28.12.04




A felicidade não é uma recompensa, é uma conseqüência.


* * * FELIZ 2005 * * *




SUSAN SONTAG ERA LÉSBICA - A comunidade GLS internacional está de luto com a morte da escritora Susan Sontag, aos 71 anos. Sontag foi uma militante do movimento gay desde os anos 60. Autora de livros como O amante do vulcão, Assim vivemos agora e Diante da dor dos outros. Durante muitos anos ela foi namorada da fotógrafa Annie Leibovitz, famosa pelas fotos de celebridades publicadas em revistas como Vanity Fair, Vogue e Interview. Juntas publicaram um livro onde as fotos de uma ilustrava os textos da outra. Não é lindo o amor? Segundo Gerald Thomas, Sontag também namorou a artista gráfica brasileira Bia Fleiter. A morte da escritora recebeu merecido destaque na imprensa brasileira. Uma curiosidade: os principais jornais cariocas, O Globo e Jornal do Brasil, escreveram belas resenhas no obituário da escritora. Textos bem escritos e informativos, que deram um apanhado geral sobre a obra de Madame Sontag. Mas, ambos os jornais, ignoraram completamente o fato da escritora ser homossexual. E o fato dela ser lésbica foi algo relevante na sua produção intelectual.




GENTE BOA - O prefeito de São Francisco Gavin Newson ficou popular nos EUA por ter defendido o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Rico e bonitão, Mr. Newson é um sucesso entre os moradores da aprazível cidade da Califórnia. Agora que está em fase de produção um filme sobre sua vida, o site Planet Out perguntou ao prefeito qual o ator que ele gostaria que interpretasse seu papel. Apesar de ser a cara de Christian Bale, Newson disse que gostaria de ter a cantora k. d. lang fazendo o seu papel.




O VERÃO DE 2005 - Janeiro vem aí, em clima de muito carnaval. E eu já reservei meu abadá para os agitos. Todas as terças tem Micareta no Canecão, com a cantora baiana Margareth Menezes. Quem, como eu, curte o carnaval da Bahia, tem muito o que se divertir. No carnaval passado Margareth Menezes quase me leva à loucura nas ruas de Salvador, com seu trio elétrico envenenado. Dia 20 começa o Cabofolia, micareta de Cabo Frio, que é o agito mais quente da região dos lagos. Além de tudo isso, todos os domingos, até o carnaval, tem o ensaio do bloco Se num guenta porque veio?, da galera animada de Ipanema.


O Fashion Rio começa dia 11 e vai até o dia 15. Vou trabalhar todos os dias fazendo a cobertura dos desfiles para o Jornal do Brasil. Só que, para mim, esse trabalho é pura diversão. Eu me divirto muito assistindo aos desfiles, acompanhando o nervosismo dos bastidores, encontrando pessoas e trocando fofocas e informações. Uma jornalista que trabalha comigo, ao receber o e-mail com a programação, suspirou fundo e desabafou: "Eu odeio o Fashion Rio. Não suporto aquela futilidade, aquele festival de caras e bocas, aquela discussão sobre o nada". Pois eu acho a futilidade muito construtiva. Adoro o ôba-ôba e me divirto muito com as caras e bocas.


A melhor balada de janeiro certamente será a festa que a Erika Palomino sempre promove durante o Fashion Rio. A incansável jornalista é uma festeira de mão cheia. Sua festa durante a temporada de lançamento da coleção primavera-verão incendiou o Hotel Glória. Boas vibrações e muito alto-astral. E logo no primeiro domingo do ano tem aniversário de Kati Pinto, figura muito querida entre os descolados do Rio. Kati vai festejar mais um verão recebendo amigos no restaurante Miss Tanaka, no Jardim Botânico. Fina! Para começar o ano com muita classe um presente para os leitores: dois poemas de Antonio Cicero. E o texto da reportagem publicada na edição de natal do Caderno H.





VITRINE

Que divisa o olhar desse moreno?
Namora os tênis atrás da vitrine
Ou a vidraça que os devassa e inibe
os seus reflexos serve-lhe de espelho
e ele recai na imagem de si mesmo,
igualmente visível e intangível?
É assim tantálica que ela me atinge
obliquamente e ao mesmo tempo em cheio
e mesmeriza, e sinto meio como
se eu o despisse e ele mal percebesse.
Quando olha para trás um instante, atino
sonhar e, salvo engano, ter nos olhos
cacos de um campo de futebol verde
feito o pano das mesas dos cassinos.




Canção do amor impossível

Como não te perderia
se te amei perdidamente
se em teus lábios eu sorvia
néctar quando sorrias
se quando estavas presente
era eu que não me achava
e quando tu não estavas
eu também ficava ausente
se eras minha fantasia
elevada a poesia
se nasceste em meu poente
como não te perderia




A VOZ DO POETA - O poeta e ensaísta Antonio Cícero passou boa parte de 2004 debruçado sobre o computador escrevendo um novo livro de ensaios filosóficos. Abriu parênteses no seu cotidiano profissional para lançar seu segundo CD de poesias, A cidade e os livros, onde recita todas as poesias do seu livro homônimo lançado em 2002. Alguém já disse que a poesia só exerce a sua função quando recitada pela voz do próprio poeta. Cícero discorda.
- Eu acho que a poesia se completa quando ela está escrita. Eu tenho gravado meus poemas porque é uma forma diferente de faze-los chegar as pessoas. Quem quiser pode lê-los no livro. Quem quiser pode escuta-los no CD.


Publicando seus poemas em livros ou CDs, Cícero se consagrou como o grande poeta brasileiro do século XXI. Sua personalidade, seu temperamento, seu estilo de vida traduzem uma leitura poética da existência. Mas, como é ser poeta nesse novo século, vivendo num mundo com tantos conflitos bélicos, fundamentalismos ideológicos e capitalismo selvagem. Ainda dá para extrair poesia do mundo em que vivemos? A resposta do poeta surpreende:


- Eu acho que esses conflitos todos, resultantes de forças conservadoras, só estão vindo à tona dessa forma porque nunca, em toda a história da humanidade, o homem esteve tão perto de ser realmente livre. A evolução da tecnologia, da ciência, e da medicina estão aí nos surpreendendo a cada dia. As conquistas do feminismo, do movimento gay, e outros movimentos libertários já fazem parte do cotidiano da sociedade. A internet está permitindo que haja uma comunicação e uma troca de idéias de uma forma que ninguém jamais sonhou. Então as forças conservadoras estão desesperadas com isso. Porque sentem que estão perdendo o controle que exercem sobre as pessoas através do medo, do preconceito, da mentira e do terror. E estão tentando bloquear o processo de liberdade do homem através da força bruta. Mas não vão conseguir porque o que foi conquistado pelo homem não tem volta.


A tranqüilidade com que defende suas idéias é a mesma registrada na sua voz quando recita seus poemas. E tanto a voz como as idéias traduzem uma visão otimista do futuro. Seu poema Guardar, titulo do livro lançado em 1996, está incluído na antologia Os cem melhores poemas brasileiros do século, organizada por Ítalo Moricone. Cícero também é autor de letras de grandes sucessos de música popular e, ao mesmo tempo, um filósofo apurado, autor do livro O mundo desde o fim.
- A filosofia é o empreendimento iluminista de crítica e destruição dos preconceitos que desnecessariamente cerceiam a liberdade e a criatividade, seja na vida, seja na arte.
Em 2004, Antonio Cicero se dedicou a escrever o livro de ensaios que está terminando de preparar para a publicação. Ele pretende, porém, dedicar 2005 à poesia:
- Meu único plano para o ano novo é escrever outro livro de poemas.




A ONDA QUE SE ERGUEU NO MAR - Fiquei apavorado com o maremoto na Asia. As imagens que vi na TV me deixaram angustiado. Acho que tão cedo conseguirei ficar tranquilo à beira mar. Semprei estarei à espreita de uma onda gigante. Curiosamente, nos dias que antecederam a tragédia, fiquei lembrando com frequência de um sonho que tive logo após assistir ao filme O dia depois de amanhã. No meu sonho, o mar invadia Ipanema, inundando tudo. Tanto que cheguei a colocar um post falando sobre isso. Será que foi coincidência ou alguma espécie de premonição?


23.12.04




O verdadeiro ato da descoberta não consiste em encontrar novas terras, mas sim em vê-las com novos olhos.

SONHO SEM FIM - Chove sem parar desde o primeiro dia do verão. À noite passada chovia tanto que eu sonhei que estava na praia. No meu sonho eu caminhava pela areia de Ipanema quando uma moça chamava meu nome. Eu olhava para ela, com os cabelos bem curtos e, a princípio, não a reconhecia. Depois percebia que era Cíntia Howllet. "Você cortou os cabelos?", eu perguntava. Ela apenas sorria, balançava a cabeça e saía caminhando pela areia. Acho que o sonho foi uma representação de um conto que li na coletânia do escritor Scott Fitzgerald, chamado Bernice corta o cabelo. E o conto, escrito em 1920, girava em torno de uma jovem que provoca um rebuliço na família e entre os amigos, depois de cortar seus longos cabelos.


Eu sonho todos os dias. E sempre lembro dos meus sonhos. Quando assisti ao filme O dia depois de amanhã, tive um sonho muito engraçado. O filme conta a história de uma brusca mudança no tempo, que provoca um maremoto, e ondas gigantescas invadem Nova York. A população foge apavorada, tentando escapar da fúria da água do mar. Pois bem. No meu sonho Ipanema era invadida pelas águas do oceano atlântico. As ruas do bairro ficavam todas inundadas, parecendo rios. Só que, ao contrário dos personagens do filme, os moradores de Ipanema adoravam aquilo. Ficavam felizes. Subiam no alto dos edificios e todo mundo ficava curtindo. Então eu chegava na janela de um prédio na rua Vinicius de Moraes e via a Cíntia Howllet passando num caiaque, que ela mesmo remava, com aquele seu gracioso estilo esportivo.


Outro dia sonhei que estava andando de helicóptero sobre o Rio, vendo as paisagens lá de cima. Parecia tão real que eu sentia meu corpo flutuar. No meio da viagem o piloto acendia um baseado e nós ficávamos fumando e viajando duplamente. Adoro sonhar. Acordado e dormindo.




FELIZ ANO NOVO - Em 2004 tive a oportunidade de ler livros incríveis. Variações Enigmáticas, do francês Eric-Emmanuel Schmitt, foi um presente que ganhei de Carlos Leal, da Editora Francisco Alves. É o texto de uma peça que já foi montada por Paulo Autran e Cecil Thiré. Um texto brilhante, desses que quando chega ao final, o leitor fica boquiaberto. O Código da Vinci me proporcionou momentos de grande prazer. 24 contos de F. Scott Fitzgerald é um livro para ser degustado como quem saboreia um buffet da Laura Pederneiras. Reli A Biblioteca da Piscina, de Alan Hollinghurst, depois que ele ganhou o Booker Prize. Abel Sánchez – uma história de paixão, é uma obra-prima do escritor e filósofo espanhol Miguel de Unamuno. O livro é um primoroso tratado sobre a inveja e o ressentimento. Alguém espia nas trevas, de Mary Higgins Clark é um divertido romance policial, escrito com muita astúcia.


