Alguém já disse que a vida é uma festa. Uma festa em que a gente chega depois que começou e sai antes que acabe.
31.10.06
DOMINGO - 29 DE OUTUBRO DE 2006 - Foi um domingo de sol. E isso foi a melhor coisa desse dia que o destino quis que se tornasse histórico. Acordei tarde, com ressaca da noitada anterior na Freek. Nunca tinha ido nessa boate, nem sabia da sua existência, mas gostei muito. Tem um clima das boates da minha época de adolescente. Além disso, eu estava com um animado grupo de amigos e nos divertimos a valer. O DJ nos fez dançar muito com músicas como Promíscuous, da Nelly Furtado, Baby, I´m back, do Baby Bash e Hips d´ont lie o irresistível mega hit da Shakira. Aliás, o refrão de Baby I´m back ainda ecoava na minha cabeça quando eu me dirigi ao Colégio Marilia de Dirceu para votar em Denise Frossard e Geraldo Alckmin.
Logo na entrada da escola encontrei Carmo Dalla Vechia e Edson Fieschi que já tinham votado. O Edson me perguntou em quem eu ia votar e quando eu revelei meus candidatos ele sorriu e disse que também tinha votado neles. O Carmo, que é um rapaz muito educado, foi muito simpático e gentil, mas não revelou seu voto. Gosto muito dos dois. Eu os conheço desde a época em que eles moravam juntos. O Edson é uma grande figura. Um ator disciplinado e apaixonado por teatro. Somos amigos desde a época em que ele era casado com o Leonardo Vieira.
Depois de votar fui à praia, curtir o domingão. No fim de tarde teve torneio de futebol de praia. Um clássico da areia: Copacabana versus Ouro Preto. Foi uma partida bem disputada, com bons momentos de futebol bem jogado. Quando o jogo acabou já era noite e eu recebi um telefonema. Era Xande, um amigo muito querido: “A galera tá fazendo um churrasco aqui em Ipanema. Todo mundo bebendo, curtindo e fazendo a maior zoeira. Vem pra cá agora. Esquina da Barão da Torre com Maria Quitéria”.
Quando cheguei a moçada já tinha bebido muito. Todo mundo largado, fazendo a maior farra. Cerveja pra cá, cerveja pra lá. Num dado momento Xande virou pra mim e falou: "Agora a gente vai para o clubinho, e você vai junto. É nosso convidado”. Logo estávamos no carro em direção ao clubinho.
O clubinho é como os rapazes de Ipanema chamam a Termas Monte Carlo, uma sauna com garotas de programa, que fica em Copacabana. O lugar é uma espécie de Disneylândia para bofes, com suas garotas seminuas prontas para lhes proporcionar qualquer tipo de prazer, desde que lhes pague cento e cinqüenta reais. Os meninos cariocas deste alvorecer de 2007 já definiram o seu programinha favorito no verão: tomar um Viagra e depois se atirar aos prazeres do sexo com as beldades do “clubinho”.
Cerveja, cerveja, cerveja...
E foi assim que, de repente, eu me vi no meio de uma boate, vestido só de roupão, cercado de mulheres belíssimas, desnudas em seus biquínis mínimos e cativantes em seus olhares sedutores. O ambiente é muito elegante e bem cuidado. No primeiro andar tem duas saunas muito bem cuidadas. No segundo andar fica a boate. No terceiro andar ficam as cabines e suítes para os pombinhos que quiserem arrulhar com mais intimidade. Chegando na Monte Carlo encontrei uma galera. Os homens vestidos apenas de roupão, abraçados com as mulheres. Elas, os mais diversos tipos, despidas em minúsculos biquínis. Uma farra federal.
No meio dessa galera encontrei Rod, um velho amigo, que explodiu numa gargalhada quando me viu. Você é a última pessoa que eu esperava encontrar aqui. Eu contei que tinha sido chamado para um churrasco num botequim e acabei indo parar no clubinho. Rod disse que tinha ido até lá só para beber com amigos. Com essa cara e com esse corpo eu não preciso pagar para transar com mulher, você não acha?, disse ele abrindo o roupão e se exibindo gracioso no meio do salão. Então eu lembrei dele, no verão de 98, correndo na areia de Ipanema. Rod sempre corria na praia e quando passava na Vinicius de Moraes minhas amigas Andréa, Juliana e Adriana se cutucavam assanhadas. Lá vem ele! E Rod passava todo elegante e garboso, parecendo um cavalo de raça, sob o sol daquele inesquecível verão.
Num minúsculo palco uma garota dançava sensualmente olhando para o seu corpo refletido na parede espelhada. Quando o DJ começou a tocar Promiscuous, o super balanço de Nelly Furtado, todo mundo correu para a pista de dança. Parecia ensaiado. Essa música realmente está dominando as pistas de dança, ao lado de Baby I´m back e Hips d´ont lie. Quando toca a pista vibra. Pablo, Xande e Guilherme, doidões, fazia-nos rir com suas coreografias engraçadas. E todos cantarolavam animados o refrão da música.
Promiscuous girl
Wherever you are
I’m all alone
And it's you that I want
Promiscuous boy
You already know
That I’m all yours
What you waiting for?
Promiscuous girl
You're teasing me
You know what I want
And I got what you need
Promiscuous boy
Let's get to the point
Cause we're on a roll
Are you ready?
Guilherme se atracou com uma das meninas, beijando-a sem parar. Depois ele nos contou que ficou tentando convencê-la a transar sem camisinha, mas ela, profissinonal, disse não, não e não. Eu gosto de amor sincero, justificava o moço irresponsável com um sorriso safado. Num dado momento entrou no salão uma garota linda e todo mundo parou para vê-la. O minúsculo biquíni deixava à mostra seu corpo todo feito de coxas e lábios e seios e glúteos e mãos e ombros e colo. E os rapazes todos a cercaram e a olharam com admiração. Largaram as outras e se voltaram para ela. E havia um cavalheirismo natural na forma como eles a reverenciaram e devotaram toda a sua atenção para sua beleza. Tão doce, com seu sorriso sedutor e seus olhos amendoados que brilhavam refletindo a luz do globo espelhado. Como você é linda. Parece uma iraniana, disse Rod sincero, acariciando suavemente seu rosto de menina.
Cerveja, cerveja, cerveja...
Sem dar chances para o charme sedutor de Rod, Pablo agarrou a iraniana e não a largou mais. Beijava a moça com ar apaixonado enquanto ela o acariciava por dentro do roupão. Aretha, uma outra garota que já estava por ali se aproximou do Rod e começou a acariciá-lo sedutora, massageando o peito dele e seus braços másculos. Vamos fazer um amorzinho. Eu te cobro só cento e vinte. Rod deu um sorriso bem sacana e retrucou: Pois eu cobro trezentos pra transar contigo. Ela sorriu e continuou esfregando seu corpo contra o dele, que lhe ofereceu uma cerveja, mas ela preferiu beber Xoxota Frozen, a bebida típica do lugar, uma mistura de maracujá, leite condensado e vodka batidos com pedras de gêlo.
Quando enjoamos da farra no clubinho fomos beber um último drinque no Sindicato do Chope. Já era bem mais de meia noite quando chegamos na Farme de Amoedo. Entramos no bar e a televisão estava ligada na Globo News, sem som, apenas as imagens da eleição. Foi então que Pablo fez a pergunta crucial para o garçom. Quem ganhou a eleição? E o homem nos deu a resposta que, no íntimo, nos já sabíamos. O rosto de Pablo se transformou numa máscara de decepção. Ele se virou para a TV que naquele momento mostrava imagens do presidente e começou a gritar a plenos pulmões, para que toda a Farme escutasse sua indignação e revolta: Vai tomar no cu, Lula. Vai se foder. Vai ser foda te aturar mais quatro anos fazendo merda. Dentro do bar havia uma mesa com um grupo de gays de meia idade e as bichas começaram a aplaudir. Assim como outras pessoas que estavam lá dentro.
Depois, mais calmo, ele ficou remoendo sua indignação enquanto bebíamos chopes e comíamos gulosos uma pizza calabresa. Ele parecia tão desolado, tão decepcionado com o resultado da eleição. Mas, aos poucos, foi recuperando o humor e a alegria de viver. E foi nessa mudança de estado de espírito que Pablo disse uma frase que, naquele momento, e só naquele momento, traduzia tudo o que estávamos sentindo a respeito do nosso mundo, da nossa vivencia. Com um sorriso maroto no rosto ele disse: O bom do Brasil é que aqui tem muita puta pra gente foder.
Cerveja, cerveja, cerveja...
Logo na entrada da escola encontrei Carmo Dalla Vechia e Edson Fieschi que já tinham votado. O Edson me perguntou em quem eu ia votar e quando eu revelei meus candidatos ele sorriu e disse que também tinha votado neles. O Carmo, que é um rapaz muito educado, foi muito simpático e gentil, mas não revelou seu voto. Gosto muito dos dois. Eu os conheço desde a época em que eles moravam juntos. O Edson é uma grande figura. Um ator disciplinado e apaixonado por teatro. Somos amigos desde a época em que ele era casado com o Leonardo Vieira.
Depois de votar fui à praia, curtir o domingão. No fim de tarde teve torneio de futebol de praia. Um clássico da areia: Copacabana versus Ouro Preto. Foi uma partida bem disputada, com bons momentos de futebol bem jogado. Quando o jogo acabou já era noite e eu recebi um telefonema. Era Xande, um amigo muito querido: “A galera tá fazendo um churrasco aqui em Ipanema. Todo mundo bebendo, curtindo e fazendo a maior zoeira. Vem pra cá agora. Esquina da Barão da Torre com Maria Quitéria”.
Quando cheguei a moçada já tinha bebido muito. Todo mundo largado, fazendo a maior farra. Cerveja pra cá, cerveja pra lá. Num dado momento Xande virou pra mim e falou: "Agora a gente vai para o clubinho, e você vai junto. É nosso convidado”. Logo estávamos no carro em direção ao clubinho.
O clubinho é como os rapazes de Ipanema chamam a Termas Monte Carlo, uma sauna com garotas de programa, que fica em Copacabana. O lugar é uma espécie de Disneylândia para bofes, com suas garotas seminuas prontas para lhes proporcionar qualquer tipo de prazer, desde que lhes pague cento e cinqüenta reais. Os meninos cariocas deste alvorecer de 2007 já definiram o seu programinha favorito no verão: tomar um Viagra e depois se atirar aos prazeres do sexo com as beldades do “clubinho”.
Cerveja, cerveja, cerveja...
E foi assim que, de repente, eu me vi no meio de uma boate, vestido só de roupão, cercado de mulheres belíssimas, desnudas em seus biquínis mínimos e cativantes em seus olhares sedutores. O ambiente é muito elegante e bem cuidado. No primeiro andar tem duas saunas muito bem cuidadas. No segundo andar fica a boate. No terceiro andar ficam as cabines e suítes para os pombinhos que quiserem arrulhar com mais intimidade. Chegando na Monte Carlo encontrei uma galera. Os homens vestidos apenas de roupão, abraçados com as mulheres. Elas, os mais diversos tipos, despidas em minúsculos biquínis. Uma farra federal.
