29.6.04




A riqueza e a pobreza não dependem do que temos, mas do quanto estamos felizes com o que temos.

UMA NOITE COM PAULO ZULU – A noite de segunda-feira no Fashion Rio foi dele: Paulo Zulu, o Deus das passarelas. Dois anos depois o astro volta a desfilar na cidade, vestindo a coleção primavera-verão da Sandpiper. E sua entrada na passarela foi triunfal. Chapéu, lenço amarrado na cabeça, uma argola na orelha, colares prateados em volta do pescoço, usando roupas incríveis e um par de botas coloridas. Parecia um pirata. Uma miragem fantástica. Belo. Belíssimo. Como era de se esperar, foi ovacionado pela audiência.


No jornal em que trabalho, recebi a incumbência de cobrir a volta de Paulo Zulu ao Fashion Rio. Vejam queridos, que trabalho chato que eu tenho. Que coisa insuportável, cansativa e monótona. Sendo assim, recebi carta branca da TNT, a assessoria de imprensa da Sandpiper, para circular nos bastidores do desfile, assistir ao ensaio e, o melhor de tudo, ter acesso ao camarim.


Duas horas antes do desfile, no camarim da Sandpiper, era difícil dizer qual o rapaz mais bonito. O elenco era sensacional. Uns bofes fantásticos. Caras, olhos, bocas, braços, pernas e sorrisos. Parecia que eu estava no meio de um videoclipe dirigido pelo Bruce Weber. As roupas e os acessórios já preparados nos cabides. Cabeleireiros faziam tranças em alguns garotos e arrumavam a cabeleira das moças. Um maquiador passava delineador em volta dos olhos dos rapazes. Uma moça servia canapés naturais e saladas de frutas. Havia uma excitação no ar, mas o clima era bem tranqüilo.


No meio do agito, sentado no chão, quietinho num canto do camarim está Paulo Zulu. Pergunto se podemos fotografá-lo ele diz que sim e nos atende solícito, cheio de boa vontade. Fazemos várias fotos e ele diz que está muito contente por estar de volta ao Fashion-Rio, que aceitou desfilar pela Sandpiper porque se identifica muito com a moda criada pelo Napoleão Fonyat. Quando pergunto se ele vai ficar algum tempo no Rio (Ele mora em Santa Catarina) ele diz que não. Que veio num dia e vai voltar no outro. “Eu estou com duas crianças em casa. Uma de um ano e quatro meses e outra com vinte dias. Não posso deixar minha mulher sozinha”.


André Resende, o Zé Carioca é outro bonitão da moda brasileira que participou do desfile da Sandpiper. Muito simpático, ele conversa com todos até que é chamado pelo maquiador. Fotografamos Zé Carioca passando o delineador. Foi então que chegou o Felipe Dylon. Minutos depois apareceu o Napoleão Fonyat, fumando um charuto, avisando que queria todo mundo pronto para o ensaio.


Com um microfone na mão o diretor de cena orientava toda a equipe. Dizia que a luz tinha que acender quando estivesse em determinado trecho da música, então dois dançarinos de street dance entravam na passarela dando cambalhotas e só então Paulo Zulu entrava em cena. O mito das passarelas repetiu várias vezes a abertura do desfile, fazendo perguntas, dando sugestões. Depois ensaiaram o final do desfile, quando todo o elenco deveria entrar ao mesmo tempo. Napoleão participava de tudo, sem nenhum nervosismo ou ansiedade, demonstrando estar muito feliz.


Deu tudo certo no desfile. A tenda estava superlotada. Jornalistas, editores de moda, modelos, personalidades, uma multidão de fotógrafos. Dava para sentir o nervosismo da platéia quando Zulu entrou em cena logo após os acrobatas. Em seguida rapazes e moças exibiram com muita classe a exótica coleção primavera-verão da Sandpiper. Da mesma forma como abriu o desfile, Zulu também foi o último a desfilar. Sua saída de cena foi saudada com uma ovação digna dos grandes ídolos populares.


Depois do desfile o camarim ficou lotado de gente que foi cumprimentar o astro das passarelas. Simpático e educado ele atendia todo mundo. Fazia fotos com fãs e conversava com repórteres e artistas. Eu perguntei o que ele tinha sentido durante o desfile. Zulu respondeu que estava sentindo falta do calor do público do Rio e que tinha gostado muito do elenco que tinha desfilado com ele. Que eram todos modelos bem preparados e profissionais. Depois emendou, falando sobre a ovação no final do desfile: “O final foi bem bacana. Deu para sentir que eu ainda tenho um prestigiozinho com o público”.


Na parede do camarim, havia um mural com várias fotos dos modelos que participaram do desfile. Eram polaroides dos modelos, do jeito que cada um tinha entrado em cena. Quando estavam todos prontos, um fotógrafo fez as fotos para que o estilista pudesse vê-los fotografados antes de começar o desfile. Depois as fotos foram colocadas no mural. Quando estava indo embora Paulo Zulu pegou sua foto no mural, perguntou a produtora se poderia ficar com aquela foto e justificou: “Eu quero levar para minha mulher. Ela vai ficar amarradona!” – disse ele, com os olhos brilhando.

28.6.04




Jornalista: uma pessoa sem nenhuma idéia, mas com capacidade de expressá-la.



DECADENCE AVEC ELEGANCE - É uma passarela sem fim, o Fashion-Rio. Tudo começou numa bucólica e romântica tarde no Jardim Botânico. Modelos tão exóticas quanto lânguidas surgiam por detrás das árvores, enquanto Moreno Veloso tocava algo mavioso no seu violoncelo e Camila Morgado recitava poemas de Wally Salomão, que falavam das plantas e sexo. Tudo isso acontecendo sob o aconchego de uma clareira no meio daquele parque fantástico, com o sol derramando sua luz através dos raios que conseguiam romper pequenos clarões na vegetação. Tudo muito bonito, elegante e delicado. O desfile da grife Maria Bonita.


Na entrada do Jardim Botânico encontrei meu querido amigo Antonio Cícero então tive o privilégio de um papo inteligente antes de começar o desfile. Julinho Rego, o decano, estava muito chique de terno e chapéu. Parecia o Truman Capote. Kátia B, Débora Bloch, Maitê Proença e Adriana Calcanhoto enfeitavam a platéia junto com figueiras, palmeiras e coqueirais. E os vestidos eram muito lindos.


A Santa Ephigênia exibiu, como sempre, a classe e a sofisticação dos estilistas Maia & Canale. A Mara Mac também arrasou no estilo clássico e sofisticado de vestir a mulher. Graça Otoni fez um desfile surpreendente, que lembrava um ritual do folclore nordestino. A passarela iluminada como um arraial numa paisagem agreste. Na trilha Elis Regina cantando asa branca, mixado com outros temas da música nordestina. Só que os vestidos, inspirados nas roupas simples das mulheres retirantes, eram ultra-sofisticados. Foi um desfile marcante, inteligente e bem encenado.


O legal nos desfiles das coleções primavera-verão é que sempre tem moda-praia, ou seja, rapazes desfilando de sunga. Nesse segmento o desfile da Blue Man foi arrasador. Teve os olhos verdes de André Resende, o Zé Carioca, exibindo seu fantástico corpo bronzeado, vestindo apenas um sungão branco. (Ah, os homens ficam tão sutis num sungão branco...) Teve Gabriel Mattar, belíssimo, atravessando a passarela com cara de mau, exibindo seus mamilos indecentes com uma petulância de dar medo. Na platéia, o charme irresistível de Napoleão Fonyat, o estilista da Sandpiper, que me jogou um beijo de longe. Esse foi o meu melhor momento no Fashion Rio.