As duas melhores festas do ano rolaram no Hotel Glória. Primeiro foi a festa da Erika Palomino, durante o Fashion Rio. Música da melhor qualidade, iluminação à luz de velas, alto astral e só galera que trabalha com moda. Modelos, estilistas, produtores, fotógrafos. Depois teve a festa da DIESEL, que foi uma noite inesquecível. Parecia uma daquelas festas do filme O Grande Gatsby. Loucura total, super-produção, estilo e farra. A festa da FORUM no Parque Laje também marcou 2004. O casamento de Ana Luisa e Carlos Eduardo, na Casa Julieta de Serpa também foi de alto nível. Gente fina é outra coisa.


Má Educação, de Pedro Almodóvar e A Casa das Adagas Voadoras, de Zhang Yamou foram os melhores filmes que assiti em 2004. Teve também Os sonhadores, de Bertolucci e Diários da Motocicleta de Walter Salles, que são filmes lindos. O grande acontecimento cinematográfico do ano foi a mostra de filmes de Sergio Leone. Foi um privilégio poder rever clássicos definitivos do mago do cinema italiano na tela grande. Cinema ainda é a maior diversão.


Renata Sorrah foi a atriz do ano. No teatro ela fez uma impressionante Medéia, num espetáculo inesquecível. Denso, corajoso, levando a arte de representar às últimas consequencias. Na TV surgiu como a pérfida Nazaré, usando e abusando de trejeitos inspirados nas grandes vilãs de Hollywood Joan Crawford e Beth Davis. Gostei tanto de Brasileirinho, o show de Maria Bethânia, que assiti várias vezes. Já os discos de Bebel Gilberto e Jorge Benjor merecem aplausos. Assim como Peachtree Road, disco que Elton John lançou no final do ano.




ANSWER IN THE SKY, sucesso do novo disco de Elton John PEACHTREE ROAD, é uma parceria do cantor com seu velho amigo Bernie Taupin.


Well they say that it's a fact
If you watch the sky at night
And if you stare into the darkness
You might see celestial light


And if your heart is empty
And there's no hope inside
There's a chance you'll find an answer in the sky


Well they say that it's a shame
If you have nothing to believe
And if you can't hold on to something
You might as well die where you sleep


You don't need a prayer
And there's no price to ask why
Sometimes you'll find an answer in the sky


And it's all so much bigger than it seems
And it all overwhelms us now and then
And I'm banking on a chance we believe
That good can still control the hearts of men


Sometimes you'll find an answer in the sky


This life's a long old road
We shouldn't have to walk alone
But if you find the right companion
You won't feel so worn out when you've grown


All life is precious
And every day's a prize
And sometimes you'll find an answer in the sky


20.12.04




Felicidade é a certeza de que nossa vida não está se passando inutilmente.

RIO EM FESTA - Agora não tem mais jeito. 2004 está chegando ao fim e a temporada de festas toma conta da cidade. O sol não tem comparecido muito, dando a entender que o final de ano vai ser chuvoso. Será? De qualquer maneira Gilberto Scofield já está na cidade, distribuindo alegria e alto astral. Fala-se que George Michael vem passar o reveillon no Rio. A informação é de um jornalista inglês que foi avisado pela sua sucursal para ficar de olho no cantor, caso ele apreça mesmo por aqui. De qualquer maneira, Orlando Bloom, o ator que fez Paris no filme Tróia, já anda circulando por Ipanema.




A GLOBONEWS exibiu uma grande entrevista de Bebel Gilberto, esta semana. O legal do programa é que ele deu bastante espaço para Bebel falar sobre sua vida e seus projetos. Também foi muito legal ver clipes antigos, da época em que ela era garotinha. Durante a entrevista Bebel disse que tem planos de fazer uma grande turnê pelo Brasil. Quando esteve aqui, em novembro, durante o TIM Festival ela comentou com alguns amigos que o ingresso era muito caro. E que ela estava a fim de fazer shows com ingressos a preços mais populares. Cantar para o povo mesmo. Bebel está sendo esperada na cidade para as festas de fim de ano.






JE T´AIME BRÉSIL - Só vai dar Brasil em 2005 na França. O país será o grande homenageado no evento promovido pelo Ministério da Cultura francês que a cada ano homenageia um país diferente. Já foram homenageados países como Polônia, China e Argélia. 2005 será o último ano desse programa de homenagens e o Brasil foi escolhido pela popularidade que o país adquiriu entre os franceses nos últimos anos. A democracia brasileira, o fato do Brasil não ter apoiado a invasão do Iraque, o sucesso da música "Já sei Namorar" dos Tribalistas nas rádios francesas, Gisele Budchen, o futebol penta campeão, além do veneno e do charme da mulher brasileira. "Quel pays celui-là?" perguntam os franceses usando jaquetas com detalhes verde-amarelo e calçando sandálias havaianas com a bandeira do Brasil. O fato é que as relações entre o Brasil e a França estão cada mais afetivas, principalmente depois que aquele poderoso país do norte perdeu popularidade tanto lá como aqui.


Nada mais apropriado para celebrar essa relação de paz e amor que um ano inteiro de festas, shows, e eventos culturais. E o Ministério da Cultura da França junto com o Ministério da Cultura brasileiro estão empenhados em levar o melhor do Brasil para mostrar à França. Astros da MPB, uma das nossas mais bem sucedidas manifestações culturais, já foram convocados para apresentações em Paris. Vai ter shows de Maria Bethânia e MIlton Nascimento no Paris-Bercy. No dia 21 de junho, quando anualmente é celebrado na França o Dia da Música, Daniela Mercury vai mostrar o poder dos ritmos baianos. Em julho, no "La villete" um grande concerto de música brasileira reunirá Caetano, Gil, Lenine, Ivete Sangalo e o Ylê Ayê. E não é só a música popular do Brasil que terá espaço no evento. Villa Lobos, o nosso mais erudito compositor, terá suas músicas tocadas em concertos de músicos importantes como Nelson Freire, Rosana Lancelotte e Antônio Menezes.


Também serão realizados concertos de músicas produzidas pelas minorias étnicas da sociedade. Música de origem indigena e folclórica. Num pavilhão de exposições chamado Carreau du temple haverá, a partir de março, stands dedicados a todos os estados brasileiros. Ali, cada estado vai poder mostrar seu folclore, sua cultura, sua música, sua culinária, suas peculiaridades.


A idéia de homenagear o Brasil foi muito bem recebida pelo parceiros franceses contatados pelo governo do seu páís para participarem do evento. Galerias de arte, empresários, casa de shows, jornalistas. A receptividade dos franceses foi tão grande que surpreendeu até os organizadores do evento. O adido cultural Jean Paul Lefevre explica porque tanto interesse da Europa pelo Brasil.
- Foi o clima de guerra que ocorre no primeiro mundo que fez com que a velha Europa se voltasse para o Brasil. Para nós o Brasil, mesmo com os seus problemas, representa a juventude, o futuro. E a velha Europa precisa dessa juventude e desse futuro que o Brasil representa, para poder aliviar a tensão de um mundo tão cheios de conflitos e guerras. No último verão europeu eu pude observar garotas francesas circulando pelas ruas de Paris usando jaquetas com a bandeira do Brasil e calçando sandálias havaianas com as cores verde e amarela. Fazendo isso, elas estavam buscando um modo de vida diferente. Buscando esse jeito brasileiro de encarar a vida de maneira agradável.


Muitas das atividades ainda estão sendo negociadas, como por exemplo, a apresentação da peça em que a atriz Marilia Pera interpreta Coco Chanel, ícone máximo da moda francesa. O fato é que, de março a dezembro do próximo ano uma das pontes de Paris será iluminada com as cores do Brasil, assim como o país será motivo de decoração das vitrines dos grandes magazines e a nossa culinária será tema de diversos festivais gastronômicos. No dia 14 de julho, dia nacional da França, o presidente Lula será o convidado de honra dos festejos capitaniados por Jaques Chirac.
- Acho que o mais importante nesse evento - diz Lefevre - é o aspecto da diversidade e da modernidade. Nós queremos apresentar muito mais do que o aspecto exótico e folclórico. Acho que o ano Brasil-França será uma grande oportunidade do Brasil mostrar a Europa o que ele têm de mais moderno e contemporâneo.




Nunca tive problemas com droga. Só com a polícia...
(KEITH RICHARDS)




16.12.04




Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons.


O LIVRO DO ANO - O livro de Dan Brown O Código da Vinci foi o grande acontecimento literário de 2004. Não só porque vendeu aproximadamente quinze milhões de cópias em todo mundo, sendo que mais de trezentos mil só no Brasil. O código foi um fenômeno por sua demonstração de força como livro. Numa época como a nossa, de culto à tecnologia, onde as pessoas preferem passar seu tempo em frente ao computador, curtindo blogs, fotologs, orkut ou simplesmente navegando, O Código Da Vinci deu uma grande demonstração de força do produto "livro". Ele mobilizou leitores em todo o mundo, que abandonaram as telas do computador, do DVD, do cinema e da TV, para mergulhar de cabeça em suas páginas recheadas de diversão, prazer e sabedoria.


Isso não é tudo. Além de ter vendido milhões de exemplares, o livro estimulou o lançamento de outros titulos que tinham relação com os temas tratados no romance, movimentando o mercado editorial de forma impressionante. Foram lançados desde biografias de Leonardo Da Vinci, passando por diversos titulos sobre Maria Madalena, sociedades secretas e o Santo Graal, até ensaios sobre as obras de arte citadas no romance. Tudo isso fez de O Código da Vinci um bastião do poder de força do produto "livro" no alvorecer do século XXI. É o primeiro grande fenômeno editorial desse novo tempo. Foi como se ele tivesse sido escrito para mostrar ao mundo que, apesar dos atrativos promovidos pelos avanços da tecnológia, o livro ainda é a grande fonte de diversão, saber e apuro intelectual.


O formato do romance é o de uma história policial. Começa com um crime no Museu do Louvre, um suspeito que o leitor sabe inocente e um detetive que precisa apresentar um culpado para salvar sua reputação profissional. Mas, por trás desse lugar comum literário, o autor promove uma interessante discussão sobre os ícones da igreja católica e sobre como o cristianismo, ao longo dos anos, buscou relegar a mulher a uma condição muito inferior ao homem, associando-a a figuras profanas. Ao criticar de forma contundente essa questão, o livro torna-se um libelo feminista de grande alcance. Desde o feminismo queima-sutiã dos anos 60 que não surge nada tão revolucionário em termos de feminismo como o livro de Dan Brown.


O romance defende a teoria de que Maria Madalena foi casada com Cristo e que ela nunca foi prostituta. E que os guardiães do cristianismo procuraram difamá-la por puro machismo, pois se sentiam ameaçados com o poder da mulher de gerar a vida humana. Assim, segundo a trama de Dan Brown, a igreja católica buscou associar a mulher a um ser pecaminoso e profano, idéia que o autor defende, lembrando que não existem mulheres em cargos importantes na igreja católica e que, na idade média, milhões delas foram levadas à fogueira por causa dos conceitos machistas escondidos no pensamento cristão. Whaal, diria Paulo Francis...


Ao observarmos a maneira fundamentalista como a igreja condena o aborto, em pleno século XXI, podemos considerar que faz sentido o raciocínio do escritor. Condenar o aborto, marginalizar a mulher que ousa dispor do seu próprio corpo, é uma maneira infame da igreja colocar a mulher numa situação de inferioridade em relação ao homem.


