Ódio eterno ao futebol moderno!
O momento que mais me emocionou, na Marcha Por uma Copa do Povo, manifestação organizada pela Frente Nacional dos Torcedores, foi uma palavra de ordem. Os torcedores, com uma incrível convicção na voz, gritavam “ódio eterno ao futebol moderno”. Nessa frase está contida toda a razão de ser do conflito entre os torcedores e os organizadores da Copa do Mundo de 2014, alvo dos protestos. A FIFA quer impor um “futebol moderno” ao que se entende como “o futebol brasileiro”. E a palavra “moderno”, nesse caso, está sendo usada, não só no seu significado natural, mas também com o significado de corrupto, desonesto, pilantra, metido em negociatas, etc.
A Marcha por uma Copa do Povo teve como subtítulo a frase “Fora Ricardo Teixeira”. E foi exatamente ele, Ricardo Teixeira, o grande alvo da fúria e escárnio da torcida carioca. “Teixeira, boqueteiro / fazendo a Copa / Pra roubar nosso dinheiro”. Esse foi um dos gritos de guerra da torcida. A voz do povo é a voz de Deus! O fato é que os rapazes da Frente Nacional dos Torcedores reservaram palavras bem mais cruéis para definir o presidente do Comitê Organizador da Copa, considerado por eles o inimigo público número um do principal esporte nacional.
Mas Ricardo Teixeira não esteve sozinho no merecido sacrifício da torcida carioca. O Governador Sergio Cabral e o Prefeito Eduardo Paes também foram alvo da fúria dos “sem-maracanã”. Cabral era chamado daqueles adjetivos de sempre: corrupto, pilantra, etc. Já o Prefeito foi alvo de um grito de guerra que rimava paes com satanás. (Deus me livre!) Os torcedores não se conformam com a demolição do Maracanã e estão botando o seu bloco na rua. Querem seu estádio de volta. E quando eles pedem o Maracanã de volta, eles pedem o futebol brasileiro de volta. Pedem a zoeira na geral, o modo brasileiro de torcer na arquibancada, o seu estilo peculiar de demonstrar essa inexplicável paixão nacional.
Os torcedores pareciam aflitos. Na expressão dos rostos havia uma perplexidade. Como se o seu futebol, o chamado futebol brasileiro, estivesse lhe escapando das mãos. (Ou melhor, dos pés...)
Triste!
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