de César Maia de transformar o Rio de Janeiro numa enorme favela. Abaixo César Maia!
12.2.07
QUANDO O CARNAVAL CHEGAR – Os foliões da zona sul do Rio estão indignados com os diretores do bloco Suvaco do Cristo. Numa atitude elitista e quase fascista os organizadores anteciparam o horário do desfile, enganando uma multidão de foliões que achavam que tudo ia começar à uma hora da tarde. Muita gente chegou quando o desfile já tinha acabado. E todos reclamaram. Um grupo de garotas, fantasiadas com asas coloridas, se queixava da atitude dos dirigentes do grupo. Uma das meninas chegou a chorar, tamanha a sua frustração. Um grupo do posto oito, em Ipanema, também chegou quando o desfile já tinha acabado. Gabriel, um dos rapazes do grupo, dizia que o Suvaco era o único bloco de carnaval em que desfilava. E que a mudança de horário tinha estragado seu carnaval.
É uma pena essa atitude egoísta dos dirigentes do bloco. Fez a tristeza de muita gente. Os sujeitos alegam que fazem isso para evitar confusão e brigas. Ora bolas. Sempre houve brigas nos desfiles do Suvaco. Mesmo na época em que o desfile era feito por meia dúzia de pessoas já existiam as memoráveis porradas. Já pensou se os trios elétricos da Bahia usassem desse mesmo expediente para evitar as brigas? O carnaval de Salvador já teria acabado. E o bloco Galo da Madrugada, que sai em Recife, com cerca de um milhão de foliões e todo ano espera que esse número aumente? Essa atitude da direção do Suvaco só faz derrubar o carnaval do Rio que, em comparação com Recife e Salvador, é fraco e desanimado.
O desfile do Suvaco foi lindo para a elite privilegiada que pôde desfilar com folga e conforto na rua Jardim Botânico. Os moradores do bairro e os bem informados que souberam o horário do desfile com antecedência curtiram sem problemas o carnaval restrito e privê promovido pelo bloco. Curtiram a bateria afiada cujo som ecoava pela rua. E se deliciaram com a beleza mágica da eterna musa Cynthia Howllet, porta-estandarte do grupo, que desfilou grávida.
O desfile foi mesmo maravilhoso. Mas faltou aquela vibração promovida pela multidão. A energia gloriosa que só o povão sabe provocar. No coração daqueles que não conseguiram chegar a tempo havia um enorme sentimento de traição. No semblante deles podia-se ver a dor de ter perdido a folia que agora só vai acontecer daqui a um ano. Um bloco com real espírito carnavalesco não pode decepcionar seus fãs como o Suvaco do Cristo fez esse ano. O bloco que deveria deixar um rastro maior de alegria acabou provocando um enorme sentimento de frustração.
A partir de uma da tarde uma multidão começou a se aglomerar na praça do Jóckey, lugar do final do desfile. Era uma multidão de frustrados, de gente que se sentiu traída e rejeitada. Mas, como todos tinham saído de casa para brincar e se divertir, a solução foi improvisar. Um grupo improvisou uma batucada. Outro ligou o som do carro a todo volume. E a galera se divertiu como pôde. Nem o temporal que desabou sobre os foliões desanimou a festa. Depois da chuva o carnaval de rua ficou ainda mais animado. Cada um dançando com o som precário que dispunha. A pegação rolando solta. E a multidão sendo feliz, apesar da covardia daqueles que deveriam incentivar o carnaval.
QUANDO O CARNAVAL CHEGAR – Quando o temporal caiu sobre a cidade foi um corre-corre e uma gritaria na multidão que lotava a praça do Jóckey. Muita gente correu buscando abrigo da chuva em marquises de prédios, no posto de gasolina, embaixo de árvores ou outros abrigos improvisados. Quando a chuvarada caía forte, eu consegui me abrigar na pequena marquise de um prédio, espremido entre uma pequena multidão. Ali no meio um jovem casal, aproveitando o apertadinho do momento, começou a trocar beijos apaixonados, numa esfregação que não tinha fim. Era um casal bem jovem, ele um rapaz bonito com pinta de lutador, vestido só de bermuda exibindo o tórax malhado. Ela uma garota belíssima, de minissaia estampada e camisetinha branca. Num dado momento eles começaram a se animar na irresistível paixão e, sem ligar a mínima para a platéia à volta, o rapaz levantou a saia da moça, baixou sua calcinha, colocou seu pau pra fora da bermuda e começou a comer a menina ali mesmo. O pequeno grupo que se protegia da chuva que caía incessante e inclemente assistia a tudo entre surpreso e extasiado. Descontraídos, os pombinhos fizeram um amorzinho gostoso ali mesmo, alheio à chuva que caía torrencial e aos olhares excitados da improvisada platéia. Meia hora depois o rapaz começou a estremecer num orgasmo apaixonado. Depois eles se arrumaram, nos olharam com uma cara safada e cínica, e saíram no meio da chuva forte entre gritos e assobios da galera. Um espectador atento apontou para o chão, no lugar onde eles estavam, e lá havia gotas de sêmen que logo se misturaram à água da chuva. Evoé, Momo! Evoé...
QUANDO O CARNAVAL CHEGAR – Uma das novidades do disco Momentos, que Bebel Gilberto lança depois do carnaval, é a regravação de Caçada, antigo sucesso do repertório do seu tio Chico Buarque. Caçada é uma das músicas que Chico compôs para a trilha do filme Quando o carnaval chegar, de Cacá Diegues. A regravação de Caçada coincide com a inclusão da canção Mambembe, outra faixa da trilha do filme, no show que Chico recentemente apresentou no Canecão. Coincidência ou não, o relançamento dessas duas canções chama atenção sobre o disco Quando o carnaval chegar, que é um verdadeiro baú de pérolas da MPB como Baioque e Bom Conselho, na voz de Maria Bethânia, Soneto, gravada por Nara Leão e Partido Alto, com o MPB-4, música que também faz parte do moderno repertório do cantor Toni Platão. Quando o carnaval chegar é, realmente, um disco que merece ser descoberto pelas novas gerações.
MÚSICA É PERFUME – Foi lançado no Brasil, com grande estardalhaço, o Dicionário Cravo Albin de Música Brasileira. O livro, que tem uma versão na Internet, se propõe a ser o mais completo arquivo com informações sobre a MPB. Segundo Cravo Albin o livro tem tudo sobre a música brasileira, com verbetes sobre cantores, compositores, arranjadores, produtores, músicos, etc. No lançamento Ricardo Cravo Albin garantiu que no livro havia tudo sobre a música feita no Brasil. Mas não é bem assim.
O dicionário esqueceu de listar importantes nomes da música brasileira, como, por exemplo, o poeta Antonio Cícero, autor de algumas das mais belas letras da nossa música. Junto com sua irmã Marina Lima, Cícero compôs algumas das mais belas canções do nosso moderno cancioneiro. Roberto de Carvalho, o marido e parceiro da roqueira Rita Lee, também foi totalmente esquecido no dicionário. Assim como o produtor, letrista e critico Ezequiel Neves.