O mais bacana do romance de Dan Brown é que ele provoca o leitor e o estimula a uma discussão intelectual. Com isso ele cumpre a sua função como "livro". Além de promover momentos de intenso prazer ao leitor, com sua trama recheada de personagens fascinantes e reviravoltas inesperadas, O Código Da Vinci estimula discussões, faz pensar, provoca reflexões e surpreende o leitor, dando-lhes a sensação que ele está fazendo uma grande descoberta sobre a história da humanidade. Mas, a grande descoberta que o leitor faz ao ler o romance é que a literatura ainda tem a capacidade de mudar o homem. E mudando o homem, muda o mundo!






CARNAVAL 2005 - O bloco carnavalesco de Ipanema SE NUM GUENTA PORQUE VEIO? continua animando o verão carioca com os ensaios no Chiko´s Bar. A diretoria do bloco é formada por uma rapaziada muito bacana de Ipanema, galera alto astral que frequnata a praia em frente a rua Vinicius de Moraes: Marcelo Verruga, Marko Kabul, Fred Neci, Michell e Sandrinho. O enredo do desfile é "Zona Sul em festa, o surgimento de uma nova era". O samba que vai animar o desfile é de autoria de Fabinho Monterosso, e Fernandinho Maia. A letra é a seguinte:


O SONHO SE CONCRETIZOU
DE UMA HISTÓRIA DE BAR
HOJE CANTA A CIDADE
É FESTA, É FELICIDADE
NO AR, UM CLIMA ENVOLVENTE


ACABOU A PELADA, METE MÃO NA GELADA
AGORA EU QUERO É CURTIÇÃO...(ÔÔÔ!)
E QUANDO MENOS SE ESPERA, TA NA BOCA DA GALERA
VAI ROLAR A PEGAÇÃO


HUM, DOIS TRÊS
HUM, DOIS TRÊS E JÁ
VIRA A CARA, FAZ CHARMINHO
QUE AGORA EU VOU BEIJAR


FIM DE SEMANA TA AÍ...(ÔÔ...)
VOU ME EMBEBEDAR, ME DIVERTIR
JÁ CHEGOU O VERÃO, UMA LINDA ESTAÇÃO
DE PRAIA, CALOR E FANTASIA
O "SE NUM GUENTA" SURGIU PRA MOSTRAR O SEU VALOR
ABENÇOADO PELO CRISTO REDENTOR
SÓ LAMENTO..., PAULISTA E MINEIRO
É MALANDRAGEM, SOU CARIOCA, SOU DO RIO DE JANEIRO!


A ZONA SUL ECOOU, EM LIBERDADE
Tô DOIDÃO DE SKOL, TRANQUILIDADE
HOJE EU VIVO EM PAZ E ALEGRIA
O "SE NUM GUENTA PORQUE VEIO?" VAI ATRÁS DA BATERIA


14.12.04




As pessoas mais insuportáveis são os homens que se acham geniais e as mulheres que se acham irresistíveis.


RENATO RUSSO VIVE - Eduardo Moscovis é o nome mais cotado para o papel do roqueiro Renato Russo, no filme que vai contar a história de sua vida. O sucesso do filme Cazuza é o maior estímulo do diretor Antonio Carlos Fontoura, para realizar a produção, que terá roteiro de Luiz Fernando Borges e será recheada de sexo, drogas e muito rock´n roll, como foi a vida real do cantor. A trajetória de sucesso do conjunto Legião Urbana, claro, promete ser o ingrediente mais saboroso do filme. Antonio Carlos Fontoura dirigiu um dos meus filmes favoritos A Rainha Diaba, que a Globo exibiu com sucesso há poucos dias. O personagem principal, que dá titulo ao filme, é inspirado em Madame Satã. Milton Gonçalves está ótimo no papel. Também no elenco Odete Lara e Stephan Nercessian.




AS CORES DA VIDA - Um sucesso a noite de autografos do oftalmologista Almir Ghiaroni, que se aventurou no mundo da literatura e lançou seu primeiro romance que recebeu o titulo de As cores da vida. A fila começava dentro da pizzaria Gattopardo e ia até a entrada do Sky Lounge, na calçada da Lagoa. O médico não escondia sua felicidade com a presença de tantos amigos, fãs e pacientes. Marcos Gasparian, o dono da Argumento, editora que publica o livro, parecia surpreso com a quantidade de gente que queria um autografo do escritor. Antes do lançamento, tive a oportunidade de entrevistar o médico para uma reportagem para o Jornal do Brasil, cujo texto publico a seguir.


"Uma história que joga muito com a sincronismo entre as pessoas". Assim o oftalmologista Almir Ghiaroni define As cores da vida, livro que marca a sua estréia como romancista. O lançamento será no Gattopardo, dia 13 de dezembro, dia de Santa Luzia, a padroeira dos olhos. E os olhos, especialidade do dr. Ghiaroni, tem uma participação fundamental na trama dessa história de paixão, amizade e maturidade. O que teria motivado o médico bem sucedido a mergulhar no mundo onírico da literatura?
— Eu já publiquei artigos e ensaios sobre minha atividade profissional, mas nunca havia me passado pela cabeça ser romancista. Comecei a escrever este livro em outubro de 2003, movido por uma necessidade quase incontrolável de falar sobre as minhas descobertas na medicina, sem precisar recorrer a um texto acadêmico.


O dr. Almir Ghiaroni é um especialista em catarata, doença dos olhos que atinge o ser humano principalmente na terceira idade. A maioria das operações de catarata são feitas em pacientes com mais de setenta anos. De tanto fazer esse tipo de cirurgia, o oftalmologista observou que, quando curados, os pacientes rejuvenescem.
— Eles voltam a fazer esportes, ficam com a auto-estima mais elevada, o semblante adquire uma expressão mais jovem. Tornam-se outras pessoas. Descobrem um novo sentido para a existência.


As cores da vida, conta exatamente a história de um pintor que estava encontrando dificuldades de exercer o seu oficio por causa da catarata e o seu encontro com o médico que faz a cirurgia. Ao se ver curado, o artista volta a pintar com mais clareza, sem dificuldades com as cores e a luminosidade que caracterizam a doença. Ele fica tão grato ao médico que o operou que o transforma no seu melhor amigo e confidente. A partir daí conta ao cirurgião a comovente história do grande amor de sua vida. A ficção é inspirada na vida real, mas não totalmente. Dr. Ghiaroni ficou muito sensibilizado com o resultado da cirurgia que fez no pintor italiano Enrico Bianco, que foi obrigado a abandonar seu ofício quando estava com catarata. Ao se ver curado, o artista voltou a pintar com grande sensiblidade e emoção. E aquilo comoveu o médico a tal ponto que ele decidiu escrever um livro, mas não um livro técnico e sim um romance.
— Escrevendo esse livro eu pude estreitar meus contatos com o mundo das artes. O mundo da medicina é muito possessive, frio e técnico. E eu queria falar de emoção, de sentimento e da beleza que é o encontro entre os seres humanos.


No prefácio do livro o artista plástico Enrico Bianco destaca que o grande suporte da história é a amizade que surge entre o médico e seu paciente.
A descoberta da literaura deu um novo ânimo a vida do médico. Ele descobriu que não tem a menor dificuldade em escrever. Tanto que já está preparando um novo livro. Há pelo menos dois anos suas tardes de sábado são dedicadas exclusivamente a escrever. Seus escritores favoritos são Norman Mailer, Morris West, Paulo Coelho e Millôr Fernandes, que escreveu o texto de apresentação do livro. Dentre o que leu recentemente, dr. Ghiaroni ficou muito impressionado com o fenômeno editorial que é o livro de Don Brown O código da Vinci.
— Gosto dos romances que passam informações aos leitores. E O Código Da Vinci é um livro culto. Diverte o leitor e, ao mesmo tempo, passa informações preciosas. Quando fui à Paris, em junho, visitei lugares e obras de arte que são citados no romance. E olhei tudo de outra forma pois o livro tinha me transportado para dentro de sua história e tudo aquilo me pareceu muito familiar.


Almir Ghiaroni já leu toda a obra do pensador Deepak Chopra, com quem já fez workshop em Nova York.
— Ele mescla muito bem os elementos da vida moderna com a medicina de antigamente.
Ele recomenda As cinco pessoas que você encontra no céu, uma comovente fábula do escritor Mitch Albom, que faz o leitor refletir sobre o real significado da existência. Outra paixão do oftalmologista é o cinema. Na juventude, quando ainda estudava medicina, Ghiaroni trabalhou fazendo legendas para o cinema. E afirma:
— Já me disseram que o meu livro daria um belo filme.

12.12.04




Precisamos decidir como podemos ser valiosos, em vez de pensar em quão valiosos somos.

CAFÉ SOCIETY - Foi uma noite maravilhosa, de paletós e vestidos longos, o casamento de Ana Luisa de Cstro e Carlos Eduardo na Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa. O elegante palacete da praia do Flamengo, tombado pelo patrimônio histórico, esteve lotado de personalidades do high society, do gay society, do jornalismo e da moda. A mãe da noiva, a jornalista Sylvia de Castro é, antes de tudo, uma socialite. Freqüentadora assídua dos salões elegantes do Rio, ela também tem livre trânsito no suntuoso mundo da moda. Champanhe, champanhe, champanhe...


O cenário do casamento merece destaque especial. Como descrever tanto requinte e elegância? Carlos Alberto de Serpa, o bem sucedido empresário e educador, fundador da Cesgranrio, acertou em cheio quando, ao lado da mulher Beth Serpa, decidiu transformar o suntuoso palacete num ambiente refinado, acessível à todos os cariocas de bom gosto. Lá são realizadas exposições das mais diferentes expressões de arte, concertos de música clássica e popular, desfile de modas e de jóias, lançamentos de livros e CD´s, casamentos, coquetéis e jantares sociais e de negócios, além de eventos performáticos e empresariais.


O palacete, inspirado no estilo do Primeiro Império, possui ricos detalhes em bronze dourado, portas espelhadas, medalhões com motivos mitológicos, colunas gregas, escadarias, vitrais extraordinários e muitos lustres de Baccarat. E dispõe de salão de chá, salão de antiguidades, bistrô, galeria de arte, cinema, pérgula, além de dois ambientes que já caíram no gosto do high society: o requintado restaurante Blason, com decoração do século XIX e cozinha francesa e o J Club, recém-inaugurado piano-bar que se destaca como espaço de boa música.


Pois foi neste lugar tão especial que Ana Luisa e Carlos Eduardo se tornaram marido e mulher. Mesas finamente decoradas com arranjos florais foram espalhadas por todos os lugares. No piano-bar o DJ animava uma pista de dança enquanto garçons belíssimos serviam espumantes e destilados. Aliás, os rapazes do cerimonial da Casa Julieta de Serpa merecem destaque especial. Belos, elegantes e educados, são treinados para que a presença deles faça parte daquele ambiente com a mesma harmonia que os lustres de Baccarat e as cortinas de seda.


A colunista Hildegard Angel estava chiquérrima, ao lado do marido, o empresário Francis Bogosian. Da sua mesa ela comandava a festa com muito charme. Todas as personalidades do grand monde carioca iam até lá, como que para pedir a bênção a uma mãe de santo poderosa. Pude assistir de camarote ao beija-mão, já que fui um dos privilegiados que puderam sentar à sua mesa, ao lado do empresário Jair Coser, o maior exportador de café do Brasil, com a mulher Marisa, mais Celina de Farias, Gilson Martins, Mary Carvalho e Sebastião Marinho. Champanhe, champanhe, champanhe...