No meio dessa galera encontrei Rod, um velho amigo, que explodiu numa gargalhada quando me viu. Você é a última pessoa que eu esperava encontrar aqui. Eu contei que tinha sido chamado para um churrasco num botequim e acabei indo parar no clubinho. Rod disse que tinha ido até lá só para beber com amigos. Com essa cara e com esse corpo eu não preciso pagar para transar com mulher, você não acha?, disse ele abrindo o roupão e se exibindo gracioso no meio do salão. Então eu lembrei dele, no verão de 98, correndo na areia de Ipanema. Rod sempre corria na praia e quando passava na Vinicius de Moraes minhas amigas Andréa, Juliana e Adriana se cutucavam assanhadas. Lá vem ele! E Rod passava todo elegante e garboso, parecendo um cavalo de raça, sob o sol daquele inesquecível verão.
Num minúsculo palco uma garota dançava sensualmente olhando para o seu corpo refletido na parede espelhada. Quando o DJ começou a tocar Promiscuous, o super balanço de Nelly Furtado, todo mundo correu para a pista de dança. Parecia ensaiado. Essa música realmente está dominando as pistas de dança, ao lado de Baby I´m back e Hips d´ont lie. Quando toca a pista vibra. Pablo, Xande e Guilherme, doidões, fazia-nos rir com suas coreografias engraçadas. E todos cantarolavam animados o refrão da música.
Promiscuous girl
Wherever you are
I’m all alone
And it's you that I want
Promiscuous boy
You already know
That I’m all yours
What you waiting for?
Promiscuous girl
You're teasing me
You know what I want
And I got what you need
Promiscuous boy
Let's get to the point
Cause we're on a roll
Are you ready?
Guilherme se atracou com uma das meninas, beijando-a sem parar. Depois ele nos contou que ficou tentando convencê-la a transar sem camisinha, mas ela, profissinonal, disse não, não e não. Eu gosto de amor sincero, justificava o moço irresponsável com um sorriso safado. Num dado momento entrou no salão uma garota linda e todo mundo parou para vê-la. O minúsculo biquíni deixava à mostra seu corpo todo feito de coxas e lábios e seios e glúteos e mãos e ombros e colo. E os rapazes todos a cercaram e a olharam com admiração. Largaram as outras e se voltaram para ela. E havia um cavalheirismo natural na forma como eles a reverenciaram e devotaram toda a sua atenção para sua beleza. Tão doce, com seu sorriso sedutor e seus olhos amendoados que brilhavam refletindo a luz do globo espelhado. Como você é linda. Parece uma iraniana, disse Rod sincero, acariciando suavemente seu rosto de menina.
Cerveja, cerveja, cerveja...
Sem dar chances para o charme sedutor de Rod, Pablo agarrou a iraniana e não a largou mais. Beijava a moça com ar apaixonado enquanto ela o acariciava por dentro do roupão. Aretha, uma outra garota que já estava por ali se aproximou do Rod e começou a acariciá-lo sedutora, massageando o peito dele e seus braços másculos. Vamos fazer um amorzinho. Eu te cobro só cento e vinte. Rod deu um sorriso bem sacana e retrucou: Pois eu cobro trezentos pra transar contigo. Ela sorriu e continuou esfregando seu corpo contra o dele, que lhe ofereceu uma cerveja, mas ela preferiu beber Xoxota Frozen, a bebida típica do lugar, uma mistura de maracujá, leite condensado e vodka batidos com pedras de gêlo.
Quando enjoamos da farra no clubinho fomos beber um último drinque no Sindicato do Chope. Já era bem mais de meia noite quando chegamos na Farme de Amoedo. Entramos no bar e a televisão estava ligada na Globo News, sem som, apenas as imagens da eleição. Foi então que Pablo fez a pergunta crucial para o garçom. Quem ganhou a eleição? E o homem nos deu a resposta que, no íntimo, nos já sabíamos. O rosto de Pablo se transformou numa máscara de decepção. Ele se virou para a TV que naquele momento mostrava imagens do presidente e começou a gritar a plenos pulmões, para que toda a Farme escutasse sua indignação e revolta: Vai tomar no cu, Lula. Vai se foder. Vai ser foda te aturar mais quatro anos fazendo merda. Dentro do bar havia uma mesa com um grupo de gays de meia idade e as bichas começaram a aplaudir. Assim como outras pessoas que estavam lá dentro.
Depois, mais calmo, ele ficou remoendo sua indignação enquanto bebíamos chopes e comíamos gulosos uma pizza calabresa. Ele parecia tão desolado, tão decepcionado com o resultado da eleição. Mas, aos poucos, foi recuperando o humor e a alegria de viver. E foi nessa mudança de estado de espírito que Pablo disse uma frase que, naquele momento, e só naquele momento, traduzia tudo o que estávamos sentindo a respeito do nosso mundo, da nossa vivencia. Com um sorriso maroto no rosto ele disse: O bom do Brasil é que aqui tem muita puta pra gente foder.
Cerveja, cerveja, cerveja...
28.10.06
VIDA MODERNA - A cidade de Búzios vai se cobrir com as cores do arco-íris. No período compreendido entre os dias 9 e 12 de novembro vai rolar o Búzios Pride Fest, um fim de semana inteiro dedicado ao público GLS. Vai ter lançamento de livros, exposições de arte, palestras, debates, shows e festas. Várias festas. Este vai ser o segundo evento com esse perfil promovido no balneário mais chique do Rio. Na primeira edição, em 2003, eu fui a Búzios fazer a cobertura jornalística. Foi um fim de semana muito divertido. A rua das Pedras estava toda colorida com as bandeiras do arco-íris, símbolo internacional do movimento gay. Num bar teve um show da Rogéria. No outro um pocket show do Luis Salém. Drag queens super montadas circulavam dando pinta pela cidade, posando para fotos com os turistas caretas, principalmente a garotada que ficava fotografando as bichas com seus celulares moderninhos. Uma coisa.
Houve uma festa bem divertida na praia de Geribá. Num dia de sol quente, todo mundo bebendo, dançando, se drogando e se pegando na areia. Lembro que nessa festa encontrei vários amigos e nos divertimos muito. À noite rolou uma rave que foi inesquecível. Tinha uns caras bonitões se sacudindo na pista, movidos a ecstase e água mineral. Todos sem camisa, sacolejando os tórax malhados como se fossem seios. Exibindo os bíceps durões e os barrigas de tanque, invariavelmente vestidos apenas de jeans com a cintura baixa, deixando à mostra a marca do bronzeado e o caminho para a virilha. Uma coisa os meninos. O som era incrível. Paquerei muito, mas não comi ninguém. Havia muita oferta, muita procura, todo mundo se pegando, mas no final ninguém traçou ninguém. C´est la vie... Lembro que quando saí da festa o dia estava amanhecendo e eu estava morto de cansado...
Durante o evento, que foi chamado Finde Gay de Búzios, houve um debate promovido pelo Grupo Arco-Íris, uma ONG que se propõe a defender os interesses dos homossexuais. No debate aconteceu uma palestra do Cláudio Nascimento, presidente do grupo, que explicou o trabalho da ONG e o seu funcionamento. Na platéia, uma mistura de curiosos e gays célebres como Jackson Araújo, Nelson Feitosa, André Fischer, José Viterbo, André Piva e o costureiro Carlos Tufvesson. Num certo momento do debate, Tufvesson, com aquele seu jeito de menina mimada, ostentando um ar entediado e blasé, começou a fazer críticas ao Grupo Arco-Íris. Cobrou mais produção, mais visibilidade e mais ação. O Cláudio Nascimento não gostou das cobranças. Olhou para seu interlocutor com ar de desafio e sibilou: Nós trabalhamos com muita dificuldade financeira. Por que a senhora, que é uma bicha rica, não faz uma doação substancial ao Arco-Íris? Pano rápido. Nem tudo são flores no reino do arco-íris.
- Winston, se você fosse meu marido, eu poria veneno no seu café!
Churchill não pestanejou:
- Senhora, se eu fosse seu marido, tomaria o café!!!
(Diálogo entre o primeiro-ministro britânico Winston Churchill e Nancy Astor, primeira mulher eleita a fazer parte da Câmara dos Comuns.)
Mocidade
A mocidade esplêndida, vibrante,
Ardente, extraordinária, audaciosa,
Que vê num cardo a folha duma rosa,
Na gota de água o brilho dum diamante;
Essa que fez de mim Judeu Errante
Do espírito, a torrente caudalosa,
Dos vendavais irmã tempestuosa,
- Trago-a em mim vermelha, triunfante!
No meu sangue rubis correm dispersos:
- Chamas subindo ao alto nos meus versos,
Papoilas nos meus lábios a florir!
Ama-me doida, estonteadoramente,
Ó meu Amor! que o coração da gente
É tão pequeno... e a vida, água a fugir...
O meu desejo
Vejo-te só a ti no azul dos céus,
Olhando a nuvem de oiro que flutua...
Ó minha perfeição que criou Deus
E que num dia lindo me fez sua!
Nos vultos que diviso pela rua,
Que cruzam os seus passos com os meus...
Minha boca tem fome só da tua!
Meus olhos têm sede só dos teus!
Sombra da tua sombra, doce e calma,
Sou a grande quimera da tua alma
E, sem viver, ando a viver contigo...
Deixa-me andar assim no teu caminho
Por toda a vida, amor, devagarinho,
Até a Morte me levar consigo.. .
Aos olhos dele
Aos olhos dele
Não acredito em nada. As minhas crenças
Voaram como voa a pomba mansa;
Pelo azul do ar. E assim fugiram
As minhas doces crenças de criança.
Fiquei então sem fé; e a toda a gente
Eu digo sempre, embora magoada:
Não acredito em Deus e a Virgem Santa
É uma ilusão apenas e mais nada!
Mas avisto os teus olhos, meu amor,
Duma luz suavíssima de dor...
E grito então ao ver esses dois céus:
Eu creio, sim, eu creio na Virgem Santa
Que criou esse brilho que m'encanta!
Eu creio, sim, creio, eu creio em Deus!
(Como são lindos os poemas de Florbela Espanca)
Houve uma festa bem divertida na praia de Geribá. Num dia de sol quente, todo mundo bebendo, dançando, se drogando e se pegando na areia. Lembro que nessa festa encontrei vários amigos e nos divertimos muito. À noite rolou uma rave que foi inesquecível. Tinha uns caras bonitões se sacudindo na pista, movidos a ecstase e água mineral. Todos sem camisa, sacolejando os tórax malhados como se fossem seios. Exibindo os bíceps durões e os barrigas de tanque, invariavelmente vestidos apenas de jeans com a cintura baixa, deixando à mostra a marca do bronzeado e o caminho para a virilha. Uma coisa os meninos. O som era incrível. Paquerei muito, mas não comi ninguém. Havia muita oferta, muita procura, todo mundo se pegando, mas no final ninguém traçou ninguém. C´est la vie... Lembro que quando saí da festa o dia estava amanhecendo e eu estava morto de cansado...
