29.4.04




A provação vem, não só para testar o nosso valor, mas para aumentá-lo; o carvalho não é apenas testado, mas enrijecido pelas tempestades.

28.4.04

UMA NOITE EM BRANCO - Meu querido amigo Mauricio Branco me liga para convidar para a estréia do seu espetáculo Uma Noite em Branco, na Casa do Riso. Sempre que converso com o Mauricio damos boas gargalhadas. Ele sempre debocha de mim por causa da minha paixão pelo jiu-jitsu. No telefone ele foi logo perguntando: quando é o próximo campeonato de jiu-jitsu? E deu uma gargalhada. Aliás, o Gilberto Scofield também diz que não entende essa minha adoração pelo jiu-jitsu, mas segundo ele, isso já faz parte de mim. O show do Mauricio estréia dia 6 de maio e fica em cartaz durante um mês.


Quando ele apresentou esse show durante uma curta temporada no Teatro Café Pequeno, no Leblon, foi um grande sucesso. A repercussão foi incrível. O curioso é que eu sempre falei para o Mauricio fazer um pocket-show pois seria um sucesso. Ele é um sujeito muito engraçado. Um excelente humorista. Sempre que encontrava com ele dava boas risadas com suas tiradas inteligentes e bem humoradas. Sem falar nas imitações geniais que ele faz de Marisa Monte, Bebel Gilberto e Renata Sorrah. Recomendo esse show.




KILL BILL - Adorei o filme do Tarantino. A direção, a montagem, as cenas de luta, os cenários. Mas, o que eu mais curti no filme foi Lucy Liu. Adoro essa atriz...


DIA DE SORTE - Hoje encontrei duas vezes com a Cíntia Howllet. Primeiro no calçadão de Ipanema. Depois na rua Vinicius de Moraes, onde ela passou toda serelepe, pedalando uma bicicleta.


FOSFOBOX - Cabbé Araújo, o promoter mais descolado da cidade, abriu um bar transadíssimo na galeria dos antiquarios, em Copacabana. O nome do lugar é Fosfobox e, todo mundo que vale a pena, está frequentando o lugar.


FETICHE POUCO É BOBAGEM - É o máximo do fetiche. Um fotolog que só publica fotos de rapazes cortando o cabelo. É o tarado da barbearia em ação. Eu que sempre achei super sexy homem com o cabelo recém cortado, fiquei imediatamente fã desse fotolog. Clique aqui!




As dificuldades devem ser usadas para crescer, não para desencorajar. O espirito humano cresce mais forte no conflito.

IPANEMA-110 ANOS - A praia de Ipanema, trecho do oceano atlântico compreendido entre as pedras do Arpoador e o Jardim de Alá, sempre teve vocação para musa do Rio de Janeiro. Já em 1929 o escritor Théo Filho escreveu A praia de Ipanema, um romance em que descrevia a região como um lugar paradisíaco, uma praia deserta de um bairro afastado. No livro o escritor descreve os bosques que margeavam as ruas arborizadas e os casarões afastados um dos outros.


Foi, entretanto, em 1962 que a praia de Ipanema se tornou paixão nacional quando Tom e Vinicius lançaram a canção Garota de Ipanema, que traduziu para o Brasil e o mundo o estilo de vida dos habitantes daquele pequeno mundo. Nos anos 60 e 70 Ipanema viveu uma espécie de fase áurea, exportando personagens, modas, artistas, posicionamentos políticos e modos de vida. Agora, no alvorecer do século 21, Ipanema ainda é a grande musa do litoral brasileiro? Não tenha dúvida que sim. Com seus 110 anos de existência a praia de Ipanema parece conter em seu âmago o segredo da eterna beleza e juventude.


A praia de Ipanema começa no Arpoador, desde sempre o trecho favorito dos surfistas cariocas por causa de suas ondas perfeitas. A montanha rochosa que invade o mar permite uma visão privilegiada da praia além de ser um lugar perfeito para a meditação. A areia, em frente ao hotel Arpoador Inn, é um reduto de celebridades. Gilberto Braga e a musa Cintia Howllet moram ao lado do hotel e vão à praia lá. Assim como Royler Gracie, Andreia Feter, Lilibeth e Walter Rosa, Débora Bloch e Olivier, Bebel Gilberto e Felipe Dylon.