Outro que teve o seu nome omitido no dicionário foi o produtor, empresário e compositor Paulinho Lima. E esse é um nome que jamais deveria ser esquecido. Paulinho foi o maior empresário da MPB, depois de Guilherme Araújo. Baiano de Itabuna, ele produziu, no inicio dos anos 70, o antológico show Deixa Sangrar, da cantora Gal Costa, assim como o lendário álbum duplo Gal a todo vapor, onde a então jovem estrela baiana gravou a música Vapor Barato. Nessa época Gal e Paulinho moravam juntos num apartamento na rua Nascimento e Silva, em Ipanema. Era com Paulinho que ela ia à praia no Píer de Ipanema, local que ficou conhecido como as dunas da Gal. Pois é. Mesmo com esse precioso curriculo Paulinho foi esquecido.
Mas essa união com Gal Costa é só o aperitivo da história de Paulinho Lima na MPB. Foi ele quem lançou Ângela Ro Ro e Zizi Possi. Na época em que as duas tinham um caso e viviam tendo brigas escandalosas que, invariavelmente, acabavam na delegacia, era Paulinho quem ia tirar as cantoras da cadeia. Foi Mr. Lima quem produziu os antológicos shows do grupo Novos Baianos que revolucionaram a MPB. Como produtor investiu em novos talentos que vieram a se firmar como grandes nomes como Nana Caymmi, Simone e Fafá de Belém. Nos anos 80 lançou Richie e Leo Jaime e deu início a sua carreira de compositor, com músicas gravadas por Guilherme Arantes, Zizi Possi, Simone, Gal Costa, Ney Matogrosso, Lulu Santos, entre outros. Uma dessas músicas, Transas, gravada pelo Richie, foi a música mais tocada nas rádios em 1987, segundo o jornal Folha de São Paulo.
Com uma participação tão intensa na música brasileira das últimas três décadas eu fico imaginando qual a razão do nome dele não ter sido incluído no dicionário. Por que os pesquisadores não conseguiram chegar até ele? Qual o critério adotado por Cravo Albin para fazer a pesquisa? Afinal o livro foi lançado como o mais completo arquivo da MPB. É claro que, na versão on-line, o pesquisador pode incluir esses nomes aqui citados a qualquer momento. A grande vantagem da Internet é essa: as correções podem ser feitas sem maiores prejuízos. Mas, a versão impressa, já à venda nas livrarias, lançada como o mais completo arquivo da MPB, omite nomes importantíssimos. E isso é imperdoável.
É uma pena essa atitude egoísta dos dirigentes do bloco. Fez a tristeza de muita gente. Os sujeitos alegam que fazem isso para evitar confusão e brigas. Ora bolas. Sempre houve brigas nos desfiles do Suvaco. Mesmo na época em que o desfile era feito por meia dúzia de pessoas já existiam as memoráveis porradas. Já pensou se os trios elétricos da Bahia usassem desse mesmo expediente para evitar as brigas? O carnaval de Salvador já teria acabado. E o bloco Galo da Madrugada, que sai em Recife, com cerca de um milhão de foliões e todo ano espera que esse número aumente? Essa atitude da direção do Suvaco só faz derrubar o carnaval do Rio que, em comparação com Recife e Salvador, é fraco e desanimado.
O desfile do Suvaco foi lindo para a elite privilegiada que pôde desfilar com folga e conforto na rua Jardim Botânico. Os moradores do bairro e os bem informados que souberam o horário do desfile com antecedência curtiram sem problemas o carnaval restrito e privê promovido pelo bloco. Curtiram a bateria afiada cujo som ecoava pela rua. E se deliciaram com a beleza mágica da eterna musa Cynthia Howllet, porta-estandarte do grupo, que desfilou grávida.
O desfile foi mesmo maravilhoso. Mas faltou aquela vibração promovida pela multidão. A energia gloriosa que só o povão sabe provocar. No coração daqueles que não conseguiram chegar a tempo havia um enorme sentimento de traição. No semblante deles podia-se ver a dor de ter perdido a folia que agora só vai acontecer daqui a um ano. Um bloco com real espírito carnavalesco não pode decepcionar seus fãs como o Suvaco do Cristo fez esse ano. O bloco que deveria deixar um rastro maior de alegria acabou provocando um enorme sentimento de frustração.
A partir de uma da tarde uma multidão começou a se aglomerar na praça do Jóckey, lugar do final do desfile. Era uma multidão de frustrados, de gente que se sentiu traída e rejeitada. Mas, como todos tinham saído de casa para brincar e se divertir, a solução foi improvisar. Um grupo improvisou uma batucada. Outro ligou o som do carro a todo volume. E a galera se divertiu como pôde. Nem o temporal que desabou sobre os foliões desanimou a festa. Depois da chuva o carnaval de rua ficou ainda mais animado. Cada um dançando com o som precário que dispunha. A pegação rolando solta. E a multidão sendo feliz, apesar da covardia daqueles que deveriam incentivar o carnaval.
QUANDO O CARNAVAL CHEGAR – Quando o temporal caiu sobre a cidade foi um corre-corre e uma gritaria na multidão que lotava a praça do Jóckey. Muita gente correu buscando abrigo da chuva em marquises de prédios, no posto de gasolina, embaixo de árvores ou outros abrigos improvisados. Quando a chuvarada caía forte, eu consegui me abrigar na pequena marquise de um prédio, espremido entre uma pequena multidão. Ali no meio um jovem casal, aproveitando o apertadinho do momento, começou a trocar beijos apaixonados, numa esfregação que não tinha fim. Era um casal bem jovem, ele um rapaz bonito com pinta de lutador, vestido só de bermuda exibindo o tórax malhado. Ela uma garota belíssima, de minissaia estampada e camisetinha branca. Num dado momento eles começaram a se animar na irresistível paixão e, sem ligar a mínima para a platéia à volta, o rapaz levantou a saia da moça, baixou sua calcinha, colocou seu pau pra fora da bermuda e começou a comer a menina ali mesmo. O pequeno grupo que se protegia da chuva que caía incessante e inclemente assistia a tudo entre surpreso e extasiado. Descontraídos, os pombinhos fizeram um amorzinho gostoso ali mesmo, alheio à chuva que caía torrencial e aos olhares excitados da improvisada platéia. Meia hora depois o rapaz começou a estremecer num orgasmo apaixonado. Depois eles se arrumaram, nos olharam com uma cara safada e cínica, e saíram no meio da chuva forte entre gritos e assobios da galera. Um espectador atento apontou para o chão, no lugar onde eles estavam, e lá havia gotas de sêmen que logo se misturaram à água da chuva. Evoé, Momo! Evoé...
QUANDO O CARNAVAL CHEGAR – Uma das novidades do disco Momentos, que Bebel Gilberto lança depois do carnaval, é a regravação de Caçada, antigo sucesso do repertório do seu tio Chico Buarque. Caçada é uma das músicas que Chico compôs para a trilha do filme Quando o carnaval chegar, de Cacá Diegues. A regravação de Caçada coincide com a inclusão da canção Mambembe, outra faixa da trilha do filme, no show que Chico recentemente apresentou no Canecão. Coincidência ou não, o relançamento dessas duas canções chama atenção sobre o disco Quando o carnaval chegar, que é um verdadeiro baú de pérolas da MPB como Baioque e Bom Conselho, na voz de Maria Bethânia, Soneto, gravada por Nara Leão e Partido Alto, com o MPB-4, música que também faz parte do moderno repertório do cantor Toni Platão. Quando o carnaval chegar é, realmente, um disco que merece ser descoberto pelas novas gerações.