Durante o evento, que foi chamado Finde Gay de Búzios, houve um debate promovido pelo Grupo Arco-Íris, uma ONG que se propõe a defender os interesses dos homossexuais. No debate aconteceu uma palestra do Cláudio Nascimento, presidente do grupo, que explicou o trabalho da ONG e o seu funcionamento. Na platéia, uma mistura de curiosos e gays célebres como Jackson Araújo, Nelson Feitosa, André Fischer, José Viterbo, André Piva e o costureiro Carlos Tufvesson. Num certo momento do debate, Tufvesson, com aquele seu jeito de menina mimada, ostentando um ar entediado e blasé, começou a fazer críticas ao Grupo Arco-Íris. Cobrou mais produção, mais visibilidade e mais ação. O Cláudio Nascimento não gostou das cobranças. Olhou para seu interlocutor com ar de desafio e sibilou: Nós trabalhamos com muita dificuldade financeira. Por que a senhora, que é uma bicha rica, não faz uma doação substancial ao Arco-Íris? Pano rápido. Nem tudo são flores no reino do arco-íris.
- Winston, se você fosse meu marido, eu poria veneno no seu café!
Churchill não pestanejou:
- Senhora, se eu fosse seu marido, tomaria o café!!!
(Diálogo entre o primeiro-ministro britânico Winston Churchill e Nancy Astor, primeira mulher eleita a fazer parte da Câmara dos Comuns.)
Mocidade
A mocidade esplêndida, vibrante,
Ardente, extraordinária, audaciosa,
Que vê num cardo a folha duma rosa,
Na gota de água o brilho dum diamante;
Essa que fez de mim Judeu Errante
Do espírito, a torrente caudalosa,
Dos vendavais irmã tempestuosa,
- Trago-a em mim vermelha, triunfante!
No meu sangue rubis correm dispersos:
- Chamas subindo ao alto nos meus versos,
Papoilas nos meus lábios a florir!
Ama-me doida, estonteadoramente,
Ó meu Amor! que o coração da gente
É tão pequeno... e a vida, água a fugir...
O meu desejo
Vejo-te só a ti no azul dos céus,
Olhando a nuvem de oiro que flutua...
Ó minha perfeição que criou Deus
E que num dia lindo me fez sua!
Nos vultos que diviso pela rua,
Que cruzam os seus passos com os meus...
Minha boca tem fome só da tua!
Meus olhos têm sede só dos teus!
Sombra da tua sombra, doce e calma,
Sou a grande quimera da tua alma
E, sem viver, ando a viver contigo...
Deixa-me andar assim no teu caminho
Por toda a vida, amor, devagarinho,
Até a Morte me levar consigo.. .
Aos olhos dele
Aos olhos dele
Não acredito em nada. As minhas crenças
Voaram como voa a pomba mansa;
Pelo azul do ar. E assim fugiram
As minhas doces crenças de criança.
Fiquei então sem fé; e a toda a gente
Eu digo sempre, embora magoada:
Não acredito em Deus e a Virgem Santa
É uma ilusão apenas e mais nada!
Mas avisto os teus olhos, meu amor,
Duma luz suavíssima de dor...
E grito então ao ver esses dois céus:
Eu creio, sim, eu creio na Virgem Santa
Que criou esse brilho que m'encanta!
Eu creio, sim, creio, eu creio em Deus!
(Como são lindos os poemas de Florbela Espanca)
24.10.06
BOSSA NOVA – Enquanto Londres ferve com o divórcio de Paul McCartney, uma fofoca cabeluda envolvendo um grande nome da MPB promete elevar a temperatura no Rio de Janeiro. O ponto de partida é a separação de um casal da alta sociedade carioca, depois que o marido descobriu, através de um exame de DNA, que a filha que tanto amava não era realmente sua filha. Arrasado com a notícia o tal marido se mandou para Nova York e tem passado os dias chorando pelos cantos. Enquanto isso, nos salões elegantes da Vieira Souto, na pérgola do Copacabana Palace, nos jantares do Gero e do Mr.Lamm e nos coquetéis da Casa Julieta de Serpa só se especula uma coisa: quem é o verdadeiro pai da criança? O nome mais sussurrado, para surpresa e espanto do hight society, é o de um famoso veterano astro da MPB. Será?
Vou te contar, meu olhos já não podem ver...
O REI DO TATAME – Mauricio Shogun fez a festa dos atletas de artes marciais neste domingo. É que o lutador foi o único brasileiro a vencer no PRIDE, o tradicional torneio de Vale Tudo do Japão, que pela primeira vez foi realizado na América. (Atualmente não se usa mais a expressão Vale Tudo e sim MMA que significa Mixed Martial Arts). Vinte mil pessoas lotaram o cassino do hotel Caesar Park, em Las Vegas para assistir a disputa que reuniu grandes nomes das artes marciais de todo o mundo. Shogun nocauteou o americano Kevin Randleman em apenas dois minutos de luta, sendo ovacionado pelo estádio. Já Vitor Belfort não teve tanta sorte e perdeu para Don Henderson.
Mauricio Shogun é um lutador incrível. Sua técnica de luta mistura várias modalidades de artes marciais, mas sua especialidade é o boxe tailandês, que domina completamente. Bonito e articulado, Shogum é atleta da academia Chute Box, de Curitiba, que é uma espécie de Sorbonne das artes marciais. Um lugar onde só treinam grandes lutadores. É a academia rival da Braziliam Top Team, do Rio.
VERBO TRATORIZAR – O Vale Tudo também é cultura. Na cobertura do PRIDE, feita pela revista Tatame, houve o lançamento oficial de um novo vocábulo na língua portuguesa: o verbo tratorizar. A palavra surgiu como uma gíria de lutadores e já está sendo amplamente usada no Posto Nove, nas noitadas do Pátio Lounge e nos botequins de Ipanema. Tratorizar significa atropelar como um trator, esculhambar, humilhar, arrasar numa performance, subjugar por meio da força.
Exemplos:
1) Os EUA tratorizaram o Iraque ao invadir o país.
2) Taís Araújo está tratorizando no papel de Ellen na novela Cobras & Lagartos.
3) Mauricio Shogun tratorizou Kevin Randleman, ao derrotá-lo em apenas dois minutos.
O SITE DE MIGUEL FARIA - O cineasta Miguel Faria, diretor de O Xangô de Baker Street dirigiu seu primeiro filme em 1969: Pedro Diabo ama Rosa Meia Noite. Na sua filmografia clássicos do cinema brasileiro como O Homem Célebre e República dos Assassinos. Toda a filmografia do diretor está no site. Na link dedicado ao filme Vinicius, o documentário que dirigiu sobre Vinicius de Moraes, tem uma crítica que escrevi sobre o filme para o Caderno B.
Vou te contar, meu olhos já não podem ver...
O REI DO TATAME – Mauricio Shogun fez a festa dos atletas de artes marciais neste domingo. É que o lutador foi o único brasileiro a vencer no PRIDE, o tradicional torneio de Vale Tudo do Japão, que pela primeira vez foi realizado na América. (Atualmente não se usa mais a expressão Vale Tudo e sim MMA que significa Mixed Martial Arts). Vinte mil pessoas lotaram o cassino do hotel Caesar Park, em Las Vegas para assistir a disputa que reuniu grandes nomes das artes marciais de todo o mundo. Shogun nocauteou o americano Kevin Randleman em apenas dois minutos de luta, sendo ovacionado pelo estádio. Já Vitor Belfort não teve tanta sorte e perdeu para Don Henderson.
Mauricio Shogun é um lutador incrível. Sua técnica de luta mistura várias modalidades de artes marciais, mas sua especialidade é o boxe tailandês, que domina completamente. Bonito e articulado, Shogum é atleta da academia Chute Box, de Curitiba, que é uma espécie de Sorbonne das artes marciais. Um lugar onde só treinam grandes lutadores. É a academia rival da Braziliam Top Team, do Rio.
VERBO TRATORIZAR – O Vale Tudo também é cultura. Na cobertura do PRIDE, feita pela revista Tatame, houve o lançamento oficial de um novo vocábulo na língua portuguesa: o verbo tratorizar. A palavra surgiu como uma gíria de lutadores e já está sendo amplamente usada no Posto Nove, nas noitadas do Pátio Lounge e nos botequins de Ipanema. Tratorizar significa atropelar como um trator, esculhambar, humilhar, arrasar numa performance, subjugar por meio da força.
Exemplos:
1) Os EUA tratorizaram o Iraque ao invadir o país.
2) Taís Araújo está tratorizando no papel de Ellen na novela Cobras & Lagartos.
3) Mauricio Shogun tratorizou Kevin Randleman, ao derrotá-lo em apenas dois minutos.
O SITE DE MIGUEL FARIA - O cineasta Miguel Faria, diretor de O Xangô de Baker Street dirigiu seu primeiro filme em 1969: Pedro Diabo ama Rosa Meia Noite. Na sua filmografia clássicos do cinema brasileiro como O Homem Célebre e República dos Assassinos. Toda a filmografia do diretor está no site. Na link dedicado ao filme Vinicius, o documentário que dirigiu sobre Vinicius de Moraes, tem uma crítica que escrevi sobre o filme para o Caderno B.
20.10.06
EU VOTO NO ALCKMIN – O debate do SBT foi definitivo para mim. A exemplo do meu amigo Sebastião Maciel decidi votar no Geraldo Alckmin. O debate até que foi bem civilizado. Não houve aquele clima tenso e agressivo do programa da Band. Os candidatos se alfinetavam, mas com uma certa educação. Ao contrário de Ricardo Boechat, Ana Paula Padrão estava bem maquiada. A jornalista também foi correta e profissional na condução do debate. O presidente Lula teve uma atuação correta. Charmoso com sua gravata vermelha que combinava suavemente com a barba branca. As discussões foram aquele lenga-lenga tradicional do debate político. Os candidatos não acrescentaram nada além do que já se sabe sobre ambos. Com relação a eleição propriamente dita, acho que Lula já teve sua oportunidade. Já votei nele uma vez. Quatro anos de fama e celebridade já está de bom tamanho para qualquer presidente. É importante que haja um rodízio no poder. Quem sabe o Geraldo Alckmin não surpreende? Não tenho muitas ilusões, mas não custa nada tentar.
O verbo “amar” em persa tem o mesmo significado que “ser amigo”. “Eu te amo” traduzido literalmente é “te considero um amigo” e “eu não gosto de você” simplesmente quer dizer “não te considero um amigo”.