Os corredores do MAM estão fervilhando. O tempo inteiro gente andando apressado de um lado para outro. Modelos sensacionais, estrelas, produtores de moda, empresários, gente de marketing, fotógrafos e jornalistas. Muitos jornalistas. Eu poderia dizer, sem nenhum medo de exagerar, que aquilo ali está um ninho de cobras. Cobras maravilhosas é claro. Um caldeirão transbordando vaidades e egos.


A sala de imprensa fica no primeiro andar e é muito bem equipada. Computadores, impressoras, laboratório fotográfico. Tem tudo lá. Nos intervalos entre os desfiles o lugar vira um grande centro de fofocas. É aqui que se fazem os comentários mais maldosos sobre os desfiles. As mulheres falam muito mal das modelos. Quem está caída, quem não está. As editoras de modas são implacáveis com os estilistas. Até agora não vi nada que tenha me emocionado, comentava uma delas a caminho do banheiro.


O Tufvesson adora aparecer, comentou uma editora de estilo ao saber que Carlos Tufvesson estava beijando o namorado no alto de um trio elétrico, na parada gay que rolou hoje no Rio de Janeiro. O babado mais comentado na sala de imprensa é a saída de Lu Lacerda do jornal O Dia. Todo mundo concorda que a coluna da Lu é a melhor coisa do jornal. Por isso ninguém conseguiu entender o motivo da saída dela. Mas essa não é a fofoca mais cabeluda a circular na sala de imprensa do Fashion Rio. A fofoca mais cabeluda eu vou contar para vocês.


Jornalistas bem informados dos bastidores da política, afirmam que o ex-governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola morreu de desgosto, depois que um dos seus filhos assumiu a homossexualidade. Segundo um colega com livre trânsito no circuito político social, o filho teria dito ao pai que ia casar com outro homem. O Brizola, que era um sujeito conservador, à moda antiga e tinha princípios machistas, teria ficado muito chocado e desgostoso com a atitude do filho e que isso teria acionado o processo que resultou na morte do político.


Verdade ou mentira? A fofoca explodiu como uma bomba na sala de imprensa do Fashion Rio. O fato é que, alguns dias antes da morte do Brizola, o jornalista Ricardo Boechat, havia publicado em sua coluna no Jornal do Brasil, uma nota em que afirmava que o filho de um grande político brasileiro teria assumido que era gay e tinha dito para o pai que ia casar com outro homem. A coluna não citava o nome do político. Estaria a morte de Brizola realmente relacionada a esta notícia? Teria mesmo o ex-governador morrido em conseqüência da homossexualidade do seu filho? Essas questões foram as mais acionadas no circuito Fashion Rio – Parada Gay.


E isso não é tudo. A peça Madame Chanel, encenada por Marilia Pêra em São Paulo também está sendo muito comentada, principalmente pelos jornalistas da capital paulista. Afinal, a peça fala de um dos maiores ícones da moda, Coco Chanel. Todos falam da atuação perfeita da grande dama do teatro brasileiro e da sofisticação da montagem. Mas uma moderna editora de moda, mulher culta e antenada, reclama que a peça não fala da homossexualidade de Madame Chanel. Eu nem sabia que ela era lésbica!, exclamou uma repórter comendo um sushi.


Aproveitando que o assunto era o teatro, uma jornalista de uma badalada revista semanal contou que certa vez Marilia Pêra teria escrito uma carta desaforada para Constanza Pascolato. Ciúmes, por causa de um antigo amor. Irritada, Constanza quis acioná-la juridicamente, mas foi desaconselhada pelo advogado porque, na carta, Marilia escreveu o nome dela errado. Em vez de Constanza ela escreveu Constância.


Mariana Weickert é a rainha das passarelas. Ela participa de quase todos os desfiles. É bela, elegante, tem porte e classe. E muito mais. Ela ri na passarela, o que passa uma imagem de simpatia e tranqüilidade.Ela nunca faz carão, disse Lessa de Lacerda, encantado com a moça, depois do desfile da Blue Man. Um fotógrafo reproduziu vários fotos da moça e colocou num mural da sala de imprensa, fazendo dela praticamente uma musa do Fashion Rio. O único problema da Mariana é que ela não tem bunda, comentou uma assessora de imprensa, destilando veneno pelo canto da boca.

25.6.04




Todo prazer é erótico!

PLIM PLIM - Sai Gilberto Braga, entra Aguinaldo Silva. Os gays dão as cartas na novela das oito. O sempre elegante Gilberto, depois do sucesso de Celebridade, passa o bastão (epa!) para Aguinaldo, um dos fundadores do movimento gay no Brasil, que estréia Senhora do Destino. Muito antes das passeatas do orgulho gay, no auge da ditadura militar, Aguinaldo fundou o jornal "Lampião", a primeira publicação brasileira destinada exclusivamente ao público gay. Mas, não é só no horário das oito que a Globo é gay. No horário das sete os homossexuais também fazem o público sonhar com suas tramas. Estão lá Ricardo Linhares, Carlos Lombardi, João Emanoel Carneiro e Antonio Calmon. Emanoel é o roteirista de Central do Brasil que escreve Da cor do Pecado. Calmon, muito antes de se tornar a Janete Clair dos adolescentes, foi um rebelde do cinema brasileiro e dirigiu sucessos como Menino no Rio e Nos Embalos de Ipanema. Plim, plim!

GAYS COM CRISTO - Israel é um dos países mais liberais com relação aos homossexuais. Por isso, em 2005, será realizada em Jerusalém, cidade sagrada para judeus, mulçumanos e cristãos, uma festa em comemoração do orgulho gay, de âmbito mundial. Será a Jerusalem World Pride 2005, que pretende reunir representantes de comunidades gays de todas as regiões do planeta. O evento está sendo organizado pela Open House, uma ong de proteção aos homossexuais, que é mantida pelo governo de Israel. O tema da festa será Love without Borders (Amor sem Fronteiras) e terá a pretensão de quebrar barreiras culturais e religiosas com mensagens de tolerância, dignidade e direitos humanos. Serão dez dias de festas, eventos culturais, orações, passeatas e muita pegação, que ninguém é de ferro.


ESTRELA DE DAVI - No Brasil, desde 1999, existe o JGBR, um grupo que tem como objetivo agrupar judeus e judias homossexuais do Brasil que necessitam de um espaço para dialogar, sobre tópicos relacionados a homossexualidade e sua interação com o judaísmo e a comunidade judaica. Segundo o coordenador Ari Teperman, religião e tradição judaica versus homossexualidade é o assunto mais discutido pelos membros do grupo. Como conciliar a religião "homófoba" com a fé judaica original? Como as diferentes comunidades judaicas brasileiras, de diferentes correntes, se posicionam face a homossexualidade? As discussões sobre estes temas estão no site do grupo: www.jgbr.com.br




SOCIALISMO MORENO - Leonel Brizola foi um péssimo governador. Nos oito anos em que governou o Rio, eu pude assistir de perto o equívoco que foi a sua gestão. Ele permitiu e incentivou o crescimento desordenado das favelas pois, para ele, isso era socialismo. Seu ideal era transformar o estado numa imensa favela. Brizola nunca assumiu uma postura de governador. Mesmo depois de eleito, ele se comportava e agia como alguém que fosse contra o governo. Isso estimulou a desobediência civil e o crescimento da criminalidade pois, os fora-da-lei, encontraram guarida na própria atitude do governador.


