25.11.04

SAMBA & AMOR – Nasce um novo bloco carnavalesco em Ipanema: Si num guenta porque veio? O bloco foi idealizado pelo empresário Fred Neci, que promoveu animados pagodes dominicais na Cobal do Leblon. O sucesso das rodas de samba, freqüentada pela juventude dourada da zona sul, acabou gerando o bloco que pretende agitar a cidade desfilando na terça-feira de carnaval. Os ensaios do novo bloco agora estão sendo realizados no Chiko’s Bar, na Lagoa quase esquina com a Joana Angélica. Mais Ipanema, impossível.


O ensaio do último domingo estava pura animação, lembrando os bons tempos do Suvaco de Cristo. Uma bateria nota dez animando a galera e, nos intervalos, o DJ Markus Kabul incendiava a pista com sucessos do carnaval. O clima perfeito para curtir o verão de Ipanema depois da praia. Na pista super lotada um batalhão de gente bonita. Rapazes e moças com aquele certificado de garantia do Posto Nove. Pois é! O filé mignon da juventude descolada do Rio de Janeiro se esbaldando ao som dos pandeiros e tamborins. Viva o verão!




ANGELS IN AMÉRICA - Já chegou às locadoras da cidade a versão para a TV de ANGELS IN AMÈRICA, espetáculo teatral de grande sucesso do autor Tony Kushner. Na TV a peça adquiriu o formato de minissérie e recebeu o reforço de um elenco de peso: Al Pacino, Meryl Streep e Emma Thompson. Como no teatro, a minissérie é um espetáculo grandioso, que conta de forma trágica e pungente o surgimento da AIDS em Nova York. E também o sofrimento das vítimas, o preconceito, o desespero. Junto com a AIDS o autor mistura outras grandes mazelas da sociedade americana como o preconceito racial, a mentalidade conservadora e o fundamentalismo republicano. É uma barra pesada.


Graças a um roteiro eficiente, diálogos corretos e a direção precisa de Mike Nichols, o espetáculo flui com a mesma beleza e lirismo da montagem teatral, que eu tive o prazer de assistir na versão brasileira estrelada por João Vitti. Destaque para os efitos especiais, principalmente nas aparições do anjo. Por outro lado é preciso reconhecer que a versão cinematográfica potencializou o coquetel AIDS+preconceito+conservadorismo+mentalidade republicana e isso elevou o quociente de amargura da trama de Mr. Kushner. O fato é que a América amargurada retratada no filme parece vislumbrar um prenúncio da América decadente dos dias de hoje.


Merece destaque a cena em que dois rapazes dançam ao som de Moon River, a música tema do filme Bonequinha de Luxo. Um deles está morrendo de AIDS e, num momento de delírio, ele se vê dançando num cenário idílico com o seu amante. É uma das cenas mais bonitas do filme de Mike Nichols. Curioso é que, a mais bela cena do filme Má Educação, de Almodóvar, também é ao som de Moon River. Na beira do Rio, o padre toca o violão enquanto um garotinho lindo canta em espanhol uma versão da mesma música, momentos antes da criança ser vítima de um assédio sexual. Nas duas cenas a canção de Bonequinha de Luxo está presente, imprimindo sua marca, determinando sua influência na história do cinema.




NUNCA MAIS POR ENQUANTO - O jornalista Luiz Antônio Giron, editor de cultura da revista Època, está lançando livro de contos: Nunca mais por enquanto. Fugindo ao realismo que vem dominando a prosa contemporânea, Giron lança mão de uma linguagem vertiginosa e dos mais variados recursos da
intertextualidade para dar vida a tramas nas quais seus personagens estão sempre caindo em precipícios, amando sem ser amados e, invariavelmente, sendo assediados pelo horror e pelo medo da linguagem. Linguagem esta que atravessa os contos cumprindo uma função de personagem dramático. Luiz Giron publicou seu primeiro conto em 1977. Desde então, vem produzindo ficção, paralelo a reportagens, críticas, crônicas e ensaios nos mais importantes veículos e sites do país. Dedica-se ao estudo da crítica e da música, campo no qual especializou-se com Doutorado em Artes Cênicas e Mestrado em Musicologia, ambos pela Universidade de São Paulo. É autor do romance Ensaio de Ponto.

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