Circulando pelos salões Tânia Caldas, Vilma Guimarães Rosa com um exuberante colar de esmeraldas, Alice Tamborindeguy, Clara Vasconcelos, Moreira Franco, os muchachos André Ramos e Bruno Chateubriand, Mario Borrielo, Carlos Alberto e Beth Serpa, Leda Nagle e muitos outros. O arquiteto Éder Meneghine exibia o noivo da mesma forma como muitas das socialites exibiam suas jóias. Isso mesmo, leitores. O noivo. O narcisista Éder apresentava a todos um rapaz muito bem apessoado, elegantemente vestido, como seu noivo e avisava que o casamento será em janeiro, numa grande festa na sua mansão da Barra da Tijuca. Depois de muito champanhe, e do delicioso jantar foi o momento de curtir a pista de dança até o fim da noite.


Durante todo o mês de dezembro, até o dia 6 de janeiro, a Casa Julieta de Serpa estará sendo palco de um gigantesco presépio, com cenário e figuras em tamanho natural, além de iluminação e efeitos especiais. Quem viu a beleza que foi o presépio no ano passado vai ficar ainda mais encantado este ano. No primeiro andar foi montada uma casa de Papai Noel, com atores representando o bom velhinho e um grupo de duendes. Programa perfeito para a família, casais de namorados e crianças em geral. Feliz Natal!




A ERA DO JAZZ – Se alguém quiser dar como presente de natal algo realmente valioso, gostaria de sugerir o livro 24 Contos de F. Scott Fitzgerald, da Editora Companhia das Letras. Eu estou lendo esse livro e tendo verdadeiros orgasmos a cada página virada. É inestimável o valor literário dos textos constantes desse livro. Para valorizar ainda mais a sofisticada literatura do autor de O Grande Gatsby, a tradução foi feita pelo mestre Ruy Castro. Cada vez que eu pego o livro é como se ali estivesse contido o mistério mais sublime que rege a existência humana.


Vivendo na América nos anos 20 do século passado, seus personagens são puro fascínio. Personagens como John T. Unger, o rapaz de uma cidade do interior, que vai fazer faculdade na cidade grande e lá fica amigo de um jovem milionário excêntrico que o convida a passar férias na casa dos seus pais. Durante a viagem o amigo lhe revela que o pai é o homem mais rico do mundo e pede que ele não revele isso a ninguém. Como também pede segredo do lugar onde fica a residência da família. John T. Unger fica encantado com a família do amigo e com o lugar fascinante onde vive sua família. Um palácio cheio de objetos de ouro, localizado num vale verdejante, com lagos, animais selvagens, cachoeiras. Depois de um breve romance com a irmã do rapaz, o herói do conto descobre que as pessoas que são levadas a visitar a família nunca mais voltam para suas casas. O Pai as mata para que a pessoa não revele ao mundo a existência de tamanha fortuna.


As histórias sempre têm algo de trágico, mas Scott Fitzgerald se revela um romântico. Pois, quase sempre, suas tramas têm um final feliz.


7.12.04




Não há melhor momento do que hoje para deixar para amanhã o que você não vai fazer nunca.

COISAS DE MULHER - A jornalista ANA MARIA BAIANA publicou interessante artigo no site COMUNIQUE-SE, sobre o arrranca-rabo envolvendo Antonio Calmon e os jornalistas Daniel Castro e Ricardo Valladares. O que motivou o artigo de La Baiana foi o comentário do novelista, classificando o trabalho de seus desafetos como "coisas de mulher". Este blog reproduz aqui o texto da badalada jornalista.


Muito já foi dito sobre a legitimamente folhetinesca missiva de Antonio Calmon, provocada por e dirigida a jornalistas que acenderam seu pavio. De tudo na carta, uma coisa me chamou a atenção de um modo tal que não posso deixar de comentar, por mais que eu queira me manter fora do alcance deste arranca-toco.Foi este trecho aqui: “Por que vocês odeiam tanto as mulheres? Por que você faz um trabalho de mulher?” Eu até estava seguindo o fiapo de raciocínio da trama novelesca na primeira frase. Na segunda Calmon me perdeu. Podem me chamar de ingênua, mas eu achava, sinceramente, que este tipo de expressão e a mentalidade que ela revela estavam mortas e incineradas em sociedades civilizadas. A não ser que Calmon estivesse sendo irônico – uma possibilidade, decerto, mas uma possibilidade um pouco remota diante do tom apoplético do resto do texto.


O uso da expressão “trabalho de mulher” para definir tudo o que é trivial, insignificante e desprezível era muito usado quando comecei a trabalhar profissionalmente, três décadas atrás. Nesse tempo não tão remoto, jornalismo cultural era repleto de status, projeção e salários relativamente bons. Era, portanto, a província de homens. Durante um bom tempo, fui considerada um fantasma _-certamente o pseudônimo de algum jornalista do sexo masculino impedido de trabalhar pelos rigores da censura. Claramente aquilo que eu fazia, do modo como eu o fazia, era trabalho de homem, não de “de mulher”.


Na verdade, o primeiro endosso público do meu trabalho veio através de uma nota superbem intencionada de uma pessoa que, ao longo do tempo, aprendi a apreciar, respeitar e admirar, e por quem tenho grande carinho. Ele disse, sem meias palavras, que eu “escrevia igual um homem”. Conhecendo o contexto, tomei a frase como um elogio. Mas isso foi, como disse, algumas décadas atrás. Jamais imaginaria que, em pleno 2004, alguém fosse tentar ofender outra pessoa dizendo que ela faz “trabalho de mulher “ - teria sido esta a intenção da frase? Ou teria sido um pouco pior - que mulher é intrinsecamente fofoqueira, maledicente, mesquinha como Calmon desenha, na carta, seus algozes/oponentes?


Esta pequena reflexão paralela oferece um breve insight em um aspecto intrigante do atual estado de coisas em boa parte do jornalismo cultural – teria ele voltado aos meados do século 20, quando a cobertura da produção cultural não-erudita resumia-se, com raras exceções, a fofoca? Louella Parsons, Hedda Hopper, Candinha. Poderosas, sim. Populares, sim. Mas dificilmente no topo da pirâmide da consideração, do respeito, do status profissional. Trabalho de mulher, num tempo em que, em muitos países, mulheres não votavam e precisavam da permissão do marido para abrir crediário.


Temos hoje mulheres em todas as esferas da vida pública e profissional, e curiosamente nossa cultura da celebridade reinstaurou a fofoca no centro do que já foi um dos setores mais nobres do jornalismo. E então, num momento de fúria, um leitor ferido diz que seus possíveis detratores fazem “um trabalho de mulher”. É uma curiosa escolha de palavras para um estranho modo de fazer jornalismo. - Ana Maria Baiana




A mensagem de Antonio Calmon para Daniel Castro



Bom dia, Daniel Castro! Dormiu bem? Como se sente depois de ter provocado em mim uma crise de hipertensão? Feliz? Realizado? Parabéns!, a partir de hoje você será finalmente famoso, quer queira, quer não. A má notícia? Você se meteu com um sujeito que não tem medo de nada, que escreve mil vezes melhor e que fará tudo para devolver o café da manhã que você me serviu anteontem.Meu coração poderia ter explodido. Uma veia em meu cérebro poderia ter estourado. Mas, para desgraça sua, isso não aconteceu. Por que você faz esse tipo de coisa? Inveja? Para agradar seu editor? Acha que consegue um aumento? Espera tornar-se Um Deles? Péssimas notícias para você, Daniel. Você jamais será Um Deles. Quarenta anos, uma coluna de tv num jornal esnobe, os artigos realmente importantes sendo escritos pelas duas mulheres, a barriguinha crescendo, essa vidinha de merda... Não vejo muito futuro para você. 



Você e o Ricardo Valladares trocam figurinhas quem nem duas colegiais maldosas no início da puberdade? Ele te contou como torceu minhas palavras e jogou-me contra a jovem atriz? Vocês deram risadinhas malvadas com a dor que ele inflingiu a ela, culpando a mim, e que você agora repicou? Vocês acham que podem manipular a verdade a esse ponto, impunemente? Eu vi esse outro cretino, pomposo e arrogante, com sua roupa cafona e barba pretensiosa, andando pela festa da novela como se fosse dono dela. Foram logo me avisando: esse cara é uma cobra, cuidado com ele! Ele me cumprimentou do alto da sua mediocridade. Patético e deslumbrado, um infeliz que nem você, visivelmente mal resolvido. Ao telefone, mal conseguia disfarçar o prazer que estava sentindo em me apunhalar. Eu só queria promover a Carolina Ferraz. Ele estava mais interessada em desmoralizar a Giselle Itiê. Por que vocês odeiam tanto as mulheres? Por que você faz um trabalho de mulher? 


Um homem casado, com filhos, que inventa fofocas sobre a vida conjugal de um homem descasado, com filhas, não é um homem digno de respeito. O Marcos Paulo te perturba tanto assim, Daniel? Você acha que ele não é um galã, meu bem? Você não tem vergonha de fazer mexericos da Candinha? E seus ideais de juventude, onde foram parar? Temos muitos meses pela frente. Toda vez que mencionar meu nome ou meu trabalho, cada vez que agir tão baixo com outra pessoa como fez comigo anteontem, eu juro que descerei sobre você e te exporei nu, a todos. Você é transparente, Daniel Castro. Senti a depressão e a covardia na tua voz ao telefone. Por mais neutro e digno que tente ser seu estilo, você está lá inteiro, no esplendor da sua insignificância. Vai ser moleza. 


Não importa que você não leia minha mensagens, a conselho de seu analista ou advogado. Os outros lerão. Não importa que você mude seu endereço de e-mail ou ponha um filtro em seu computador. Os outros saberão. Estarei sempre mandando mensagens como essa. Com a mesma frieza com que você e o Ricardo Valladares provocam sofrimento nas outras pessoas. Seja bem-vindo ao Outro Lado. Aprendi com um samurai cego: para poder bater nos outros, é preciso saber apanhar. Eu vou te ensinar a apanhar, Gafanhoto, lição por lição. As hemorrídas do fã purista do pop vão arder. 

Antonio Calmon



1.12.04




Uma vida inútil eqüivale a uma morte prematura.

"Desgraçados dos que medem mal e pesam mal! Desgraçados daqueles que, quando outros medem para ele, exigem medida cheia; mas, quando eles próprios medem para outros, diminuem as medidas e o peso." (O Alcorão)




BABADO FORTE - Dom Paulo Evaristo Arns voltou a criticar o governo. Segundo Ricardo Boechat, na sua coluna do JB, o sacerdote lamentou a demora na abertura dos arquivos da ditadura. Afinal, um governo que surgiu de um partido, teóricamente de esquerda, deveria ser o primeiro interessado em abrir os arquivos da ditadura. Porque então tanta relutância? Relutância? Não é essa a palavra. Porque tanto desinteresse do governo em revelar para a sociedade os segredos dos porões do governo militar? Aliás, a atitude do governo petista no que se refere aos bastidores da ditadura é mais uma constatação de que o Lula apenas faz tudo igual a Fernando Henrique. Não se pode esquecer que FHC assinou um decreto tornando invioláveis os ditos arquivos. O que será que Fernando Henrique teme? O que será que FHC tem a esconder?


O mistério sobre os arquivos da ditadura dá margens a todo tipo de especulação. Tanto nos meios jornalisticos como nos quartéis das três armas, as histórias sobre os arquivos são as mais sórdidas possíveis. Sobre Fernando Henrique Cardoso conta-se que ele teria dedurado integrantes da esquerda. Gente da imprensa paulista da época. Uma serpente venenosa, que se arrasta com muita volúpia pelos corredores do Estado Maior das Forças Armadas, contou em Brasilia que a revelação dos arquivos da ditadura pode provocar uma mancha gigantesca na biografia de FHC.