Leonel Brizola não era um mau sujeito. De forma alguma. Foi um homem idealista e romântico. Mas tinha uma visão política estacionada nos anos 50 e 60. E isso permitiu que aventureiros, pilantras e escroques utilizassem o idealismo brizolista para o mal. Foi com a eleição de Leonel Brizola que se instalou no Brasil essa onda de invasões de terra, de invasões de calçadas pelos camelôs e da transformação de qualquer pedaço de mata atlântica em favela. O fato dele ter sido eleito no Rio, sede dos principais veículos de comunicação do país, fez com que esse comportamento se espalhasse mais rapidamente por todo o Brasil.


Por ocasião do primeiro mandato eu trabalhava numa empresa do governo federal, o Banco do Nordeste. Assim que Brizola assumiu, o meu chefe na empresa, que ganhava um belo salário, montou duas barracas de camelô no centro da cidade. Ele ia trabalhar no Banco e deixava dois empregados dele cuidando das barracas. Ele não era pobre, pelo contrário. Era um funcionário público federal e ganhava um bom salário. Mas se aproveitou da liberação geral provocada pelo Brizola para ganhar uma grana a mais invadindo o espaço público com suas barracas de camelô. Como ele, muitas outras pessoas fizeram a mesma coisa, pois sabiam que tinham apoio do governo para isso. Brizola fechava os olhos porque, para ele, aquelas barracas de camelô eram de pessoas pobres e desempregadas que estavam tentando se virar. Além de romântico e idealista, Brizola era ingênuo.


Nas favelas ocorria a mesma coisa. Existe uma verdadeira indústria da invasão no estado do Rio, que se espalhou por todo o Brasil. Grupos organizados invadem áreas públicas e montam seus barracos. Depois vendem aquela área e invadem outra. Vendem novamente e invadem outra. E assim as áreas verdes do Rio de Janeiro vão, ao longo dos anos, se transformando num mundo de barracos que não acaba mais.


A simbologia brizolista ajudou a fazer com que a pobreza no Brasil fosse transformada num negócio lucrativo. A miséria brasileira dá lucro a muita gente. Tem muito pilantra vivendo da pobreza. Políticos sem escrúpulos, ONGS, intelectuais politicamente corretos, escroques, etc. É por isso que a miséria no Brasil aumenta cada vez mais. Porque ser pobre, nesse país, virou um negócio. Sendo assim, dificilmente essa situação vai se reverter.


A morte de Leonel Brizola, de certa forma, enterra um tipo de político, aquele que foi vítima da ditadura militar. O fato dele ter sido expulso do país pelos militares não fez dele um herói. Mas, quando voltou do exílio com suas idéias estacionadas no tempo, foi tratado como tal, quando na verdade era um outro tipo de coisa. Era um desses politicos que, para conseguir se destacar, precisam que haja cada vez mais pobres e miseráveis e por isso estimulam o crescimento da pobreza e da miséria.


Descanse em paz, Leonel Brizola. Descanse em paz.

24.6.04




Hoje é o amanhã que tanto nos preocupava ontem.

DECADENCE AVEC ELEGANCE - "Uma viagem pelo Brasil com uma mochila nas costas." Assim a estilista LILA COLZANI define a coleção primavera-verão da marca COLCCI, que vai abrir os desfiles do Fashion-Rio que começa sábado. Serão 36 desfiles em cinco dias de evento. A COLCCI vai apresentar roupas em tecidos naturais, como algodão e viscose. Sempre amassados, como que jogados numa mochila. Estampas florais dão o toque tropical. Tudo isso usado com uma proposta roqueira. Portanto, muitas tachas e coletes. O conceito é o de uma banda de rock viajando pelo Brasil para lançar seu CD. Para as garotas a COLCCI sugere microssaia e calça corsário. Ou seja, muita perna de fora. Para os rapazes camisa xadrez sem manga, camisa sobre t-shirts e calças bem justas. A passarela da COLCCI será uma estrada tendo ao fundo um telão que projeta uma continuação dessa estrada. A trilha sonora foi composta especialmente para o desfile pelo grupo de rock paulista THE HATS.


Santa Ephigênia é a segunda marca a desfilar. Os estilistas Luciano Canale e Marco Maia são verdadeiros artistas da moda. Eles fazem uma moda sofisticada, inspirada na alta costura francesa dos velhos tempos. É tudo muito chique. Chiquérrimo. A coleção a ser apresentada chama-se "Sereias de Paquetá" e terá como referência as mulheres cosmopolitas dos anos 50 e 60. É ver para crer.


A grife de moda-praia SALINAS trará para a passarela a negritude, embalada no ritmo do afoxé Filhos de Ghandi. A estilista Jaqueline di Biase se inspirou no livro Carnaval no Fogo de Ruy Castro para criar sua coleção cheia de cores e brilhos que alegram as diversas facetas do carnaval brasileiro. Foi o próprio Ruy Castro quem escreveu o release de apresentação do desfile da SALINAS, marcando dessa forma a sua estréia no mundo da moda.


A PRAIA, UMA PRECE PROFANA - Um palco para o culto ao corpo? Não. Um templo para o culto à alma. Um templo natural, feito de areia e pedra - que, em outras eras geológicas, pode ter sido uma imensa caverna, um maciço rochoso ou talvez até ficasse no fundo do mar. Toda praia é o resultado de milhões de anos de convulsões térmicas e de expansões e contrações minerais, até o nivelamento final entre o oceano e o continente. Final, eu disse? Quem garante que o processo terminou? Neste momento, nossa praia favorita pode estar a apenas alguns milhares de séculos de uma nova revolução em suas camadas mais íntimas.
Já pensou na tremenda energia acumulada em tal processo? Deve ser por isso que falamos do banho de mar que lava a alma, do sal que revigora o espírito, das ondas cujo balé nos tranqüiliza, da areia que nos massageia sensualmente os pés. Há algo de sagrado no ritual da menina morena e dourada que, com o sol por testemunha, se entrega à contemplação diária da beleza numa praia. A exemplo dos velhos monges orientais, ela também busca o seu Nirvana.
Um Nirvana profano, sem dúvida - mas não menos celestial, pela energia que torna melhores e mais bonitos os que o atingem.
- RUY CASTRO




SÓ AS MÃES SÃO FELIZES - Amigos me ligam para criticar meus comentários sobre o filme do Cazuza. Eu realmente fiquei comovido e emocionado porque o filme me tocou muito de perto. Confesso que não fui nem um pouco crítico em meus comentários. Mas pude perceber que muita gente ficou indignada. A seguir, um resumo dos comentários.


Você não pode ter gostado desse filme. O Cazuza deve estar se revirando no túmulo. Os amigos do cantor são retratados de forma patética. É um filme sobre a Lucinha Araújo, que fala como ela foi uma mãe sensacional. O filme esquece de contar como ela perturbava o filho. Tanto, que numa determinada época ele proibiu a mãe de entrar na casa dele. É um abuso o que a Lucinha está fazendo com a memória do Cazuza. Quem o conheceu realmente, sabe que ele jamais gostaria que a história da sua vida fosse contada sob o ponto de vista daquela mãe careta. Ele deve estar se revirando no túmulo. Existem pessoas, na vida do Cazuza, que foram muito mais importantes do que ela. É absurda a forma como Bebel Gilberto é retratada. Ela vai detestar esse filme.


21.6.04




A propriedade é uma armadilha; o que cremos possuir é o que nos possui.

BEBEL GILBERTO NÃO É LISA MARIE PRESLEY - Será lançado esta semana no Brasil, o novo CD da cantora Bebel Gilberto, cercado de grande expectativa. Afinal, o anterior "Tanto Tempo" foi um grande sucesso em todo o mundo. Obteve excelentes críticas e vendeu cerca de um milhão de cópias nos EUA, Europa e Japão. No novo CD, dedicado a dona Memélia, sua avó, Bebel canta Baby, de Caetano Veloso, na versão em inglês que havia sido gravada pelos Mutantes. O CD já começou a receber críticas no exterior. A revista Rolling Stone, por exemplo, fez uma crítica bastante elogiosa e encerra a resenha com um comentário definitivo sobre a cantora: Bebel Gilberto não é Lisa Marie Presley.