O Castelinho é outra famosa praia de Ipanema. Na virada dos anos 60 para os 70 existiu ali, na altura do posto 8, um famoso bar de beira de praia que tinha a forma de um castelo. Na época o lugar era um reduto de belos e belas da zona sul. Reino absoluto de Ionita Salles Pinto. Hoje, no lugar do Castelinho tem um espigão espelhado. Mas o nome ficou e hoje a praia é frequentada pelos filhos e netos daqueles que fizeram daquele lugar uma lenda ipanemense. Ali não se encontra nenhuma celebridade apenas estrelas do pedaço. A musa Daniela Fernanda, Ricardo Vieira, Xande Garcez, Marcelo Cazuza, além dos jogadores de futebol que se travestem no reveillon e formam as Quengas do Castelinho.


O Palácio de Cristal é o reduto de gays, lésbicas e simpatizantes. O nome do local é uma referencia ao edificio espelhado que fica entre as ruas Farme de Amoedo e Teixeira de Melo, onde moram Caetano Veloso e Paula Lavigne. No pedaço, pessoas do mesmo sexo andam de mãos dadas, se beijam na boca, trocam carícias e juras de amor. Sem medo de serem felizes. Logo em seguida vêm o reduto dos machões da Farme. E entenda-se "machões", não como uma crítica mas apenas uma característica. Afinal, os rapazes têm o seu charme e seu estilo. A musa da área é a femme fatale Ana Cláudia.


Na altura da rua Vinicius de Moraes a praia se transforma numa grande quadra de esportes. É o reduto dos jogadores de futebol e dos craques do futevôlei, esporte surgido na praia, mistura de futebol com vôlei. É lá que os melhores jogadores desse esporte disputam suas partidas: Barbosa, Helinho, Marcelo Monfort, o dentista galã Fernando Lourenço Sergio e Lelé, que é um dos inventores do futevôlei. Os craques do futebol brasileiro Edmundo, Felipe e Fabio Baiano não saem de lá. Já Renato Gaúcho, que é um carioca por temperamento e vocação, faz daquele pedaço de praia uma extensão da sua casa. As musas do pedaço são Bianca Rimer e Paola Barbosa.


O Posto Nove é reduto dos libertários, rebeldes sem causa e malucos-beleza. Do lado esquerdo de quem está olhando para o mar, o nove (os íntimos falam assim: o nove) é reduto de petistas da zona sul e esquerdistas de última hora, todos se deliciando com os sanduiches da barraca do uruguaio. O lado direito do nove reúne os malucos-beleza e a juventude dourada mais descolada. Jovens bonitos de corpos malhados. Ponto de encontro de maconheiros, sem que isso signifique arruaceiros. Pelo contrário. É o pessoal que acredita nos princípios hippies do final dos anos 60. Paz, amor e sexo livre.


O trecho em frente a rua Garcia D´ávila é o paraíso do que Ibrahim Sued chamaria de "geração pão com cocada". Adolescentes classe média, com idade entre 13 e 17 anos. Ponto de turmas de colégios e cursinhos de inglês. Uma juventude linda que está descobrindo a paquera, o namoro e a beleza da vida. No Country Club se reúne os belos e belas do high society, como Carlos Eduardo Chermont de Brito, Joaquim Marcondes Ferraz, Tatiana Figueredo e o modelo Miguel Kelner. A praia também é freqüentada por celebridades do mundo das artes marciais como Murilo Bustamente, Alan Góes, Amauri Biteti e Vitor Belfort. Logo depois, perto das dunas, a praia é habitada por moradores do Jardim de Alah.