MÚSICA É PERFUME – Foi lançado no Brasil, com grande estardalhaço, o Dicionário Cravo Albin de Música Brasileira. O livro, que tem uma versão na Internet, se propõe a ser o mais completo arquivo com informações sobre a MPB. Segundo Cravo Albin o livro tem tudo sobre a música brasileira, com verbetes sobre cantores, compositores, arranjadores, produtores, músicos, etc. No lançamento Ricardo Cravo Albin garantiu que no livro havia tudo sobre a música feita no Brasil. Mas não é bem assim.
O dicionário esqueceu de listar importantes nomes da música brasileira, como, por exemplo, o poeta Antonio Cícero, autor de algumas das mais belas letras da nossa música. Junto com sua irmã Marina Lima, Cícero compôs algumas das mais belas canções do nosso moderno cancioneiro. Roberto de Carvalho, o marido e parceiro da roqueira Rita Lee, também foi totalmente esquecido no dicionário. Assim como o produtor, letrista e critico Ezequiel Neves.
Outro que teve o seu nome omitido no dicionário foi o produtor, empresário e compositor Paulinho Lima. E esse é um nome que jamais deveria ser esquecido. Paulinho foi o maior empresário da MPB, depois de Guilherme Araújo. Baiano de Itabuna, ele produziu, no inicio dos anos 70, o antológico show Deixa Sangrar, da cantora Gal Costa, assim como o lendário álbum duplo Gal a todo vapor, onde a então jovem estrela baiana gravou a música Vapor Barato. Nessa época Gal e Paulinho moravam juntos num apartamento na rua Nascimento e Silva, em Ipanema. Era com Paulinho que ela ia à praia no Píer de Ipanema, local que ficou conhecido como as dunas da Gal. Pois é. Mesmo com esse precioso curriculo Paulinho foi esquecido.
Mas essa união com Gal Costa é só o aperitivo da história de Paulinho Lima na MPB. Foi ele quem lançou Ângela Ro Ro e Zizi Possi. Na época em que as duas tinham um caso e viviam tendo brigas escandalosas que, invariavelmente, acabavam na delegacia, era Paulinho quem ia tirar as cantoras da cadeia. Foi Mr. Lima quem produziu os antológicos shows do grupo Novos Baianos que revolucionaram a MPB. Como produtor investiu em novos talentos que vieram a se firmar como grandes nomes como Nana Caymmi, Simone e Fafá de Belém. Nos anos 80 lançou Richie e Leo Jaime e deu início a sua carreira de compositor, com músicas gravadas por Guilherme Arantes, Zizi Possi, Simone, Gal Costa, Ney Matogrosso, Lulu Santos, entre outros. Uma dessas músicas, Transas, gravada pelo Richie, foi a música mais tocada nas rádios em 1987, segundo o jornal Folha de São Paulo.
Com uma participação tão intensa na música brasileira das últimas três décadas eu fico imaginando qual a razão do nome dele não ter sido incluído no dicionário. Por que os pesquisadores não conseguiram chegar até ele? Qual o critério adotado por Cravo Albin para fazer a pesquisa? Afinal o livro foi lançado como o mais completo arquivo da MPB. É claro que, na versão on-line, o pesquisador pode incluir esses nomes aqui citados a qualquer momento. A grande vantagem da Internet é essa: as correções podem ser feitas sem maiores prejuízos. Mas, a versão impressa, já à venda nas livrarias, lançada como o mais completo arquivo da MPB, omite nomes importantíssimos. E isso é imperdoável.
5.2.07
SANGUE, SUOR E LÁGRIMAS – Foi um verdadeiro congresso de artes marciais o campeonato realizado este fim de semana para escolher os atletas brasileiros que irão participar do ADCC Submission Fighting, o lendário torneio de artes marciais criado em 1998 pelo Sheik dos Emirados Árabes Tahnoon Bin Zayed. Um apaixonado por artes marciais, o Sheik criou essa modalidade de luta que mistura as técnicas do jiu-jitsu, judô, luta olímpica, luta livre e wrestling. Batizada de Submission Fighting ou luta agarrada, como dizem os brasileiros, o torneio é disputado sem quimono, de modo que o lutador tenha apenas o corpo do adversário para agarrar. Pela participação no torneio, que esse ano será em Maio, em New Jersey, o atleta recebe dez mil dólares. Os vencedores, de acordo com a categoria de cada um, podem ganhar até cinqüenta mil dólares.
Todos os grandes nomes das artes marciais no Brasil estiveram presentes ao estádio do Botafogo. Muitos disputando uma vaga como lutador ou treinador. Outros na platéia, assistindo as lutas e prestigiando o evento. Estavam lá Gustavo Ximú, Roan Jucão, Thalles Leites, Leo Vieira, Bebeo Duarte, Carlão Barreto, Royler Gracie, Leonardo Leite, Renato Babalu, Roberto Tozi, Milton Vieira, Tarsis Humphreys, os gêmeos Minotauro e Minotouro, Danilo Índio, Rômulo Barral, Robert Drysdale e muitos outros.
Guy Nievens, o assessor do Sheik que cuida exclusivamente do campeonato, veio pessoalmente ao Brasil supervisionar a seletiva brasileira, já que o país é uma potência nessa modalidade esportiva. Para que houvesse total isenção no julgamento das lutas foram dispensados juízes brasileiros. Com Guy Nievens vieram quinze juizes estrangeiros (americanos, belgas, alemães e dinamarqueses), todos praticantes de artes marciais e homens de confiança do sheik.
A seletiva foi uma verdadeira maratona de lutas. Cada lutador tinha que vencer três adversários para poder participar da luta final, cujo vencedor estaria classificado para o ADCC e poderia realizar o grande sonho de todo atleta de artes marciais no Brasil: lutar para o milionário sheik dos Emirados Árabes. Nos tatames espalhados pelo estádio do Botafogo, o que se via nos semblantes dos lutadores era muita ansiedade, nervosismo, garra, fraternidade, dor, emoção, alegria, tristeza, sangue, suor e lágrimas.
Muitas lutas empolgaram o público que vibrava com aplausos e assobios. Como a luta entre Rômulo Barral e Rosimar Toquinho. O mineiro Barral é muito bem cotado no mercado de lutas e era uma das apostas para representar o Brasil no ADCC. Suas lutas foram muito bem disputadas e ele foi o responsável por grandes momentos de empolgação no torneio. Na penúltima luta, entretanto, seu adversário parecia estar decidido a não lhe deixar avançar. Os dois se engalfinharam no tatame de tal forma que parecia que os dois eram apenas um, chafurdando numa poça de suor. Estrangula daqui, golpeia dali e nenhum dos dois desistia do embate. Num dado momento cada um dos lutadores conseguiu encaixar o outro numa chave de perna. A vontade de vencer, o sonho de lutar para o Sheik, o desejo de faturar os petrodólares deram força aos aguerridos lutadores e nenhum dos dois desistiu ante a pressão do outro. Foi então que os dois se soltaram ao mesmo tempo e ficaram caídos no tatame se contorcendo de dor. Barral sofreu uma dolorosa torção na perna que o fez chorar muito. Seu adversário, ao mesmo tempo, se contorcia de dor, com uma lesão na região lombar. As duras regras do torneio fizeram com que ambos fossem desclassificados.
