15.9.02





São Sebastião de El Greco


UM TAXI PARA IPANEMA


Sábado à noite estava no Leblon e peguei um táxi para Ipanema. O motorista então me pediu para ensinar o caminho que ele não sabia direito como chegar a Ipanema. Ante à minha cara de surpresa ele disse que costumava trabalhar na zona norte e que não conhecia bem a zona sul do Rio. E que tinha ido trabalhar na zona sul por que estava impossível de trabalhar na zona norte. Contou que haviam ruas interditadas, que o comércio estava fechado e que os bares e restaurantes estavam vazios. “Ninguém quer sair de casa com medo da violência dos traficantes.” Depois respirou fundo e com a voz cheia de mágoa e frustração exclamou: “A que ponto nós chegamos!” Um sentimento de revolta tomou conta de mim. E eu disse para ele o quanto eu estava ressentido com o governo do estado. E o quanto desprezava o atual secretário de segurança do Rio de Janeiro. Na minha opinião, por ocasião do episódio ocorrido em Bangu I, a polícia devia ter invadido e fuzilado todos os bandidos. A polícia perdeu uma oportunidade única de acabar com todos eles. A elite da bandidagem carioca reunida numa mesma rebelião. A situação perfeita para um fuzilamento generalizado. Os tiras deviam era ter provocado um derramamento de sangue exemplar e dado um fim àquela gente sórdida. Mas não, os policiais ficaram se cagando de medo, enfiaram o rabo entre as pernas e deixaram que os bandidos se tornassem donos da situação. Quando eu desabafei toda a minha revolta o motorista de táxi tomou a palavra: “Todo mundo está dizendo isso. Todos os passageiros que entram nesse táxi dizem a mesma coisa. Que a polícia devia ter matado todos eles.”


Pode parecer uma atitude selvagem querer que a polícia mate os bandidos. Mas as coisas chegaram a um ponto que é ou eles ou nós, a população. O que não pode é um trabalhador que sofre para ganhar o seu dinheiro honestamente, seja obrigado a deixar de trabalhar por determinação de bandidos. O que não pode é comerciantes deixarem de abrir seus estabelecimentos por ordem de traficantes. O que não pode é a sociedade se submeter ao julgo de criminosos.


Adoro a Benedita da Silva. Admiro a trajetória dela. Sei que ela é bem intencionada e uma boa pessoa. Mas ela tem deixado muito a desejar como governadora. Ela devia ter sido mais firme nesse episódio de Bangu I. Ela se mostrou fraca, sem autoridade e sem ação, numa área que é exatamente a mais delicada do estado do Rio de Janeiro: a segurança pública. Por isso, FORA BENÉ!


O secretário de segurança do Rio de Janeiro é o sujeito mais desprezível que o estado possui nesse momento. Um medíocre. Um fraco. Um idiota incompetente. Ele não dá segurança nem a si mesmo, quanto mais ao estado do Rio. O sujeito se recusa a obter a colaboração do exército, argumentando que os militares tem outras funções constitucionais. Será que ele não vê que o que está acontecendo no Rio de Janeiro é uma guerra civil? Como é que a governadora e o PT permitem que esse idiota continue a ser secretário de segurança do estado?


Depois desse episódio de Bangu I eu desisti definitivamente de votar no Lula. Chico Buarque que me perdoe. Admiro Lula, sei que ele está num grande momento, tenho certeza que ele será capaz de enfrentar de maneira sensata os especuladores, as elites, George W. Bush e muitos outros vilões. Mas ele não será capaz de enfrentar o seu maior inimigo. O seu próprio partido. A prefeitura de São Paulo é um desastre. Marta Suplicy até hoje não disse a que veio. E o PT menos ainda. Eles não realizaram nada de novo, nem em termos administrativos nem em termos ideológicos. E tudo nas administrações petistas é culpa dos governos anteriores, ou do governo federal, ou do FMI ou das elites. Eles não assumem nada! A culpa da incompetência petista é sempre do outro. No caso do governo do Rio, Benedita vive colocando a culpa no governo anterior. Acontece que ELA era o governo anterior, afinal Bené era vice-governadora do Garotinho.


Outra coisa que é extremamente irritante no PT é que eles se julgam moralmente superiores. Eles se auto-proclamam mais honestos, mais éticos, mais profissionais. E não é bem assim. Ninguém é tão ético nem tão honesto quando o que está em jogo é o poder político e econômico. É claro que existem pessoas talentosas e bem intencionadas no PT. Como existem também em outros partidos. Mas ser do PT não é sinônimo de ser honesto e competente. O cineasta Silvio Tendler certa vez me disse que a esquerda quando assume o poder se torna muito mais voraz do que a direita. E esse é o meu receio com relação ao PT. Que no caso de uma vitória do Lula eles avancem com voracidade sobre a máquina estatal, transformem o país num caos e depois digam que a culpa é dos governos anteriores.

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