UMA LÁGRIMA PARA ANA CLAUDIA OLIVEIRA - Morreu esta semana a jornalista Ana Cláudia Oliveira, colega com quem tive o privilégio de trabalhar no Jornal do Brasil. Ana Cláudia era editora do caderno de decoração do JB, o Casa & Design. Na redação sua mesa de trabalho ficava bem perto da minha, então pude desfrutar da sua convivência bem de perto. Eu a adorava. Ana era uma mulher muito elegante, classuda. Fazia seu trabalho com muito esmero e capricho. E tinha um enorme orgulho de sua profissão. Adorava ser jornalista. Ela editava o suplemento com muito critério e apuro. Ficava horas observando detalhes, escolhendo fotos, analisando os textos. Ela amava seus repórteres Eliane Benício e Eduardo. Tinha verdadeira paixão por arquitetura, design e decoração. Eu curtia muito quando ela pedia minha opinião sobre algo. Algumas vezes eu elogiava o caderno, o acabamento, a maneira como era editado e eu podia notar no seu sorriso o orgulho pelo trabalho realizado. Ana Cláudia era uma veterana da imprensa brasileira. Começou bem jovem como produtora de moda da revista Ele & Ela, da editora Bloch, e passou pelas mais diversas publicações. Eu gostava de observá-la trabalhando e admirava sua seriedade e a forma como a condição de jornalista estava atrelada a sua personalidade.
Ana Cláudia tinha uma personalidade forte. Era exigente com seus colaboradores. Tinha senso crítico e sabia os segredos da profissão. A redação era o seu grande palco. Adorava estar ali, exercendo o seu ofício. Isso era uma coisa que ficava bem clara no seu comportamento, na forma como ela andava, sorria, se comportava e se vestia: ela amava ser jornalista.
Há exatamente um ano a direção do Jornal do Brasil decidiu fazer uma reforma gráfica no jornal, que adquiriu um novo formato. Para que fosse possível a execução da reforma gráfica o jornal decidiu acabar com vários suplementos. E um dos suplementos foi exatamente o Casa & Design, que era editado por Ana Cláudia. Ela ficou muito abalada com a noticia. Defendeu a permanência do suplemento. Procurou anunciantes pedindo anúncios para continuar a publicação. Buscou a solidariedade dos diretores do jornal, mas não encontrou. Tentou o apoio de Ana Tahan, a editora chefe do Jornal do Brasil, uma mulher mal educada e grosseira, que simplesmente destratou a jornalista como costuma fazer com todos na redação. Como último recurso Ana procurou Nelson Tanure, o presidente do jornal, mas ele não a atendeu. O fechamento do caderno que editava arrasou Ana Cláudia. Sua angústia, seu sofrimento, sua frustração estavam estampados no seu rosto nas últimas vezes que esteve na redação. Meses depois ela descobriu que estava com um câncer que a matou exatamente um ano depois de ter saído do jornal.
A morte de Ana Cláudia me deixou muito triste. Eu nem imaginava que gostava tanto dela. Mas guardarei boas lembranças da nossa convivência. A sua elegância, que para mim sempre foi algo marcante. Não tinha nada a ver com roupa. Tinha a ver com estilo, com personalidade. Com a maneira como ela segurava os óculos quando acabava de ler algo. Ou o modo como ela caminhava altiva pela redação. Lembro que certa vez ela me ofereceu carona e me trouxe em casa. E nós rimos durante todo o trajeto da viagem, fofocando sobre os colegas de trabalho. E naqueles breves momentos eu pude sentir que ela estava sendo feliz. A última vez que nos vimos foi num encontro casual na Visconde de Pirajá, em frente ao Bob´s. Ela fez a maior festa quando me viu. Conversamos um bom tempo, parados na calçada. Rimos muito e, uma última vez eu pude desfrutar de sua classe. Da sua maneira elegante de ser.
Descanse em paz Ana Cláudia. Descanse em paz...
Também há as naus que não chegam
Mesmo sem ter naufragado:
Não porque nunca tivessem
Quem as guiasse no mar
Ou não tivessem velame
Ou leme ou âncora ou vento
Ou porque se embebedassem
Ou rotas se despregassem,
Mas simplesmente porque
Já estava podre no tronco
Da árvore de que as tiraram
(Jorge de Lima)
O LIVRO É O MELHOR AMIGO DO HOMEM - Durante séculos, os homens exploraram a natureza. Sem o menor cuidado, esgotaram seus recursos, dilapidando um sistema absolutamente equilibrado. Mas o contra-ataque chegou. Vírus desconhecidos ameaçam a vida de milhões. Furacões inesperados causam destruição. Mas, no livro de Frank Schätzing, é o mar o instrumento de vingança.
O CARDUME é um thriller que revela uma ameaça inimaginável vinda dos oceanos, pronta para atormentar a humanidade. Schätzing encena a insurreição mundial da natureza contra o homem num cenário catastrófico global entre a Noruega, o Canadá, o Japão e a Alemanha. Um romance repleto de dramas psicológicos e políticos com um final de tirar o fôlego.
Um pescador desaparece em frente à costa peruana. No mar norueguês, especialistas em petróleo descobrem estranhos organismos que invadiram centenas de quilômetros quadrados do fundo do mar. Enquanto isso, as baleias ao longo da costa da Columbia Britânica passam por uma transformação assustadora.
Nada disso parece estar relacionado. Entretanto, Sigur Johanson, biólogo norueguês, não acredita em coincidências. O pesquisador de baleias indígena Leon Anawak também chega a uma conclusão inquietante: um desastre ambiental se aproxima. Mas quem ou o que está por detrás disso? Enquanto o mundo se encontra à beira do abismo, os cientistas, juntamente com a jornalista britânica Karen Weaver, descobrem uma verdade aterrorizante.
Baseado em pesquisas científicas e ecológicas detalhadas, O CARDUME é mais que um clássico do suspense. Através de uma lógica angustiante, Schätzing revela, passo a passo, um cenário não apenas assustador, mas completamente possível - até mesmo provável - e enfatiza a questão do papel do homem na criação do mundo. Com O CARDUME, Frank Schätzing se consolida como um dos grandes autores internacionais de histórias de suspense. Um acontecimento raro da literatura atual alemã.
Frank Schätzing nasceu em 1957 em Colônia, Alemanha, e formou-se em Comunicação Social. Dono de uma agência de publicidade, começou a escrever romances no começo dos anos 1990. Seu primeiro livro, Morte e Satanás, foi lançado em 1995. No ano seguinte, publicou o romance policial gastronômico Fome mortal. Os direitos de O CARDUME já foram comprados pela atriz Uma Thurman, que promete transformá-lo em uma superprodução hollywoodiana.
O verbo “amar” em persa tem o mesmo significado que “ser amigo”. “Eu te amo” traduzido literalmente é “te considero um amigo” e “eu não gosto de você” simplesmente quer dizer “não te considero um amigo”.
UMA LÁGRIMA PARA ANA CLAUDIA OLIVEIRA - Morreu esta semana a jornalista Ana Cláudia Oliveira, colega com quem tive o privilégio de trabalhar no Jornal do Brasil. Ana Cláudia era editora do caderno de decoração do JB, o Casa & Design. Na redação sua mesa de trabalho ficava bem perto da minha, então pude desfrutar da sua convivência bem de perto. Eu a adorava. Ana era uma mulher muito elegante, classuda. Fazia seu trabalho com muito esmero e capricho. E tinha um enorme orgulho de sua profissão. Adorava ser jornalista. Ela editava o suplemento com muito critério e apuro. Ficava horas observando detalhes, escolhendo fotos, analisando os textos. Ela amava seus repórteres Eliane Benício e Eduardo. Tinha verdadeira paixão por arquitetura, design e decoração. Eu curtia muito quando ela pedia minha opinião sobre algo. Algumas vezes eu elogiava o caderno, o acabamento, a maneira como era editado e eu podia notar no seu sorriso o orgulho pelo trabalho realizado. Ana Cláudia era uma veterana da imprensa brasileira. Começou bem jovem como produtora de moda da revista Ele & Ela, da editora Bloch, e passou pelas mais diversas publicações. Eu gostava de observá-la trabalhando e admirava sua seriedade e a forma como a condição de jornalista estava atrelada a sua personalidade.
Ana Cláudia tinha uma personalidade forte. Era exigente com seus colaboradores. Tinha senso crítico e sabia os segredos da profissão. A redação era o seu grande palco. Adorava estar ali, exercendo o seu ofício. Isso era uma coisa que ficava bem clara no seu comportamento, na forma como ela andava, sorria, se comportava e se vestia: ela amava ser jornalista.
Há exatamente um ano a direção do Jornal do Brasil decidiu fazer uma reforma gráfica no jornal, que adquiriu um novo formato. Para que fosse possível a execução da reforma gráfica o jornal decidiu acabar com vários suplementos. E um dos suplementos foi exatamente o Casa & Design, que era editado por Ana Cláudia. Ela ficou muito abalada com a noticia. Defendeu a permanência do suplemento. Procurou anunciantes pedindo anúncios para continuar a publicação. Buscou a solidariedade dos diretores do jornal, mas não encontrou. Tentou o apoio de Ana Tahan, a editora chefe do Jornal do Brasil, uma mulher mal educada e grosseira, que simplesmente destratou a jornalista como costuma fazer com todos na redação. Como último recurso Ana procurou Nelson Tanure, o presidente do jornal, mas ele não a atendeu. O fechamento do caderno que editava arrasou Ana Cláudia. Sua angústia, seu sofrimento, sua frustração estavam estampados no seu rosto nas últimas vezes que esteve na redação. Meses depois ela descobriu que estava com um câncer que a matou exatamente um ano depois de ter saído do jornal.
A morte de Ana Cláudia me deixou muito triste. Eu nem imaginava que gostava tanto dela. Mas guardarei boas lembranças da nossa convivência. A sua elegância, que para mim sempre foi algo marcante. Não tinha nada a ver com roupa. Tinha a ver com estilo, com personalidade. Com a maneira como ela segurava os óculos quando acabava de ler algo. Ou o modo como ela caminhava altiva pela redação. Lembro que certa vez ela me ofereceu carona e me trouxe em casa. E nós rimos durante todo o trajeto da viagem, fofocando sobre os colegas de trabalho. E naqueles breves momentos eu pude sentir que ela estava sendo feliz. A última vez que nos vimos foi num encontro casual na Visconde de Pirajá, em frente ao Bob´s. Ela fez a maior festa quando me viu. Conversamos um bom tempo, parados na calçada. Rimos muito e, uma última vez eu pude desfrutar de sua classe. Da sua maneira elegante de ser.
Descanse em paz Ana Cláudia. Descanse em paz...
Também há as naus que não chegam
Mesmo sem ter naufragado:
Não porque nunca tivessem
Quem as guiasse no mar
Ou não tivessem velame
Ou leme ou âncora ou vento
Ou porque se embebedassem
Ou rotas se despregassem,
Mas simplesmente porque
Já estava podre no tronco
Da árvore de que as tiraram
(Jorge de Lima)
O LIVRO É O MELHOR AMIGO DO HOMEM - Durante séculos, os homens exploraram a natureza. Sem o menor cuidado, esgotaram seus recursos, dilapidando um sistema absolutamente equilibrado. Mas o contra-ataque chegou. Vírus desconhecidos ameaçam a vida de milhões. Furacões inesperados causam destruição. Mas, no livro de Frank Schätzing, é o mar o instrumento de vingança.
