CENA MUDA - Foi um prazer imenso assistir a homenagem aos 50 anos de carreira de Maria Bethânia, no Teatro Municipal. Sou fã de Bethânia desde sempre. E sempre fiz questão de acompanhar sua carreira, pois sempre a admirei como artista, como cantora e como personalidade. E ali, vendo ela ser homenageada, me sentia tão perto, tão familiarizado com ela e com os fatos de sua vida, que era como se ela fosse uma pessoa da minha família. Uma pessoa por quem tenho imenso carinho e admiração.
O show teve atrações muito especiais, além da própria Bethânia: Nana Caymmi, Alcione, Johnny Hooker, Zélia Duncan, Dira Paes, Caetano Veloso. Mas o que eu mais gostei foi ver a Renata Sorrah recitando um dos textos do show Rosa dos Ventos. E também o abraço apertado delas duas no final do show.
"Eu fui obrigada a conhecer o avesso do mundo. Pra sobreviver a dor de não entender o que tinha acontecido, à dor de te perder, tudo. Eu tive que nascer pra vida da cidade. Não a vida social, mas a vida da cidade e de seus cantos esquecidos. O lixo do lixo. Eu me perdia pela cidade, anônima, e esse anonimato era um vício. Eu não ter meu nome me absolvia de tudo. Eu me embebedava do desejo cego por qualquer um... E assim, eu me iniciei na solidão coletiva dos que não têm nada a perder. Mas, talvez, eu tenha até mais que os outros a tentação de corresponder ao bem. Uma tentação tão grande e absoluta, um desejo de corresponder de forma tão total, que paradoxalmente me tornou e me torna escrava cega de minha escuridão. E quando essa escuridão me possui, eu até a confundo com uma espécie de bem-aventurança."
O show teve atrações muito especiais, além da própria Bethânia: Nana Caymmi, Alcione, Johnny Hooker, Zélia Duncan, Dira Paes, Caetano Veloso. Mas o que eu mais gostei foi ver a Renata Sorrah recitando um dos textos do show Rosa dos Ventos. E também o abraço apertado delas duas no final do show.
"Eu fui obrigada a conhecer o avesso do mundo. Pra sobreviver a dor de não entender o que tinha acontecido, à dor de te perder, tudo. Eu tive que nascer pra vida da cidade. Não a vida social, mas a vida da cidade e de seus cantos esquecidos. O lixo do lixo. Eu me perdia pela cidade, anônima, e esse anonimato era um vício. Eu não ter meu nome me absolvia de tudo. Eu me embebedava do desejo cego por qualquer um... E assim, eu me iniciei na solidão coletiva dos que não têm nada a perder. Mas, talvez, eu tenha até mais que os outros a tentação de corresponder ao bem. Uma tentação tão grande e absoluta, um desejo de corresponder de forma tão total, que paradoxalmente me tornou e me torna escrava cega de minha escuridão. E quando essa escuridão me possui, eu até a confundo com uma espécie de bem-aventurança."
(Texto de Fauzi Arap, para o show Pássaro da Manhã, de Maria Bethânia, que agora completa
50 anos de carreira.)
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