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O amazonense Márcio Souza é um craque. Quando surgiu no mercado literário do Brasil com Galvez, O imperador do Acre surpreendeu críticos e leitores com uma literatura original, culta e contundente. Galvez se tornou seu principal livro de referencia. É por esse título que ele geralmente é lembrado. Mas minha admiração por Márcio Souza se consolidou quando li seu romance A Condolência, uma obra-prima incontestável da literatura brasileira.
Foi Antônio Calmon, amazonense como Marcio, quem me sugeriu ler A Condolência. “Você tem que ler esse livro. É sensacional”, disse Calmon certa vez, me entregando um exemplar que tirou de sua biblioteca particular. A Condolência é um thriller ambientado nos bastidores do regime militar no Brasil. Ação, suspense, perseguições, tiroteios, crimes. Parece um desses livros de espionagem escritos por Ian Fleming ou John Le Carré. Só que com uma realidade e um tempero bem brasileiros.
Na seqüência li A ordem do dia, outro belo exemplar da vibrante literatura de Marcio Souza. Depois foi a vez de Mad Maria, um de seus livros mais famosos. Em Mad Maria Marcio Souza leva o leitor ao êxtase com sua competência, seu talento para contar uma história na linguagem literária. Durante um período da minha vida foi Márcio Souza quem me alimentou com seus petiscos literários, da mesma forma como, em outros períodos, já tinha havido José Lins do Rego, Jorge Amado, José de Alencar e Rubem Fonseca.
Revolta, o romance que li nos últimos dias de 2010, é ambientado durante a Cabanagem, uma revolta popular que aconteceu entre os anos de 1835 e 1840 na província do Grão-Pará, atual estado do Pará. Revolta é modo dizer. Foi uma guerra mesmo. O nome Cabanagem tem origem no fato da revolta ter sido insuflada pelos “cabanos”, como era chamado o povo pobre, mestiço, que vivia em cabanas nas margens dos rios da região. Tanto os cabanos, como a elite local formada por fazendeiros descendentes de portugueses, queriam a independência do Grão-Pará, insatisfeitos com o governo do Brasil no período regencial.
O romance de Márcio Souza é ambientado nos primeiros seis meses de 1835. Pesquisador e grande conhecedor das histórias da região amazônica, ele descreve com riqueza de detalhes a vida no Grão-Pará naquele momento histórico. A vida das pessoas, os conflitos, a arquitetura, os figurinos, as paixões, os lugares, a comida... É um mergulho muito esclarecedor num período da vida brasileira em que houve uma guerra.
O herói do romance, que mistura ficção com fatos e personagens reais, é um rapaz chamado Maurício Vilaça. No início da trama Maurício está em Baltimore, nos EUA, estudando para ser um grande comerciante, quando recebe uma carta de sua família avisando que o seu padrinho foi morto numa emboscada dos revoltosos. Para sua surpresa o padrinho lhe deixou como herdeiro de toda a sua fortuna. Apesar do clima de guerra no Pará Mauricio resolve voltar a Belém e ficar ao lado de sua família. Ali ele se torna uma testemunha ocular da violência, da guerrilha e dos conflitos sociais de uma terra sem lei e sem ordem.
Maurício é um jovem culto e bem nascido, que tenta viver da melhor forma possível, em meio ao caos e o terror. É através do olhar de Maurício que o autor conta a sua história. O herói branco e aristocrata tem um lado romântico e se apaixona por Joaninha, uma linda jovem de dezesseis anos, de origem pobre. O romance não pode se realizar, já que o rapaz não é bem visto pela comunidade onde vive a moça, lugar de onde surge boa parte da onda revolucionária que assola a cidade de Belém.
Mas, enquanto não realiza seu amor pela donzela pobre, o rico Maurício vive toda uma vida de prazeres carnais. Mulheres de todos os tipos são seduzidas pelo belo e sedutor Maurício. Sejam elas aristocratas, reclusas, pudicas, atiradas, solteiras, casadas, escravas, mestiças, prostitutas... Em meio a explosões, ataques, guerrilhas e cenas de extrema violência e dramaticidade, Maurício se deita e se deleita com todas as mulheres que surgem à sua frente. E o romancista não se impõe nenhum tipo de censura aos desejos de seu carismático personagem. Com o mesmo talento com que descreve os conflitos da guerrilha e as tramas políticas daquele tempo, o autor descreve com riqueza de detalhes as vicissitudes da vida sexual de seu herói. Assim Márcio transforma o seu livro sobre a tragédia de um momento histórico no Brasil num saboroso e picante romance erótico. Em meio a uma guerra sangrenta, onde todos parecem viver no limite de suas vidas, a libido dos personagens explode com o mesmo fulgor dos tiros de canhão. E esse olhar abrangente e comprensivo sobre os personagens que viveram aquele trágico momento histórico parece definir bem o caráter do povo brasileiro, segundo o olhar arguto de um de seus mais brilhantes escritores.
Revolta, de Márcio Souza, é um livro sensacional.
