ARENA MAESTRO JÚNIOR – O Clube de
Regatas do Flamengo fez um festão para inaugurar sua quadra de Beach Soccer,
que recebeu o nome de Arena Maestro Júnior, em homenagem ao jogador que marcou época
no clube. A presidente Patrícia Amorim descerrou a placa e, no seu discurso,
elogiou o jogador e falou um pouco da história dele junto ao Flamengo. “Eu fui
descoberto jogando futebol de praia, em Copacabana. Eu sou
de um tempo em que os clubes cariocas descobriam seus talentos no futebol de
praia”, disse o atleta no início do seu discurso. Júnior elogiou a iniciativa
do Flamengo, que é o primeiro grande clube brasileiro a ter uma quadra de Beach
Soccer (uma espécie de futebol soçaite do futebol de praia). Júnior, mesmo durante
o seu auge como atleta rubro-negro, nunca abandonou o futebol de praia. Chegou
até a fundar um time, o Juventus, um dos mais bem sucedidos em sua modalidade.
Muitos atletas foram até lá
participar da homenagem a Júnior: Wilson Gottardo, Cláudio Adão, Adílio, Magal,
Júnior Negão e, obviamente, Zico, o maior jogador da história do clube e grande
amigo de Júnior. Os atletas cinquentões fizeram um animado e comovente amistoso.
Foi muito bacana vê-los jogando juntos. Eles não conseguiam esconder a vibração
e a alegria. Talvez por poderem reviver os bons momentos que viveram no
Flamengo. Para quem gosta de futebol e é torcedor foi algo de muito especial. Algo
mágico e difícil de descrever. Foi vibrante ver um gol de Zico. E ele fez dois, provocando gritos da torcida.
Enquanto a bola rolava na areia,
um coquetel rolava na área vip. Comidinhas, bebidinhas e muita fofoca
sussurrada pelos cantos. As dificuldades por que passa o time do Flamengo, que
não tem feito bonito no campeonato brasileiro, foi o mote de críticas, piadas e
comentários maldosos. Dizia-se que Patrícia Amorim não vai conseguir se
reeleger nem presidente, nem vereadora por causa dos maus resultados do time. Outros
garantiam que o caderno de esportes do jornal O Globo, dominado por jornalistas
torcedores do Flamengo, estava empenhado em derrubar Patrícia.
Outros diziam que o fantasma de Elisa Samúdio rondava o clube
da Gávea e que, enquanto o corpo da moça não aparecer o time vai padecer. Outros
mais maldosos diziam que Vagner Love jamais poderia estar jogando no time, já
que ele participava das orgias junto com o goleiro Bruno. Entre drinques e quitutes, gotinhas de veneno escorriam pelos cantos das bocas de torcedores para quem o time significa algo muito maior.
Caipirinha, caipirinha,
caipirinha...
Havia muita alegria na reunião
social. Muita mesmo! Era uma festa que saudava um atleta que teve um passado glorioso no
clube e que, sem dúvida, merecia aquela homenagem. Havia a certeza que, mais uma vez, o Flamengo estava abrindo um caminho ao inaugurar a sua quadra de areia e investir no Beach Soccer, esporte que surgiu nas areias de Copacabana e cresce cada vez mais em todo o mundo. Mas havia certa tensão no
ar, que foi agravada por um episódio inusitado. No dia anterior, o time de
Beach Soccer do Flamengo havia sido derrotado pelo seu rival, Vasco da Gama, pelo
placar de 10 x 0, em pleno estádio da Gávea. Para os flamenguistas essa foi a humilhação
das humilhações! É que, para inaugurar
em grande estilo a Arena Maestro Júnior, o Flamengo promoveu um campeonato de
Beach Soccer com oito times: Botafogo, Vasco, Flamengo, América, Sport Recife, Rio
Negro, Avaí e Portuguesa. Pois bem. No
dia da festa de inauguração da Arena Maestro Júnior, depois do amistoso dos
jogadores veteranos, houve a final do campeonato. E o Vasco sagrou-se vencedor.
Caipirinha, caipirinha,
caipirinha...
O jogo entre o Vasco e o Botafogo
foi sensacional. Uma garotada jovem e talentosa mostrou toda sua garra, força e
talento com a bola no pé. Os flamenguistas, funcionários do clube, dirigentes e
atletas de outras modalidades esportivas ali presentes, torciam silenciosamente pelo Botafogo. Não que eles gostem do
Botafogo, obviamente. É que, entregar a taça de campeão ao Botafogo seria menos
doloroso do que entregar a taça ao time que, no dia anterior tinha
desclassificado o Flamengo pelo placar de 10 x 0.
Caramba! Às vezes a vida é
muito dura...
Foi uma partida brilhante. Vasco
e Botafogo exibiram um futebol de gala. A partida acabou com o placar de 2 x 2.
E a decisão foi para os pênaltis. Cezinha, o goleiro do Vasco, garantiu a vitória
do seu time ao defender com vigor um dos chutes do Botafogo. Foi uma festa magnífica
para os vascaínos, que vibraram e cantaram seu time na Gávea. Assim que acabou
a partida, como que por encanto, a área vip foi esvaziada. Os flamenguistas
foram todos embora às pressas. Só restou os responsáveis pelo evento que, engoliram o fel, e tiveram que entregar a taça de campeão aos alegres cruzmaltinos.
Afinal, como já dizia Nelson
Rodrigues, “o futebol não é o fim do mundo. É algo muito maior do que isso”.