Sobre o novo CD Bebel Gilberto concedeu entrevista exclusiva ao seu amigo Serginho Maciel para a revista Suite Rio, uma publicação sobre a vida cultural da cidade, que é distribuida gratuitamente em lugares badalados. Serginho Maciel, para quem não sabe, é o famoso namorado do Cazuza. O seu companheiro de toda a vida. No filme Cazuza, é ele quem dá uma mordida no outro rapaz, quando flagra o cantor lhe traindo. Serginho, Bebel e Cazuza se conheceram na mesma época, durante um curso de teatro promovido pelo Asdrúbal Trouxe o Trombone no Parque Laje e ficaram amigos inseparáveis. Segundo Serginho, "Bebel é, antes de tudo, uma força da natureza, de saúde, de temperamento, de talento, uma pessoa e uma artista cheia de superlativos". Ela diz que seus melhores traços são: impulsividade, autenticidade, espontaneidade, ironia, prazer, sedução, muitíssimo bom humor e uns gritinhos de vez em quando já que ninguém é de ferro. A palavra chave para o seu lado anjo seria amor.


Sobre o disco, Bebel Gilberto declarou ao seu amigo Serginho Maciel:


As pessoas na Europa estão tendo uma resposta muito boa ao meu disco, isso me deixa muito feliz e supera um pouco aquele sentimento de insegurança de se lançar um segundo disco depois de um primeiro que deu resultados tão positivos. Estou também começando a ensaiar com minha banda nova o nosso show. Eu quero que tudo saia perfeito, quero ter o controle de tudo, tipo imagem e coisas assim. Eu tinha um certo receio de fazer determinados programas, que eu não considerava muito a minha cara, como alguns desses que eu farei na França, mas então eu entendi que é o que tenho que fazer se eu quiser atingir um público maior. Funciona assim: as pessoas vêem, e se elas gostam, compram e ouvem e aí, lá está Bebel vendendo discos e divulgando sua música na França.


Depois dessa ronda européia volto para Nova York para retomar os ensaios do meu show, fazer 38 anos e começar uma nova fase, que é justamente a parte artística dessa história toda. Até o momento estive envolvida até o pescoço com a produção do disco, mas agora é hora de montar o show, escolher um diretor, talvez, e começar a pensar na luz, uma fase que me dá muita inspiração e entusiasmo. O show estréia na segunda semana de julho, ainda não temos uma data marcada. Vai ser em Londres e depois volto para os Estados Unidos mais aquecida para a turnê americana.


Foi muito legal ter gravado esse disco depois do nascimento dessa nova Bebel que é famosa e vende discos pelo mundo afora. Nesses anos que passaram, fui desenvolvendo um lado mais dedicado a escrever músicas, mais burilado, porque venho lidando mais com músicos e todo esse universo que envolve a produção e execução de um album ou de uma turnê. Não fico mais naquela de esperar a inspiração chegar para compor alguma coisa e este disco novo é o reflexo disto: das paixões, do cansaço, das alegrias, tristezas, solidão, quartos de hotel, tudo... E isso aparece no disco. As pessoas se identificam de uma maneira ou de outra e isto é muito legal. Elas se sentem tocadas de alguma forma pela sua música e por uma razão diferente daquela que você pensou ao escrever. É muito prazerosa essa sensação.




CAZUZA, O FILME - Débora Melissa, uma brasileira que mora na Bélgica, leitora assídua deste blog, me escreve para perguntar o que eu achei do filme Cazuza. Eu não quis falar no blog porque já se escreveu tanto sobre esse filme que achei que não teria mais nada a acrescentar. Eu adorei o filme. Fiquei emocionado e o achei muito bem realizado. O ator que faz o Cazuza é sensacional. Tem momentos em que ele está igualzinho ao personagem com quem eu convivi no teatro. Acho que o filme também faz uma boa reconstituição do clima que se vivia na época.


Ri muito com a cena em que Serginho Maciel dá uma dentada na mão do rapaz com quem Cazuza o estaria traindo. Verdade seja dita, Serginho foi o único companheiro de Cazuza. Lembro como se fosse hoje, quando eles começaram a namorar. Serginho era um adolescente lindo. Parecia um principe de contos de fadas. (A diretora do filme deveria ter escolhido um ator mais bonito para fazer o personagem.) Andavam sempre juntos e faziam uma bela dupla. Serginho era tão bonito que nós o apelidamos de Serginho Kinski, em homenagem a atriz Nastassja Kinski.


Serginho era um rapaz puro, do interior de Minas, que tinha vindo para o Rio tentar a sorte como ator. Numa das cenas da nossa peça, Paraquedas do Coração, ele fazia uma paródia de Romeu e Julieta, em que contracenava com Kátia Bronstein, a hoje cantora Katia B, (eu acho que ela devia se chamar Katia Z). Todo mundo no grupo tinha uma relação paternalista com o Serginho por que ele nos parecia muito desprotegido. Ele tinha dezesseis anos e não tinha onde morar. Ficava um pouco na casa de um, um pouco na casa de outro. Acabou sendo adotado pelas irmãs Lavigne, Paula e Kiki, que ficaram amigas dele e passaram a protegê-lo e a tratá-lo como um irmão. Coisa que elas fazem até hoje!


O namoro com o Cazuza no inicio foi maravilhoso. Mas, com a roda-viva dos shows, do sucesso e das drogas, nem sempre o Cazuza correspondia à paixão de Serginho. Cazuza queria viver, ao pé da letra, o personagem que havia criado para si: um astro do rock. Quando estava de saco cheio Cazuza maltratava o namorado, batia nele e pedia para o moço deixá-lo em paz. Certa vez, depois de uma noitada na casa do cantor Moraes Moreira, no Jardim Botânico, Cazuza se irritou com Serginho, saiu apressado e entrou no carro. Serginho foi atrás e quando abriu a porta do carro Cazuza acelerou e deixou o namorado caído no meio da rua. Depois ele se arrependia, pedia desculpas e os pombinhos voltavam como se nada tivesse acontecido.


Serginho esteve ao lado do Cazuza até o fim. Como num bom casamento, esteve ao lado do companheiro na saúde e na doença. Foi um dos que carregaram o caixão do Cazuza por ocasião do enterro. Durante a avant-premiére do filme, no cine Odeon, ele passou mal ao se ver retratado nas telas. Atualmente ele vive entre o Rio e Nova York, sempre protegido pelas irmãs Lavigne.

18.6.04




A felicidade não é ausência de problemas, mas a capacidade de lidar com eles.




O SAMURAI VAI A ATENAS - Flavio Canto é um dos atletas da seleção brasileira de judô, que vai lutar para trazer uma medalha de ouro para o Brasil na Olimpíada de Atenas. O rapaz tem vinte e nove anos e já participou de duas outras Olimpíadas. Em 96, em Atlanta, ficou em sétimo lugar. Em Sydney foi reserva da equipe. Adoro artes marciais e por isso entrevistei o atleta para uma reportagem para o Caderno H, do Jornal do Brasil, que sai no próximo domingo.


A entrevista foi realizada num quiosque, perto do pier da Barra da Tijuca, num intervalo entre o treino técnico e a preparação física do atleta. Flavio é um rapaz bonito, simpático e articulado. Conversamos sobre muitos assuntos mas, o que mais me chamou a atenção, foi o seu interesse por literatura. Ele me disse que tinha acabado de ler Dom Quixote, de Miguel de Cervantes e A guerra do fim do mundo de Mario Vargas Lhosa e agora estava lendo Chatô, de Fernando Moraes. Contou que é fã de Machado de Assis, pois admira muito sua maneira de escrever.