O PRAZER DE LER – Uma jóia rara da literatura brasileira. Assim é Revolta, o romance de Márcio Souza, que tive a oportunidade de ler na última semana de 2010. É gratificante para quem ama a literatura encontrar um livro como esse. Uma história contada com refinamento literário por um autor com um perfeito domínio do seu ofício. O prazer de ler se renovando a cada página, a cada nova trama traçada pelo autor, um dos grandes da literatura brasileira.
O amazonense Márcio Souza é um craque. Quando surgiu no mercado literário do Brasil com Galvez, O imperador do Acre surpreendeu críticos e leitores com uma literatura original, culta e contundente. Galvez se tornou seu principal livro de referencia. É por esse título que ele geralmente é lembrado. Mas minha admiração por Márcio Souza se consolidou quando li seu romance A Condolência, uma obra-prima incontestável da literatura brasileira.
Foi Antônio Calmon, amazonense como Marcio, quem me sugeriu ler A Condolência. “Você tem que ler esse livro. É sensacional”, disse Calmon certa vez, me entregando um exemplar que tirou de sua biblioteca particular. A Condolência é um thriller ambientado nos bastidores do regime militar no Brasil. Ação, suspense, perseguições, tiroteios, crimes. Parece um desses livros de espionagem escritos por Ian Fleming ou John Le Carré. Só que com uma realidade e um tempero bem brasileiros.
Na seqüência li A ordem do dia, outro belo exemplar da vibrante literatura de Marcio Souza. Depois foi a vez de Mad Maria, um de seus livros mais famosos. Em Mad Maria Marcio Souza leva o leitor ao êxtase com sua competência, seu talento para contar uma história na linguagem literária. Durante um período da minha vida foi Márcio Souza quem me alimentou com seus petiscos literários, da mesma forma como, em outros períodos, já tinha havido José Lins do Rego, Jorge Amado, José de Alencar e Rubem Fonseca.
Revolta, o romance que li nos últimos dias de 2010, é ambientado durante a Cabanagem, uma revolta popular que aconteceu entre os anos de 1835 e 1840 na província do Grão-Pará, atual estado do Pará. Revolta é modo dizer. Foi uma guerra mesmo. O nome Cabanagem tem origem no fato da revolta ter sido insuflada pelos “cabanos”, como era chamado o povo pobre, mestiço, que vivia em cabanas nas margens dos rios da região. Tanto os cabanos, como a elite local formada por fazendeiros descendentes de portugueses, queriam a independência do Grão-Pará, insatisfeitos com o governo do Brasil no período regencial.
O romance de Márcio Souza é ambientado nos primeiros seis meses de 1835. Pesquisador e grande conhecedor das histórias da região amazônica, ele descreve com riqueza de detalhes a vida no Grão-Pará naquele momento histórico. A vida das pessoas, os conflitos, a arquitetura, os figurinos, as paixões, os lugares, a comida... É um mergulho muito esclarecedor num período da vida brasileira em que houve uma guerra.
O herói do romance, que mistura ficção com fatos e personagens reais, é um rapaz chamado Maurício Vilaça. No início da trama Maurício está em Baltimore, nos EUA, estudando para ser um grande comerciante, quando recebe uma carta de sua família avisando que o seu padrinho foi morto numa emboscada dos revoltosos. Para sua surpresa o padrinho lhe deixou como herdeiro de toda a sua fortuna. Apesar do clima de guerra no Pará Mauricio resolve voltar a Belém e ficar ao lado de sua família. Ali ele se torna uma testemunha ocular da violência, da guerrilha e dos conflitos sociais de uma terra sem lei e sem ordem.
Maurício é um jovem culto e bem nascido, que tenta viver da melhor forma possível, em meio ao caos e o terror. É através do olhar de Maurício que o autor conta a sua história. O herói branco e aristocrata tem um lado romântico e se apaixona por Joaninha, uma linda jovem de dezesseis anos, de origem pobre. O romance não pode se realizar, já que o rapaz não é bem visto pela comunidade onde vive a moça, lugar de onde surge boa parte da onda revolucionária que assola a cidade de Belém.
Mas, enquanto não realiza seu amor pela donzela pobre, o rico Maurício vive toda uma vida de prazeres carnais. Mulheres de todos os tipos são seduzidas pelo belo e sedutor Maurício. Sejam elas aristocratas, reclusas, pudicas, atiradas, solteiras, casadas, escravas, mestiças, prostitutas... Em meio a explosões, ataques, guerrilhas e cenas de extrema violência e dramaticidade, Maurício se deita e se deleita com todas as mulheres que surgem à sua frente. E o romancista não se impõe nenhum tipo de censura aos desejos de seu carismático personagem. Com o mesmo talento com que descreve os conflitos da guerrilha e as tramas políticas daquele tempo, o autor descreve com riqueza de detalhes as vicissitudes da vida sexual de seu herói. Assim Márcio transforma o seu livro sobre a tragédia de um momento histórico no Brasil num saboroso e picante romance erótico. Em meio a uma guerra sangrenta, onde todos parecem viver no limite de suas vidas, a libido dos personagens explode com o mesmo fulgor dos tiros de canhão. E esse olhar abrangente e comprensivo sobre os personagens que viveram aquele trágico momento histórico parece definir bem o caráter do povo brasileiro, segundo o olhar arguto de um de seus mais brilhantes escritores.
Revolta, de Márcio Souza, é um livro sensacional.
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