Milton Vieira é uma personalidade do Posto Nove. Aquele pedaço da praia de Ipanema é a sua sala de visitas, onde encontra os amigos e flerta com as gatinhas. Com seu espírito esportivo está sempre surfando ou jogando altinho. Ali pouca gente sabe que aquele garotão boa praça, gentil e educado é um dos grandes nas artes marciais. Sua luta com Julian Soares foi considerada pelo Jornal dos Sports como a mais empolgante do primeiro dia do evento e mereceu uma enorme foto na reportagem que o jornal fez do campeonato. A disputa só foi decidida na prorrogação. Julian Soares conseguiu uma queda sobre Milton que, rapidamente, aplicou uma guilhotina. A finalização levou a torcida ao delírio e Milton às semifinais da seletiva, na categoria até 76 kg.
Se existe um atleta brasileiro a quem a palavra samurai se aplica com perfeição esse atleta chama-se Roberto Tozi, um paulista de Campinas, dono da academia Tozi Jiu-Jitsu. Ele é um homem belíssimo. Másculo, forte, grandão, atlético. E por trás daquele homenzarrão existe um sujeito doce e tranqüilo, de sorriso fácil e sereno. Depois de vencer três pedreiras em lutas muito disputadas Tozi foi classificado para a final, mas acabou perdendo na luta que lhe garantiria o passaporte para o ADCC. Quando saía suado e exausto da área de luta, ao ser cumprimentado por colegas, sorriu com tranqüilidade e declarou: “Estou precisando treinar mais”. Mas, se não vai participar do ADCC como lutador Roberto Tozi vai viajar para New Jersey como treinador. Seu pupilo Luiz Theodoro, o Big Mac, foi o grande vencedor na categoria até 99 kg, ao derrotar Joaquim Mamute, da academia Gracie-Barra de Belo Horizonte.
Tarsis Humpreys foi um dos atletas mais empolgados de todo o campeonato. Sua cara de menino e o tom pálido de sua pele lhe davam uma aparência frágil que realçava uma delicada beleza juvenil. Mas, quando entrava no tatame, Tarsis se transformava num animal tinhoso e guerreiro. Diante de lutadores mais fortes ele demonstrava raça, força de vontade e grande capacidade de transformar as adversidades a seu favor. Disciplinado, quando não estava lutando ficava concentrado praticando exercícios de alongamento e respiração. Venceu com grande mérito as três lutas das semifinais. E na grande final teve que enfrentar Delson Pé de Chumbo, um atleta de Teresópolis que está em grande forma e não tem perdido para ninguém nos últimos campeonatos. A final entre Tarsis e Delson foi um espetáculo que mobilizou o público. Muita garra e empolgação por parte dos lutadores que investiram tudo na expectativa de realizar o sonho de lutar para o Sheik. Força. Vibração. Muito suor escorrendo dos músculos vibrantes. O moreno Delson, que também é um grande capoeirista, teve um corte na boca e gotas do seu sangue se derramavam sensualmente na pele alva do adversário. A luta terminou empate, mas Delson ganhou na decisão dos juízes. O vitorioso comemorou com uma cambalhota e o perdedor saiu de cena com lágrimas que escorriam dos seus olhos e se disfarçavam no seu rosto molhado de suor.
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O MELHOR DO BRASIL É O BRASILEIRO – Chamava atenção no estádio do Botafogo o grupo de juízes estrangeiros que foram escalados por Guy Nievens, o braço direito do Sheik Tahnoon, para a arbitragem do torneio. Todos louros e vestidos com o uniforme do evento, camisa pólo amarela e calça preta. Disciplinados e exigentes, eles foram bem rígidos na condução das lutas, não se deixando influenciar pelas torcidas do público, nem pela pressão dos treinadores que tentavam defender os interesses de seus pupilos. Nos bastidores do evento, enquanto supervisionavam o aquecimento de seus atletas, os treinadores comentavam que houve uma disputa acirrada entre os membros da equipe do Sheik, pois todos queriam vir ao Rio de Janeiro. É que, após um fim de semana de trabalho, eles teriam dois dias de folga antes de voltarem aos seus países. E, durante a folga, os atletas-juízes já tinham um programa agendado: uma visita a termas Centauros, o irresistível prostíbulo chique de Ipanema. Às gargalhadas um faixa-preta muito bem relacionado no mundo das artes marciais comentava numa roda de conversa no último dia: Amanhã os juízes do Sheik vão se internar na Centauros. Vão chegar as três horas da tarde e só vão sair de lá às três da manhã. Serão doze horas de buceta.
Promiscuous girl
Wherever you are
I’m all alone
And it's you that I want
Promiscuous boy
You already know
That I’m all yours
What you waiting for?
Promiscuous girl
You're teasing me
You know what I want
And I got what you need
Promiscuous boy
Let's get to the point
Cause we're on a roll
Are you ready?
Todos os grandes nomes das artes marciais no Brasil estiveram presentes ao estádio do Botafogo. Muitos disputando uma vaga como lutador ou treinador. Outros na platéia, assistindo as lutas e prestigiando o evento. Estavam lá Gustavo Ximú, Roan Jucão, Thalles Leites, Leo Vieira, Bebeo Duarte, Carlão Barreto, Royler Gracie, Leonardo Leite, Renato Babalu, Roberto Tozi, Milton Vieira, Tarsis Humphreys, os gêmeos Minotauro e Minotouro, Danilo Índio, Rômulo Barral, Robert Drysdale e muitos outros.
Guy Nievens, o assessor do Sheik que cuida exclusivamente do campeonato, veio pessoalmente ao Brasil supervisionar a seletiva brasileira, já que o país é uma potência nessa modalidade esportiva. Para que houvesse total isenção no julgamento das lutas foram dispensados juízes brasileiros. Com Guy Nievens vieram quinze juizes estrangeiros (americanos, belgas, alemães e dinamarqueses), todos praticantes de artes marciais e homens de confiança do sheik.
A seletiva foi uma verdadeira maratona de lutas. Cada lutador tinha que vencer três adversários para poder participar da luta final, cujo vencedor estaria classificado para o ADCC e poderia realizar o grande sonho de todo atleta de artes marciais no Brasil: lutar para o milionário sheik dos Emirados Árabes. Nos tatames espalhados pelo estádio do Botafogo, o que se via nos semblantes dos lutadores era muita ansiedade, nervosismo, garra, fraternidade, dor, emoção, alegria, tristeza, sangue, suor e lágrimas.