O CARDUME é um thriller que revela uma ameaça inimaginável vinda dos oceanos, pronta para atormentar a humanidade. Schätzing encena a insurreição mundial da natureza contra o homem num cenário catastrófico global entre a Noruega, o Canadá, o Japão e a Alemanha. Um romance repleto de dramas psicológicos e políticos com um final de tirar o fôlego.
Um pescador desaparece em frente à costa peruana. No mar norueguês, especialistas em petróleo descobrem estranhos organismos que invadiram centenas de quilômetros quadrados do fundo do mar. Enquanto isso, as baleias ao longo da costa da Columbia Britânica passam por uma transformação assustadora.
Nada disso parece estar relacionado. Entretanto, Sigur Johanson, biólogo norueguês, não acredita em coincidências. O pesquisador de baleias indígena Leon Anawak também chega a uma conclusão inquietante: um desastre ambiental se aproxima. Mas quem ou o que está por detrás disso? Enquanto o mundo se encontra à beira do abismo, os cientistas, juntamente com a jornalista britânica Karen Weaver, descobrem uma verdade aterrorizante.
Baseado em pesquisas científicas e ecológicas detalhadas, O CARDUME é mais que um clássico do suspense. Através de uma lógica angustiante, Schätzing revela, passo a passo, um cenário não apenas assustador, mas completamente possível - até mesmo provável - e enfatiza a questão do papel do homem na criação do mundo. Com O CARDUME, Frank Schätzing se consolida como um dos grandes autores internacionais de histórias de suspense. Um acontecimento raro da literatura atual alemã.
Frank Schätzing nasceu em 1957 em Colônia, Alemanha, e formou-se em Comunicação Social. Dono de uma agência de publicidade, começou a escrever romances no começo dos anos 1990. Seu primeiro livro, Morte e Satanás, foi lançado em 1995. No ano seguinte, publicou o romance policial gastronômico Fome mortal. Os direitos de O CARDUME já foram comprados pela atriz Uma Thurman, que promete transformá-lo em uma superprodução hollywoodiana.
17.10.06
OS GUARDA-REDES MORREM AO DOMINGO – O honroso quarto lugar da seleção de Portugal na última Copa do Mundo deu um novo ânimo na paixão dos portugueses pelo futebol. Os blogueiros de Portugal não se cansam de escrever sobre o futebol e sua relação com a vida cotidiana. Agora, embalado nessa nova onda, foi lançado em Portugal o livro Os guarda-redes morrem ao domingo. É uma coletânea de contos e poemas tendo como tema o futebol e sua relação com a política, a economia, a cultura, o amor e o sexo. Guarda-redes é como, no apaixonante português de Portugal, são chamados os goleiros. Adoro essa expressão. Guarda-redes é uma palavra que me deixa de pau duro.
Os guarda-redes morrem aos domingos foi escrito por José do Carmo Francisco, cronista esportivo do jornal A Bola. O livro é composto de 11 contos, 11 crônicas e 11 poemas. E adquiriu esse formato através de uma inspiração brasileira. Numa entrevista, durante o lançamento do livro o escritor patrício declarou:
Organizei o livro deste modo em 1995 numa espécie de homenagem ao escritor brasileiro Edilberto Coutinho, autor do célebre Maracanã, adeus, um livro com 11 contos. Só que os contos dele são quase novelas e os meus são quase poemas. Uma questão de volume. Como, entretanto, tinha escrito uma série de crónicas sobre Clubes desportivos sob o título genérico de Os emblemas da minha vida, escolhi 11 crónicas. Depois foi só juntar 11 poemas que já estavam escritos e dormiam no silêncio da gaveta. Isto prova que num certo sentido toda a Literatura é uma homenagem à Literatura.
O prefácio do livro foi escrito por Dinis Machado, autor do romance O que diz Moleiro, que já foi adaptado para o teatro no Brasil. Dinis é filho de um árbitro que mais tarde foi cronista esportivo. No prefácio ele faz uma leitura do futebol como paixão e lugar de festa num cotidiano cada vez mais cinzento. Ou, como diria o poeta Ruy Belo, “num tempo sem religião o Futebol pode ser uma religião e a ida ao Estádio pode ser a semanal celebração litúrgica com 11 sacerdotes num altar de relva”. Sobre a relação entre a literatura e o futebol o autor José do Carmo Francisco disse:
Conheço exemplos notáveis em Itália (Umberto Saba), no Brasil (José Lins do Rego, Mário Filho, Silvio Castro, Nelson Rodrigues), em Portugal (Manuel Alegre, Francisco José Viegas) para citar apenas alguns escritores que dedicaram obras ao futebol. Mas, como tema, o futebol ainda é muito recente na vida da Humanidade. Um século, para a Humanidade, não é quase nada. O Sporting e o F.C.Porto foram fundados em 1906, o Sport Lisboa e Benfica em 1908. O amor e a morte são muito mais antigos, a adultério e o incesto também. Sem esquecer o ciúme e o crime. Este meu livro não marca golos na baliza da crítica. Foi recebido com indiferença pelos jornais e revistas de grande circulação, tirando a excepção do «Expresso» com um excelente texto de Fernando Venâncio. Um grande golo, esse sim, ainda por cima marcado «fora de casa», em Amsterdão, via e-mail.
“Eles ganham mas à vezes perdem. Eles vivem mas às vezes morrem. Sempre que sofrem um golo impossível, sempre que no último minuto se deixam bater e um resultado muda, é uma pequena morte. Um esquecimento negro esconde no olhar dos adeptos todas as defesas, todas as intervenções positivas dos restantes minutos.” (Trecho do livro Os guarda-redes morrem ao domingo)
NOTA SOCIAL – E já que estamos falando em Portugal merece registro a visita ao Rio do programador da Cinemateca de Lisboa, o brasileiro radicado em Portugal Antonio Rodrigues. Culto e inteligente, grande conhecedor do cinema europeu, Antonio foi homenageado com uma feijoada na casa da socialite Helô Gama, na Barra da Tijuca. Além de divertidas histórias sobre a indústria do cinema na Europa, Antonio contou casos muito divertidos sobre os portugueses durante a Copa do Mundo.
VOTO ÚTIL, VOTO FÚTIL E VOTO INÚTIL – A revista Carta Capital está bombando nas bancas de jornais contando como a TV Globo e as grandes empresas jornalísticas manipularam informações e se uniram para publicar as fotos do dinheiro apreendido pela polícia, com o intuito de levar a eleição para o segundo turno. Mais uma vez a culpa é da Globo. Ora bolas, se houve uma trama para levar a eleição para o segundo turno então pode se dizer que foi uma trama com uma boa intenção. Afinal, como disse Caetano Veloso, a melhor coisa que poderia ter acontecido ao Brasil foi a eleição ter ido para o segundo turno.
Eu, pessoalmente, acho que a eleição iria para o segundo turno de qualquer maneira. Não acho que a publicação das fotos do dinheiro teve qualquer influência. Nem mesmo a ausência de Lula no debate da Globo influiu no resultado da eleição. Eu não confio tanto nos institutos de pesquisa. Em vários estados aconteceram surpresas, com eleições que contradisseram o resultados das pesquisas. Ninguém pode ser ingênuo e achar que o Lula ia levar essa eleição fácil. Não depois de quatro anos de um governo medíocre, onde houve muitos escândalos de corrupção e nenhuma realização digna de nota.
A reportagem da Carta Capital é sensacionalista. Autêntica imprensa marrom. É uma pena que o calor dos tempos de eleição leve os jornalistas a perderem o senso e a sensibilidade. Ao ler a reportagem e ver o logotipo da Globo na capa da revista eu lembrei da eleição de Lula. Lembram que ele deu a primeira entrevista ao Jornal Nacional? Foi a coisa mais constrangedora que eu já vi na TV. Lula no estúdio da Globo e os jornalistas aplaudindo. Tremenda babação de ovo. Aliás, eu acho que o Jornal Nacional deveria reprisar esse que foi o momento mais bizarro da história da Globo. Agora a TV Globo mais uma vez está sendo acusada de manipular o noticiário contra o Lula, um político que sabe como ninguém interpretar o papel de vítima.
Os guarda-redes morrem aos domingos foi escrito por José do Carmo Francisco, cronista esportivo do jornal A Bola. O livro é composto de 11 contos, 11 crônicas e 11 poemas. E adquiriu esse formato através de uma inspiração brasileira. Numa entrevista, durante o lançamento do livro o escritor patrício declarou:
Organizei o livro deste modo em 1995 numa espécie de homenagem ao escritor brasileiro Edilberto Coutinho, autor do célebre Maracanã, adeus, um livro com 11 contos. Só que os contos dele são quase novelas e os meus são quase poemas. Uma questão de volume. Como, entretanto, tinha escrito uma série de crónicas sobre Clubes desportivos sob o título genérico de Os emblemas da minha vida, escolhi 11 crónicas. Depois foi só juntar 11 poemas que já estavam escritos e dormiam no silêncio da gaveta. Isto prova que num certo sentido toda a Literatura é uma homenagem à Literatura.
O prefácio do livro foi escrito por Dinis Machado, autor do romance O que diz Moleiro, que já foi adaptado para o teatro no Brasil. Dinis é filho de um árbitro que mais tarde foi cronista esportivo. No prefácio ele faz uma leitura do futebol como paixão e lugar de festa num cotidiano cada vez mais cinzento. Ou, como diria o poeta Ruy Belo, “num tempo sem religião o Futebol pode ser uma religião e a ida ao Estádio pode ser a semanal celebração litúrgica com 11 sacerdotes num altar de relva”. Sobre a relação entre a literatura e o futebol o autor José do Carmo Francisco disse:
Conheço exemplos notáveis em Itália (Umberto Saba), no Brasil (José Lins do Rego, Mário Filho, Silvio Castro, Nelson Rodrigues), em Portugal (Manuel Alegre, Francisco José Viegas) para citar apenas alguns escritores que dedicaram obras ao futebol. Mas, como tema, o futebol ainda é muito recente na vida da Humanidade. Um século, para a Humanidade, não é quase nada. O Sporting e o F.C.Porto foram fundados em 1906, o Sport Lisboa e Benfica em 1908. O amor e a morte são muito mais antigos, a adultério e o incesto também. Sem esquecer o ciúme e o crime. Este meu livro não marca golos na baliza da crítica. Foi recebido com indiferença pelos jornais e revistas de grande circulação, tirando a excepção do «Expresso» com um excelente texto de Fernando Venâncio. Um grande golo, esse sim, ainda por cima marcado «fora de casa», em Amsterdão, via e-mail.