Mas não é só o ex-presidente que faria a linha "o passado condena". A cúpula do PT também ficaria na maior saia justa com a revelação dos tais documentos. Diz-se que o partido escalou Aloisio Mercadante para bloquear qualquer possibilidade de revelação da misteriosa papelada composta de relatórios, depoimentos, fotos e transcrições de interrogatórios. O que o PT teria a esconder sobre isso? O que o governo Lula gostaria de não ser revelado? Dom Paulo Evaristo Arns ficaria chocado...


Um militar reformado, que era assessor de importante general do regime militar, revelou em Brasilia que José Genoíno, o presidente do PT, teria entregue os guerrilheiros do Araguaia que morrerram fuzilados pelo exército. Segundo ele, é isso que o PT tanto teme. Que seja revelado à opinião pública que o poderoso presidente do PT na verdade foi um traidor dos seus companheiros. Como se sabe, José Genoíno foi guerrilheiro no Araguaia. Fazia parte do grupo que queria acabar com a ditadura através da guerrilha. Pois bem. Segundo esse militar, José Genoíno foi preso e negociou com os militares. Em troca de sua liberdade, ele entregaria os companheiros. Sendo assim, o hoje líder do PT teria conseguido escapar sem nehum arranhão. Mas seus companheiros foram todos fuzilados porque os militares souberam onde eles estavam e já chegaram atirando. E os arquivos da ditadura teria a transcrição do interrogatório feito a Genoíno. Whaal, diria o saudoso Paulo Francis!


Além de José Genoíno um outro importante "membro" do PT ficaria numa, digamos, saia justa. Nada mais, nada menos que o todo poderoso José Dirceu. De acordo com jornalistas que fazem a cobertura do Palácio do Planalto, os arquivos da ditadura teriam comprovantes de que Dirceu foi espião do serviço secreto cubano. Há quem garanta, inclusive, que ele é agente da polícia secreta cubana até hoje. Tem carteirinha e tudo. Não se pode definir o quanto existe de verdade e de especulação nessas informações. Mas tudo isso só vai poder ser esclarecido quando os arquivos da ditadura forem abertos ao público. Afinal, é a história do país que precisa ser contada com todos os pingos nos is. E se o PT, a exemplo de FHC, quer impedir que os arquivos sejam abertos é porque eles têm algo a esconder. O que será?




EU TE AMO, MEU BRASIL!
Letra e música: Don e Ravel


As praias do Brasil ensolaradas,
O chão onde o país se elevou,
A mão de Deus abençoou,
Mulher que nasce aqui tem muito mais amor.


O céu do meu Brasil tem mais estrelas.
O sol do meu país, mais esplendor.
A mão de Deus abençoou,
Em terras brasileiras vou plantar amor.



Eu te amo, meu Brasil, eu te amo!
Meu coração é verde, amarelo, branco, azul anil.
Eu te amo, meu Brasil, eu te amo!
Ninguém segura a juventude do Brasil.


As tardes do Brasil são mais douradas.
Mulatas brotam cheias de calor.
A mão de Deus abençoou,
Eu vou ficar aqui, porque existe amor.



No carnaval, os gringos querem vê-las,
No colossal desfile multicor.
A mão de Deus abençoou,
Em terras brasileiras vou plantar amor.


Adoro meu Brasil de madrugada,
Nas horas que estou com meu amor.
A mão de Deus abençoou,
A minha amada vai comigo aonde eu for.



As noites do Brasil tem mais beleza.
A hora chora de tristeza e dor,
Porque a natureza sopra
E ela vai-se embora, enquanto eu planto amor.


29.11.04




O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive.

RIO FANZINE - A coluna de cultura pop do jornal O GLOBO completa dezoito anos e para comemorar, a editora Record lança o livro RIO FANZINE, uma coletânea com os melhores momentos da coluna editada por Tom Leão em parceria com Carlos Albuquerque. RIO FANZINE, o livro, abrange os momentos, estilos e mudanças mais marcantes no mundo do pop-rock, desde 1986, e terá lugar garantido na estante dos milhares de leitores da coluna ao redor do Brasil. Uma legião de fãs de todos os tipos, idades e lugares. Sem preconceitos e barreiras, como o próprio Rio Fanzine.


Informação. Comportamento. Cultura alternativa. Mundo pop. Música, cinema, televisão... Liberdade acima de qualquer suspeita. A idéia de um fanzine dentro de um grande jornal foi altamente subversiva nos idos de 1986. A missão de conseguir espaços e preciosas linhas para a música e a cultura alternativas, normalmente mantidos à margem dos grandes latifúndios da imprensa nacional, continua sendo cumprida. Há 18 anos, o Rio Fanzine tem trazido para a superfície relatórios sobre a movimentação do underground, seja no Rio, no Brasil ou no mundo. No trajeto, bandas e tendências foram apresentados ao grande público, com uma linguagem própria e visual arrojado.


Tom Leão, sem dúvida, foi o grande artífice da imprensa alternativa dentro do Globo. Tom surgiu na revista Pipoca Moderna, editada por Ana Maria Baiana na primeira metade dos anos 80. De lá para cá se dedicou com afinco a observar e traduzir para o grande público a vida, os anseios e a cultura do movimento underground. O maior feito de Tom Leão nos seus dezoito anos de jornalismo, foi o fato dele ter criado o termo PITBOY, para definir esses bofes machões tatuados que gostam de brigar em boate. Num artigo publicado na coluna ele criticava o comportamento desse tipo de homem e cunhava a expressão, uma mistura da palavra pitbull com o termo playboy. Com impressionante rapidez o termo caiu no gosto popular e todo mundo passou a usar a palavra PITBOY. Também foi Tom Leão quem batizou o titulo em portugues do filme Clueless, com Alicia Silverstone, que se transformou em As Patricinhas de Beverly Hills. Grande Tom Leão!








FRANCIS FOREVER - O especial Paulo Francis do Manhattan Connection foi o melhor programa do ano na TV. Foram momentos de puro prazer. Vendo-o na TV ele parecia tão vivo, tão presente, tão atual. Adorei quando ele, num programa gravado durante o segundo ano do governo FHC, esculhambou com o então presidente. Grande Francis! Mesmo quando discordo dele acho-o genial. Foi uma grande sacada da produção do programa homenageá-lo e, ao mesmo tempo, homenagear os fãs do jornalista, que não são poucos. Salve Francis!


Foi muito engraçado o final do programa, quando mostrou cenas de bastidores e de erros do jornalista. Foi engraçado assistir, mas acho que ele não teria gostado muito daquilo. Acho que o Manhattan Connection deveria ter mostrado algumas das sensacionais reportagens que o Francis fazia para o Jornal da Globo, com seus comentários irônicos e seu humor ferino. A produção do programa vai ficar nos devendo essa.


A morte de Paulo Francis deixou um vazio de inteligência no jornalismo brasileiro. E isso ficou mais nítido agora, sete anos após sua morte. A página que ele publicava às quintas e domingos no GLOBO nunca foi substituída. Quem lia aqueles textos não precisava ler mais nada na imprensa. Havia de tudo ali: análise política, comentários sobre economia, resenhas de livros, filmes e peças, artigos sobre comportamento, moda e estilo de vida. Tudo escrito com fundamento intelectual e um apurado senso de observação. Com a morte de Francis o que restou ao leitor do Globo? A mediocridade sem fim de gente como Xexeo, Jabor, Dapieve e Olavo de Carvalho. Whaal...


Com a morte de Paulo Francis a Globo decidiu inventar alguém para substituí-lo. Como se alguém pudesse substituir o gênio. Assim, trataram de transformar o cineasta Arnaldo Jabor em jornalista. Foi a partir daí que Jabor foi escalado para fazer comentários no Jornal da Globo, escrever uma coluna no jornal e, pasmem, participar do Manhattan Connection. Tudo o que o finado fazia. Puta que pariu, diria o saudoso Francis! A maior diferença entre eles é que o Jabor é um chato. Seu texto é pesado e amargo. Nas poucas vezes que li sua coluna no Globo eu tive a sensação de estar carregando um caminhão de tijolos. E seus comentários televisivos são patéticos. Foi uma ofensa a inteligência dos fãs do jornalista essa tentativa de inventar alguém para substituí-lo.


MANHATTAN CONNECTION continua sendo o meu programa favorito na TV, apesar da ausencia de Paulo Francis. Principalmente agora que o Jabor tomou um simancol e decidiu pular fora. Graças a Deus! O Lucas Mendes é ótimo como âncora. Caio Blinder é maravilhoso. O Ricardo Amorim é inteligente, culto e articulado. E além de tudo tem aquela boca carnuda, que parece estar pedindo para ser beijada. A Lúcia Guimarães faz reportagens magnificas. E tem o Diogo Mainardi... Afinal, nada na vida é perfeito.






MOON RIVER , música de Henry Mancini, letra de Johnny Mercer, tema do filme Bonequinha de Luxo, estrelado por Audrey Hepburn e George Peppard.

Moon river, wider than a mile
I'm crossing you in style some day
Oh, dream maker, you heart breaker
Wherever you're goin', I'm goin' your way


Two drifters, off to see the world
There's such a lot of world to see
We're after the same rainbow's end, waitin' 'round the bend
My huckleberry friend, Moon River, and me


(Moon river, wider than a mile)
(I'm crossin' you in style some day)
Oh, dream maker, you heart breaker
Wherever you're goin', I'm goin' your way


Two drifters, off to see the world
There's such a lot of world to see
We're after that same rainbow's end, waitin' 'round the bend
My huckleberry friend, Moon River, and me


(Moon River, Moon River)



25.11.04




Quando os que mandam perdem a vergonha, os que obedecem perdem o respeito. (Para Lula)



SAMBA & AMOR – Nasce um novo bloco carnavalesco em Ipanema: Si num guenta porque veio? O bloco foi idealizado pelo empresário Fred Neci, que promoveu animados pagodes dominicais na Cobal do Leblon. O sucesso das rodas de samba, freqüentada pela juventude dourada da zona sul, acabou gerando o bloco que pretende agitar a cidade desfilando na terça-feira de carnaval. Os ensaios do novo bloco agora estão sendo realizados no Chiko’s Bar, na Lagoa quase esquina com a Joana Angélica. Mais Ipanema, impossível.


O ensaio do último domingo estava pura animação, lembrando os bons tempos do Suvaco de Cristo. Uma bateria nota dez animando a galera e, nos intervalos, o DJ Markus Kabul incendiava a pista com sucessos do carnaval. O clima perfeito para curtir o verão de Ipanema depois da praia. Na pista super lotada um batalhão de gente bonita. Rapazes e moças com aquele certificado de garantia do Posto Nove. Pois é! O filé mignon da juventude descolada do Rio de Janeiro se esbaldando ao som dos pandeiros e tamborins. Viva o verão!




ANGELS IN AMÉRICA - Já chegou às locadoras da cidade a versão para a TV de ANGELS IN AMÈRICA, espetáculo teatral de grande sucesso do autor Tony Kushner. Na TV a peça adquiriu o formato de minissérie e recebeu o reforço de um elenco de peso: Al Pacino, Meryl Streep e Emma Thompson. Como no teatro, a minissérie é um espetáculo grandioso, que conta de forma trágica e pungente o surgimento da AIDS em Nova York. E também o sofrimento das vítimas, o preconceito, o desespero. Junto com a AIDS o autor mistura outras grandes mazelas da sociedade americana como o preconceito racial, a mentalidade conservadora e o fundamentalismo republicano. É uma barra pesada.