Muitas lutas empolgaram o público que vibrava com aplausos e assobios. Como a luta entre Rômulo Barral e Rosimar Toquinho. O mineiro Barral é muito bem cotado no mercado de lutas e era uma das apostas para representar o Brasil no ADCC. Suas lutas foram muito bem disputadas e ele foi o responsável por grandes momentos de empolgação no torneio. Na penúltima luta, entretanto, seu adversário parecia estar decidido a não lhe deixar avançar. Os dois se engalfinharam no tatame de tal forma que parecia que os dois eram apenas um, chafurdando numa poça de suor. Estrangula daqui, golpeia dali e nenhum dos dois desistia do embate. Num dado momento cada um dos lutadores conseguiu encaixar o outro numa chave de perna. A vontade de vencer, o sonho de lutar para o Sheik, o desejo de faturar os petrodólares deram força aos aguerridos lutadores e nenhum dos dois desistiu ante a pressão do outro. Foi então que os dois se soltaram ao mesmo tempo e ficaram caídos no tatame se contorcendo de dor. Barral sofreu uma dolorosa torção na perna que o fez chorar muito. Seu adversário, ao mesmo tempo, se contorcia de dor, com uma lesão na região lombar. As duras regras do torneio fizeram com que ambos fossem desclassificados.
Milton Vieira é uma personalidade do Posto Nove. Aquele pedaço da praia de Ipanema é a sua sala de visitas, onde encontra os amigos e flerta com as gatinhas. Com seu espírito esportivo está sempre surfando ou jogando altinho. Ali pouca gente sabe que aquele garotão boa praça, gentil e educado é um dos grandes nas artes marciais. Sua luta com Julian Soares foi considerada pelo Jornal dos Sports como a mais empolgante do primeiro dia do evento e mereceu uma enorme foto na reportagem que o jornal fez do campeonato. A disputa só foi decidida na prorrogação. Julian Soares conseguiu uma queda sobre Milton que, rapidamente, aplicou uma guilhotina. A finalização levou a torcida ao delírio e Milton às semifinais da seletiva, na categoria até 76 kg.
Se existe um atleta brasileiro a quem a palavra samurai se aplica com perfeição esse atleta chama-se Roberto Tozi, um paulista de Campinas, dono da academia Tozi Jiu-Jitsu. Ele é um homem belíssimo. Másculo, forte, grandão, atlético. E por trás daquele homenzarrão existe um sujeito doce e tranqüilo, de sorriso fácil e sereno. Depois de vencer três pedreiras em lutas muito disputadas Tozi foi classificado para a final, mas acabou perdendo na luta que lhe garantiria o passaporte para o ADCC. Quando saía suado e exausto da área de luta, ao ser cumprimentado por colegas, sorriu com tranqüilidade e declarou: “Estou precisando treinar mais”. Mas, se não vai participar do ADCC como lutador Roberto Tozi vai viajar para New Jersey como treinador. Seu pupilo Luiz Theodoro, o Big Mac, foi o grande vencedor na categoria até 99 kg, ao derrotar Joaquim Mamute, da academia Gracie-Barra de Belo Horizonte.
Tarsis Humpreys foi um dos atletas mais empolgados de todo o campeonato. Sua cara de menino e o tom pálido de sua pele lhe davam uma aparência frágil que realçava uma delicada beleza juvenil. Mas, quando entrava no tatame, Tarsis se transformava num animal tinhoso e guerreiro. Diante de lutadores mais fortes ele demonstrava raça, força de vontade e grande capacidade de transformar as adversidades a seu favor. Disciplinado, quando não estava lutando ficava concentrado praticando exercícios de alongamento e respiração. Venceu com grande mérito as três lutas das semifinais. E na grande final teve que enfrentar Delson Pé de Chumbo, um atleta de Teresópolis que está em grande forma e não tem perdido para ninguém nos últimos campeonatos. A final entre Tarsis e Delson foi um espetáculo que mobilizou o público. Muita garra e empolgação por parte dos lutadores que investiram tudo na expectativa de realizar o sonho de lutar para o Sheik. Força. Vibração. Muito suor escorrendo dos músculos vibrantes. O moreno Delson, que também é um grande capoeirista, teve um corte na boca e gotas do seu sangue se derramavam sensualmente na pele alva do adversário. A luta terminou empate, mas Delson ganhou na decisão dos juízes. O vitorioso comemorou com uma cambalhota e o perdedor saiu de cena com lágrimas que escorriam dos seus olhos e se disfarçavam no seu rosto molhado de suor.
CLIQUE AQUI e veja as fotos do ADCC - Abu Dhabi Combat Club
O MELHOR DO BRASIL É O BRASILEIRO – Chamava atenção no estádio do Botafogo o grupo de juízes estrangeiros que foram escalados por Guy Nievens, o braço direito do Sheik Tahnoon, para a arbitragem do torneio. Todos louros e vestidos com o uniforme do evento, camisa pólo amarela e calça preta. Disciplinados e exigentes, eles foram bem rígidos na condução das lutas, não se deixando influenciar pelas torcidas do público, nem pela pressão dos treinadores que tentavam defender os interesses de seus pupilos. Nos bastidores do evento, enquanto supervisionavam o aquecimento de seus atletas, os treinadores comentavam que houve uma disputa acirrada entre os membros da equipe do Sheik, pois todos queriam vir ao Rio de Janeiro. É que, após um fim de semana de trabalho, eles teriam dois dias de folga antes de voltarem aos seus países. E, durante a folga, os atletas-juízes já tinham um programa agendado: uma visita a termas Centauros, o irresistível prostíbulo chique de Ipanema. Às gargalhadas um faixa-preta muito bem relacionado no mundo das artes marciais comentava numa roda de conversa no último dia: Amanhã os juízes do Sheik vão se internar na Centauros. Vão chegar as três horas da tarde e só vão sair de lá às três da manhã. Serão doze horas de buceta.
Promiscuous girl
Wherever you are
I’m all alone
And it's you that I want
Promiscuous boy
You already know
That I’m all yours
What you waiting for?
Promiscuous girl
You're teasing me
You know what I want
And I got what you need
Promiscuous boy
Let's get to the point
Cause we're on a roll
Are you ready?
2.2.07
O CARIOCA – O melhor de assistir ao show do Chico Buarque foi saber que aquele grande artista brasileiro que destilava seu talento no palco do Canecão não tinha votado no Lula. No dia da eleição que decidiu o novo presidente do Brasil o belo Chico estava em Portugal. E, certamente, isso não foi por acaso. Como também não foi por acaso que, nesse mesmo dia da eleição, ele apareceu na coluna do Ancelmo Góes vestindo a camisa da seleção brasileira, numa magnífica foto do Mario Canivello. Foi como se ele estivesse dizendo aos seus admiradores: Eu torço mesmo é pelo Brasil.
Assistindo ao show do Canecão, enquanto o artista cantava Mambembe, uma de minhas músicas favoritas do seu repertório, eu percebi que Chico Buarque é uma personalidade brasileira que nunca me decepcionou. Ele sempre faz a coisa certa. Sempre tem a atitude correta de forma discreta e elegante. E a consciência disso me deixou emocionado e orgulhoso.
No palco, na praça, no circo, num banco de jardim
Correndo no escuro, pichado no muro
Você vai saber de mim
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
Adoro Mambembe, uma música da trilha sonora do filme Quando o carnaval chegar, que faz parte do repertório do show. Quando era menino eu ouvia muito esse disco, que tem também Maria Bethânia cantando Baioque. (Preciso comprar esse CD). Mambembe é uma música que traduz com perfeição, tanto na letra como na melodia, a melancolia que existe em todo grande folião. Paralela aquela alegria efervescente que ocorre no carnaval existe uma tristeza muito grande nas pessoas que pulam atrás do trio elétrico, sambam nas escolas ou saem fantasiadas pelas ruas da cidade. Junto com aquela alegria fica escondida uma tristeza, uma melancolia, um sentimento existencialista. E Chico traduziu com perfeição esse oculto sentimento carnavalesco na música Mambembe. Quero assistir ao show mais uma vez só para vê-lo/ouvi-lo cantando essa canção.