“Eles ganham mas à vezes perdem. Eles vivem mas às vezes morrem. Sempre que sofrem um golo impossível, sempre que no último minuto se deixam bater e um resultado muda, é uma pequena morte. Um esquecimento negro esconde no olhar dos adeptos todas as defesas, todas as intervenções positivas dos restantes minutos.” (Trecho do livro Os guarda-redes morrem ao domingo)
NOTA SOCIAL – E já que estamos falando em Portugal merece registro a visita ao Rio do programador da Cinemateca de Lisboa, o brasileiro radicado em Portugal Antonio Rodrigues. Culto e inteligente, grande conhecedor do cinema europeu, Antonio foi homenageado com uma feijoada na casa da socialite Helô Gama, na Barra da Tijuca. Além de divertidas histórias sobre a indústria do cinema na Europa, Antonio contou casos muito divertidos sobre os portugueses durante a Copa do Mundo.
VOTO ÚTIL, VOTO FÚTIL E VOTO INÚTIL – A revista Carta Capital está bombando nas bancas de jornais contando como a TV Globo e as grandes empresas jornalísticas manipularam informações e se uniram para publicar as fotos do dinheiro apreendido pela polícia, com o intuito de levar a eleição para o segundo turno. Mais uma vez a culpa é da Globo. Ora bolas, se houve uma trama para levar a eleição para o segundo turno então pode se dizer que foi uma trama com uma boa intenção. Afinal, como disse Caetano Veloso, a melhor coisa que poderia ter acontecido ao Brasil foi a eleição ter ido para o segundo turno.
Eu, pessoalmente, acho que a eleição iria para o segundo turno de qualquer maneira. Não acho que a publicação das fotos do dinheiro teve qualquer influência. Nem mesmo a ausência de Lula no debate da Globo influiu no resultado da eleição. Eu não confio tanto nos institutos de pesquisa. Em vários estados aconteceram surpresas, com eleições que contradisseram o resultados das pesquisas. Ninguém pode ser ingênuo e achar que o Lula ia levar essa eleição fácil. Não depois de quatro anos de um governo medíocre, onde houve muitos escândalos de corrupção e nenhuma realização digna de nota.
A reportagem da Carta Capital é sensacionalista. Autêntica imprensa marrom. É uma pena que o calor dos tempos de eleição leve os jornalistas a perderem o senso e a sensibilidade. Ao ler a reportagem e ver o logotipo da Globo na capa da revista eu lembrei da eleição de Lula. Lembram que ele deu a primeira entrevista ao Jornal Nacional? Foi a coisa mais constrangedora que eu já vi na TV. Lula no estúdio da Globo e os jornalistas aplaudindo. Tremenda babação de ovo. Aliás, eu acho que o Jornal Nacional deveria reprisar esse que foi o momento mais bizarro da história da Globo. Agora a TV Globo mais uma vez está sendo acusada de manipular o noticiário contra o Lula, um político que sabe como ninguém interpretar o papel de vítima.
11.10.06
VOTO INÚTIL – O primeiro turno da eleição me fez descobrir o voto fútil. Agora, depois do primeiro debate entre Lula e Geraldo, eu cheguei a conclusão que, no segundo turno, o eleitor vai ter que se utilizar do voto inútil. Lula e Geraldo são versões remixadas da mesma pessoa, da mesma ideologia. Tanto faz votar num como no outro. Eles são duas faces da mesma moeda. Farinha do mesmo saco. Sendo assim, o voto no segundo turno merece ser batizado de voto inútil.
A coisa que mais me impressionou no debate da Band foi o make-up de Ricardo Boechat. O que foi aquilo, meu Deus? A bicha estava maquiadíssima. Pra que tanto blush? Monsieur Luiz Inácio me pareceu um tanto quanto fora de forma. Ele fugiu da imprensa e de qualquer tipo de diálogo nos quatro anos de governo e, quando precisou de atitude para dominar o debate, pareceu sem prática, sem treino. O Geraldo, como fez campanha e já havia participado de outros debates pareceu mais à vontade com a situação.
O melhor momento do Lula foi quando ele esculhambou com o George W. Bush. Foi genial. Digno de aplausos. Ele disse uma grande verdade sobre o presidente americano e sua política fajuta, em rede nacional de TV, sem nenhuma censura. Os diplomatas do Itamaraty devem ter sentido gelar as pregas dos seus cus. Foi algo espontâneo e sincero, mas, ao mesmo, contundente. Ele arrasou Mr. Bush. E, nesse momento, quase que Lulinha conseguiu meu voto. Quase...
O problema é que logo depois ele veio com aquele papo escroto do pobre povo boliviano. Nós já temos nossos próprios miseráveis não precisamos de um presidente que se preocupe com os coitadinhos da Bolívia a ponto de ser displicente quando eles invadem as refinarias da nossa principal empresa pública, a Petrobrás. Ele devia ter sido mais contundente com o Evo Morales. Mas ele se identifica com o estilo pobretão do silvícola. Lulinha não precisa se preocupar com o povo boliviano. Quando as drogas forem legalizadas a Bolívia será um dos países mais ricos do mundo. Eles têm cocaína. Quem tem cocaína tem ouro.
Geraldo arrasou Lula quando fez aquele comentário maldoso sobre o fato dele estar lendo as respostas. Aquilo derrubou o operário padrão. Gostei do teatro do Geraldo, tentando parecer seguro e articulado. Ele me pareceu ter se preparado para enfrentar o adversário. O grande problema do candidato do PSDB é o backstage. A retaguarda. Se alguém gritasse pega ladrão no estúdio da Band ia ser um problema para a polícia. Ali só tinha bandido. É duro saber que, votando no Geraldo, o cidadão vai estar, indiretamente, votando no Tasso Jereissati, o gangster do Ceará, que não escondia a sua ansiedade na platéia. Com a vitória do seu candidato Jereissati sonha poder rearticular a quadrilha de saqueadores de cofres públicos que ele manteve nos oito anos do governo FHC, articulando negociatas junto ao Banco do Nordeste, cuja sede fica em Fortaleza. Elementar, meu caro Alckimin.
Outra coisa que me irritou no Geraldo foi quando um jornalista citou um assassino frio e cruel, que matou um casal quando era menor de idade e agora, que está completando 21 anos, vai sair da cadeia como se nada tivesse acontecido. Geraldo falou que pretende aperfeiçoar o Estatuto da Infância e do Adolescente. Puta que pariu! Isso é papo de demagogo. O Brasil precisa extinguir a porra desse estatuto. Isso é um atraso para a sociedade brasileira, que precisa acabar com essa história de tratar as crianças e os adolescentes como se fossem as vacas sagradas dos indianos. Matou ou roubou tem que ir pra cadeia. E foda-se. Um garoto de dez, onze, doze anos sabe muito bem o estrago que uma arma faz quando disparada contra a cabeça de um cidadão.
Chato mesmo foi ver Lula, depois do debate, dizendo que Geraldo parecia um “um delegado de porta de cadeia”. Que coisa sem sentido. E o pior é que ele falou isso durante uma reunião com artistas evangélicos. Para arrematar Lulinha ainda disse que era um candidato que não tinha vergonha de aparecer ao lado dos evangélicos. Puta que pariu! O Lula não precisa disso. Ele não precisa se juntar a evangélicos para conseguir votos. Esses porras já votam nele. O problema é que o operário padrão não tem critério na hora de escolher aliados. Ele se junta com evangélicos corruptos, MST, Crivella, etc. Não que o Geraldo seja muito diferente. A questão é que o Geraldo precisa de aliados para alavancar sua candidatura. E tio Lula não precisa. Além disso, como presidente da república ele tem a obrigação de saber que o estado é laico. E que a religião oficial do Brasil é a católica. Ele se junta com evangélicos e invasores de terra porque gosta de se juntar aos porcos... Depois não reclame quando estiver comendo farelo.
QUALQUER COISA – Esta tarde encontrei Guilherme Araújo no calçadão de Ipanema. Ao lado de um quiosque, sentado gloriosamente na sua cadeira de rodas, muito elegante com seu chapeu Dolce & Gabanna, ao lado de Grazi Sebastian, sua enfermeira particular, ele admirava o final de tarde com encanto e prazer. Sentei um pouco ao seu lado e ficamos conversando. Fazendo comentários poéticos sobre os atletas bonitos que jogavam vôlei na praia. Guilherme estava feliz. Sereno. Perguntei pelas “meninas” e ele deu um sorriso feliz e contou que elas ligavam todo dia. As “meninas” são suas amigas de longa data Gilda, Claude, Kiki, Noelza, Tânia, Thereza... “Eu amo todas. É como se elas fossem minhas namoradas”. Enquanto conversávamos, ele manifestou uma vontade louca de fumar um cigarro. Várias vezes na conversa ele falava no cigarro, mas eu mudava de assunto, tentando afastá-lo daquele desejo. Então passou um rapaz fumando. Guilherme chamou e pediu um cigarro ao moço. “Você não pode fumar, o médico proibiu”, eu disse. Ele me olhou com serenidade e firmeza, já dando o primeiro trago e afirmou, com um leve sorriso: “Eu posso tudo o que me dá prazer”. Touché!
O POETA FOI A CHINA - O poeta Antonio Cícero viajou para a China logo depois da eleição. Foi participar de um grande encontro de poetas da língua portuguesa em Macau e aproveita a viagem para fazer turismo e contatos com poetas chineses. Eucanãa Ferraz, outro grande poeta carioca, foi convidado para o encontro, mas não pode viajar, já que tinha compromissos aqui no Rio. Aulas de literatura na faculdade onde é professor e a elaboração de um livro dedicado a fazer uma análise crítica dos poemas de Vinicius de Moraes. Eucanãa é o editor do livro O mundo não é chato, reunião de textos escritos por Caetano Veloso. Ele é um sujeito culto e muito interessado na literatura de língua portuguesa. Na última vez que conversamos Eucanãa me sugeriu ler a poeta Sophia de Mello Breyner Andresen, que ele conheceu em Portugal. Com a ajuda do Google, essa maravilha da vida moderna, descobri os belos poemas de dona Sophia e selecionei alguns para os leitores deste blog.
Poesia
Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.
Liberdade
Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.
Cidade
Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e as praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes, e não vejo
Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes.
A coisa que mais me impressionou no debate da Band foi o make-up de Ricardo Boechat. O que foi aquilo, meu Deus? A bicha estava maquiadíssima. Pra que tanto blush? Monsieur Luiz Inácio me pareceu um tanto quanto fora de forma. Ele fugiu da imprensa e de qualquer tipo de diálogo nos quatro anos de governo e, quando precisou de atitude para dominar o debate, pareceu sem prática, sem treino. O Geraldo, como fez campanha e já havia participado de outros debates pareceu mais à vontade com a situação.
O melhor momento do Lula foi quando ele esculhambou com o George W. Bush. Foi genial. Digno de aplausos. Ele disse uma grande verdade sobre o presidente americano e sua política fajuta, em rede nacional de TV, sem nenhuma censura. Os diplomatas do Itamaraty devem ter sentido gelar as pregas dos seus cus. Foi algo espontâneo e sincero, mas, ao mesmo, contundente. Ele arrasou Mr. Bush. E, nesse momento, quase que Lulinha conseguiu meu voto. Quase...