Graças a um roteiro eficiente, diálogos corretos e a direção precisa de Mike Nichols, o espetáculo flui com a mesma beleza e lirismo da montagem teatral, que eu tive o prazer de assistir na versão brasileira estrelada por João Vitti. Destaque para os efitos especiais, principalmente nas aparições do anjo. Por outro lado é preciso reconhecer que a versão cinematográfica potencializou o coquetel AIDS+preconceito+conservadorismo+mentalidade republicana e isso elevou o quociente de amargura da trama de Mr. Kushner. O fato é que a América amargurada retratada no filme parece vislumbrar um prenúncio da América decadente dos dias de hoje.


Merece destaque a cena em que dois rapazes dançam ao som de Moon River, a música tema do filme Bonequinha de Luxo. Um deles está morrendo de AIDS e, num momento de delírio, ele se vê dançando num cenário idílico com o seu amante. É uma das cenas mais bonitas do filme de Mike Nichols. Curioso é que, a mais bela cena do filme Má Educação, de Almodóvar, também é ao som de Moon River. Na beira do Rio, o padre toca o violão enquanto um garotinho lindo canta em espanhol uma versão da mesma música, momentos antes da criança ser vítima de um assédio sexual. Nas duas cenas a canção de Bonequinha de Luxo está presente, imprimindo sua marca, determinando sua influência na história do cinema.




NUNCA MAIS POR ENQUANTO - O jornalista Luiz Antônio Giron, editor de cultura da revista Època, está lançando livro de contos: Nunca mais por enquanto. Fugindo ao realismo que vem dominando a prosa contemporânea, Giron lança mão de uma linguagem vertiginosa e dos mais variados recursos da
intertextualidade para dar vida a tramas nas quais seus personagens estão sempre caindo em precipícios, amando sem ser amados e, invariavelmente, sendo assediados pelo horror e pelo medo da linguagem. Linguagem esta que atravessa os contos cumprindo uma função de personagem dramático. Luiz Giron publicou seu primeiro conto em 1977. Desde então, vem produzindo ficção, paralelo a reportagens, críticas, crônicas e ensaios nos mais importantes veículos e sites do país. Dedica-se ao estudo da crítica e da música, campo no qual especializou-se com Doutorado em Artes Cênicas e Mestrado em Musicologia, ambos pela Universidade de São Paulo. É autor do romance Ensaio de Ponto.

22.11.04




Coitado do ser humano em quem não ficou nada da criança.

O REI DO ROCK - Ezequiel Neves, lenda viva da cultura brasileira completa 70 anos no próximo 29 de novembro, sem perder a energia, o bom humor ou a irreverência.
- Eu cheguei aos 70 porque sou profundamente superficial – diz ele, às gargalhadas.
Ezequiel, ou Zeca como o chamam os íntimos, nasceu numa Belo Horizonte bucólica, cujas maiores lembranças da infância são os quintais espaçosos, cheio de árvores frutíferas. Na família classe média a avó parteira teve 13 filhos e o pai foi um cientista louco, que mantinha contato com cientistas do mundo inteiro.
- Meu pai tinha uma língua ferina. Ele falava mal de todo mundo na cidade.


No início da adolescência foi expulso do tradicional Colégio Arnaldo, de padres jesuítas. Mas foi nesse colégio que conheceu a primeira pessoa que fez sua cabeça, um padre alemão chamado Geraldo, de quem lembra com carinho.
- Eu sempre tive a sorte de encontrar pessoas que me orientavam e me desorientavam no momento certo. E o padre Geraldo foi uma dessas pessoas.
Certa vez, durante a confissão, contou ao padre Geraldo que tinha se masturbado e o reverendo o tranqüilizou dizendo que aquilo não era pecado. Noutra ocasião ficou aflito porque havia tido uma ereção durante a missa. Ao contar ao Padre ele falou: “Deus vai adorar isso”.


Um outro momento marcante da sua vida foi quando, aos doze anos começou a freqüentar o casarão da família de Oscar Neto. uma tradicional família mineira, muito badalada na época, que recebia em casa gente importante como JK, Di Cavalcanti, Murilo Rubião e Zuzu Angel que era prima de Oscar.
- Na casa de Oscar Neto eu ouvi conversas absurdas que não vou confessar nunca.
Foi na casa de Oscar Neto que conheceu uma pessoa que marcou sua adolescência e foi muito importante na sua formação: Vanessa Neto, irmã do anfitrião. Logo ficaram amigos e, por ser culta e avançada Ezequiel pediu que ela o orientasse, mas a moça respondeu: “Eu quero é te desorientar”. Vanessa, que era sobrinha do escritor Lúcio Cardoso, o apresentou a livros de Dostoievski, Eça de Queiroz e o recomendou a ler “O morro dos ventos uivantes”.


Com 17 anos Ezequiel começou a trabalhar na biblioteca da Faculdade de Medicina. Também começou a fazer teatro, freqüentar um grupo de intelectuais mineiros e a escrever artigos no Diário de Minas. Ouvia muito Dalva de Oliveuira, Aracy de Almeida cantando Noel, além de Frank Sinatra e Billie Holiday. Um dia Vanessa veio passar uma temporada no Rio e quando voltou para Minas levou de presente para Ezequiel o disco de Bill Halley “Rock around the clock”.
- Eu pirei quando ouvi Bill Haley. Logo depois descobri Elvis Presley. Foi então que eu pirei mais ainda.
Foi Maria Bonomi quem o incentivou a sair de Minas. Em 1965 foi para São Paulo fazer teatro onde montou espetáculos de Shakespeare e Edward Albee. Circulando no meio teatral conheceu Tõnia Carrero, Paulo Autran e Adolfo Celi.
- A Tônia Carrero só me chamava de “O abominável Ezequiel Neves”.


Apesar de trabalhar no teatro, a cabeça de Ezequiel só pensava no rock e numa nova paixão: o conjunto Rolling Stones. Em 68 começou a escrever artigos sobre rock no Estadão, onde se dedicava a esmiuçar os trabalhos de Janis Joplin, Simon e Garfunkel e The Doors. Em 69 foi conhecer Nova York e essa viagem foi uma revolução na sua cabeça. Tinha acabado de acontecer Woodstock e a cidade estava fervendo. Assistiu shows de Hendrix e Crosby, Still e Nash.
- Em 1970 fui para Londres, pois Gil, Caetano & Cia já estavam exilados na cidade. Lá o Guilherme Araújo nos proporcionou coisas incríveis. O “ácido” era da melhor qualidade. Vi e ouvi tudo o que tinha direito: The Who, Alvin Lee e Eric Clapton.
Uma das melhores lembranças de Londres em 70 foi o show do jovem Elton John que, em início de carreira, abriu o concerto do The Who.
- Foram quarenta minutos inesquecíveis de Elton tocando piano. Nessa época ele tinha até cabelo.


Quando voltou de Londres abandonou o teatro imediatamente. Foi então que Luis Carlos Maciel o convidou para editar com ele a versão brasileira da revista Rolling Stone. Assim Ezequiel mudou para o Rio de Janeiro, indo morar em Ipanema, num apartamento na rua Farme de Amoedo, num prédio que ficava em frente ao Bofetada. Passou a freqüentar a praia na Montenegro, reduto da contracultura de então e a puxar fumo nas dunas da Gal.
- Foi nessa época que eu descobri que as únicas perfeições da vida são a alegria e o rock´n roll.
Como jornalista escreveu para as revistas Realidade, Playboy, Som Três e a revista Geração Pop, publicação para jovens da editora Abril, cuja publicidade era feita por adolescentes que diziam “é a primeira revista da nossa idade”. Ao mesmo tempo produziu o grupo de rock Made in Brazil, onde, nos shows, fazia backing vocal com o microfone desligado. Era só atitude.
- Era a época em que todo mundo tomava Mandrix, um anestésico para dormir, que nos provocava uma sensação epidérmica e coisas estranhas. A gente tomava Mandrix e acordava ao lado das pessoas mais deliciosas do Rio de Janeiro. Foram verões inesquecíveis. Tudo isso acabou quando as pessoas descobriram a cocaína, uma droga careta e do mal.


Em 1978 Guto Graça Melo o convidou para trabalhar na Som Livre onde produziram artistas como Cauby Peixoto e Elizeth Cardoso, que Zeca adorava pois a ouvia muito na adolescência.
- Nesse período fiquei 10 anos sem sair do Brasil porque o governo cobrava uma taxa caríssima para quem quisesse viajar. Essa taxa foi um dos maiores absurdos da história do Brasil. Onde já se viu uma coisa dessas? Pagar imposto para poder sair do país?
Em 1980 Ezequiel Neves viveu um momento marcante: foi a Nova York especialmente assistir aos Rolling Stones, sua banda favorita, no show Let´s spend the night together.
- No show dos Stones eu estava com todas as drogas em cima. Mas quando eles começaram a tocar eu não precisei de droga nenhuma. Pirei apenas com o som dos caras.
Na volta ao Brasil, depois de assistir ao show dos Stones, começou a achar tudo muito chato. Ficou dois anos no maior bode, achando a vida sem sentido, até que em 1982 descobriu o Barão Vermelho.
- Foi paixão à primeira vista. Com o Barão me deu novamente um “calor na bacurinha”. A chama do rock estava acesa no Brasil. O Cazuza me encantou como poeta e, de cara, vi que o Frejat era um guitarrista do caralho.


Agora, às véspera de completar sete décadas de vida, Ezequiel Neves faz uma reflexão e vê que seguiu o conselho de Vanessa Neto, sua musa da adolescência, e ficou desorientado.
- Vanessa foi a mulher mais importante da minha vida. E a minha grande paixão foi mesmo o Cazuza.
Ao longo de sua vida viveu muitas paixões e muitos amores, mas não gosta de falar sobre eles.
- Já casei um milhão de vezes. Só não moro junto porque o cotidiano é o túmulo do amor.
De presente de aniversário quer apenas saúde. Cheio de energia e animação, o velho roqueiro nem pensa em se aposentar. Está se preparando para cair na estrada com o Barão Vermelho, que vai fazer uma turnê por todo o Brasil na trilha do sucesso do disco que acabou lançar.
- Eu já devia estar quieto. Mas o Frejat, que é como um filho para mim, me disse: “Esse teu calor na bacurinha só vai acabar quando você sentar no iceberg que destruiu o Titanic.
Gargalhadas gerais.





FAZ PARTE DO MEU SHOW - Um novo livro sobre o cantor Cazuza promete causar polêmica. Faz parte do meu show é uma autobiografia do cantor, psicografada por Robson Pinheiro. Segundo a Casa dos Espíritos, editora responsável, especializada em livros espíritas, é um romance sobre a vida de um grande astro da MPB, que desencarnou vitima da Aids. O Livro retrata sua descoberta da realidade espiritual e o reencontro com a imortalidade. Ele relata também, seu encontro com outros artistas desencarnados e outras personalidades que fizeram parte da sua trajetória marcante, polêmica e rebelde somada a sexo, drogas e muito Rock and Roll. O que será que Lucinha Araújo vai achar desse livro?