Mendigo, malandro, muleque, mulambo bem ou mal
Cantando
Escravo fugido, um louco varrido
Vou fazer meu festival
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
Poeta, palhaço, pirata, corisco, feirante judeu
Cantando
O show é comovente por tudo o que o envolve. Um músico com um patrimônio artístico inestimável. E uma forte relação entre o artista e seu público. A platéia reverencia Chico Buarque não apenas como um artista, um cantor. A platéia de Chico o reverencia como alguém em quem se pode confiar. E essa relação de confiança existente entre o astro e seu público transforma o show num evento com uma energia muito especial. É quase como um ritual religioso.
O que dizer do repertório? A vasta obra do cantor e compositor permite as mais diversas combinações de grandes sucessos da música brasileira. Ele não canta Construção, nem Januária, nem Essa moça ta diferente, nem Com açúcar e com afeto. Mas canta Bye Bye Brasil, Futuros amantes, Subúrbio e As vitrines. Show!
Dormindo na estrada, no nada, no nada
E esse mundo é todo meu
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
A VIDA É BELA – Caminhando pela praia de Ipanema escuto uma voz gritando o meu nome. Quando me viro vejo o sorriso angelical do querido Dado Dolabella. Você precisa usar óculos, cara. Tô fazendo sinal um tempão e você não me vê, disse ele afetuoso ao mesmo tempo em que me recebia efusivamente. Explico que estava distraído admirando a beleza do mar. Na praia com Dado estava um grupo bem bacana: a namorada Luana e os amigos Lui Mendes, Marco Antônio Gimenez, Bebel Lobo e mais um casal que eu não conhecia.
Era um dia lindo de verão. Um desses dias mágicos em que tudo dá certo. A praia encantadora. A água cristalina. O céu azul. Pessoas lindas e educadas à nossa volta. Um bom papo. Todo mundo bebendo cerveja num astral saudável e feliz. Seria muito bom se a vida fosse sempre assim. O universo parecia nos dizer que tudo estava no lugar certo.
Lui Mendes é uma grande figura. Quando vai à praia ele leva um aparelho que reúne duas pequenas caixas acústicas que amplificam o som do I-pod. Então havia música para nós. No amplificador de Lui estava acoplado o I-pod do Dado Dolabella. O que tocava no I-pod do Dado? Let´s stay together e Sexual Healing, com Marvin Gaye; Taj Mahal e País Tropical, com Jorge Benjor; Canto de Ossanha, com Daúde; La vacaloca e Merry Blues com Manu Chao e mais um monte de música brasileira. Eu só gosto de música de verdade. Nada desse tum-tum-tum de música eletrônica, dizia ele ao aumentar o volume do som sempre que tocava uma música que considerava especial. Quando tocou Doralice, com João Donato, ele se levantou e ficou dançando na praia enquanto cantarolava a música junto com o cantor. Essa é uma das minhas músicas favoritas. Adoro João Donato, dizia o galã fazendo uma coreografia sensual. Eu agora conheço duas pessoas que são fãs incondicionais de João Donato: Dado Dolabella e dona Cecília Motta, a mãe do Nelson Motta.
Amoroso, Dado se debruçava em carinhos com a namorada. Depois de cobri-la de beijinhos e carinhos sem fim ele virou-se para a galera e disse: Eu namoro o garoto mais bonito dessa cidade. Quando todos se surpreenderam ele completou: O pequeno príncipe..., numa referência ao personagem que Luana Piovani faz na peça infantil adaptada do livro de Saint-Exupéry.
Lui, Dado e Marco Antônio haviam passado o reveillon em Florianópolis e ficaram conversando sobre a temporada de sol, festas e agitos em Jurerê, a praia favorita das celebridades que vão a Floripa. Marco Antônio, com seu corpo malhado e ares de galã intelectual, é filho do saudoso Jece Valadão. Eu me apaixonei várias vezes em Jurerê, me disse ele com um sorriso malicioso nos lábios.
Dado e Luana vão sempre à praia com esse grupo de amigos e ali eles fazem a linha popular. Conhecem todos os barraqueiros e ambulantes pelo nome. Tratam todos com o maior carinho, como se fossem velhos amigos. E isso não é gênero. É um comportamento sincero. Luana brinca com as crianças que vê na praia, revelando um delicado instinto maternal. Quando uma mulher que recolhia latas de cerveja passou perto de nós segurando uma garotinha pela mão a atriz logo perguntou: Você não quer levar sua filha para ver minha peça? A pobre mulher sorriu encabulada e surpresa. Luana perguntou o nome delas e disse que ia deixar dois ingressos na bilheteria para qualquer dia que elas quisessem assistir a sua performance em O pequeno príncipe.
Depois chegaram na praia um casal e três crianças. Uma garotinha que estava com eles chegou diante de nós e, de um jeito bem sapeca, tirando a roupa, cumprimentou o grupo: E aí, galera, tudo bem? Dado caiu na gargalhada com o jeito teatral da menininha. Depois perguntou a Lui e a Marco Antônio se eles tinham visto o que a garota tinha feito. Como eles estavam distraídos conversando e não tinham prestado atenção, Dado se levantou, botou a mão na cintura e imitou os trejeitos da garotinha provocando gargalhadas em todos nós. E aí, galera, tudo bem?
Mesmo estando na praia Dado estava com o cabelo impecável, usava óculos Ray-ban, e a barba por fazer. Você está lindo com esse visual, disse o amigo Lui Mendes, com ternura. O namorado de Luana abriu um sorriso maroto e ficou parado, deixando-se admirar por todos nós. Ele estava realmente muito bonito. E sua beleza resplandecia em toda a praia de Ipanema.
Nesse adorável dia de verão havia saído uma nota venenosa sobre o Dado Dolabella na coluna do Ancelmo Góes, afirmando que ele costuma estacionar o seu carro em cima da calçada sempre que vai à casa da Luana. Na praia, todo mundo comentava com o ator sobre a nota e ele explicava que a área em que estacionava pertencia ao prédio, que a Luana tem direito a duas garagens no edifício onde mora e que ele só não parava no interior do prédio porque seu carro era grande e não passava na porta da garagem. Eu vou mandar um e-mail para o Ancelmo esclarecendo tudo, dizia ele sem nenhum sinal de irritação ou mágoa.
A praia estava tão gostosa que não conseguíamos ir embora. Assistimos ao sol se pôr glorioso atrás das montanhas e continuamos noite adentro, bebendo cerveja, jogando conversa fora e ouvindo o som que brotava do I-pod do Dado. A noite já havia caído e estava bem escuro quando decidimos levantar acampamento. Nesse momento Luana e Bebel Lobo juntaram todo o lixo que havia sido acumulado em torno de nós e jogaram na lixeira. Um dos funcionários da Comlurb que já faziam a limpeza da praia olhou para as atrizes e comentou: Seria ótimo se todo mundo que viesse a praia fosse como vocês. Luana sorriu para o lixeiro e respondeu: Eu não admito praia suja. Eu sempre recolho o meu lixo e o dos meus amigos. Uma lua cheia iluminava com suavidade a noite de Ipanema.