É a junção dessas praias, com suas tribos e turmas, que forma a praia de Ipanema. Turmas que trazem em seu DNA a influência da Ipanema do passado que já teve Arduíno Colassanti como seu primeiro surfista; Leila Diniz, Duda Cavalcanti, Márcia Rodrigues e Rose di Primo como musas; o Píer, a Montenegro, o Sol Ipanema e O Castelinho como pontos de referência. Em comum entre todas as tribos a paixão pelo mar e a certeza de que é um mergulho nas águas salgadas da Praia de Ipanema que concede ao cidadão do Rio a nobre qualidade de ser carioca.

23.4.04




Aquele que deseja ir até o fundo de si mesmo jamais será poupado do desafio do sofrimento.

ANIVERSÁRIO DE IPANEMA - O escritor Lúcio Cardoso é um dos mais célebres personagens gays desses 110 anos de Ipanema. Até 1962 ele morou num apartamento na rua Joana Angélica, esquina com Alberto de Campos, onde realizava saraus que reunia artistas, intelectuais, boêmios e garotões. Era um tempo em que as pessoas viviam com a porta de suas casas abertas e recebia-se muito. E todos adoravam o escritor, que era um tipo exótico e sofisticado. O cineasta Luis Carlos Lacerda, ainda menino, freqüentava o apartamento. Assim como Marcos Konder Reis, Ferdi Carneiro e o cineasta Paulo César Saraceni que era um bofe deslumbrante, que jogava no Fluminense. Conta-se que certa vez Lúcio Cardoso se apaixonou por um empregado de um botequim que ficava em frente a Chaika. No final do expediente, o escritor ia ajudar o bofe a arrumar o botequim e lavar os ladrilhos. Não é lindo o amor? perguntaria as ondas do mar de Ipanema.


WALMIR AYALA - Quando Lúcio Cardoso mudou do apartamento de Ipanema, em 62, outro escritor foi morar no mesmo endereço: Walmir Ayala. Poeta, escritor, crítico de arte e gay. Ayala fez questão de manter a tradição ipanemense e continuou promovendo os saraus intelectuais, à moda doseu antecessor. Freqüentavam sua casa personalidades como o artista plástico Farnésio de Andrade, José de Freitas e Alex Nicolaiev. Foi dramaturgo e escreveu as peças Nosso filho vai ser mãe e Essa noite comeremos rosas. Em meados dos 70 Walmir adotou como seus os filhos de sua empregada e mudou-se para Saquarema onde viveu até sua morte.


AS WALQUIRIAS - Um grupo de lesbian chics marcou época na Ipanema dos anos 60. Era um grupo de mulheres densas, decididas e “colocadas” demais. Andavam sempre juntas e tinham uma particularidade: eram lindas. A presença forte fez com que o grupo ganhasse um apelido: As Walquirias. As Walquirias eram a aeromoça Florinda, a professora Valeriana, a jornalista Sonia, a fotografa Helga e Ledão. Elas freqüentavam os saraus de Walmir Ayala e o bar Pizzaiolo, onde bebiam muito e tinham crises existenciais. Por serem bonitas viviam sendo assediadas pelos homens. E quando demonstravam que não gostavam de rapazes, as moças eram hostilizadas. Elas reagiam e a história sempre acabava em socos e pontapés. Ficaram famosas, no Jangadeiros, as brigas em que Helga e Ledão pegavam as cadeiras do bar e botavam os homens para correr.


O VERNISSAGE - A Farme de Amoedo sempre foi um reduto do gay society. Durante a efervescência cultural dos anos 70 moravam na rua o ator Rubens Araújo e os escritores João Carlos Rodrigues e Luis Carlos Góes. Certa vez, na juventude, os três estavam no apartamento de Rubens puxando um fumo e pegaram algumas folhas de papel oficio e começaram a desenhar bobagens. Doidões, resolveram fazer um vernissage. Começaram a ligar para as pessoas avisando, enquanto Rubens encomendava alguns engradados de cerveja no Bofetada. À noite, toda a fauna artístico-intelectual do Rio de Janeiro apareceu no apartamento para ver os quadros, folhas de papel coloridas coladas a parede. Bárbara Heliodora, Odete Lara, Yan Michalski, Arnaldo Jabor, Maria Fernanda, Ney Matogrosso, Guilherme Araújo, etc. A viagem dos malucos-beleza se transformou num grande acontecimento social daqueles tempos.