16.11.04




O que há de belo num mistério é o segredo que ele contém e não a verdade que ele esconde.

GAY SOCIETY – A mensagem de Luiz Mott, contestando a lista dos dez gays mais importantes, continua dando o que falar. “As bichas estão furiosas com você”, me diz um amigo às gargalhadas, depois de ler esse blog que vos fala. Por outro lado, leitores bacanas como Tião Maciel e Beto W pegaram o espírito da coisa e deram opiniões relevantes. Opiniões que todos podem ler, a seguir:


Adorei o blogue. A sua coragem provocadora de publicar a lista dos Top Ten, depois publicar no blogue que houve críticas e mostrando que não te abalaram, e ainda publicá-las na íntegra, sem auto-defesa ou contra-ataque??? É sensacional, superioridade na certa. Mostra o óbvio, que você só está se divertindo docemente, ironicamente com o absurdo todo. Os romanos são doidos. Não é justo que gastemos a ponta do nosso dedinho no teclado respondendo a eles...
E claro, adorei a Madonna. Abraços. Tião.



Caríssimo W. Leite, Só hoje li no seu blog sobre a lista dos 10 gays ++ do Brasil, mesmo sem conhecer alguns nomes, pelos que conheço deduzo que aqueles que desconheço também estão no mesmo nível, portanto, aqueles que enviaram email criticando a sua lista é porque se sentiram excluídos dela, gostariam de encontrar seus nomes na lista entre prestigiadas personalidades gays. Penso que um gay notável é justamente aquele que se faz notar pela competência, talento e sucesso na atividade que desenvolve e não pelo simples fato de ser gay, ser gay não é profissão. Viva à todos os empresários, escritores, jornalistas, atores, cantores, atletas e quem mais se destaque em sua área e seja gay, sem atrair hofotes para sí pela viadagem explícita ou por viver da viadagem.

Estarei publicando no meu blog, com os devidos créditos é claro, a lista dos 10 ++ e acrescento um 11o. nome, o do escritor e jornalista Waldir Leite. Além da coluna social que escrevo, que é de interesse local, agreguei ao site um "blog" - www.colunasocial.com/blogdoescritor onde escrevo uma "coluna de babados" com dicas de etiqueta para gays, comentários de moda, fotos bacanas de bofes, comentários geral e uma certa crítica ácida porque agrada aos leitores. O blog está sendo bem acessado, recebo emails do Brasil inteiro. Lá também publico meus contos. Grande beijo do seu amigo, fã e leitor, Beto W.




FALUJA NÃO PODE SOFRER – No Jornal Nacional, novas cenas de terror no Iraque. Um grupo de crianças foi encontrado pelos soldados invasores entre os escombros da cidade de Faluja. “É um milagre que tenham conseguido sobreviver”, disse o terrorista americano, enquanto as imagens mostravam crianças lindas e desprotegidas, acuadas pelo terror. Quantas outras crianças teriam sucumbido às armas dos americanos? Quantas tiveram seus corpos inocentes esquartejados com as bombas vindas da América? Meu Deus, quanta covardia. E o mundo assistindo de braços cruzados a esse genocídio...




O VERDE E O ROSA - O carnaval carioca já está com todo o pique na quadra da Mangueira. A bateria nota dez usou de toda a sua energia para fazer ferver o ensaio da escola no último sábado. Um clima de festa e o alto astral deram o tom da noite. Na quadra lotada muita gente bonita. Rapazes e moças cheios de amor para dar, no ritmo descolado do samba. No camarote do presidente astros e estrelas. Ao lado, uma novidade polêmica: o camarote com ar refrigerado. Super confortável, mas o vidro que protege o ar abafa o som da bateria. Num palco, um grupo de crianças mostra que sabe tudo de samba e exibe gingado e suingue.

13.11.04




É o encontro com as outras pessoas que faz a vida valer a pena.

BEBEL NA PRAIA - Dia de sol em Ipanema. Um calor exultante espalhando um clima sensual sobre a cidade. A água refrescante provocando arrepios de prazer a cada mergulho. E corpos, corpos e corpos. Corpos incríveis. Corpos bronzeados. Verdadeiros parques de diversões em forma de ser humano. Tatuagens. Suor. Nuvens esparsas. Céu azul. Sungões e biquinis. Baseados e Guaraplus. Salva-vidas. Areia quente. Uma incrível paisagem. Caminho distraído pensando na beleza da vida, quando alguém me chama. É Bebel Gilberto.


A cantora aproveitou a beleza do dia de sol para descansar na areia da praia. Ficamos conversando a tarde inteira. Eu quero voltar para Nova York bronzeada. Bebel estava muito feliz com o resultado do show e com a recepção do público e da imprensa. Mas, estava feliz mesmo por estar no Rio, perto da família e dos amigos. Mostrou uma marca roxa na perna e um arranhão. Isso foi resultado da queda que eu levei na entrada do primeiro show. Bel contou que recebeu muitas flores, cartões e telefonemas carinhosos de pessoas que ela nunca esperava. Disse que a Carolina Ferraz ligou para ela e deixou um recado super carinhoso na secretária eletrônica. Bebel eu adorei te ver cantando. Não é verdade que eu fui embora no meio do teu show. Precisamos nos encontrar. (Um jornal mal informado publicou que Carolina tinha ido embora no meio do show.)


Bebel me contou mil estórias da turnê que fez pela Europa e EUA. Do nervosismo no Olímpia de Paris. Do sucesso do show na Bélgica. Do prêmio que recebeu em Londres, com direito a um incrível tapete vermelho. Aliás, ela estava muito orgulhosa de ter recebido o prêmio, mesmo concorrendo com nomes como Cesária Èvora e Youssou N'Dour. Quando foi cantar em Portugal, por coincidência, ficou hospedada no mesmo hotel em que estavam Miguel Falabella e Regina Duarte. Prontamente Bebel pegou dois CD´s colocou uma dedicatória para o Miguel (Miguel te adoro...) e outra para Regina (Para Regina com todo o meu carinho...) Depois pediu para que um funcionário do hotel entregasse o CD para cada um deles. Pois bem. No dia que estava indo embora encontrou com a Regina no saguão e perguntou: Você recebeu meu CD? Regina deu uma risada e disse: Claro que recebi. Um CD em que estava escrito Miguel te adoro... O funcionário havia trocado os CDs. Tinha que ser em Portugal... Em Buenos Ayres ela se apresentou antres do show do Pet Shop Boys e contou que a platéia estava cheia de gays. Ela então disse ao público: meu coração é gay. Foi aplaudidíssima!


Conversamos um tempão. Mil estórias. Até que chegou a prima dela, Silvinha, que é um doce de pessoa. Fazia tempo que a gente não se via e ela foi super amorosa. Disse que eu estava mais bonito e eu fiquei todo bobo. Na hora de mergulhar Silvinha não quis molhar o cabelo porque estava usando um aplique. Eu perguntei porque e ela contou que o cabelo longo é uma exigência do papel que vai fazer na próxima novela das oito, América, de Glória Perez. Ela estava bem empolgada com o papel e disse que a sinopse da novela é incrível e que a estória é bem original.


Foi então que apareceu a atriz Malu Valle e uma amiga. Malu é a atriz que interpreta a amiga da Nazaré, na novela Senhora do Destino. Nós aproveitamos a deixa e começamos a falar da novela. Bebel então nos disse que morre de saudades das novelas do Brasil, que nunca mais tinha assistido novela. Nós então começamos a contar a trama de Senhora do Destino, dando bastante ênfase ao personagem da Renata Sorrah e rimos muito lembrando das maldades do personagem. E da atuação magistral da Renata.


Segunda-feira Bebel volta para Nova York, onde faz show na sexta no Town Hall. Depois segue para uma temporada na Austrália, Tailândia, volta para a Europa para um show beneficente. E no natal estará de volta o Rio para curtir o verão.




ROBERTO & LILI – É lindo o livro que Lili Marinho escreveu sobre o seu romance com o jornalista Roberto Marinho. É belo e comovente. A partir do romance do casal ela faz um retrospecto de sua vida, contando fatos, reviravoltas, sentimentos e tragédias pessoais. Uma coisa que chama a atenção no livro é a sua relação conturbada com o pai, na infância e adolescência. O pai de Lili era um homem de rígidos valores morais e muito perturbado pela guerra. Certa vez ele deu um tapa na filha adolescente quando a encontra na rua folheando uma revista. Noutra ocasião, quando a jovem e bela Lili completou quinze anos quis de presente um lindo sapato que tinha visto numa vitrine. O homem fez um escândalo, dizendo que aquele sapato era de moça coquete e deu para ela um sapato feio, diferente do que ela gostaria. Lili ficou tão traumatizada que insinua no seu relato que hoje ela tem mais sapatos do que Imelda Marcos.


Outra coisa comovente no livro é a narrativa do seu sofrimento com a morte do filho Horacinho, num acidente de carro, aos 26 anos. É pungente a descrição da dor por conta da ausência do ente querido. Mas, o evento principal do livro é o namoro e o casamento com o Midas das comunicações. O jogo de seduções, os climas, as cenas de amor. É tudo tão bonito e cheio de glamour. O livro é bem escrito. Além disso, a autora se revela uma pessoa que tem o que dizer em termos de amor, paixão e vida. Tudo isso faz de Roberto & Lili uma pequena jóia da literatura brasileira. Um livro que certamente vai dar um tom de glamour e romantismo ao próximo verão.


TRECHOS DO LIVRO ROBERTO & LILI


Tinha 20 anos quando nosso caminhos se cruzaram em 1941, numa recepção no Copacabana Palace. Aquele que começavam a chamar de Dtr. Roberto assumira o comando do jornal O Globo por ocasião da moret de seu pai, em 1925. Com 36 anos, solteiro convicto, era copbiçado, um ótimo partido! Diziam ser louco poresportes, notadamente o mergulho submarino e os saltos de obstáculos a cavalo. Seu jornal era ainda recente: o pai, Irineu, o criara apenas um ano antes de falecer e Roberto já então fizera conhecida sua capacidade de trabalho, sua determinação.
Se não me engano, ele já tinha o olhar intenso e direto, animado por olhos de um bonito marrom, realçados pelo mesmo sutil sorriso, meio irônico, meio charmoso, que conheci mais tarde.
O Globo, base do atual império, era, nos anos 40, apenas mais um jornal carioca. Roberto Marinho, um jornalista reconhecido como tantos outros grandes nomes, dentre os quais Horácio de Carvalho, meu marido, também jornalista e proprietário de um jornal, na época bastante popular – o Diário Carioca. A década precedente à Segunda Guerra Mundial e os três ou quatro anos que a sucederam foram agitados pela imprensa escrita e pelo triunfo do rádio.



Presenciei aqui a morte de sonhos, assim como presenciei o nascimento de outros, como fênix de suas cinzas. O povo, a gente do Brasil, enfrenta sempre duros golpes, como a hiperinflação, as desvalorizações da moeda, as malversações e os confiscos, reagindo com calma, por vezes com resignação, sem revolta. Mas, por um milagre que só ocorre aqui, as vitimas de ontem não lamentam a sorte. Pelo contrário, retomam com energia a confiança em melhores dias, tantas vezes improváveis, mas real e promissora. Não existiu no Brasil uma verdadeira revolução como na França, nem mesmo a idéia de uma verdadeira a revolta! Será pela necessidade de lutar pela sobrevivência? Não! Apenas pela certeza de que a felicidade é possível, que devemos conquista-la e que isso será conseguido em breve.