MEG GUIMARÃES NÃO MORREU – Essa história daria uma novela. A blogueira Meg Guimarães não morreu. Lá em baixo, num post datado de 23 de janeiro, escrevi um texto lamentando a morte de Meg, autora do blog Sub Rosa, uma pioneira da Internet no Brasil. Pois bem. Depois de provocar uma comoção entre os blogueiros veteranos, descobriu-se que tudo tinha sido uma farsa. A imaginosa Meg forjou sua própria morte para tentar se livrar de um namorado que havia conhecido na Internet. Ela teria vivido uma paixão cibernética mas, quando o apaixonado insistiu em conhecê-la pessoalmente ela forjou sua morte para poder se livrar do bofe.
Pela primeira vez na vida lamentei a morte de uma pessoa e depois vim a descobrir que essa pessoa não tinha morrido. Foi uma experiência interessante. Desejaria que muitas das pessoas que amei e que se foram me fizessem essa surpresa. Aparecessem vivas diante de mim dizendo que tudo foi um mal entendido. (Mauro Rasi, Damião, Wilma Lessa, Vicente Pereira, Dina Sfat, John Lennon, Cazuza, Mara Caballero, River Phoenix, Cláudio Killer, João Moura, Paulo Francis, Elis Regina, Montgomery Clift, etc.) Fiquei realmente feliz em saber que ela continua viva. Mas nem todos os blogueiros compartilham desse sentimento. Muitos se sentiram traídos, usados, manipulados. Alguns ficaram tão furiosos que agora desejam que ela morra de verdade.
Meg Guimarães sempre foi meio maluquinha. Existem muitas lendas sobre ela na Internet. Fala-se que vivia trancada dentro de casa, pois tinha Síndrome do Pânico. Assim, só se comunicava com o mundo através da Internet. Muitos dizem que Meg não existe que é apenas mais um personagem criado por Marina W. Para outros, ela é uma psicopata que utiliza a Internet para manipular pessoas. Agora, depois da morte forjada, as especulações sobre a sua saúde mental pululam na web. Alguns afirmam que ela é bipolar, uma pessoa que tem dupla personalidade. Bipolar é uma palavra que a moderna psiquiatria utiliza para designar pessoas que têm duas caras. Ou seja, agora as pessoas que não têm caráter, que mentem, que são sonsas, para justificar sua má índole se dizem bipolar. Ai que medo!
Como já disse lá no começo, essa história daria uma novela. Alô, alô, Gilberto Braga! Socorro! A Internet também pode ser uma arma muito perigosa. A rede está cheia de blogs de pessoas mal intencionadas que se escondem através de pseudônimos para poderem assumir os papéis de vilões. Ocultos pelo anonimato esses seres diabólicos provocam intrigas, divulgam mentiras, estimulam o conflito e provocam a dor e o sofrimento, enquanto dão gargalhadas diante de seus teclados.
O que aconteceu a Meg Guimarães? Leia AQUI!
Assistindo ao show do Canecão, enquanto o artista cantava Mambembe, uma de minhas músicas favoritas do seu repertório, eu percebi que Chico Buarque é uma personalidade brasileira que nunca me decepcionou. Ele sempre faz a coisa certa. Sempre tem a atitude correta de forma discreta e elegante. E a consciência disso me deixou emocionado e orgulhoso.
No palco, na praça, no circo, num banco de jardim
Correndo no escuro, pichado no muro
Você vai saber de mim
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
Adoro Mambembe, uma música da trilha sonora do filme Quando o carnaval chegar, que faz parte do repertório do show. Quando era menino eu ouvia muito esse disco, que tem também Maria Bethânia cantando Baioque. (Preciso comprar esse CD). Mambembe é uma música que traduz com perfeição, tanto na letra como na melodia, a melancolia que existe em todo grande folião. Paralela aquela alegria efervescente que ocorre no carnaval existe uma tristeza muito grande nas pessoas que pulam atrás do trio elétrico, sambam nas escolas ou saem fantasiadas pelas ruas da cidade. Junto com aquela alegria fica escondida uma tristeza, uma melancolia, um sentimento existencialista. E Chico traduziu com perfeição esse oculto sentimento carnavalesco na música Mambembe. Quero assistir ao show mais uma vez só para vê-lo/ouvi-lo cantando essa canção.
Mendigo, malandro, muleque, mulambo bem ou mal
Cantando
Escravo fugido, um louco varrido
Vou fazer meu festival
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
Poeta, palhaço, pirata, corisco, feirante judeu
Cantando
O show é comovente por tudo o que o envolve. Um músico com um patrimônio artístico inestimável. E uma forte relação entre o artista e seu público. A platéia reverencia Chico Buarque não apenas como um artista, um cantor. A platéia de Chico o reverencia como alguém em quem se pode confiar. E essa relação de confiança existente entre o astro e seu público transforma o show num evento com uma energia muito especial. É quase como um ritual religioso.
O que dizer do repertório? A vasta obra do cantor e compositor permite as mais diversas combinações de grandes sucessos da música brasileira. Ele não canta Construção, nem Januária, nem Essa moça ta diferente, nem Com açúcar e com afeto. Mas canta Bye Bye Brasil, Futuros amantes, Subúrbio e As vitrines. Show!
Dormindo na estrada, no nada, no nada
E esse mundo é todo meu
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
A VIDA É BELA – Caminhando pela praia de Ipanema escuto uma voz gritando o meu nome. Quando me viro vejo o sorriso angelical do querido Dado Dolabella. Você precisa usar óculos, cara. Tô fazendo sinal um tempão e você não me vê, disse ele afetuoso ao mesmo tempo em que me recebia efusivamente. Explico que estava distraído admirando a beleza do mar. Na praia com Dado estava um grupo bem bacana: a namorada Luana e os amigos Lui Mendes, Marco Antônio Gimenez, Bebel Lobo e mais um casal que eu não conhecia.
Era um dia lindo de verão. Um desses dias mágicos em que tudo dá certo. A praia encantadora. A água cristalina. O céu azul. Pessoas lindas e educadas à nossa volta. Um bom papo. Todo mundo bebendo cerveja num astral saudável e feliz. Seria muito bom se a vida fosse sempre assim. O universo parecia nos dizer que tudo estava no lugar certo.
Lui Mendes é uma grande figura. Quando vai à praia ele leva um aparelho que reúne duas pequenas caixas acústicas que amplificam o som do I-pod. Então havia música para nós. No amplificador de Lui estava acoplado o I-pod do Dado Dolabella. O que tocava no I-pod do Dado? Let´s stay together e Sexual Healing, com Marvin Gaye; Taj Mahal e País Tropical, com Jorge Benjor; Canto de Ossanha, com Daúde; La vacaloca e Merry Blues com Manu Chao e mais um monte de música brasileira. Eu só gosto de música de verdade. Nada desse tum-tum-tum de música eletrônica, dizia ele ao aumentar o volume do som sempre que tocava uma música que considerava especial. Quando tocou Doralice, com João Donato, ele se levantou e ficou dançando na praia enquanto cantarolava a música junto com o cantor. Essa é uma das minhas músicas favoritas. Adoro João Donato, dizia o galã fazendo uma coreografia sensual. Eu agora conheço duas pessoas que são fãs incondicionais de João Donato: Dado Dolabella e dona Cecília Motta, a mãe do Nelson Motta.