OS MACHÕES - A Farme de Amoedo sempre foi reduto de machões. Gays que moraram na rua em outros tempos contam que desde sempre a Farme é um reduto de pitboys. “É uma coisa que passa de pai para filho”, diz o escritor João Carlos Rodrigues, que morou cinco anos na rua e já levou uns tabefes da turma. Certa vez um grupo de machões do pedaço chegou a invadir o apartamento de Poty, intelectual que hoje trabalha na cinemateca de Nova York. Eles ficaram indignados porque Poty estava tendo um caso com um dos rapazes da turma. Poty conseguiu escapar dos valentões e para se vingar escreveu uma peça chamada Lust on Farme Street (Luxúria na rua Farme), onde imortaliza os pitboys da rua. Pois é. Os pitboys da Farme, quem diria, acabaram em Nova York!

19.4.04




Vencer não é competir com o outro. É derrotar os seus inimigos interiores. É a própria realização do ser.


ANIVERSÁRIO DO JB - Foi ao som de violinos, a missa rezada hoje por Dom Eugênio Salles, em comemoração aos 113 anos do Jornal do Brasil. A cerimônia religiosa foi na Igreja da Candelária, no centro do Rio. Diretores da empresa leram trechos da Bíblia. Na homilía Dom Eugênio falou sobre a responsabilidade da imprensa e sobre a história do JB. Depois da missa os diretores do jornal receberam, na sacristia, os cumprimentos de amigos e funcionários do jornal. Dr. Nelson Tanure e Patricia, Ricardo Mayer, Paulo Marinho, Cristina Konder, Marcos Barros Pinto, Hildegard Angel, Marcia Peltier, Marcia Pereira, Clarisse Mantuano, Maria Lúcia Dahl, Sylvia de Castro, etc.





NOS EMBALOS DE IPANEMA - Às vesperas de completar 110 anos, a praia de Ipanema esteve gloriosa este fim de semana. O mar de águas plácidas parecia convidar os cariocas a um mergulho. O dia lindo fez todos esquecerem os momentos dificeis dos últimos dias e lembrar que o Rio ainda é a Cidade Maravilhosa. Não vai ser meia dúzia de balas perdidas que vão mudar essa condição. No Posto 9 impressionava a quantidade de mulheres bonitas. Na Vinicius craques do futebol como Edmundo e Renato Gaúcho se confraternizavam com craques do futevôlei como Lelé e Barbosa. No Palácio de Cristal uma multidão de gays e lésbicas e a presença de personalidades do gay society como Cláudio Gomes e Gustavo Carvalho. No Castelinho Andréa Lago, neta do saudoso Mario Lago, encantava a todos com seu corpo malhado num biquini mínimo. Na Garcia D´Avila a mauriceia desvairada em peso foi prestigiar o sol. Destaque para o teen Renatão, muito festejado pelas garotas. Em frente ao Country os belos do high society Luiz Eduardo Marcondes Ferraz e Carlos Eduardo Chermont de Brito, o Xuxu. Quem foi à praia este fim de semana não tem a menor dúvida: O Rio de Janeiro continua lindo...




RECORDAR É VIVER - Os veteranos Léo Jaime, Ritchie, Leoni, Evandro Mesquita e Kid Vinil cantam e tocam no Oi Noites Cariocas, no próximo sábado, 24 de abril. Uma prova viva que o bom e velho rock'n' roll está firme e forte na noite do Rio. Com o sucesso alcançado no show que fizeram, dia 31 de janeiro, o quarteto volta a se apresentar no Morro da Urca, e agora com a participação de Leoni. A noite conta ainda com o DJ Bernardo Castejá no salão Stage e o DJ Marcelo Mistake no Skol Club.