Flavio é um rapaz esclarecido e atento aos problemas sociais do Brasil. Cobra do governo uma política mais firme no que diz respeito a distrivuição de renda. Diz que admira Lula mas acha que falta ousadia ao seu governo. Mas não é o tipo de sujeito que só reclama. Ele faz a sua parte. Flavio criou um projeto social chamado REAÇÃO, em que dá aula de judô para 120 crianças na favela da Rocinha e, junto com outros atletas, treina 500 crianças em Jacarepaguá.


Na hora das fotos ele se mostrou tímido. Ficou bastante sem jeito no início, mas, aos poucos, foi relaxando e ficando mais à vontade. A tarde estava linda e a praia vazia. O fotógrafo Jonas Cunha é cheio de técnica e fotografou o atleta no Pier da Barra, que é um lugar bem bacana. As fotos ficaram ótimas e as garotas que trabalham comigo no jornal ficaram loucas quando viram. Que homem lindo!, elas exclamavam, saltitantes, diante das fotos.




A EVOLUÇÃO DA ESCRITA - A história do alfabeto, das letras, da escrita e das diversas formas de impressão é contada no livro A Evolução da Escrita, do designer Carlos Horcades. O livro é curioso e original. É um primoroso relato sobre as origens, transformações e estilos da escrita romana com trezentas fotos e ilustrações dos mais importantes alfabetos já criados. O livro aborda especialmente a história dos calígrafos, tipógrafos e impressores do passado, sua relação com o mundo e sua participação nas transformações da sociedade e na construção da cultura.


A Evolução da Escrita também classifica as letras segundo seus estilos, revelando como estas se desenvolveram juntamente com os principais movimentos artísticos que floresceram no Ocidente, traçando paralelos entre arquitetura, pintura e ilustração. Dirigida especificamente para o público brasileiro, que não dispunha de um material tão rico em referências visuais sobre o tema, trata-se de uma obra fundamental para as áreas de desenho industrial, arquitetura, publicidade e comunicação, além de ser útil na datação de livros e outros documentos.


O livro é um luxo. Com capa dura, bem impresso e fartamente ilustrado. É chique. Muito chique. Chique também é o autor, Carlos Horcades, um carioca de Recife, uma personalidade do Rio de Janeiro. Um dos homens mais elegantes da cidade. É formado em Desenho Industrial e tem mestrado em Design Gráfico pelo Central School of Art e Design de Londres. É professor de Tipologia e diretor do IAV-Instituto de Artes Visuais. Mas, acima de tudo, ele é um "bon vivant", um sujeito que soube trazer para o seu estilo de vida todas as qualidades que determinam o que é ser um "carioca".


O lançamento será no próximo dia 22 de junho, terça-feira, na livraria Argumento, no Leblon. Certamente será uma festa bem badalada pois o autor é muito querido no circuito Baixo Gávea - Baixo Leblon - Posto NOve e adjacências. Certamente a livraria vai estar cheia de mulheres bonitas. Eu não sei o que o Horcades tem que as mulheres são loucas por ele.




Dificuldades são como as montanhas. Só se aplainam quando avançamos sobre elas.



17.6.04

O SOM MODERNO DE ANDRÉA DUTRA - Copacabana oferece um programa muito especial nas tardes de sábado. O show da cantora Andréa Dutra no bar da sofisticada loja de discos Modern Sound. A mulher canta com a sabedoria de uma grande dama da canção popular. Ela tem voz, afinação e repertório. No primeiro ato, só canções de Cole Porter. No segundo ato clássicos do cancioneiro popular, que ela canta com emoção e personalidade. Sua interpretação de Cry me a river é comovente. Mas, não é apenas o show que encanta. O lugar também é muito especial. A gigantesca Modern Sound, com todos os tipos de discos, que o cliente pode ouvir com fones de ouvido. O bar é amplo, acolhedor e simpático. Ouvir Andréa Dutra cantar Cole Porter, Chico Buarque, Stevie Wonder e Jorge Benjor, tomando uma cerveja gelada, é o meu programa favorito para o final das tardes de sábado.




O Grupo Arco-Íris realizará no dia 22 de junho, terça-feira, a partir das 16 horas no Museu da República, no Catete, o ato solene de ABERTURA DA PROGRAMAÇÃO DA PARADA DO ORGULHO GLBT, com a presença do Coral da Cidade do Rio de Janeiro e a participação do Ministro da Cultura, Gilberto Gil, e do Secretário de Direitos Humanos do Governo Federal, Nilmário Miranda, além de outras personalidades. Às 19 horas, será iniciada a CONFERÊNCIA DOS 25 ANOS DO MOVIMENTO HOMOSSEXUAL BRASILEIRO - FRAGMENTOS DE UMA HISTÓRIA.




CHICO BUARQUE, faz 60 anos e essa é uma data que merece ser comemorada por todos os brasileiros. Deveria ser feriado nacional. É um privilégio poder conviver com um artista tão refinado. Feliz Aniversário, Chico!




SEM AÇUCAR


Todo dia ele faz diferente
Não sei se ele volta da rua
Não sei se me traz um presente
Não sei se ele fica na sua
Talvez ele chegue sentido
Quem sabe me cobre de beijos
Ou nem me desmancha o vestido
Ou nem me adivinha os desejos


Dia ímpar tem chocolate
Dia par eu vivo de brisa
Dia útil ele me bate
Dia santo ele me alisa
Longe dele eu tremo de amor
Na presença dele me calo
Eu de dia sou sua flor
Eu de noite sou seu cavalo


A cerveja dele é sagrada
A vontade dele é a mais justa
A minha paixão é piada
Sua risada me assusta
Sua boca é um cadeado
E meu corpo é uma fogueira
Enquanto ele dorme pesado
Eu rolo sozinha na esteira





LITERATURA - No Líbano, os livros são lidos de trás para frente. É por isso que Agatha Christie não vende nada por lá. - Eugênio Mohallem




FOTOLOG 1 - O estilo carioca preparado para a guerra é a razão do sucesso desse fotolog. Rafael Franklin tem um corpo malhado, um peitoral incrível e uma cara de bebezão. Clique lá e divirta-se.




FOTOLOG 2 - Um mineirinho exibido e abusado busca a glória na Internet.


14.6.04




Quando os homens pensam que são como os deuses, geralmente são muito menos que homens.

O LIVRO É O MELHOR AMIGO DO HOMEM - Abaixo trechos do livro de Edmund White, "O flâneur", onde o autor fala da capital francesa, Baudelaire e cita brasileiros que contribuíram para a vida cultural da cidade.


Paris é um mundo feito para ser visto pelo caminhante solitário, pois somente a passo ocioso pode-se aprender toda a riqueza de seus ricos (mesmo os velados) detalhes. O andarilho urbano - o flâneur - tem uma antiga e ilustre linhagem na França. Um viajante italiano, em 1577, disse que: "Olhar o ir-e-vir das pessoas sempre foi o passatempo favorito dos parisienses; não admira que sejam chamados de papa-moscas". Anos antes da Revolução, um escritor, Louis Sébastien Mercier, vagou pelas ruas de Paris tomando notas sobre os pregões dos vendedores ambulantes, estudando as butiques e observando em ação a centena de oficios da grande cidade.