O problema é que logo depois ele veio com aquele papo escroto do pobre povo boliviano. Nós já temos nossos próprios miseráveis não precisamos de um presidente que se preocupe com os coitadinhos da Bolívia a ponto de ser displicente quando eles invadem as refinarias da nossa principal empresa pública, a Petrobrás. Ele devia ter sido mais contundente com o Evo Morales. Mas ele se identifica com o estilo pobretão do silvícola. Lulinha não precisa se preocupar com o povo boliviano. Quando as drogas forem legalizadas a Bolívia será um dos países mais ricos do mundo. Eles têm cocaína. Quem tem cocaína tem ouro.
Geraldo arrasou Lula quando fez aquele comentário maldoso sobre o fato dele estar lendo as respostas. Aquilo derrubou o operário padrão. Gostei do teatro do Geraldo, tentando parecer seguro e articulado. Ele me pareceu ter se preparado para enfrentar o adversário. O grande problema do candidato do PSDB é o backstage. A retaguarda. Se alguém gritasse pega ladrão no estúdio da Band ia ser um problema para a polícia. Ali só tinha bandido. É duro saber que, votando no Geraldo, o cidadão vai estar, indiretamente, votando no Tasso Jereissati, o gangster do Ceará, que não escondia a sua ansiedade na platéia. Com a vitória do seu candidato Jereissati sonha poder rearticular a quadrilha de saqueadores de cofres públicos que ele manteve nos oito anos do governo FHC, articulando negociatas junto ao Banco do Nordeste, cuja sede fica em Fortaleza. Elementar, meu caro Alckimin.
Outra coisa que me irritou no Geraldo foi quando um jornalista citou um assassino frio e cruel, que matou um casal quando era menor de idade e agora, que está completando 21 anos, vai sair da cadeia como se nada tivesse acontecido. Geraldo falou que pretende aperfeiçoar o Estatuto da Infância e do Adolescente. Puta que pariu! Isso é papo de demagogo. O Brasil precisa extinguir a porra desse estatuto. Isso é um atraso para a sociedade brasileira, que precisa acabar com essa história de tratar as crianças e os adolescentes como se fossem as vacas sagradas dos indianos. Matou ou roubou tem que ir pra cadeia. E foda-se. Um garoto de dez, onze, doze anos sabe muito bem o estrago que uma arma faz quando disparada contra a cabeça de um cidadão.
Chato mesmo foi ver Lula, depois do debate, dizendo que Geraldo parecia um “um delegado de porta de cadeia”. Que coisa sem sentido. E o pior é que ele falou isso durante uma reunião com artistas evangélicos. Para arrematar Lulinha ainda disse que era um candidato que não tinha vergonha de aparecer ao lado dos evangélicos. Puta que pariu! O Lula não precisa disso. Ele não precisa se juntar a evangélicos para conseguir votos. Esses porras já votam nele. O problema é que o operário padrão não tem critério na hora de escolher aliados. Ele se junta com evangélicos corruptos, MST, Crivella, etc. Não que o Geraldo seja muito diferente. A questão é que o Geraldo precisa de aliados para alavancar sua candidatura. E tio Lula não precisa. Além disso, como presidente da república ele tem a obrigação de saber que o estado é laico. E que a religião oficial do Brasil é a católica. Ele se junta com evangélicos e invasores de terra porque gosta de se juntar aos porcos... Depois não reclame quando estiver comendo farelo.
QUALQUER COISA – Esta tarde encontrei Guilherme Araújo no calçadão de Ipanema. Ao lado de um quiosque, sentado gloriosamente na sua cadeira de rodas, muito elegante com seu chapeu Dolce & Gabanna, ao lado de Grazi Sebastian, sua enfermeira particular, ele admirava o final de tarde com encanto e prazer. Sentei um pouco ao seu lado e ficamos conversando. Fazendo comentários poéticos sobre os atletas bonitos que jogavam vôlei na praia. Guilherme estava feliz. Sereno. Perguntei pelas “meninas” e ele deu um sorriso feliz e contou que elas ligavam todo dia. As “meninas” são suas amigas de longa data Gilda, Claude, Kiki, Noelza, Tânia, Thereza... “Eu amo todas. É como se elas fossem minhas namoradas”. Enquanto conversávamos, ele manifestou uma vontade louca de fumar um cigarro. Várias vezes na conversa ele falava no cigarro, mas eu mudava de assunto, tentando afastá-lo daquele desejo. Então passou um rapaz fumando. Guilherme chamou e pediu um cigarro ao moço. “Você não pode fumar, o médico proibiu”, eu disse. Ele me olhou com serenidade e firmeza, já dando o primeiro trago e afirmou, com um leve sorriso: “Eu posso tudo o que me dá prazer”. Touché!
O POETA FOI A CHINA - O poeta Antonio Cícero viajou para a China logo depois da eleição. Foi participar de um grande encontro de poetas da língua portuguesa em Macau e aproveita a viagem para fazer turismo e contatos com poetas chineses. Eucanãa Ferraz, outro grande poeta carioca, foi convidado para o encontro, mas não pode viajar, já que tinha compromissos aqui no Rio. Aulas de literatura na faculdade onde é professor e a elaboração de um livro dedicado a fazer uma análise crítica dos poemas de Vinicius de Moraes. Eucanãa é o editor do livro O mundo não é chato, reunião de textos escritos por Caetano Veloso. Ele é um sujeito culto e muito interessado na literatura de língua portuguesa. Na última vez que conversamos Eucanãa me sugeriu ler a poeta Sophia de Mello Breyner Andresen, que ele conheceu em Portugal. Com a ajuda do Google, essa maravilha da vida moderna, descobri os belos poemas de dona Sophia e selecionei alguns para os leitores deste blog.
Poesia
Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.
Liberdade
Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.
Cidade
Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e as praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes, e não vejo
Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a minha vida
E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes.
3.10.06
VOTO FÚTIL – Como existe o voto útil, nessa eleição inventei o voto fútil. Foi fútil o critério por mim adotado na escolha do meu candidato a deputado estadual. Votei no delegado Fernando Moraes, da Divisão Anti-Sequestro da Policia Civil, só por que acho ele gostoso. Pena que o tira charmoso não foi eleito. Mas o Álvaro Lins foi. Então, viva a polícia. De resto, votei no Gabeira e em Denisão. Dei bobeira no voto para o Senado. Votei no Sirkis apenas por que as pesquisas diziam que Jandira Feghali já estava eleita. Queria dar uma força para o PV. Mas fiquei chateado por ela não ter sido eleita. No mais, o segundo turno para Presidente foi o que de melhor poderia ter acontecido ao país. Fez Lula descer do salto alto. Ainda há pouco ele apareceu na TV, todo bonzinho, dizendo que a campanha precisa de mais debate. Então tá, excelência.
A presença de Collor no Senado vai lembrar de forma mais clara ao país que por muito menos ele recebeu um impeachment. E esse é o lado bom da coisa. Se é que a coisa tem um lado bom. A ironia das ironias é o caçador de marajás substituir Heloisa Helena. Nem Gilberto Braga seria capaz de tramar tal reviravolta. A vitória de Paulo Maluf em São Paulo foi a maior de todas as vergonhas. Que tipo de sociologia conseguiria explicar esse absurdo? E Clodovéia? A bicha foi eleita e sua primeira preocupação foi saber como são os móveis do seu gabinete. Está no ar uma nova temporada do Zorra Total. Chupa essa manga!
Marina Magessi, a inspetora da Policia Civil, seguiu o conselho do garçom da Plataforma que, no aniversário de Luciana de Moraes lhe disse: A senhora devia concorrer a alguma coisa. Pois bem. A protegida de Flora Gil, que já foi estrela de um documentário dirigido por Graça Motta, concorreu a Deputada Federal pelo PPS e foi eleita com 55.031 votos. Nada mal para uma instant celebrity.
No segundo turno serei obrigado a votar no Geraldo Alckmin. Espero não me arrepender como já aconteceu nas eleições de Collor e FHC. Em Lula eu já votei e foi mais uma decepção. Esperava mudança e atitude do governo dele. Mas o presidente petista governa muito parecido com Fernando Henrique. Além disso ele mandou colocar aquela estrela do PT no jardim do palácio. Então, fora Lula! O chato no Geraldo Alckmin é ter que aturar Tasso Jereissati, presidente do PSDB, falando em apurar irregularidades do governo Lula. Ora bolas. Jereissati é um gangster do Ceará. Qualquer petista ladrão é um santinho diante dele. Nos oito anos do governo FHC ele comandou uma verdadeira organização criminosa no nordeste e agora vem posar de bom moço. Não foi por acaso que ele foi derrotado no Ceará. E o Ciro Gomes? Agora é que ele vai ficar metido.
O porteiro do meu prédio votou na Heloisa Helena no primeiro turno e agora garantiu que vota no Alckmin. Segundo ele, o Lula já ganhou demais. Minha empregada, entretanto, é radical na sua escolha: só vota em Lula. Na opinião dela qualquer um que for eleito vai roubar e se meter em corrupção. Então ela prefere votar no Lula que, mesmo que roube ou seja corrupto, pelo menos é um homem do povo. São palavras dela, não minhas. É impressionante a quantidade de eleitores que usam esse tipo de argumento condescendente. Em Brasília eleitores miseráveis ostentavam uma placa onde se lia: Ladrão por ladrão, voto no Lulão. Então tá, plebe rude.
Analistas políticos já apontam o segundo turno como uma disputa entre a esquerda e a direita. Qua qua ra qua qua, diria Elis Regina naquela antiga canção. É impressionante como jornalistas e pessoas ditas inteligentes usam esse tipo de expressão para classificar orientações políticas. Esse conceito de direita e esquerda se perdeu no tempo e não traduz o que é o verdadeiro panorama da política brasileira. Tenho vontade de rir quando alguém classifica o governo Lula como um governo de esquerda. Qua qua ra qua qua...
Se for para seguir esse padrão setentista (relativo aos anos 70) do que é esquerda ou direita, o governo Lula deve ser classificado como um governo de direita. Ou talvez de extrema direita. Não seria exagero dizer que é um governo de extremíssima direitíssima. A eleição para o segundo turno não é uma disputa entre a esquerda e a direita. De forma alguma. É a disputa entre duas perigosas facções criminosas pelo controle da favela chamada Brasil.
A presença de Collor no Senado vai lembrar de forma mais clara ao país que por muito menos ele recebeu um impeachment. E esse é o lado bom da coisa. Se é que a coisa tem um lado bom. A ironia das ironias é o caçador de marajás substituir Heloisa Helena. Nem Gilberto Braga seria capaz de tramar tal reviravolta. A vitória de Paulo Maluf em São Paulo foi a maior de todas as vergonhas. Que tipo de sociologia conseguiria explicar esse absurdo? E Clodovéia? A bicha foi eleita e sua primeira preocupação foi saber como são os móveis do seu gabinete. Está no ar uma nova temporada do Zorra Total. Chupa essa manga!