UM TIRA DA PESADA - A violência na cidade e os tiroteios na favela da Rocinha, assunto favorito da imprensa nos últimos dias, acabaram colocando em evidência um dos maiores simbolos sexuais do Rio de Janeiro: o chefe da Polícia Civil Álvaro Lins. Alguém tem dúvida que ele merece figurar na lista dos homens mais gostosos do Rio? Aqui na redação do JB, minhas colegas de trabalho são loucas por ele. Sempre que aparece na TV, ou em fotos do jornal, o bofe é alvo de atenções e olhares apaixonados. Normalmente ele aparece vestindo terno mas, devido aos últimos tiroteios, ele apareceu na TV usando camiseta preta e colete à prova de balas. Estava lindo. Foi um verdadeiro coro de ohs e uis. Realmente Álvaro Lins é um homem muito sexy. É bonito, másculo, decidido. E, além disso, é policial. Eu adoraria ser algemado por ele!!!


Outro dia eu comentava sobre o Álvaro Lins com o Ezequiel Neves. Dizia o quanto eu o achava sexy e gostoso. Então o Ezequiel me contou uma história sensacional. Disse que o Álvaro Lins, quando jovem ia à praia em Ipanema, lá pelas bandas do posto nove. E quando ele chegava na praia as mulheres e as bichas ficavam loucas, pois ele era deslumbrante. Se hoje ele é um pão, imagine aquele homem com vinte anos. Então a turma da praia o apelidou de Alvinho. Não é otimo esse apelido? Alvinho!


Mas isso não é tudo. Alair Gomes, o célebre fotografo brasileiro fez várias fotos do Álvaro Lins, ou Alvinho. Alair Gomes , como todos os seus fãs sabem, gostava de fotografar os rapazes de Ipanema, sem que eles percebessem. Para Alair, o modelo não poderia saber que estava sendo fotografado, para não perder a pureza e a espontaneidade. Então, sem que Alvinho percebesse, Alair, com sua poderosa tele-objetiva, fez várias fotos do bofe. Pois é. Muito antes de se tornar o chefe da policia civil Alvaro Lins foi "vítima" de um X-9. Mas, diga-se de passagem, um X-9 chiquérrimo!!! Certamente os negativos das fotos devem estar entre os milhares que estão em poder da Biblioteca Nacional.


18.4.04

RIPLEY`S GAME – Tom Ripley, o fascinante personagem criado por Patrícia Highsmith, está nas telas da cidade em O retorno de Tom Ripley, filme de Liliana Cavani, que é uma pequena obra prima. Mrs. Highsmith certamente ficaria orgulhosa dessa adaptação do livro Ripley´s Game. A diretora entendeu o livro e o personagem e fez uma transposição primorosa para as telas. O mundo e a mente fascinantes do personagem estão lá, em cada detalhe.


Eu jamais escolheria John Malkovich para interpretar Ripley. Aliás, eu jamais escolheria John Malkovich para fazer qualquer filme. Mas ele está fantástico como o aventureiro americano que vive dando golpes na Europa. As locações são sensacionais e traduzem com perfeição as descrições do livro. Os diálogos são brilhantes e, através deles, o espectador percebe a inteligência, o humor e a sofisticação do anti-herói.


A trilha sonora é de Ennio Moricone. Dito isso não precisa se dizer mais nada. E a diretora soube usar a música com a mesma sabedoria que Sergio Leone usou nos seus faroestes. É linda a trilha! Que combina com os cenários, que combina com os figurinos, que combina com o suspense contido no roteiro. Cinema é a maior diversão.




A NOITE DO BEL CANTO - A encantadora música de Mozart sempre é um alento para a alma. Por isso foi com grande prazer e emoção que assisti a montagem da ópera A Flauta Mágica, em cartaz no Theatro Municipal. O espetáculo é lindo. Os grandes nomes do teatro lírico carioca junto com a orquestra do Municipal deram um show de arte e beleza. Exibindo para a platéia toda a pureza e a intensidade da música de Wolfgang Amadeus Mozart. Além disso, o espetáculo está muito bem encenado. A teatralidade bem trabalhada. Cenários criativos, de grande impacto visual, ajudavam os espectadores a saborear a música magnífica do compositor alemão.