O flâneur consumado, no século xix, foi Baudelaire. A chave da moderna vivência urbana é o livro O pintor da vida moderna, onde Baudelaire fala do caricaturista Constantin Guys, um homem tão esquivo ao olhar público que Baudelaire se refere a ele somente sob despiste das suas iniciais. Num trecho cativante, transcrito abaixo, Baudelaire louva o artista moderno que mergulha na multidão, recolhe impressões e as joga no papel assim que regressa ao seu studio. Para ele, uma incursão na paisagem urbana nunca deve ter direção nem propósito, numa rendição passiva ao fluxo aleatório de suas surpreendentes e inumeráveis ruas. Escreve Baudelaire sobre o flâneur:


A multidão é o seu domínio, como o ar é o do pássaro e o mar, do peixe. Ele tem uma paixão e um credo: esposar a multidão. Para o perfeito flâneur, para o observador apaixonado, é um imenso prazer fixar residência na multiplicidade, em tudo que se agita e que se move, evanescente e infinito: você não está em casa, mas se sente em casa em toda parte; você vê todo mundo, está no centro de tudo, mas permanece escondido de todos. E esses são apenas alguns dos pequenos prazeres dessas mentes independentes, apaixonadas e imparciais que a linguagem mal pode definir. O observador é um príncipe disfarçado que colhe prazeres em todos os lugares... O diletante da vida entra na multidão como num imenso reservatório de eletricidade.


Talvez os estrangeiros mais facilmente assimiláveis em Paris, ao menos durante o século XX, tenham sido os sul-americanos. Exilados políticos, na maioria, em fuga de algum ditador, suas atitudes sempre foram calculadas para despertar as simpatias dos franceses. Além disso, sua própria cultura e língua orientavam-nos desde o início a Paris. Buenos Aires, com suas amplas avenidas e seus prédios públicos Beaux-Arts, foi planejada para se assemlehar a Paris. Nos anos 60, com Perón no poder e a Espanha ainda sob o jugo de Franco, os artistas e intelectuais argentinos fugiram de Buenos Aires, não em direção a Madri, mas a Paris.


Os brasileiros contribuíram bastante para a vida cultural de Paris. O pianista-concertista Nelson Freire, o jornalista Bernardo Carvalho, o ator teatral Antonin Interlandi e o editor Alexandre Rosa, o primeiro a fazer resenhas de livros na internet, são apenas alguns nomes que me vêm à cabeça. Mas há também todos os restaurantes, boates e cabarés brasileiros que comparecem com sua dose de sensualidade para o agito da cidade.


10.6.04




Somos o que pensamos, tudo brota de nossos pensamentos. Com nossos pensamentos construímos o mundo. Fale ou aja com uma mente pura e a felicidade o seguirá como sua sombra, inabalável.

CONFISSÕES DE ADOLESCENTE - Enquanto leio O flâneur, livro sobre a vida na Paris contemporânea, aproveito para ver alguns sucessos do cinema francês. Nos últimos dias assisti três filmes do diretor François Ozon: Oito mulheres, Sob a areia e Swimming pool. Monsieur Ozon é um representante do moderno cinema europeu, que faz filmes comerciais, em condições de competir com a produção de Hollywood. Cada um à sua maneira, os filmes são sensacionais.


Swimming Pool eu já havia tentado assitir duas vezes no cinema, mas a lotação estava sempre esgotada. O filme é uma história de verdades e mentiras sobre uma escritora neurótica e sua dúbia amizade com a jovem filha do seu editor. Charlotte Rampling está sensacional como a escritora e foi um prazer vê-la atuando com tanta personalidade. Numa determinada cena ela aparece completamente despida, exibindo um nu frontal. Essa cena me trouxe à lembrança um episódio engraçado da minha adolescência.


Quando eu era garoto, encontrei certa vez um amigo, o hoje jornalista Amin Steple e ele tinha acabado de sair do cinema onde tinha ido assistir ao filme Giordano Bruno. Ele tinha ficado encantado com o filme e me contou que, numa determinada seqüência, aparecia a xoxota da Charlotte Rampling, que na época era uma jovem e bela atriz que nós adorávamos. Seus olhos brilhavam e sua voz era puro encantamento adolescente, porque ele tinha conseguido ver, mesmo que rapidamente, a xoxota de Charlotte.


Giordano Bruno é um filme italiano dirigido por Giuliano Montaldo e conta a história do filósofo italiano que questionou alguns dogmas do cristianismo e por isso foi perseguido pela igreja católica, que o manteve preso durante anos e depois o queimou vivo. Gian Maria Volonté está fantástico como o protagonista num filme que também tem no elenco o bonitão Mathieu Carriére. Quando fui assistir ao filme, influenciado por Amin, aguardei ansiosamente a cena em que aparecia a xoxota da estrela. Mas foi uma decepção. Era uma cena muito rápida e fugaz, que exigia muita atenção do espectador. No filme Swimming Pool ela não é mais aquela deusa da beleza, que foi capa do primeiro número da revista de Domingo, do Jornal do Brasil. Mas continua uma mulher bonita e sensual e sua xoxota, nesse filme, aparece em primeiro plano. Amin Steple vai adorar!





ADOLESCENTE

A juventude de mil ocupações.
Estudamos gramática até ficar zonzos.
A mim me expulsaram do quinto ano
e fui entupir os cárceres de Moscou
Em nosso pequeno mundo caseiro
brotam pelos divãs poetas de melenas fartas.
Que esperar desses líricos bichanos?
Eu, no entanto, aprendi a amar no cárcere.
Que vale comparado com isto
a tristeza dos bosques de Boulogne?
Que valem comparados com isto
suspirosante a paisagem do mar?
Eu, pois, me enamorei da janelinha da cela 103
da oficina de pompas fúnebres
Há gente que vê o sol todos os dias
e se enche de presunção.
Não valem muito esses raiozinhos dizem.
Eu, então, por um raiozinho de sol amarelo,
dançando em minha parede
teria dado todo um mundo.

(Wladimir Maiakovski)




PARADA GAY A cidade de Cabo Frio vai se pintar com as cores do arco-íris durante o I Cabo Free - Encontro de Cultura GLS, entre os dias 8 e 11 de julho. O evento pretende unir Rio, Minas e São Paulo no mesmo lugar, inserindo a Região dos Lagos definitivamente no circuito de turismo GLS do país e do mundo. Durante o fim de semana vai haver uma sucessão de festas, eventos, shows e palestras, além de muita pegação, é claro. O I Cabo Free está sendo realizado em substituição ao Findi Gay de Búzios, que foi cancelado por exigência da comunidade evangélica da cidade, que pressionou o prefeito Mirinho Braga, que é evangélico. "Búzios é uma cidade careta e conservadora." Quem diz é a jornalista Renata Cristiane, uma das organizadoras do evento. "Aqui na Região dos Lagos todo mundo sabe que Cabo Frio é muito mais liberal e simpatizante, por isso temos certeza que o I Cabo Free será o evento gay do ano".

9.6.04




Feliz é quem o julgar ser, e não quem a outros parece.

O FLÂNEUR - O livro é o melhor companheiro do homem. Meu companheiro, no momento, chama-se O flâneur, um delicioso relato do escritor americano Edmund White sobre os paradoxos de Paris. O livro faz parte de uma coleção, editada pela Companhia das Letras, que traz o mapa íntimo de grandes cidades do mundo, desenhado por alguns dos melhores escritores contemporâneos. Edmundo White é o escritor americano, autor da fabulosa biografia do escritor frances Jean Genet.


O que é um "flâneur"? O Webster define simplesmente como "an idle man-about-town", um desses "dândis fin-de-siécle" que vaga através das metrópoles européias em busca de animação, movimento, fofocas e beleza. Existe também uma revista chamada FLÂNEUR , dedicada a celebração da vida urbana. O Aurélio não define o que é um flâneur, que deveria ser traduzido como flanador, mas define flanar como "passear ociosamente sem destino, vagabundear".