FALUJA NÃO MERECE SOFRER – No Jornal Nacional assisto cenas de terror no Iraque. O exército americano bombardeia impiedosamente a cidade de Faluja. O poderio militar americano usado com toda a sua força contra a cidade sitiada. Um show de maldade e covardia. Um genocídio sendo cometido e o resto do mundo assistindo de braços cruzados. Nem daqui a mil anos os americanos serão perdoados por tamanha crueldade. Numa das cenas mais cruéis mostradas na TV, soldados americanos apontam fuzis para prisioneiros iraquianos ajoelhados e algemados. Os gringos perguntam aos prisioneiros: “porque vocês estão nos atacando? Porque vocês ficam atirando em nós?” Pois é. Se o prisioneiro Iraquiano soubesse falar inglês diria que está atacando os americanos porque eles invadiram seu país, matando famílias, crianças e mulheres grávidas. Acha pouco?

12.11.04





A gente não se liberta de um hábito atirando-o pela janela: é preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau.

MADONNA PEDE A SAIDA DE TROPAS AMERICANAS DO IRAQUE - Ela nunca me decepciona. Em entrevista a BBC de LOndres Lady Madonna soltou os cachorros e disse:
Só não quero que tropas americanas fiquem no Iraque, ponto. O terrorismo global está em toda parte. O terrorismo global está nas ruas, nas esquinas. O terrorismo global está na Califórnia. Há terrorismo em toda parte e é um absurdo acreditar que você pode se livrar dele indo a um país e despejando toneladas de bombas sobre pessoas inocentes.




O SAMBA DO VIADO DOIDO - Na minha coluna do Jornal do Brasil, semanas atrás, publiquei uma lista dos dez gays mais importantes do Brasil. Eu já havia feito essa brincadeira aqui no blog e achei que seria engraçado publicar a lista na coluna. Os nomes que constaram da lista foram os seguintes: Miguel Falabella, Andre Fischer, Aguinaldo Silva, Gilberto Braga, Cabbé Araújo, Luiz Carlos Araújo, Guilherme Araújo, Gilvan Nunes, José Viterbo e Antonio Cicero. Houve mais repercussão do que eu esperava. Muita gente gostou, mas teve aqueles que não viram a menor graça.


Luiz Mott, do GGB - Grupo Gay da Bahia mandou um e-mail para o JB, expondo a repercussão da lista num grupo de discussão da internet. A seguir o e-mail de Mott e as opiniões emitidas na web:
Querida Hilde, tudo bem, amor?
olha como tem repercutido nas listas gls a tal lista dos 10 gays mais vips do Brasil. De fato, o Waldir Leite pisou na bola. Como fui um dos excluidos, preferi ficar calado, mas esta lista é uma paródia do samba do viado doido... abraços, Mott



Desculpem voltar ao tema, mas estive sem computador por alguns dias e fiquei chateado ao ler que tanta gente gay, competente, boa e batalhadora, ficou de fora desta lista dos 10 mais importantes gays do Brasil e daí manifesto a minha opinião... Esta lista dos 10 Gays mais importantes do Brasil é uma piada não? Falar que o tal reconhecimento é pelo fato dos tais agraciados serem inteligentes, cultos, bem sucedidos em suas áreas de atuação e que eles exercem influencia sem levantar bandeira e seguem abrindo caminho para as novas gerações....ah é babação de ovo? Uma brincadeira, só pode ser... vamos lá, então e eu pergunto:


"Levantar bandeira" agora virou crime? Toda a luta dos que acreditam na causa homossexual agora é supérflua...a vez agora é dos simulados, mornos ou alienados? Que tipo de influência pode exercer sobre outras pessoas alguém que ninguém sabe que é gay? Expliquem pra mim que eu não entendo.... como alguém pode ser considerado um gay importante para o país se ninguém o conhece como gay? Nunca se viu ou se ouviu falar da homossexualidade desta pessoa? Para ostentar um reconhecimento de gay mais importante tem que ser homossexual não? Quantos gays no resto do Brasil sabem quem é este tal de Cabbé Araújo? Fora do meio carioca quem imagina ser este Gilvan Nunes? Aliás porque quase todos estes "mais importantes Gays do Brasil" estão ou são do Rio de janeiro? Parece mais uma lista de comadres, feita pra agradar e/ou tirar algum tipo de proveito pessoal.


Desde quando André Fischer pode ser o militante mais atuante? O critério é ter um site, ser esperto e ter amigos puxa-sacos? E o pessoal da Parada do Orgulho Gay de São Paulo, o maior feito de visibilidade Gay do mundo? Estas pessoas não existem? Não foram lembradas? Onde estão os militantes históricos e gente que está todo o tempo produzindo e faz tal qual ou muito melhor que o Fischer, tipo um Cláudio Nascimento, João Silvério Trevisan ou o Luiz Mott que até o Ministério da Cultura o reconheceu por notório saber em Homossexualidade?


Resolveram assumir pelo Miguel Falabella? Me informem porque não tive tempo de pesquisar. Ele se assumiu gay? O próprio Falabella sabe que o estão arrolando como Gay? Já que pra esta lista só existem Gays importantes no Rio e o Fischer de Sampa, porque não se lembraram do carnavalesco Milton Cunha, bem mais inteligente e culto que a "loira má"? Pelo menos ele fala e assume a homossexualidade publicamente.




EU VOU RODAR O MUNDO, MAS AQUI É O MEU LUGAR - O segundo show de Bebel Gilberto no Golden Room conseguiu ser melhor que o primeiro. A cantora estava mais solta e relaxada depois da estréia no dia anterior. Cantou uma música que não estava no roteiro do espetáculo: Preciso dizer que te amo. Dedicou a canção Mais feliz ao seu ex-marido Dé, que foi baixista do Barão Vermelho. O músico, que estava na platéia com sua mulher, ficou encabulado quando ela disse que ele era o principal responsável por ter escolhido ser cantora. No final do show Bebel enfatizou o verso de uma de suas canções do primeiro disco que dizia: eu vou rodar o mundo, mas aqui é o meu lugar.


Numa mesa, bem em frente ao palco, a tia Marieta e a prima Sylvia, com o marido Chico Diaz + Janaína Diniz e Mariana de Moraes. Na mesa ao lado Lilibeth Monteiro de Carvalho e Walter Rosa. Marcos Vinicius e Gilda Matoso. Mariana Ximenes. Várias estrelas da MPB foram prestigiar o show: Marisa Monte, com o marido; Ana Carolina com o produtor Nilo Romero; Angela Ro Ro com sua eterna namorada Naíla Scorpio; Baby Consuelo foi com as filhas e mãe prestigiar o filho Pedro Baby que toca na banda da Bebel; Katia B, amiga da Bebel de longa data estava linda, com um vestido no estilo anos 40; Paula Morelembaum, além da mamãe Miucha.


Depois do show Bebel Reuniu os amigos para uma festinha no seu apartamento do Copacabana Palace, com vista para piscina. Completamente à vontade, de jeans, camiseta e descalça ela recebia a todos carinhosamente e apresentava seus amigos cariocas aos músicos americanos que tocam com ela. Na festa Bebel contou que, no primeiro show, quando ia entrar em cena, levou um tombo que a deixou com a perna muito dolorida. Só que os músicos já tinham começado a tocar a introdução do show e ela teve que entrar em cena cheia de dores. Tadinha. De resto ela estava muito feliz por estar tocando no Rio e curtindo os amigos e a familia.

9.11.04




Atuar é meramente a arte de manter um grande grupo de pessoas sem tossir.

O SHOW DE BEBEL GILBERTO NO GOLDEN ROOM DO COPA – A cantora Bebel Gilberto conseguiu reproduzir no Golden Room do Copacabana Palace a mesma elegância e sofisticação musical dos seus discos. Com sua melodiosa voz afinada ela encantou a platéia e acabou o show consagrada. Vale destacar a poderosa banda que acompanha a cantora. Músicos do primeiro time, totalmente envolvidos com o conceito musical defendido pela artista.


O show é cheio de grandes momentos: a interpretação de Aganju; o suingue de So Nice; O clima de mistério na canção Baby; a divertida coreografia em Bananeira; a ternura despojada na canção Mais Feliz e a sensual interpretação da música Samba & Amor, onde, depois de colocar sua voz a serviço dos magníficos versos da canção ela pronuncia as palavras mágicas: Chico Buarque.


Bebel surpreendeu o público com as coreografias que apresenta durante o show. Totalmente à vontade no palco, ela dança com muito suingue misturando vários estilos de expressão corporal que variam do sensual ao debochado. Durante todo o tempo ela faz o seu corpo brincar e interagir com o ritmo da música e com a reação da platéia. A cantora Andréa Dutra observou que, “no palco, Bebel parece uma criança brincando de ser artista”.


Bebel Gilberto foi ovacionada pela platéia que lotou o Golden Room.


Depois do show a cantora veio conversar com os amigos que estavam na platéia. Olívia Guimarães, Patrícia Travassos, Vera Holtz, Zezé Polessa, Carlos Orcades e Conceição Rios. Depois levou todo mundo ao camarim para tomar champanhe, vinhos, uísque e degustar deliciosas iguarias. No camarim Bebel dedicou-se a fazer carinho na sua avó, dona Maria Amélia, que tinha um motivo especial para assistir ao show da neta: o novo disco é dedicado a ela. Dona Maria Amélia que estava linda, com um vestido preto e um colar de pérolas, ficou encantada quando Bebel lhe apresentou Peter C. Allan, seu advogado americano, que veio de Nova York especialmente assistir ao show da cantora no Rio.


Peter C. Allen foi um show à parte. Lindo de morrer, ele foi destaque na platéia do show. Logo que cheguei no Golden Room, encontrei Conceição Rios, amiga da Bebel desde a adolescência. Conceição sempre muito simpática, me deu um abraço carinhoso e cochichou no meu ouvido: “colocaram o advogado da Bebel para sentar bem ao meu lado. Olha que bofe lindo”. Logo depois ela me apresentou ao rapaz que, além de boa pinta, é muito simpático. Falou muito bem da Bebel e do sucesso que ela está fazendo no exterior, etc e tal. Disse que vai ficar no Rio apenas até quinta-feira à noite e me pediu sugestões de lugares para ele conhecer.


Depois do camarim, quando quase todo mundo já tinha ido embora, fomos tomar um último drinque na beira da piscina. O Capacabana Palace parecia mais majestoso e aristocrata no silêncio da noite. Agora estávamos apenas eu, Conceição, Peter C. Allen, Lívia, a produtora da Bebel, Sergio Maciel, velho amigo da cantora, Olívia Guimarães, Zezé Polessa, Carlos Orchades, Bebel e Miúcha. Bem mais à vontade, com seus amigos, Bebel contou que tinha ficado mais emocionada com o show de São Paulo. “Em São Paulo foi uma loucura. Eu nunca esperava por aquilo. Se aqui foi bom lá foi sensacional”. Foi nesse momento que Sergio Maciel ergueu uma taça de champanhe e disse: “Bebel, hoje é aniversário do Waldir”. Todos fizeram um brinde e então Bebel e Miucha cantaram um parabéns pra você super afinado. Foi lindo!


Logo depois Miúcha disse para Bebel: “chega de farra por hoje. Amanhã você tem show novamente precisa poupar a voz, dormir cedo e nada de beber gelado”. Depois virou para nós e falou: “hoje eu estou a própria mãe coruja”.


Madonna vem aí...

 

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