8.4.04




Aquilo que os princípios têm de cômodo é que podemos sacrificá-los quando for preciso.

DOMINGO DE PÁSCOA – Uma delícia o almoço de páscoa promovido por Guilherme Araújo em sua casa em Ipanema. Guilherme adora receber e disse aos amigos que ele ficou famoso por suas festas e que agora quer ficar famoso pelos almoços promovidos em sua casa. O dia nublado realçou o clima outonal desde a rua arborizada onde mora. O menu não poderia ser mais adequado para um domingo de páscoa: coelho à caçadora. Mas eu não comi o coelho, pois tenho pena do bichinho. Quando alguém insistiu para que eu experimentasse só um pedacinho Rodrigo Argollo comentou que o coelho parecia um bebê assado. Eu desisti imediatamente.


Não havia apenas coelho. Tinha também bacalhau, arroz de passas, uma farofa deliciosa, e vários tipos de salada. E um grupo maravilhoso se reuniu em torno de Guilherme para se deliciar com o almoço que ele preparou com tanto carinho. Quem estava lá? Noelza Guimarães deslumbrante, distribuindo sua classe como se aquilo fizesse parte de menu. Wilson Cunha e Flávio Marinho, um dos mais representativos casais do nosso gay society. Simpáticos e elegantes. Claude Amaral Peixoto com um colar que tinha umas bolas enormes. Renata Deschamps com um amigo italiano. Yara Figueredo sem turbante. Tânia Caldas comendo sem parar. Ferrnada Bruni contando que o seu filho de 26 anos vai casar com uma menina de dezesseis. (O filho dela é um bofe lindo.) Zuenir e Mary Ventura. Haroldo Costa e senhora. Mauricio Sherman. Paulinho Lima e seu companheiro Guilherme. Léa Millon contando mil babados dos bastidores da MPB, já que ela é poderosa no setor. Falando super bem do Jorge Benjor, dizendo o quanto ele é maravilhoso e educado. (Lembram da música W Brasil quando o Benjor diz: “Alô, alô Tia Léa / se tiver ventando muito / não venha de helicóptero...)


Os assuntos mais falados no almoço? A tensão nos bastidores da MPB por causa da crise do disco. A decepção das pessoas com o governo Lula. E o tiroteio na Rocinha, deixando todos indignados. Todo mundo ridicularizando com a governadora Rosinha e seu marido.


Noelza contou que não quis ir passar o feriado em Búzios, pois a cidade fica muito cheia. Também disse que tentou fazer um almoço de páscoa só para a família, mas que as filhas estavam muito ocupadas. “Elas não ligam muito para mim”. Nós ligamos Noelza. Nós ligamos. No final da tarde, quando todos estavam indo embora Noelza, Fernanda, Tânia e Renata ficaram num canto, distraídas, fofocando sobre maridos, filhos, casas de praia, homens do passado e planos para o futuro. Mais socialite impossível!





T r a n s p a r ê n c i a s


venho da praia de um verão em que as ondas rolam redondas e lisas
sobre o mar sem formar espumas
e os olhos gulosos engolem glaucas e mornas transparências
goles de azul e verde
fazendo inveja à língua aos lábios e à goela.



por que me induzes por areias sem águas
ou zonas infestadas de feras
ou paludes sombrios
ou friagens cíticas
ou mares coagulados



por que me queres nessa terra monstruosa e trágica
onde erram poetas e mitógrafos
e nada é certo nada claro.





(Antonio Cícero, o poeta carioca, gravou um novo CD recitando seus poemas. )

2.4.04




Os milagres não acontecem em contradição com a natureza, mas só em contradição com o que sabemos da natureza.


NEVE SOBRE O RIO - A revista GLAM, que o JB publica na edição deste sábado como brinde para seus leitores, traz um inacreditável ensaio de moda, tendo como cenário o Rio de Janeiro. Até aí, nada demais. Acontece que, através de efeitos de computação gráfica, a cidade é mostrada como se fosse uma espécie de Sibéria. A neve domina o cenário. Os arcos da Lapa congelando. Pinguins caminhando no mar gelado. A nevasca desabando sobre o pão de açucar. As fotos estão lindas. A estrela do ensaio é a sempre bela Adriane Galisteu, que aparece esquiando em Ipanema e sobre a Lagora. As fotos são de Marcio Rodrigues e o styling é do sempre original Rogério S.