Marina Magessi, a inspetora da Policia Civil, seguiu o conselho do garçom da Plataforma que, no aniversário de Luciana de Moraes lhe disse: A senhora devia concorrer a alguma coisa. Pois bem. A protegida de Flora Gil, que já foi estrela de um documentário dirigido por Graça Motta, concorreu a Deputada Federal pelo PPS e foi eleita com 55.031 votos. Nada mal para uma instant celebrity.
No segundo turno serei obrigado a votar no Geraldo Alckmin. Espero não me arrepender como já aconteceu nas eleições de Collor e FHC. Em Lula eu já votei e foi mais uma decepção. Esperava mudança e atitude do governo dele. Mas o presidente petista governa muito parecido com Fernando Henrique. Além disso ele mandou colocar aquela estrela do PT no jardim do palácio. Então, fora Lula! O chato no Geraldo Alckmin é ter que aturar Tasso Jereissati, presidente do PSDB, falando em apurar irregularidades do governo Lula. Ora bolas. Jereissati é um gangster do Ceará. Qualquer petista ladrão é um santinho diante dele. Nos oito anos do governo FHC ele comandou uma verdadeira organização criminosa no nordeste e agora vem posar de bom moço. Não foi por acaso que ele foi derrotado no Ceará. E o Ciro Gomes? Agora é que ele vai ficar metido.
O porteiro do meu prédio votou na Heloisa Helena no primeiro turno e agora garantiu que vota no Alckmin. Segundo ele, o Lula já ganhou demais. Minha empregada, entretanto, é radical na sua escolha: só vota em Lula. Na opinião dela qualquer um que for eleito vai roubar e se meter em corrupção. Então ela prefere votar no Lula que, mesmo que roube ou seja corrupto, pelo menos é um homem do povo. São palavras dela, não minhas. É impressionante a quantidade de eleitores que usam esse tipo de argumento condescendente. Em Brasília eleitores miseráveis ostentavam uma placa onde se lia: Ladrão por ladrão, voto no Lulão. Então tá, plebe rude.
Analistas políticos já apontam o segundo turno como uma disputa entre a esquerda e a direita. Qua qua ra qua qua, diria Elis Regina naquela antiga canção. É impressionante como jornalistas e pessoas ditas inteligentes usam esse tipo de expressão para classificar orientações políticas. Esse conceito de direita e esquerda se perdeu no tempo e não traduz o que é o verdadeiro panorama da política brasileira. Tenho vontade de rir quando alguém classifica o governo Lula como um governo de esquerda. Qua qua ra qua qua...
Se for para seguir esse padrão setentista (relativo aos anos 70) do que é esquerda ou direita, o governo Lula deve ser classificado como um governo de direita. Ou talvez de extrema direita. Não seria exagero dizer que é um governo de extremíssima direitíssima. A eleição para o segundo turno não é uma disputa entre a esquerda e a direita. De forma alguma. É a disputa entre duas perigosas facções criminosas pelo controle da favela chamada Brasil.
1.10.06
MEDO DE AVIÃO – Em setembro do ano passado, um ano atrás, eu fiz essa mesma rota do vôo 1907 da Gol, que caiu na selva. Eu tinha ido para o Jungle Fight, o exótico torneio de artes marciais, em Manaus e, na volta, peguei um avião da Varig e fiz o trajeto Manaus-Brasilia-Rio. Em abril desse ano houve um novo torneio e, novamente, eu estava lá. A viagem de volta foi meio confusa. Era o auge da crise da Varig, o nosso vôo para o Rio foi cancelado e tivemos que pegar um outro avião que foi direto de Manaus até São Paulo. De lá pegamos um vôo que estava vindo de Miami e voamos até o Rio. A viagem foi confusa e cansativa, mas muito divertida, já que eu estava com um grupo de lutadores e jornalistas que tinham ido participar do campeonato de lutas.
Estavam no avião, sentados perto uns dos outros, vários atletas que tinham lutado no Jungle Fight, cada um com seus treinadores ou corners. Brian Rafiq, o francês que treina jiu-jitsu na academia Brazilian Top Team de Paris estava empolgado com sua vitória e brincava com todo mundo durante o vôo; Carlão Barreto, o veterano do Vale Tudo, atuou apenas como juiz no torneio; Marcus Vinicius, o faixa-preta que é dono de uma academia em Beverly Hills veio de Los Angeles para supervisionar a arbitragem; Katel Kubis, o charmoso lutador paranaense, que dormiu quase toda a viagem; Joan Jucão, o fera do Vale-Tudo que é treinador do Brian Rafiq; Marcelo Alonso, o editor da revista Tatame que é um sujeito formidável; Gustavo Aragão, o fotografo da Gracie Magazine, e mais Bebeo Duarte, Alexandre Cacareco, Pelé Landin e outros que eu não conhecia.
O vôo seguia tranqüilo. Olhando pela janela víamos lá embaixo apenas uma imensidão de verde e alguns rios. Os comentários sobre as lutas da noite anterior era o assunto de todas conversas. As lutas tinham sido empolgantes e todo mundo dava sua opinião, fazia comentários e brincadeiras. Mais de duas horas depois que havíamos decolado de Manaus, o piloto recomendou que todos ficassem sentados, apertassem os cintos, pois o avião ia atravessar uma região sujeita a turbulência. Minutos depois a aeronave começou a sacudir e minha tranqüilidade acabou.
Cada vez que o avião sacudia, eu segurava forte na cadeira e rezava. Não vai acontecer nada, repetia seguidas vezes para mim mesmo. Não vai acontecer nada... Nuvens densas surgiram lá fora, encobrindo a paisagem e o pôr do sol avermelhado. Durante uma hora ficamos tensos com a turbulência que ia e vinha em ondas. E se essa porra cair? Eu me perguntava a todo instante. Aliás, eu sempre me faço essa pergunta quando estou lá no alto: E se essa porra cair? Eu tento fugir desse pensamento, escuto música, busco me distrair para esquecer que estou voando. Mas, a cada balançar da aeronave essa pergunta vem à minha mente, atravessando todas as barreiras que o meu cérebro coloca para evitá-la.
Nesse vôo de Manaus, enquanto a aeronave balançava, eu pensava no filme O Aviador, de Martin Scorcese. Tem várias cenas de vôo, algumas bem pirotécnicas. E uma impressionante seqüência de um acidente aéreo. Eu pensava no filme apenas para tentar me convencer que a aeronave era segura. Afinal, a história se passa nos anos 40/50 e de lá para cá os aviões se tornaram muito mais seguros e bem equipados. Eu tentava, com esse pensamento, afastar o pavor que estava tomando conta de mim.
Depois de uma hora, aproximadamente, o avião parou de tremer e a viagem seguiu tranqüila até o aeroporto. A noite já havia caído e o que se via pelas janelas agora era uma impressionante visão de um céu estrelado.
MEDO DE AVIÃO
Foi por medo de avião
Que eu segurei pela primeira vez na tua mão
Um gole de conhaque, aquele toque em teu cetim
Que coisa adolescente, James Dean
Foi por medo de avião
Que eu segurei pela primeira vez na tua mão
Não fico mais nervoso, você já não grita
E a aeromoca, sexy, fica mais bonita
Foi por medo de avião
Que eu segurei pela primeira vez na tua mão
Agora ficou fácil, todo mundo compreende
Aquele toque Beatle, I wanna hold your hand
Agora ficou fácil, todo mundo compreende
Aquele toque Beatle, I wanna hold your hand
Estavam no avião, sentados perto uns dos outros, vários atletas que tinham lutado no Jungle Fight, cada um com seus treinadores ou corners. Brian Rafiq, o francês que treina jiu-jitsu na academia Brazilian Top Team de Paris estava empolgado com sua vitória e brincava com todo mundo durante o vôo; Carlão Barreto, o veterano do Vale Tudo, atuou apenas como juiz no torneio; Marcus Vinicius, o faixa-preta que é dono de uma academia em Beverly Hills veio de Los Angeles para supervisionar a arbitragem; Katel Kubis, o charmoso lutador paranaense, que dormiu quase toda a viagem; Joan Jucão, o fera do Vale-Tudo que é treinador do Brian Rafiq; Marcelo Alonso, o editor da revista Tatame que é um sujeito formidável; Gustavo Aragão, o fotografo da Gracie Magazine, e mais Bebeo Duarte, Alexandre Cacareco, Pelé Landin e outros que eu não conhecia.
O vôo seguia tranqüilo. Olhando pela janela víamos lá embaixo apenas uma imensidão de verde e alguns rios. Os comentários sobre as lutas da noite anterior era o assunto de todas conversas. As lutas tinham sido empolgantes e todo mundo dava sua opinião, fazia comentários e brincadeiras. Mais de duas horas depois que havíamos decolado de Manaus, o piloto recomendou que todos ficassem sentados, apertassem os cintos, pois o avião ia atravessar uma região sujeita a turbulência. Minutos depois a aeronave começou a sacudir e minha tranqüilidade acabou.
Cada vez que o avião sacudia, eu segurava forte na cadeira e rezava. Não vai acontecer nada, repetia seguidas vezes para mim mesmo. Não vai acontecer nada... Nuvens densas surgiram lá fora, encobrindo a paisagem e o pôr do sol avermelhado. Durante uma hora ficamos tensos com a turbulência que ia e vinha em ondas. E se essa porra cair? Eu me perguntava a todo instante. Aliás, eu sempre me faço essa pergunta quando estou lá no alto: E se essa porra cair? Eu tento fugir desse pensamento, escuto música, busco me distrair para esquecer que estou voando. Mas, a cada balançar da aeronave essa pergunta vem à minha mente, atravessando todas as barreiras que o meu cérebro coloca para evitá-la.
Nesse vôo de Manaus, enquanto a aeronave balançava, eu pensava no filme O Aviador, de Martin Scorcese. Tem várias cenas de vôo, algumas bem pirotécnicas. E uma impressionante seqüência de um acidente aéreo. Eu pensava no filme apenas para tentar me convencer que a aeronave era segura. Afinal, a história se passa nos anos 40/50 e de lá para cá os aviões se tornaram muito mais seguros e bem equipados. Eu tentava, com esse pensamento, afastar o pavor que estava tomando conta de mim.
Depois de uma hora, aproximadamente, o avião parou de tremer e a viagem seguiu tranqüila até o aeroporto. A noite já havia caído e o que se via pelas janelas agora era uma impressionante visão de um céu estrelado.
MEDO DE AVIÃO
Foi por medo de avião
Que eu segurei pela primeira vez na tua mão
Um gole de conhaque, aquele toque em teu cetim
Que coisa adolescente, James Dean
Foi por medo de avião
Que eu segurei pela primeira vez na tua mão
Não fico mais nervoso, você já não grita
E a aeromoca, sexy, fica mais bonita
Foi por medo de avião
Que eu segurei pela primeira vez na tua mão
Agora ficou fácil, todo mundo compreende
Aquele toque Beatle, I wanna hold your hand
Agora ficou fácil, todo mundo compreende
Aquele toque Beatle, I wanna hold your hand
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