Existe uma literatura "flâneur", cujos principais representantes são Walt Whitman, Fran Lebowitz, Alfred Kazin, Baudelaire e Walter Benjamin. São escritores que buscam inspiração na alma da cidade e na essência das ruas. No Brasil o principal representante da literatura "flâneur" é o escritor João do Rio, autor do livro "A alma encantadora das ruas".


Um dos meus hobbies favoritos é exatamente flanar pelas ruas do Rio de Janeiro. No domingo passado, aproveitando o sol de outono, depois de fumar um Marcelo Anthony, saí para um passeio pelas ruas da zona sul e fui parar no Leme. Lá tem um quartel do exército onde, pagando apenas R$ 1,50, você pode entrar e visitar o Forte Duque de Caxias, que fica no alto do morro.


Dentro do quartel tem uma estrada que contorna a montanha. A estrada é cercada pela floresta, cheia de pássaros e sagüis. A vista é linda. E exclusiva. Dali se pode ver uma ilha que eu nunca tinha visto no litoral do Rio. Eu me senti fora da cidade ao perceber o silêncio e a música que vinha das ondas do mar, batendo nas pedras lá embaixo, e do farfalhar das folhas das árvores, açoitadas pelo vento. O Forte, lá no alto, foi construído no Governo do Vice-Rei Marquês do Lavradio (1769-79), e tinha função de mirante, prevenindo e alertando as fortificações vizinhas. Era guarnecida por uma Companhia de Dragões das Minas, tendo o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, ali servido em 1789. A vista lá do alto é sensacional. Dá para ver toda a Copacabana. A Urca, de um ângulo nunca visto. Niterói, parece bem perto. Além da floresta se encontrando com a imensidão do mar.




CONVERSA DE BOTEQUIM - A verdadeira bravura está em chegar em casa de madrugada, bêbado, sujo de batom, ser atacado pela esposa com uma vassoura e ainda ter peito para perguntar: "Você vai varrer a casa agora ou voar pra algum lugar?"

5.6.04

SONATA DE INVERNO – Chove sobre o Rio. E tudo parece tão triste visto a partir de um sábado chuvoso. Sopra um vento frio. O horizonte é cinza no céu de Ipanema. O mar revolto parece açoitar a água da chuva. Parece que Ipanema chora e soluça de tristeza e desgosto. E eu sei porque chora Ipanema.


Quarta-feira uma moça foi atacada na praia, perto do posto oito. Em frente ao Barril 1800. No Castelinho, um dos pontos mais tradicionais de Ipanema. Ao mergulhar na praia, a mulher foi agarrada por um homem. Ao reagir à tentativa de estupro foi esfaqueada pelo maníaco. Foi salva por um turista, que pediu ajuda aos salva-vidas. Ela está no hospital, em estado de choque, cuidando dos ferimentos. O criminoso foi preso.


O Castelinho é um templo da cultura de praia do Rio de Janeiro. Desde os anos sessenta é um reduto da juventude dourada da zona sul. Point de algumas das mais belas garotas de Ipanema. Olhando a chuva caindo eu imagino o perigo a que ficaram expostas todas aquelas meninas que enchem de beleza e graça a praia do Castelinho. Algumas delas eu vi crescer e desabrochar para a vida.


Inverno. Dias e dias de céu nublado. Saudade da vida na praia, viajando sob o sol, que parece ter esquecido de mim.


Lá fora uma guerra civil. Rebeliões em presídios. Tiroteios nas favelas. Garotos pobres fazendo gestos obscenos para a polícia. Os bandidos fazem greves como se fossem funcionários públicos. Reivindicam o direito de matar e roubar, como qualquer presidente dos EUA. Querem fazer ouvir a opinião deles, mas não sabem como. E eu sei o que eles estão querendo dizer. Os bandidos dizem que não são muito diferentes da quadrilha que se instalou na Casa Branca. Se o presidente americano pode, eles também podem. E por isso querem um tratamento vip por parte da sociedade.


Enquanto isso, no Vaticano, o Papa recebe George W. Bush, que teve a cara de pau de presentear o líder da igreja católica, com uma porra qualquer do Congresso. O Papa deveria ter se recusado a falar com o anti-Cristo, que depois foi se encontrar com o fascista Silvio Berluscone, grande colaborador da máfia americana, na invasão do Iraque. Bush insiste na lenga-lenga da guerra ao terrorismo, mas o sujeito não engana mais ninguém. Todo mundo já sabe que o maior terrorista do planeta terra é o presidente dos EUA.


Quem salva o mundo, como sempre, é Madonna, com sua música e alegria. André Ramos e Bruno Chateaubriand mandam noticias de Las Vegas, onde foram assistir ao Re-Invention-Tour. Os meninos viajaram apenas para assistir aos shows da garota material. Embaixo de minhas cobertas eu revejo Drowned World Tour, o DVD do sensacional show de 2001. E a conclusão que chego é a mesma de sempre. Ela sabe tudo sobre o mundo dos espetáculos.


Seu grande momento como cantora é quando canta Gone, apenas com a banda. Mas, o resto do espetáculo é todo acompanhado de efeitos especiais e números de dança com um afiado grupo de bailarinos. A música Paradise é outro grande momento, quando surgem quatro bailarinos pendurados de cabeça para baixo, enquanto um telão exibe um vídeo com elementos da cultura japonesa. Então Madonna surge, vestida de gueixa, para cantar Frozen. É um dos trechos mais bonitos do show, com uma coreografia que imita golpes de artes marciais. Em seguida, durante a música Sky Fits Heaven, a coreografia é toda inspirada nas cenas de luta do filme O Tigre e o Dragão, com os bailarinos flutuando no ar. É muito bacana.


Mas isso não é tudo. A versão acústica de La Isla Bonita, que ela canta logo após Lo Que Siente La Mujer, é simplesmente mágica. Ela entra em cena tocando um violão, enquanto músicos e bailarinos “improvisam” uma percussão e um bailado de dança flamenca. É o máximo. No The Girlie Show, que eu tive a oportunidade de assistir no Maracanã, La Isla Bonita também era o melhor número do espetáculo. Mas, daquela vez, foi completamente diferente. Um estilo mais Broadway, com uma coreografia maravilhosa e a banda arrebentando nos metais e na percussão.


Ao telefone, falo com minha amiga Rita Lima, a locomotiva baiana que acabou de chegar da Austrália, onde vive com o marido inglês, para visitar a família em Itabuna. Ela veio matar as saudades da família, principalmente da mãe, dona Marília e dar uma olhada na sua imensa plantação de cacau. Falando ao telefone eu imaginava seus belos olhos verdes muito vivos e seus cabelos louros sendo jogados para trás, no melhor estilo perua.


Adoro Ritinha. Ela me contou que está super feliz com o marido, David, um empresário inglês que conheceu há dez anos, numa viagem à Espanha. Disse que está adorando o lugar em que vive, uma praia perto de Sidney. Você tem que ir me visitar na Austrália. Lá tem cada bofe.... Ela me dizia dando uma gargalhada. Uma gargalhada gostosa, que é uma marca da sua personalidade. Uma gargalhada que deve ser parecida com a risada de Irene. (Lembra da canção: Eu quero ir minha gente, eu não sou daqui, eu não tenho nada, quero ver Irene dar sua risada... )


A última vez que nos vimos foi uma noite muito feliz. Ela e David estavam dando uma volta ao mundo de barco e ficaram alguns dias no Brasil, curtindo o Litoral. Búzios, Cabo Frio, Angra e Parati. Quando estiveram no Rio ela me ligou e ficamos uma noite inteira bebendo champanhe, dando gargalhadas e admirando a vista da cidade, do alto da suite do Copacabana Palace.