Além disso a revista tem reportagens com o estilista Carlos Miéle, o ator Rodrigo Hilbert, uma entrevista com Charlize Theron, uma matéria sobre os metrossexuais, Gilberto Abreu escrevendo sobre tatuagens, os desfiles de moda do circuito Elisabeth Arden e muito mais.


A GLAM é editada por uma dupla da pesada: Heloisa Tolipan e Wagner Fernandes, editores da coluna Gente, publicada diariamente no jornal. Heloisa e Wagner são pessoas adoráveis e profissionais
criativos e competentes. Ela é filha do radialista Nelson Tolipan, apresentador de Momento de Jazz, um sensacional programa de jazz, todos os dias na radio MEC. No sábado a revista será distribuida junto com o JB. Mas depois será vendida nas bancas para quem quiser comprar. Assim, os leitores do Globo, por exemplo, terão acesso a fantástica revista do JB. Assim caminha a humanidade...



VANITY FAIR - O fascinante mundo do jornalismo é descrito com muita percepção no livro COMO FAZER INIMIGOS E ALIENAR PESSOAS. O jornalista Toby Young descreve num estilo que eu chamaria de impiedoso sua temporada como funcionário da Condé Nast onde foi editor da revista VANITY FAIR. Seu editor chefe Graydon Carter é descrito como um tirano, vaidoso e emergente. Ele cita algumas máximas do seu chefe:


Você pode editar uma revista com uma máquina de escrever ou uma calculadora, mas não com ambas.


Não cometa o equívoco de pensar que o anunciante é o cliente, porque não é, o cliente é o leitor.


O importante não é quem você põe na revista, e sim quem você deixa de fora.






A seguir um irresistivel trecho do livro.




A força de trabalho da Condé Nast não mudou muito desde que Sam Newhouse comprou a companhia em 1959. Em sua ampla maioria, é ainda composta de WASPs, judeus e um diversificado conjunto de europeus. Há alguns ítalo-americanos, alguns asiático-americanos e até uma borrifada de afro-americanos, mas no todo eles têm muito pouca influência. A única mudança realmente significativa dos últimos quarenta anos é a ascensão dos homossexuais.


Na Condé Nast, os editores-chefes tendem a ser heteros, mas os departamentos de arte, os departamentos de fotografia e até mesmo os departamentos da moda são cidadelas gays. Quando se trata de questões de gosto, questões que vão desde as roupas que devem ser usadas em matérias sobre moda a que fotógrafos devem fotografar as capas, os homossexuais comandam o poleiro. Há revistas na América que abastecem explicitamente a comunidade gay, como Attitude, Out e Poz, mas é através de revistas ilustradas chiques, especialmente os títulos da Condé Nast, que os homossexuais exercitam o poder cultural fora de seu grupo demográfico. Numa grande proporção, eles definem o que passa por bom gosto nos Estados Unidos contemporâneo.


Um dos segredos mais guardados na Condé Nast é como o público leitor gay da revista GQ é amplo. A preocupação é que se isso se tornasse de dominio público, poderia afastar os leitores heterossexuais. No entanto, mesmo as denominadas revistas de mulheres têm seus fãs homossexuais. Uma pesquisa sobre o público leitor de Glamour realizada por Condé Nast em 1992 descobriu que 18 % dos leitores homens da revista eram gays ou bissexuais. Segundo a companhia de pesquisa de mercado que fez a pesquisa, um quinto desse grupo era de travestis procurando dicas de beleza e moda.