Amoroso, Dado se debruçava em carinhos com a namorada. Depois de cobri-la de beijinhos e carinhos sem fim ele virou-se para a galera e disse: Eu namoro o garoto mais bonito dessa cidade. Quando todos se surpreenderam ele completou: O pequeno príncipe..., numa referência ao personagem que Luana Piovani faz na peça infantil adaptada do livro de Saint-Exupéry.
Lui, Dado e Marco Antônio haviam passado o reveillon em Florianópolis e ficaram conversando sobre a temporada de sol, festas e agitos em Jurerê, a praia favorita das celebridades que vão a Floripa. Marco Antônio, com seu corpo malhado e ares de galã intelectual, é filho do saudoso Jece Valadão. Eu me apaixonei várias vezes em Jurerê, me disse ele com um sorriso malicioso nos lábios.
Dado e Luana vão sempre à praia com esse grupo de amigos e ali eles fazem a linha popular. Conhecem todos os barraqueiros e ambulantes pelo nome. Tratam todos com o maior carinho, como se fossem velhos amigos. E isso não é gênero. É um comportamento sincero. Luana brinca com as crianças que vê na praia, revelando um delicado instinto maternal. Quando uma mulher que recolhia latas de cerveja passou perto de nós segurando uma garotinha pela mão a atriz logo perguntou: Você não quer levar sua filha para ver minha peça? A pobre mulher sorriu encabulada e surpresa. Luana perguntou o nome delas e disse que ia deixar dois ingressos na bilheteria para qualquer dia que elas quisessem assistir a sua performance em O pequeno príncipe.
Depois chegaram na praia um casal e três crianças. Uma garotinha que estava com eles chegou diante de nós e, de um jeito bem sapeca, tirando a roupa, cumprimentou o grupo: E aí, galera, tudo bem? Dado caiu na gargalhada com o jeito teatral da menininha. Depois perguntou a Lui e a Marco Antônio se eles tinham visto o que a garota tinha feito. Como eles estavam distraídos conversando e não tinham prestado atenção, Dado se levantou, botou a mão na cintura e imitou os trejeitos da garotinha provocando gargalhadas em todos nós. E aí, galera, tudo bem?
Mesmo estando na praia Dado estava com o cabelo impecável, usava óculos Ray-ban, e a barba por fazer. Você está lindo com esse visual, disse o amigo Lui Mendes, com ternura. O namorado de Luana abriu um sorriso maroto e ficou parado, deixando-se admirar por todos nós. Ele estava realmente muito bonito. E sua beleza resplandecia em toda a praia de Ipanema.
Nesse adorável dia de verão havia saído uma nota venenosa sobre o Dado Dolabella na coluna do Ancelmo Góes, afirmando que ele costuma estacionar o seu carro em cima da calçada sempre que vai à casa da Luana. Na praia, todo mundo comentava com o ator sobre a nota e ele explicava que a área em que estacionava pertencia ao prédio, que a Luana tem direito a duas garagens no edifício onde mora e que ele só não parava no interior do prédio porque seu carro era grande e não passava na porta da garagem. Eu vou mandar um e-mail para o Ancelmo esclarecendo tudo, dizia ele sem nenhum sinal de irritação ou mágoa.
A praia estava tão gostosa que não conseguíamos ir embora. Assistimos ao sol se pôr glorioso atrás das montanhas e continuamos noite adentro, bebendo cerveja, jogando conversa fora e ouvindo o som que brotava do I-pod do Dado. A noite já havia caído e estava bem escuro quando decidimos levantar acampamento. Nesse momento Luana e Bebel Lobo juntaram todo o lixo que havia sido acumulado em torno de nós e jogaram na lixeira. Um dos funcionários da Comlurb que já faziam a limpeza da praia olhou para as atrizes e comentou: Seria ótimo se todo mundo que viesse a praia fosse como vocês. Luana sorriu para o lixeiro e respondeu: Eu não admito praia suja. Eu sempre recolho o meu lixo e o dos meus amigos. Uma lua cheia iluminava com suavidade a noite de Ipanema.
MEG GUIMARÃES NÃO MORREU – Essa história daria uma novela. A blogueira Meg Guimarães não morreu. Lá em baixo, num post datado de 23 de janeiro, escrevi um texto lamentando a morte de Meg, autora do blog Sub Rosa, uma pioneira da Internet no Brasil. Pois bem. Depois de provocar uma comoção entre os blogueiros veteranos, descobriu-se que tudo tinha sido uma farsa. A imaginosa Meg forjou sua própria morte para tentar se livrar de um namorado que havia conhecido na Internet. Ela teria vivido uma paixão cibernética mas, quando o apaixonado insistiu em conhecê-la pessoalmente ela forjou sua morte para poder se livrar do bofe.
Pela primeira vez na vida lamentei a morte de uma pessoa e depois vim a descobrir que essa pessoa não tinha morrido. Foi uma experiência interessante. Desejaria que muitas das pessoas que amei e que se foram me fizessem essa surpresa. Aparecessem vivas diante de mim dizendo que tudo foi um mal entendido. (Mauro Rasi, Damião, Wilma Lessa, Vicente Pereira, Dina Sfat, John Lennon, Cazuza, Mara Caballero, River Phoenix, Cláudio Killer, João Moura, Paulo Francis, Elis Regina, Montgomery Clift, etc.) Fiquei realmente feliz em saber que ela continua viva. Mas nem todos os blogueiros compartilham desse sentimento. Muitos se sentiram traídos, usados, manipulados. Alguns ficaram tão furiosos que agora desejam que ela morra de verdade.
Meg Guimarães sempre foi meio maluquinha. Existem muitas lendas sobre ela na Internet. Fala-se que vivia trancada dentro de casa, pois tinha Síndrome do Pânico. Assim, só se comunicava com o mundo através da Internet. Muitos dizem que Meg não existe que é apenas mais um personagem criado por Marina W. Para outros, ela é uma psicopata que utiliza a Internet para manipular pessoas. Agora, depois da morte forjada, as especulações sobre a sua saúde mental pululam na web. Alguns afirmam que ela é bipolar, uma pessoa que tem dupla personalidade. Bipolar é uma palavra que a moderna psiquiatria utiliza para designar pessoas que têm duas caras. Ou seja, agora as pessoas que não têm caráter, que mentem, que são sonsas, para justificar sua má índole se dizem bipolar. Ai que medo!
Como já disse lá no começo, essa história daria uma novela. Alô, alô, Gilberto Braga! Socorro! A Internet também pode ser uma arma muito perigosa. A rede está cheia de blogs de pessoas mal intencionadas que se escondem através de pseudônimos para poderem assumir os papéis de vilões. Ocultos pelo anonimato esses seres diabólicos provocam intrigas, divulgam mentiras, estimulam o conflito e provocam a dor e o sofrimento, enquanto dão gargalhadas diante de seus teclados.
O que aconteceu a Meg Guimarães? Leia AQUI!
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