3.6.04




Amar alguém significa ver essa pessoa como Deus a concebeu.

BEING BORING a música da dupla Pet Shop Boys sempre foi cultuada pelo fãs, desde que foi lançada no disco Behaviour, de 1991. Embalada pelo magnífico videoclipe dirigido por Bruce Weber, a canção conquistou corações e mentes do público descolado, que na época ainda estava se recuperando da orfandade dos anos 80. As belas imagens em preto-e-branco do clipe pareciam exalar a canção suave e triste que falava da saudade de algo que não se viveu, do confronto entre o sonho e a realidade, da perda da inocência e do secreto desejo de ser eternamente jovem. A música foi tão marcante como registro de uma época que ganhou um site só para ela. Clique aqui e saiba tudo sobre a canção e veja fotos do clipe e do making-of. Um luxo!


I came across a cache of old photos
and invitations to teenage parties.
“Dress in white,” one said with quotations
from someone’s wife, a famous writer
in the nineteen-twenties.


When you’re young you find inspiration
in anyone who’s ever gone
and opened up a closing door.
She said we were never feeling bored.


‘Cause we were never being boring,
we had too much time to find for ourselves.
And we were never being boring,
we dressed up and fought, then thought “make amends.”
And we were never holding back, or worried that
time would come to an end.


When I went, I left from the station
with a haversack and some trepidation.
Someone said “If you’re not careful,
you’ll have nothing left and nothing to care for
in the nineteen-seventies.”


But I sat back, and looking forward,
my shoes were high, and I had scored.
I’d bolted through a closing door,
and I would never find myself feeling bored.


‘Cause we were never being boring,
we had too much time to find for ourselves.
And we were never being boring,
we dressed up and fought, then thought “make amends.”
And we were never holding back, or worried that
time would come to an end.
We were always hoping that, looking back
you could always rely on a friend.


Now I sit with different faces
in rented rooms and foreign places.
All the people I was kissing,
some are here and some are missing
in the nineteen-nineties.


I never dreamt that I would get to be
the creature that I always meant to be.
But I thought, in spite of dreams,
you’d be sitting somewhere here with me.


‘Cause we were never being boring,
we had too much time to find for ourselves.
And we were never being boring,
we dressed up and fought, then thought “make amends.”
And we were never holding back, or worried that
time would come to an end.
We were always hoping that, looking back
you could always rely on a friend.


‘Cause we were never being boring,
we had too much time to find for ourselves.
And we were never being boring,
we dressed up and fought, then thought “make amends.”
And we were never being boring,
we were never being bored,
‘cause we were never being boring,
we were never being bored.




A BOLHA DA SUPREMACIA AMERICANA - O momento em que o maligno George W. Bush é recebido pelo Papa João Paulo II, é uma boa oportunidade para ler A Bolha da Supremacia Americana, livro do financista George Soros, que é um ataque direto à política belicista da máfia da Casa Branca. O autor, que é um simbolo do sistema financeiro, defende a idéia que Bush e sua gangue são uma ameaça ao capitalismo, na medida em que ele quer transformar a economia mundial em refém da indústria bélica.


Os Estados Unidos desfrutam no mundo, atualmente, de uma posição de domínio que não pode ser posta em xeque num futuro previsível por qualquer outro Estado ou associação de Estados. Só perderá este domínio em conseqüência de seus próprios erros. E no momento, o país está cometendo esses erros. Os EUA se encontram nas mãos de um grupo de extremistas que se consideram investidos de uma missão num grau só equiparável ao das falsas certezas de que se imbuem. Em A BOLHA DA SUPREMACIA AMERICANA, George Soros, um dos maiores financistas do mundo, analisa a atual política internacional americana e critica a guerra e o terror do presidente George W. Bush.


Soros mostra como o conflito com o Iraque vem sendo usado para impor visões e interesses de Washington ao resto do mundo. A invasão do Iraque foi a primeira aplicação prática da doutrina Bush, provocando uma reação mundial de repulsa. A decisão unilateral da invasão sem qualquer prova clara de que Saddam Hussein tivesse alguma coisa a ver com os ataques terroristas de 11 de setembro ou possuísse armas de destruição em massa levou a opinião pública mundial contra Bush. Sustento que o governo Bush explorou deliberadamente o 11 de setembro para promover políticas que de outra forma o público americano não teria aceitado.


A BOLHA DA SUPREMACIA AMERICANA ataca o sonho de supremacia americana sustentado por Bush. Tal conceito é inatingível e vai de encontro aos princípios que a América tradicionalmente sustenta. Põe em risco ao mesmo tempo os nossos valores e a nossa segurança. E põe em risco todo o mundo, por ser a América tão poderosa, alerta o autor. O livro traz informações polêmicas, e muitas pessoas discordarão violentamente, mas Soros as justifica pela gravidade da situação atual: Não vivemos numa época normal. Meu objetivo principal passou a ser o de convencer o público americano a rejeitar o presidente Bush nas próximas eleições.




Eu não quero um homem que só diga SIM trabalhando comigo. Quero alguém que fale a verdade, mesmo que isso lhe custe o emprego. - Samuel Goldwyn

2.6.04




Perdoe seus inimigos mas não esqueça seus nomes.

ARTE POR TODA PARTE - o quadro que mais me impressionou na exposição do acervo das irmãs Ema e Eva Klabin, no Museu Nacional de Belas Artes, foi Vista de Olinda, do pintor holandês Franz Post. Franz Post veio para o Brasil em 1637, a convite de Mauricio de Nassau, documentar aspectos do Brasil, com suas telas. Desse período, sabe-se da existência de 18 telas, 11 delas desaparecidas. Essas obras representam a primeira visão do Velho Mundo sobre o Novo Mundo nas artes e, por isso, tornaram-se verdadeiras coqueluches dos museus e leilões internacionais.


Historicamente, sua importância é imensa, tendo sido o primeiro pintor, em terra americana, a dar uma versão ao mesmo tempo fiel e poética da região, num momento em que toda a ênfase era concedida à pintura de natureza religiosa. Entre 1996 e 1997, uma de suas obras, pintada durante o período em que estava no Nordeste, Cidade Frederica na Paraíba, de 1638, foi descoberta em um castelo da Baviera. Sendo vendida dois anos depois em um leilão da Sotheby's, por US$ 4,5 milhões, negociação que representou um recorde mundial para uma obra produzida no Brasil
Depois que voltou para Holanda, o artista produziu mais de uma centena de quadros sobre o Nordeste. Pintava-os de memória ou em cima dos esboços que fizera a lápis, quando aqui viveu.






Mas não foi só Franz Post que me emocionou. A mulata do Di Cavalcanti, realmente, é a tal. Impressiona o porte e o semblante da mulata retratada por esse ícone da arte brasileira. A exposição também tem Tintoretto, Renoir, Marc Chagall, Rembrandt, Portinari, Tarsila e Lasar Segall. No núcleo de arte oriental tem tapetes, esculturas, gravuras e peças de mobiliários das dinastias Ming e Tang.


Na cerimônia de abertura da exposição o presidente do MNBA Paulo Herkenhoff afirmou que era uma honra para o museu poder disponibilizar para a cidade um acervo como aquele. Em seguida o professor Helio Jaguaribe emocionou a todos com seu discurso em que ressaltou a importância da arte para a alma humana. Finalizando o presidente da Fundação Klabin, o ex-prefeito do Rio Israel Klabin, ressaltou a identificação da familia Klabin com a cidade. A exposição, montada com requinte e bom gosto, ficará a disposição do público até primeiro de agosto.

Madonna vem aí...

 

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