Durante meu tempo na Vanity Fair, frequentemente me atrapalhei por não perceber que a pessoa com quem estava falando era homossexual. Por exemplo, em certa ocasião, um colega meu me perguntou a que público leitor eu achava que Details era dirigida. (Details é uma revista de moda masculina.)
"É para homens que gostam de olhar fotos de homens nus mas não descobriram bem por quê", retorqui. Ele me olhou ferozmente com indisfarçada hostilidade. Evidentemente me faltava o olhar que permite à maioria dos nova-iorquinos identificarem numa olhadela se alguém é gay. Details é provavelmente a única revista gay do mundo que ainda está no armário. Certa vez foi exposta num episódio de The Simpsons no qual um novaiorquino diz a outro: "Que tal uma revista Details enfiada no rabo?"


No início de 96 resolvi dar o meu primeiro jantar em Nova York , para o qual convidei cinco homens e cinco mulheres. O homem sentado à minha frente, um escritor negro do Village Voice, fumava cigarros em tons pastel e, no final da noite, distraidamente peguei um e disse: "Eles são tão gays." Um silêncio caiu sobre a mesa e todos os outros comensais olharam o escritor para ver como reagiria. Eu não tinha percebido, mas ele era um importante membro da comunidade gay de Nova York, famoso por rebater com dureza exatamente o tipo de observação que eu fizera. Felizmente ele decidira não dar importência à minha frase: "Sorria quando disser isso", ronronou.
No dia seguinte, uma das convidadas ligou para me passar um pito. Eu lhe disse que simplesmente não tinha a mínima idéia de que o homem em questão fosse homossexual.
- Toby - disse ela, como se explicasse algo a uma criança -, todos os homens no seu jantar eram gays.


Em outra ocasião, um colega escriba convidou-me para sua festa "de saída do armário". Além de todos os seus amigos, todos os membros de sua família estavam presentes, inclusive sua avó judia. Depois de ele fazer um discurso à companhia reunida anunciando ser, em suas palavras, "um veado completo", recebeu três presentes: um bolo com as palavras "Bem-vindo ao lado de fora do armário" escritas em brilhante glacê cor-de-rosa e a coleção completa de Barbra Streisand.


Posteriormente me ocorreu que uma percentagem significativa dos jornalistas com quem me deparava eram gays - judeus e gays, na verdade. Dizendo isso minha intenção não é pôr combustível nas fantasias paranóicas dos críticos conservadores americanos. Mas os jornalistas para os quais eu gravitava tendiam a fazer parte daquela categoria porque eram muito mais espertos e engraçados do que todos os outros. É claro que quando percebi que a maioria dos meus amigos eram gays, eu tinha afastado a maioria deles pensando serem heterossexuais e convidando-os a partilhar meus pensamentos lascivos sobre várias mulheres: "Dá uma olhada naqueles peitos! Ela é muito gostosa, não?"


Das cerca de duas dúzias de homens que entravam nos escritórios da Vanity Fair todos os dias durante meu tempo lá, apenas quatro ou cinco eram heterossexuais. Era uma brincadeira tradicional entre Chris Lawrence e eu de que progrediríamos muito mais rápido nas fileiras da revista se fingíssemos ser homossexuais. Na verdade, cogitávamos frequentemente se os poucos membros da equipe abertamente gays não seriam na realidade heterossexuais disfarçados, uma categoria conhecida em Nova York como "Steers" - straight queers (bichas hetero).


O mais assumido homossexual que já encontrei no escritório era Kevin Sessums, o entrevistador-celebridade-chefe da Vanity Fair. No tempo de Tina Brown, ele escreveu uma matéria para Poz na qual contava como fora dormir com o neto soropositivo de George Wallace, o antigo governador do Alabama que se opusera ferozmente aos direitos civis. Quando a matéria apareceu, Sarah Giles, uma editora britânica, passou pelo corredor principal brandindo a revista por cima da cabeça e gritando "ai-meu-deus, ai-meu-deus" a plenos pulmões.
Parecer gay é um valor tão amplo na Manhattan dos dias atuais que é vantajoso até mesmo na arena dos encontros amorosos. A revista Talk publicou um artigo em maio de 2000 identificando o ingrediente mágico que torna Jude Law, Matt Damon e Edward Norton arrasadores de corações: o fato de serem "gays apenas o suficiente".

Madonna vem aí...

 

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